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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Dois exemplos da ginástica de como a mídia cria mitos e narrativas falsas/Two gymnastics examples of how the media creates myths and false narratives

 Nádia Comaneci e Simone Biles 


Simone Biles tem sido alçada ao posto de maior ginasta de todos os tempos pela mídia ocidental, especialmente pela mídia americana. No entanto, para um esporte complexo, como a ginástica, essa afirmação é muito improvável de ser verdadeira, se, ao longo da história desse esporte, tem surgido muitos nomes que o revolucionaram; se a sua evolução cronológica torna praticamente impossível comparar ginastas de outras eras, como as/os que competiram entre as décadas de 30 e 70 do século XX, com ginastas dos anos 80 em diante, e mesmo de comparar os atuais com os de três, quatro décadas atrás; se a ginástica não é como um esporte coletivo ou em que o desempenho é analisado e comparado apenas pela quantidade de medalhas, tal como nos casos de muitos atletas desse esporte que o revolucionaram, mas não chegaram sequer a competir em uma olimpíada. Além desses fatores, também pelo fator referente às qualidades de um ou de uma ginasta, a americana definitivamente não é excepcional em todos os aspectos relacionados para ser considerada a melhor de todas: particularmente no aspecto artístico e no de execução, se destacando de maneira desproporcional apenas ou especialmente na dificuldade. Então, é possível afirmar que ela se firmou como uma das maiores ginastas de todos os tempos, com base no número de conquistas no esporte e também por ser uma das que tem contribuído com a sua evolução. Mas não é possível afirmar que seja a maior de todas ou de deixar isso sugerido, como muitos da mídia têm feito, e por razões bem suspeitas, por exemplo, para passar uma narrativa "anti racista", de "triunfo da mulher negra" (que eu já denominei de "racismo positivo", um tipo de supremacia, de exagero ou distorção de natureza racial, só que a partir de um elogio ou  conotação 'positiva", de qualquer maneira consistindo em uma generalização por relação de causalidade entre raça e comportamento, semelhante a fazer afirmações igualmente generalistas em tons mais negativos). 

Pois Simone Biles não é o único nem o maior mito midiático na ginástica artística, já que, bem antes dela, apareceu uma romena, de nome Nádia Comaneci, nos anos 70, e que foi alçada a uma categoria semi-divina, como se tivesse, e apenas ela, determinado o começo de uma nova era no esporte e, claro, principalmente por causa das narrativas que têm sido criadas pela própria mídia para reforçar sua mitologia. Mas, infelizmente, a partir de uma análise mais sóbria, é possível concluir que Nádia representa muito menos ao esporte em termos objetivos do que a mídia tem afirmado. 

Vejamos... 

Primeiramente, existe a afirmação, que é elementar ao seu mito, plantada por jornalistas e replicada, mesmo por muitos profissionais do esporte, de que Nádia foi a primeira ginasta a conseguir uma nota perfeita pela execução de um exercício, nas olimpíadas de Montreal, em 1976. Em termos oficiais e aparentes, isso é verdade, pelo menos para uma competição olímpica. Mas, se analisarmos de perto, veremos que não é bem assim. Primeiro que, se antes nenhuma* ou nenhum*" ginasta havia conseguido um dez "perfeito" era porque o sistema de pontuação simplesmente não permitia. É que esse sistema muda de tempos em tempos, geralmente entre um ciclo olímpico e outro. Então, foi durante o ciclo olímpico de Montreal, depois das olimpíadas de Munique, que foi praticamente decidido que o dez perfeito seria possível de ser dado a um ou a uma atleta (no artigo da Wikipédia, é dito que os juízes, antes desse ciclo olímpico, não acreditavam que o dez perfeito seria possível. Mas pode-se deduzir que foi uma decisão por convenção que o dez perfeito passaria a ser possível e não que foi um processo natural, como o artigo parece ter deixado a entender). Calhou que coincidiu com o período em que Nádia Comaneci começou a participar das competições oficiais entre ginastas sêniores. Segundo que, o tal primeiro dez perfeito da Nádia Comaneci foi por um exercício compulsório e não por um exercício opcional, que é mais simples e igual para todos que estão competindo (exercícios compulsórios foram rotineiros em competições de ginástica artística até às olimpíadas de Atlanta, em 1996, antes de serem "aposentados" ou extintos). E terceiro que, mesmo se com base no código de pontuação da época, em que o dez perfeito passou a ser permitido, o seu exercício nas barras não mereceu uma pontuação perfeita, até pela saída em que, visivelmente, ela dá uma salto pequeno para frente durante a aterrissagem no solo. Além disso, um dos primeiros, se não o primeiro dez perfeito em uma olimpíada, acredito que foi da ginasta soviética Nelly Kim, no salto, também em Montreal, se também acredito que foi, de fato, um exercício mais merecedor de uma pontuação perfeita que o da Nádia, até pela maior facilidade de se alcançar execuções muito altas no salto, por ser um aparelho mais simples.

* Parece que os primeiros "dez perfeitos" conquistados entre as mulheres na ginástica e em competições oficiais foi pela tchecoslovaca Vera Caslavska no campeonato europeu de 1967.

** Entre os homens, alguns ginastas já haviam conseguido tirar pontuações "perfeitas" na década de 20. 

Continuando... 

Antes de Nádia, nas olimpíadas de Munique, quatro anos antes de Montreal, apareceu Olga Korbut, e que, na minha opinião, foi mais influente para o avanço do esporte, contribuindo pela primeira vez para torná-lo mais popular, deixando o seu status como "esporte de nicho". Sem falar de suas performances carismáticas, difíceis e inovadoras para a época, especialmente os seus exercícios de trave e barras, esse último, considerado espetacular. Então, mesmo na época em que a Nádia competiu, nem de longe dá para dizer que ela foi a única ou uma das poucas a revolucionarem o esporte. Não tiro o seu mérito, suas qualidades atléticas excepcionais e suas contribuições. Mas, ao menos para mim, está claro que ela foi transformada pela mídia em um mito imerecido. 

Esses são dois exemplos de como que a mídia fabrica narrativas e mitos.




Nádia Comaneci and Simone Biles

Simone Biles has been elevated to the position of greatest gymnast of all time by the Western media, especially the American media. However, for a complex sport such as gymnastics, this statement is very unlikely to be true, if, throughout the history of this sport, there have been many names that have revolutionized it; if its chronological evolution makes it practically impossible to compare gymnasts from other eras, such as those who competed between the 30s and 70s of the 20th century, with gymnasts from the 80s onwards, and even to compare current ones with those of three, four decades ago; if gymnastics is not like a team sport or in which performance is analyzed and compared only/mostly by the number of medals, as in the cases of many athletes in this sport who revolutionized it, but never even competed in an Olympics. In addition to these factors, also due to the factor referring to the qualities of a gymnast, the American is definitely not exceptional in all related aspects to be considered the best of all: particularly in the artistic and execution aspects, standing out disproportionately only or especially in difficulty. So, it is possible to say that she has established herself as one of the greatest gymnasts of all time, based on the number of achievements in the sport and also because she is one of those who has contributed to its evolution. But it is not possible to say that it is the biggest of all or to suggest it, as many in the media have done, and for very suspicious reasons, for example, to convey an "anti-racist" narrative, of "the triumph of black women" ( which I have already called "positive racism", a type of supremacy, exaggeration or distortion of a racial nature, but based on a compliment or 'positive' connotation, in any case consisting of a generalization by a causation between race and behavior, similar to making equally general statements in more negative tones).

Because Simone Biles is not the only or the biggest media myth in artistic gymnastics, since, well before her, a Romanian woman named Nadia Comaneci appeared in the 70s, and was elevated to a semi-divine category, as if she had , and only her, determined the beginning of a new era in sport and, of course, mainly because of the narratives that have been created by the media itself to reinforce its mythology. But, unfortunately, from a more sober analysis, it is possible to conclude that Nadia represents much less to the sport in objective terms than the media has claimed.

Let's see...

Firstly, there is the statement, which is elementary to her myth, planted by journalists and replicated, even by many sports professionals, that Nadia was the first gymnast to achieve a perfect score for performing an exercise, at the Montreal Olympics, in 1976. In official and apparent terms, this is true, at least for an Olympic competition. But, if we look closely, we will see that this is not the case. Firstly, if before any-female* or male**" gymnast had achieved a "perfect" ten, it was because the scoring system simply did not allow it. This system changes from time to time, generally between one Olympic cycle and another. So, it was during the Montreal Olympic cycle, after the Munich Olympics, it was practically decided that a perfect ten would be possible to be given to an athlete (in the Wikipedia article, it is said that the judges, before this Olympic cycle, did not believed that the perfect ten would be possible. But it can be deduced that it was a decision by convention that the perfect ten would become possible and not that it was a natural process, as the article seems to have implied);coinciding period in which Nádia Comaneci began to participate in official competitions among senior gymnasts. Secondly, Nadia Comaneci's first perfect ten was due to a compulsory exercise and not an optional exercise, which is simpler and more equal for everyone who is competing ( compulsory exercises were routine in artistic gymnastics competitions until the Atlanta Olympics in 1996, before being "retired" or extinguished). And thirdly, even if based on the scoring code of the time, in which a perfect ten became allowed, her exercise on the bars did not deserve a perfect score, even due to the dismount in which, visibly, she makes a small jump to forward during landing on the ground. Furthermore, one of the first, if not the first perfect ten at an Olympics, I believe was by Soviet gymnast Nelly Kim, on the vault, also in Montreal, if I also believe that it was, in fact, an exercise more deserving of a perfect score than Nadia's, especially because it is easier to achieve very high vault executions, as it is a simpler device.

* It seems that the first "perfect ten" achieved among women in gymnastics and in official competitions was by Czechoslovakian Vera Caslavska at the 1967 European Championships.

** Among men, some gymnasts had already achieved "perfect" scores in the 20s.

Continuing...

Before Nadia, at the Munich Olympics, four years before Montreal, Olga Korbut appeared, and who, in my opinion, was most influential in the advancement of the sport, contributing for the first time to making it more popular, leaving its status as a "niche sport". Not to mention her charismatic, difficult and innovative performances for the time, especially her beam and bars exercises, the latter considered spectacular. So, even at the time when Nadia competed, it's not even close to saying that she was the only one or one of the few to revolutionize the sport. I don't take away his merit, her exceptional athletic qualities and contributions. But, to me at least, it is clear that she has been turned into an undeserved myth by the media.

These are two examples of how the media manufactures narratives and myths.

Source: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Perfect_10_(gymnastics)

sábado, 27 de janeiro de 2018

Função suporte, e analogia entre filosofia e ginástica artística

Execução ideal de um exercício versus execução variada, dentre elas a execução boa (mas não excelente) 

Na ginástica artística que é um esporte de precisão a execução perfeita é mítica, desejada porém rara e difícil de ser alcançada. Não é nada incomum que a maioria das ginastas prefiram por execuções BOAS, talvez subjetivamente excelentes (pra elas), do que tentarem fazer a execução mais ideal OU correta de dado eexercício acrobático. 

Pois bem, esta realidade de precisão, de expectativa ideal e inevitavelmente homogênea e de uma realidade diversa, em qualidade, pode ser extrapolada para muitos outros campos mediante o seu caráter universal, na filosofia e em sua prática, por exemplo. 

Como eu tenho falado ou melhor atacado, a filosofia é a Priore e idealmente falando, uma só, principia e finaliza pela sabedoria, apesar de se dividir em outros campos além de sua prática literal, por exemplo a fenomenologia. No entanto, no final, toda excelente ou ideal filosofia encontrar-se-á fortemente relacionada com a sua definição ou atribuição mais essencial que é o amor e a busca pela sabedoria. Este tal pensar perfeito no entanto parece ser um dos elementos mais facilmente esquecidos ou desprezados pelos auto declarados filósofos que em sua maioria são na verdade de professores de história da filosofia [como eu já comentei]. Tal como eu falei sobre a descaracterização arquetípica como um conceito auto descritivo para a "estupidez", o mesmo parece estar acontecendo ou sempre ter acontecido à pobre filosofia em que ao invés de se buscar por sua prática ou função mais ideal, faz-se e com grande frequência o oposto, mas racionalizado como se o fosse. 

Portanto em um mundo ideal tanto na filosofia quanto na ginástica artística as execuções de cada elemento de ambas deveriam ser ideais e inevitavelmente isso significaria em uma homogeneização de suas funções//resultados. 

Em um mundo real ocorre justamente uma diversificação não pura e simplesmente por causa do estilo mas por causa da descaracterização da função original ou ideal. Interessante pensar que uma execução muito mal feita na ginástica pode e geralmente aumentará o risco de lesões para o ou a atleta... Será que o mesmo não pode ser observado na filosofia ou melhor nas "filosofias"???

Em termos de função e suporte facilmente podemos dizer que a função sabedoria não tem sido satisfatoriamente alcançada por nenhuma das apofenias ... filosofias (diretas ou indiretas)... que já foram criadas, se o núcleo ou essência da mesma tem sido categoricamente desprezado ou distorcido, para atender aos pontos de vista dos tais ''filósofos', muitos que estão mais para escritores ou para profetas..


E vergonhosamente eu até poderia ser excepcional em minha arrogância ao atribuir a mim mesmo o título de: primeiro ''perfect 10'' da filosofia, rsrsrsrs

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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O que fãs (fanáticos) e tribalistas tem em comum?

Fanatismo e zero fair play

Eu sou um aficionado por ginástica artística e até poderia me denominar como um fã porque se-lo em relação à "coisas inanimadas ou abstratas" pode não ser tão grave quanto ser em relação à pessoas. Mesmo quando se é em relação à pessoas em que vale a pena, no duro, nunca vale totalmente a pena celebrar uma pessoa de maneira absolutamente cega, aquilo que os fãs geralmente ou em sua maioria fazem. No mais, de vez em quando eu comento em alguns vídeos do youtube de ginástica artística e claro, eu tenho encontrado muitos fãs de ginastas e consequentemente tretas tem acontecido. 


É o de sempre: fair play versus preferência pessoal.

Não pode dizer o óbvio, mesmo se for de maneira educada, que os escravos mentais naturais caem em cima tentando manipular, distorcer e encobrir a verdade límpia dos fatos. 

Se raças, povos, culturas, ideologias ou religiões fossem ''celebridades'' então os seus respectivos tribalistas seriam, sem sombra de dúvidas, os seus fãs, ou fanáticos [naturalmente adestrados]. Mas não é preciso ser um indivíduo de carne, osso e ''fama'' para atrair essas pessoas que francamente, tendem a exceder em suas paixões...

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Testes de QI mais difíceis = aumento artificial da pontuação

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Em um texto recente sobre o Efeito Flynn, eu me questionei, novamente, em relação a um famoso postulado do mesmo assunto:

''A 'inteligência' está aumentando porque tem sido comprovado que a média de QI [100], por exemplo, dos britânicos, na década de 50, equivaleria hoje em dia a um QI ''70''

Agora vamos pensar em uma situação parecida, só que na ginástica artística:

''Já que, na época da legendária Nadia Comaneci, a dificuldade era muito menor nesse esporte [talvez um pouco menos em relação às barras assimétricas], então se ela tivesse que competir hoje em dia, as suas notas seriam muito mais baixas do que as de suas adversárias''

Acabei de ler em um artigo da BBC que diz: ''os testes de QI foram ficando mais difíceis''. Palavras do próprio James Flynn. Se as pessoas hoje em dia fizessem o mesmo teste que era aplicado ''no passado'', elas pontuariam mais alto do que ''a média daquela época''. 

O que isso parece estar querendo dizer*

Que os testes ficaram mais difíceis/ mais objetivos, mas o método de pontuação permaneceu o mesmo. Então quando alguém o fazia e pontuava na média, há 70 atrás, tirava a ''pontuação ~100''. E se essa mesma pessoa, creio eu, fizesse algum teste atual, ela também [é provável que] tiraria pontuações parecidas. O que mudou foi a dificuldade

De novo, vamos imaginar hipoteticamente que o meu bisavô fez um teste de QI quando era criança. Aí ele pontuou 98. Só que foi feito uma ''atualização'' com os valores atuais, e como o teste que fez era mais simples então a sua pontuação caiu para 73. O que isso significa, que o meu bisavô era estúpido*

Muito provavelmente não. Não significa nada em relação às suas capacidades cognitivas, mas sim em relação ao: aumento da dificuldade + distribuição das pontuações em ambos os testes, que é  a mesma. 

O mesmo para a ginástica. Nádia foi um gênio em sua época, quando o esporte era menos difícil que hoje em dia. Mas se as séries, especialmente as de trave, solo e salto, fossem comparadas ou ''atualizadas'' para o código de pontuações corrente, então as suas pontuações seriam dramaticamente reduzidas porque as suas notas de dificuldade são em geral muito baixas em relação às séries atuais. 

Será que o mesmo tem acontecido com [parte d]o efeito Flynn**

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Critérios negativamente tendenciosos para explicar o qi

Um dos casos mais polêmicos que já aconteceram na ginástica artística feminina seu deu no mundial de 1997, no evento final na trave de equilíbrio, quando a ginasta romena Gina Gogean ganhou a competição, por sua exibição tecnicamente perfeita mas destituída de qualquer grande dificuldade superando ''equivocadamente' a série mais difícil da competição e das mais difíceis de todos os tempos, da chinesa Kuy Yuan Yuan. É só procurar nos vídeos disponíveis pela web que encontrará.

O código de pontuações daquela época determinava que todas as rotinas deveriam partir de uma nota 10 e a partir da quantidade de erros que seriam deduzidos os pontos. Como resultado uma série de menor dificuldade e perfeitamente bem executada poderia superar em pontuação uma série com alto valor de dificuldade porém com mais erros de execução. 

E foi exatamente o que aconteceu neste evento tragicômico. 

Critérios negativamente tendenciosos e unilaterais, que exigem apenas um "vencedor", costumam causar este tipo de estrago, em que uma complexidade qualitativa é forçada a se submeter aos caprichos/critérios de avaliações pedantemente perfeccionistas.

Algo bem parecido acontece com os testes cognitivos e seus critérios negativamente tendenciosos ou arbitrários. 


Por exemplo, mulheres que tendem a ser mais direcionadas para a compreensão minimamente correta e interação com seres estão mais propensas a centralizar as características dos mesmos ao invés de suas eventuais realizações, costumam ser parcialmente ''prejudicadas'' nos testes cognitivos porque os mesmos enfatizam a nossa inteligência cognitiva ao invés de nossa inteligência psicológica/emocional.

A mente feminina em média tende a enfatizar em "o que você está sentindo" ou ''como que você está se sentindo''

Ao invés do "o que você fez", comum à mente masculina ou utilitária porque os homens neurotípicos tendem a valorizar as realizações ("coisas") (abordagem mecanicista)  do que o ser (abordagem mentalista) que as realiza. 

Como eu já disse em um texto  do mesmo assunto a psicologia moderna encontra-se dividida em dois setores bem demarcados: A psicologia ideologicamente feminina e a psicologia 'ideologicamente" masculina.

A primeira encontra-se promiscuamente relacionada com a cultologia da "nova esquerda" ou esquerdismo, e tende a enfatizar de maneira considerável pela subjetividade da simetria de categorias e de valores, como 'típica" abordagem mentalista ou "feminina". A simpatia de se igualar os contrastes evidentes entre os seres e tendendo a culpar fenômenos abstratos (que na verdade são produtos das interações inter-seres e não causas) versus a lógica pragmaticamente masculina de se analisar (superficialmente) os seres via ênfase sistêmica ou impessoal e portanto, que está pendendo para desprezo de uma abordagem mentalista. 

Tendemos a ser coisificados pelos homens e especialmente pelos psicometristas, isto é, somos atomizados de nossas identidades essencialmente completas e enviesados dentro de uma perspectiva laboral/utilitária, vistos e analisados como trabalhadores e por nossas eficiências em atividades de natureza tecnocrática. 

Critérios arbitrários são impostos e a partir deste filtro analisa-se a inteligência de maneira tendenciosa.

A água filtrada não é mais natural do que a água de um rio virgem de mãos humanas indecentes. 

Filtra-se uma poluição/complexidade necessária em prol de uma suposta imparcialidade. 

Ainda é o circo de pulgas.


 Ainda é ilusão da igualdade universal, especificamente inexistente entre os seres humanos sendo aplicada erroneamente. 

ainda é a corrida maluca em que uma diversidade de tipos é analisada, sem ser a partir de suas próprias características (mais próximo de uma abordagem mentalista) mas principalmente por suas realizações dentro de um cenário unilateral ou arbitrário. 

Você tem uma girafa, um leopardo, uma tartaruga e uma cobra disputando uma corrida cujo critério é o de chegar mais rápido na linha de chegada. O vencedor será alçado ao rótulo de mais inteligente ou de melhor, generalizadamente falando.


Qi é equivalente ao código de pontuações da ginástica artística ou de qualquer outro esporte em que uma complexidade qualitativa, genuína, é reduzida, histrionicamente purificada, em prol de uma suposta objetividade analítica.

Um 10 ''perfeito'' em execução ou uma nota alta por causa de série muito difícil** O que é melhor*

Perfeição é superior à dificuldade* 

Assim como a ginástica, e também qualquer outro esporte similar, deveria parar de teimar com a sua própria natureza e diversificar os seus critérios bem como também aumentar a sua diversidade de ''vencedores'', o mesmo deveria ser feito em relação à psicologia cognitiva que pelo que parece e em especial em alguns rincões hbd continua a desprezar a natureza complexa e diversificada da inteligência humana submetendo-a a um processo de decantação e purificação equivocada de suas supostas impurezas em prol de uma suposta sinteticidade analítica via dois ou três dígitos de qi. Qi ou testes cognitivos não são reflexos perfeccionistas a perfeitos da inteligência humana e por todas as razões que até agora expus neste blogue. Se houvesse uma relação absolutamente coesa, uma causalidade entre pontuar em testes cognitivos e ser predominantemente inteligente ou sábio, com base em meu neo-conceito ultra-subjacente ou onisciente da inteligência, eu não ficaria aqui ''teimando'' em lutar contra esta maré, se fosse claro como água virgem, eu entenderia e até poderia ter ideias intuitivamente criativas e positivas sobre qi, mas não é o que eu vejo. O fim da imposição da subjetividade moralmente niilista do comportamento, da ação, e humana, como se estivesse divorciada, livre de qualquer rigor qualitativo, e quem te sido implícita a explicitamente imposta nas sociedades ''pós-modernas'', com certeza que nos ajudará a entender a inteligência, de fato.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Não, não é uma questão de gosto.... ginástica artística versus futebol

Apreciação pela beleza e superação de um esporte extremamente difícil e até mesmo anti-ético em comparação ao ''reino animal'' que se consistem boa parte dos esportes coletivos...

O indivíduo sempre supera o grupo assim como a qualidade sempre supera a quantidade

No Brasil, nos EUA, na Holanda, e mesmo em países como Japão e França, que supostamente seriam mais culturalmente sofisticados, existe uma preferência coletiva predominante em relação a esportes coletivos como o futebol. 

Em compensação, esportes qualitativamente primorosos como a ginástica artística, feminina e masculina, são muitas vezes discriminados, sim, por essas massas testosterônicas que tomam cerveja, que são trogloditas de capacidade intelectual titubeante e que costumam ter a outra metade do cérebro ocupada por outdoors de ''loiras'' semi-nuas da Califórnia.

Supostamente as mulheres seriam melhores neste quesito do que os homens, mas não parece muito, ainda que seja possível concluir apressadamente que mais delas, parece que, apreciam este esporte tão singular como a ginástica, ao invés do marasmo conhecido como futebol ou outra variante (rúgby, futebol americano e mesmo vôlei).

A preferência coletiva por, surpresa, esportes coletivos, mais se parece como uma versão implicitamente característica da ''nova roupa do rei'', em que, por conformidade, determina-se que um certo esporte é mais interessante, ou simplesmente melhor, apenas ou especialmente por causa de sua maior popularidade, equivalente a encher de elogios o rabisco ''pós-moderno'' ''Guernica'', famoso quadro de Picasso, e não por uma avaliação honesta e precisa de sua qualidade.

É óbvio que uma garota de 1,50 cm de altura, fazendo mortais e piruetas em cima de uma trave de equilíbrio de 10 cm de largura, é muito mais interessante e qualitativamente superior do que um bando de homens ''coxudos'' correndo atrás de uma bola. 

A ginástica é a superação do corpo humano. Já o futebol é basicamente uma simulação de disputa territorial. 

Interessante notar que me parece que uma maior proporção de homossexuais preferem a ginástica do que o futebol. Existe uma certa fama de que eles sejam em média mais esteticamente perspicazes do que outros grupos. Será**

Ao menos neste quesito, se for constatada esta maior proporção de fãs homossexuais da ginástica do que em relação ao futebol, parece comprovar esta fama de que sejam mais esteticamente perceptivos.

A consciência estética está em jogo aqui, enquanto um viés em direção à beleza e neste caso, não estamos falando apenas de beleza enquanto simetria, mas também enquanto harmonia, porque muitas simetrias podem não ser necessariamente harmônicas, e que eu tenho denominado de ''lógica''. 

Esta comparação entre gosto por esporte denota ao menos a nível superficial diferenças de consciência estética ou percepção harmonicamente qualitativa em que uma proporção, eu diria, absurda de seres humanos, é facilmente coagida a ''apreciar'' de maneira grosseira certos tipos de manifestações culturais humanas em detrimento de outras e ou que por si mesmos já apresentem uma atração pelo mundano, comum, do que por aquilo que é intrinsecamente superior.

Não, neste caso não é uma questão de gosto...


quarta-feira, 18 de maio de 2016

A fragilidade do gênio


Personalidade, motivação, perfeccionismo  versus o pragmatismo da fama ou reconhecimento sem a paixão ou talento intrínseco 




No mundo da ginástica artística, especialmente a feminina, que eu tenho tido maior contato ultimamente, dois nomes em especial parecem se sobrepor em relação a grande maioria dos principais nomes do esporte, Elena Mukhina e Ana Porgras, e eu vou explicar o porquê.


Gênio, o inalcançável



Mukhina assombrou o mundo da ginástica ao vencer alguns dos nomes mais renomados e poderosos do esporte em plena era de Nadja Comaneci, sim, ela também, no mundial de 1978. 

Uma jovem russa de olhos azuis tristes, pálida e com um sorriso tímido ganhou quase tudo aquilo que poderia ter ganho naquele mundial, "deixando no chinelo" as estrelas do seu time soviético assim como também a super star romena, a primeira a ganhar uma pontuação perfeita no esporte. Eu poderia estar falando dela, de Nadja Comaneci, como um exemplo do gênio, e talvez até possa coloca-la na mesmíssima categoria, mediante o grau de perfeição de suas performances durante o ápice de sua carreira. Mas existiu algo de especial em Mukhina que na minha opinião a fez brilhar mais do que Nadja

Comaneci foi um dos primeiros e muito bem sucedidos frutos de um projeto de longo prazo por parte da junta técnica romena para fabricar ginastas tecnicamente perfeccionistas e até agora tem dado excepcionais resultados. 

Ainda assim Mukhina a meu ver se destacou por causa de seu pioneirismo no nível de dificuldade na época em que competiu, a sua rápida alçada ao olimpo do esporte, justamente em uma época com tantos nomes extremamente renomados competindo, assim como também por sua derrocada ou queda abrupta, que ceifou a sua carreira levando juntamente a normalidade funcional de sua vida (ao se tornar tetraplégica depois de um acidente grave em um treino, semanas antes do início das olimpíadas de 1980 em Moscou). 

A sua personalidade e a sua motivação para uma profunda ou perfeccionista superação, a fez, mediante a minha pedante ótica, superior mesmo em relação aos grandes nomes da ginástica, por seu pioneirismo e estreia avassaladora no sênior, se destacando a frente de nomes que já haviam se consolidados dois anos antes. É como se diante de um colosso recém aclamado outro aparecesse na surdina e roubasse totalmente a cena.

Mas não foi apenas o contexto de Mukhina que foi excepcionalmente assimétrico e portanto extremamente interessante (e claro, muito trágico), do auge à ruína em pouquíssimo tempo, mas também a sua personalidade e o seu talento que a separaram de Nadja bem como também das demais. 


O perfeccionismo é um traço extremamente necessário para o talento de alto nível e nem preciso citar o gênio. E Mukhina encarnou esta realidade como ninguém naquela época, se esforçando além das circunstâncias e resultando em um desastre que ceifou o resto de sua vida. A busca frenética, imparável e constante da perfeição, especialmente em relação ao grau de dificuldade em que se arriscava, foi o diferencial, a tendência do gênio de se jogar numa roleta russa, de apostar o tudo ou nada e de pagar pra ver. Ela pagou o preço por seu transe megalomaníaco, alimentado por seu técnico matoide Klischenko, um dos facínoras (e brilhante em sua função) que reforçou a tendência proto-suicida e potencialmente genial de Mukhina de apostar alto. 

Sem a sabedoria para auxiliar e ajudar o gênio, as chances de se arriscar demais serão muito altas. Quem sabe os novos feitos que aquela ginasta russa, outrora mediana e pouco empolgada, poderia ter feito se não tivesse se acidentado terrivelmente, dando cabo de sua carreira e de seu conforto existencial??



Mukhina nao foi a ginasta de notas "10"  até porque deixou claro que sempre preferiu flertar com o perigo do pioneirismo em exercícios jamais realizados sem falar naquela que talvez poderia ser definida como a rotina de barras assimétricas mais difícil da história da ginástica. Ela também foi muito elegante em seus passes, completa em todos os aparelhos e sim, a sua ascensão e queda meteóricas, tornou-a dramaticamente interessante. A paixão pela perfeição destacou Mukhina e a lançou a um posto em que poucos e bons tendem a conquistar, o olimpo da genialidade. Ela pode não ter sido a mais genial nem a mais sábia, nem mesmo a mais perfeccionista, nem mesmo a mais elegante, ainda que tivesse esbanjado também neste componente. Mas a sua busca pela excelência em sua área e por sua ênfase com certeza, ao menos pra mim,  a colocou em um nível extremamente singular de expressão humana, direcionada para uma atividade físico-recreativa.






Enquanto que lamentamos a vida delicada que vivenciou desde o acidente bem como também a morte precoce de Mukhina, que pagou alto o preço de sua melancólica arrogância na tentativa de superação perfeccionista, um dos traços magnos do gênio ou de quem se deixa ser possuído por este estado mental, transcendental, outra ginasta que vejo como do mesmo quilate que da pobre Elena, também encantou o mundo da ginástica por sua extrema elegância artística, impecável em sua composição, esboçando a expressão pura do gênio neste aspecto específico, e que decidiu abdicar voluntariamente de uma carreira completa e potencialmente frutífera, por uma vida, até agora difícil de ser, entendida e aceita, especialmente por seus fãs mais exaltados, se tais fotos que tem viralizado em blogues especializados do mundo da ginástica, de fato, exprimem o atual cotidiano desta bela moça.

Ana Porgras teve uma carreira meteórica, como a de Mukhina, se destacando por uma elegância tão impecável em sua composição, especialmente nos seus primeiros anos como ginasta profissional, que a partir de minha ótica, a alçou ao olimpo do, por agora e talvez pra sempre, inalcançável manifestação de excelência perfeccionista.  Ana Porgras se tornou inalcançável por sua singularidade, sua imparidade de extrema qualidade, em fundamental, por seu talento artístico perfeitamente combinado com a ginástica. Algo de especial caracterizou Porgras durante a sua curta carreira, tão impressionante que arrebatou uma legião de fãs e chamou a atenção mesmo de grandes nomes do esporte, justamente aqueles que foram ofuscados pela meteórica Elena Mukhina, de décadas atrás.



Um brilho único, difícil de ser mensurado, uma mágica no ar, claro que bem reforçado por seu talento TÉCNICO. Mas foi a composição de personalidade, elegância e talento que fez tanto de Mukhina quanto de Porgras inalcançáveis e portanto geniais em suas apresentações e a posteriori realizações. Quanto de mérito que podemos dar aos seus técnicos, e no caso de Mukhina, culpa, apenas para começar, eu realmente não sei. Se foram produtos finais de uma sinergia perfeita entre técnico e esportista e portanto menos geniais na criação e mais na expressão ou representação da mesma, também não sei dizer. No entanto, a qualidade, original ou nem tanto, de ambas, foi tão acachapante e rara que é pouco provável que pudéssemos ser capazes negar-lhes a alcova de geniais. 

E em ambas, em níveis  bem distintos de qualidade (epicentro na elegância de Porgras, e de dificuldade de Mukhina), auge e tamanho da queda, todas as idiossincrasias da intensidade perfeccionista e inquieta do gênio bem como também o tipo de personalidade que tende a comporta-lo, especialmente em termos de gênio artístico e sinestésico, foram visíveis e marcantes para o desabrochar de seus talentos que tocaram por suas respectivas maneiras o céu da perfeição.



O gênio faz com paixão e sutileza perfeccionista. O competente faz desapaixonadamente.


Os geênios  sem alma e atrito perfeccionista 



Simone Biles é produto direto de um sistema que foi viciado para sempre vencer, a ginastica artística profissional americana, que de artística não tem quase nada.

Biles é tão perfeita que nem parece humana. Sorriso perfeito e séries perfeitas, mas que não são perfeccionistas. Sem maiores ambições Biles parece estar feliz com as suas séries perfeitas, diga-se, tecnicamente perfeitas. Ela é muito talentosa e mediante tamanho talento eu até poderia coloca-la ao posto de gênio técnico da atualidade. Mas tem algo nela que não é impressionante como a inalcançável beleza da elegância de Porgras ou o nível de dificuldade acoplado a uma elegância sóbria de Mukhina.


 Ela não parece ter o desejo louco de gênio de se superar. 

A formula americana é assim e até pode ser definida como sábia ainda que bastante pragmática, no país cuja alma já é capitalista. A ou o ginasta trabalha até ao ponto de sua excelência e quando chega ao teto pessoal de talento técnico para por ai, mantendo uma constância sem maiores riscos. Parece um padrão recorrente.

  Americanos sempre parecem ser muito profissionais, quase sempre polidos, com poucas chagas internalizadas em suas vidas ou aquela intensidade, aquela paixão que é bem típica do gênio ou aquele que tem potencial para esboçá-lo, mesmo que dentro de uma particularidade expressiva, no caso do esporte. 

Populares, neurotípicos, adaptados, bem estabelecidos. 

Pouca personalidade e um esbanjar de maestria no aprendizado técnico, enquanto que o gênio artístico se caracteriza pelo exato oposto, fazendo fluir e dominar a si próprio, o singular de cada indivíduo, em outras palavras, fazendo a sua singularidade lhe dominar

Os ginastas americanos em geral parecem lidar com a ginástica, a profissão que escolheram, exatamente como um típico burocrata, isto é, de maneira fria, desapaixonada e rotineira. Eu posso estar sendo muito generalista e preconceituoso em relação a eles, mas me passam esta impressão, enquanto que quando tem paixão relacionada à atividade escolhida, um brilho a mais é o mais provável de se manifestar e de maneira inevitável.

Por mais bem sucedidos, mais medalhas, por mais notas perfeitas possam alcançar, algo de cinza, de sem graça, sem brilho, sempre pareceu caracterizar ao menos uma importante proporção do povo americano. 

É a composição que produz o talento genuíno, que toca o gênio, e o mesmo em esportes como a ginástica artística, isto é, uma atmosfera especial, que todos podem perceber, alguns podem até negar por ''dor de cotovelo'' ou inveja, mas que existe, é único e portanto genial.


Mustafina



O gênio que se perdeu??

Aliya Mustafina, ginasta que já citei no velho blogue, assombrou o mundo da ginástica logo em seu primeiro mundial em 2010. Ela foi precoce mostrando alto nível mesmo quando ainda era muito jovem, diferente de Mukhina que foi descreditada no inicio de sua carreira. Espantou o mundo da ginástica e depois de um grave acidente mudou de postura e deixou de tirar o fôlego dos aficionados pelo esporte ainda que tivesse por contrapartida conquistado muitos fãs. Mustafina é um perfeito caso de talento técnico tipicamente americanizado, mesclado à naturalidade da qualidade de gênio ou por um potencial para esboçá-lo, e sua carreira, até agora, mais parece mostrar com fidelidade o apagar das luzes espontâneas do brilho do seu gênio e a sua brava transição para sobreviver em um mundo em que as expectativas sobre si não foram plenamente satisfeitas e o tem feito com elegância, astúcia e certa maestria. 

O gênio de Mustafina esfriou antes de atingir a todo o seu potencial ainda mais em uma profissão ingrata como é a ginástica artística. Apesar disso ela exibe juntamente com a sua colega russa Viktoria Komova os atributos de personalidade que tendem a caracterizar meios-gênios ou aqueles de menor envergadura, se comparados aos catataus do mundo intelectual, científico e/ou tecnológico.

Komova é outro exemplo de alguém dentro da ginástica que está dotada de uma personalidade intensa, perfeccionista (mas talvez não aos níveis inalcançáveis/únicos de Mukhina e Porgras) e um brilho de gênio que mostrou logo no início de sua carreira mas que também foi reduzindo a sua força com o passar do último ciclo olímpico. 

Parar cedo nos faz eternos??? O impacto da abrupta interrupção de um carreira promissora e excepcional nos impressiona mais?? 


Correlação ou causalidade. Ou são os super talentosos e geniais que são mais propensos ou vulneráveis a interromper as suas carreiras?? 

Para muitos casos o fim abrupto e precoce de um talento promissor ou mesmo ainda em sua encubação necessariamente não deseja indicar que o mesmo teria sido esplendoroso se tivesse continuado a manter-se em sua trajetória. 

No entanto me parece que para muitos outros casos de fato a precoce interrupção de suas trajetórias merece mais lamento pelo fato de ter encurtado muito cedo um potencial sem limites pré- estabelecidos, outro diferencial do gênio

Mukhina mostrou talento de sobra a ponto de ter "esnobado" a super star romena do momento bem como também todas as suas colegas mais famosas e bem sucedidas. Se não tivesse se acidentado miseravelmente talvez tivesse mantido neste ritmo frenético (acoplando mais dificuldades para as suas séries e foi justamente um dos novos e ousados elementos que ceifou pra sempre a normalidade de sua vida) .

O mesmo para Ana que ao longo de sua curta carreira foi mostrando cansaço crescente por causa de suas atribulações enquanto uma esportista em ascensão. Sempre se esforçando além de suas próprias forças, Ana parece ter decidido parar no meio de uma carreira que já havia causado furor no ambiente profissional da ginástica feminina. Em seu últimos anos no entanto continuou mostrando a sua famosa e amada excelência na parte artística, sua qualitativamente singular e inalcançável elegância no solo assim como também na trave e mesmo nas barras assimétricas. 

A naturalidade perfeccionista inalcançável do gênio versus o estudo meticulosamente planeado do talento 


O talento tenta sempre emular o gênio, consistindo-se em uma tentativa de cópia daquilo que foi original e único. 

Pelo fato de ter o fator artístico acoplado a si, a ginástica olímpica  precisa muito de seus aspectos, até mesmo os mais importantes para que se completar. As ginastas mais geniais (e mesmo entre os homens) não serão por lógica intuitiva aquelas com as maiores dificuldades nem mesmo as mais elegantes mas as que conseguirem combinar arte e dificuldade de maneira mais perfeita. No entanto o gênio ou a expressão do mesmo não obedece a lógica semântica de nenhum outro elemento a não ser de si mesmo. E neste aspecto, uma série de fatores únicos corroboraram para que tivesse chegado a essa conclusão no que diz respeito a ginástica artística feminina e às duas ginastas protagonistas deste texto.

Como a inteligência que é aquilo que sabemos o que é quando a vemos, mas não sabemos dizer com supra-exatidão no que se consiste, o mesmo pode ser dito sobre talento e genialidade em que apenas uma sutileza milimétrica, rarefeita porém consistente que poderá separar talento puro ou emulação perfeccionista do gênio e o próprio gênio ou superação qualitativamente perfeccionista.


De tantos nomes deste esporte extremamente difícil, politicamente enviesado (que sempre o desgraçou), uma ode à capacidade de se superar os limites de elasticidade, força e movimento do corpo humano, eu escolhi essas duas que conquistaram a minha atenção e que parecem ter causado profunda impressão também em outras pessoas, por uma série de razões subjetivas, que poderiam muito bem colocar à prova a minha afirmativa ou conclusão neste texto, de que apenas ou especialmente as duas que mereceriam repousar no olimpo do talento extremo, que toca o céu do gênio, e que até cheguei  a comentar ao longo deste texto. No entanto, algo mágico, único, singularmente especial, e com todas as adições ou circunstâncias subjetivas a seu dispor, conspiraram, ao menos ao meu ver, para ter resultado na expressão das nuances sutis, poderosas e típicas do gênio, esta composição fenotípica única, nestas duas jovens, separadas pelo espaço e tempo, ao invés de ter pensado o mesmo para tantas outras bravas ginastas (e também ginastas masculinos, alguns nomes me vieram à cabeça como o italiano Yuri Chechi, espetacular nas argolas por um bom tempo e inalcançável em relação à extrema naturalidade com que se apresentou neste aparelho). Se foram apaixonadas em seus momentos enquanto ginastas, ao mesmo nível que muitos gênios incontestáveis dos mais diversos ramos foram, eu não sei, existem algumas possíveis evidências, especialmente para a pobre Mukhina, que até poderia ter sido homenageada em algum romance russo, por sua vida, sempre sofrida e triste, com poucos momentos de alegria. No mais, os resultados ou expressões de seus esforços foram e são incomparáveis, algo que se tornou único, singular, tamanho o grau de qualidade, em sua sutileza, em sua excelência.

Algumas fotos recentes de Porgras são muito estranhas, o rosto saudavelmente belo, com feições classicamente caucásicas, parece ter se transformado em muitas faces, algumas muito vulgares e chocantes para quem já havia se acostumado com a sua beleza natural.

O gênio não é frágil apenas em relação aos que estão mais suscetíveis de serem tomados por ''ele'' ou por si mesmos, mas também em relação à sua manifestação ou expressão, por se consistir em uma originalidade extremamente nova ou numa qualidade tão única que não pode sequer ser enquadrada dentro de números frios. 

O gênio escondido e finalmente expressado de Mukhina lhe causou danos irreparáveis e que resultaram em um resto de vida bem complicado pra ela. O mesmo pode ser dito em relação ao seu fantástico técnico. 

A mesma personalidade soberba, arrogante, artística e fina que Porgras expressou, especialmente em suas belíssimas apresentações de solo, nos fazendo voltar á belle epoque de Paris e Viena, pode também estar tendo um papel em suas decisões pessoais. 

A intensidade e o potencial sem limites pré-estabelecidos de ordem qualitativa do gênio ''ou de alguém que exibe potencial raro para expressá-lo'' tende a ser sempre uma faca de dois gumes, onde brota o gênio também pode brotar a insanidade. 

Na atualidade, a ginasta islandesa Eythora Thorsdottir, ambientada na Holanda, parece expressar muitos componentes de sutilezas singulares que compõe a expressão da genialidade artística. 




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Mais um lugar onde a raça (também) é uma construção social



Quem é da Romenia e quem é de Porto Rico** (ou da Espanha*)

No ano de 2004 me deparei acidentalmente com a exibição da ginasta romena Catalina Ponor durante as olimpíadas de Atenas. 

Depois de um período sem ter meios para acompanhar o esporte a não ser pelas poucas  vezes em que a tv brasileira transmitia algum evento ginástico, tive o "prazer" de ver Catalina novamente. A sua beleza tão familiar, tão brasileira 
e o seu grande talento mais uma vez me impressionaram.    

Antes, esta familiaridade não era percebida até que de acordo com que fui expandindo timidamente o meu resumido e superficial conhecimento em antropologia racial, passei a prestar maior atenção a aparência física de outras ginastas romenas, especialmente durante as olimpíadas de Londres, em 2012, e sobre como que muitas vezes a máxima esquerdista "a raça é uma construção social" pode ter nexo com a realidade.



A ginasta romena Diana Bulimar

E a realidade romena (os Bálcãs em geral) nos mostra que de fato, nas fronteiras entre grupos humanos distintos porém histórica e geograficamente relacionados, os fatores sociais poderão falar mais alto do que uma simples identificação literal racial

O caso de Catalina é perfeito justamente por ser muito bonita e ao mesmo tempo de aparência exótica, especialmente para os padrões europeus. Se tivesse nascido na América Latina, Ponor teria passado desapercebida dentro da paisagem humana predominante desta região, menos por sua beleza.

E eu não duvidaria se ela, assim como muitos outros romenos, não tivesse alguma "gota de sangue cigana", já que a Romênia é o país com a maior população de ciganos de todo mundo. Pelo que parece (ou, pelo que é) a maioria dos roma  são como desastres ambulantes, por apresentarem uma constância de comportamentos anti-sociais que como sempre são, muito asquerosos, uma cultura primitiva ainda que popularmente mística ( com a sua música muito apreciada) e para finalizar, uma muito baixa inteligência (média ou coletiva) e com a sua disfuncionalidade ampliada por causa da inconveniente combinação com extroversão sem limites, que consiga suprir o mínimo de decência ou higiene dentro de suas comunidades.  Características muito negativas mais uma relativa-a- grande divergência inter-grupal tende a provocar uma mútua rejeição entre os envolvidos. Mas apesar desta realidade muito lógica que parece ter acontecido e acontecer na Romênia, sempre existirão exceções e podemos esperar que alguma troca de genes possa ter ocorrido entre romenos e ciganos, desde que os primeiros deles fixaram moradia naquela região, produzindo tipos como o de Catalina Ponor. Também é ou pode ser esperado que a mistura tenha tido maior impacto entre os ciganos do que entre os romenos.

Os mais inteligentes e civilizados  dos ciganos deixam as suas comunidades para viver com quem eles compartilham muito mais semelhanças culturais e ou psicológicas, como os romenos étnicos. Será??

  A aceitação e/ou a "nacionalização" de  mestiços de ciganos e romenos, como pode vir a ser o caso de Ponor, é uma (possível) prova contundente quanto ao aspecto social e portanto subjetivo da identidade racial entre os seres humanos. Ainda que muitos romenos, principalmente os de origens alemã e húngara, possam suspeitar de sua aparência, não parece e não é de meu conhecimento que Catalina sofra ou tenha sofrido qualquer tipo de rejeição sistemática e especialmente por parte dos romenos étnicos, isto se já não tiver sido considerada como tal. O comportamento "normal" de Catalina se comparado com o show de horrores habitual dos roma, a sua beleza (traços suaves e mais "europeus"), pele mais clara, talento e a comprovação final deste via fama internacional são aspectos mais do que relevantes para que os seus compatriotas a considerem como uma romena, ;)

Onde a raça é mais misturada, apenas uma "pureza de aparência fenotípica" não será suficiente para se aceitar que certo indivíduo possa fazer parte do grupo racial e/ou étnico.




As diferenças fenotípicas entre as ginastas romenas Larisa Iordache e Catalina Ponor são de fato muito pequenas, ainda que a segunda continue a olhar mais ''exótico'', comparativamente falando.

E é claro que esta realidade será invariavelmente comum e geograficamente difusa em muitos outros recantos do mundo, desde os mais óbvios como o Brasil....





A belíssima Aline Riscado. Será que ela poderia passar por romena** 

... dos relativamente intermediários, como a Bielorrússia ...



A linda ex-ginasta veterana da Bielorrússia, Svetlana Bogynskaya, ''eslava'' ou ''centro-asiática'' **






Até aos lugares (considerados) mais improváveis como a Noruega.



O campeão mundial de xadrez, Magnus Carlsen, e sua aparencia pra lá de ''nórdica''.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Tentativa para explicar a inteligência autista e do espectro subsequente dos "intelectualmente/cognitivamente obsessivos" em comparação com os neurotipicos



Uma ginasta profissional tende a gastar 8 horas por dia ou mais treinando para se aperfeiçoar no esporte

A prática leva a perfeição. E claro, motivação intrínseca ou reciprocidade natural pelo que se está fazendo ( gostar de verdade), talento ou potencial  e vantagens biológicas são essenciais para que esta máxima se torne consideravelmente verdadeira. 

Por que não pensar o mesmo para a inteligência??? 

As pessoas mais cognitivamente e/ou intelectualmente inteligentes gastam muito mais tempo estudando sobre os seus interesses específicos. 


Eu já defini as diferenças entre os intelectual/cognitivamente interessados e os intelectual/cognitivamente obsessivos. Ter interesse é diferente de estar ou ser obcecado

Eu posso ter interesse pela ginástica artística, como de fato eu tenho, acompanhar as competições, saber um pouco sobre as ginastas mais importantes, saber um pouco sobre a história do esporte e sobre as regras de pontuação e exercícios. Mas alguém que desenvolveu uma obsessão pelo esporte é muito provável que acumulará um conhecimento muito mais amplo e correto do que o meu

Ainda que sabedoria e criatividade possam funcionar como boas estratégias que compensam um menor acúmulo de conhecimentos, presume-se logicamente que quanto mais conhecedor se está, mais inteligente em certo assunto se estará. 

O autista, universalmente caracterizado por uma disposição latente para a obsessão por interesses específicos, poderia ser comparado ao esportista que dedica muitas horas do dia para o treino e aperfeiçoamento no esporte que pratica

Assim como a (o) ginasta, o autista, gastará muitas horas dos seus dias estudando e aperfeiçoando em relação aos seus interesses de fixação. Enquanto que o cérebro do neurotipico médio está "equilibradamente' distribuído para atender as diferentes prioridades vitais, desde as sociais até às intelectuais, o cérebro do autista médio e funcional estará muito mais enfatizado em relação às prioridades intelectuais específicas, resultando no déficit social mas com compensações potencialmente espetaculares. Além de pesquisar, estudar e se aprofundar, o autista médio também pensará nos seus objetos de fixação, mesmo quando não se der conta


Uma ideia que vou desenvolver nos próximos textos sobre a personalidade, esta que se caracterizaria enquanto uma estrutura hierárquica de prioridades essenciais (existenciais). A maioria dos seres humanos tem como ''núcleo de personalidade'' ou ''espírito'' a sociabilidade ou enfase (engajamento) na socialização, porque afinal de contas, nós somos seres sociais, por excelencia. Alguns poucos seres humanos se caracterizariam por não serem essencialmente sociais, abrindo janelas de oportunidades para que possam se debruçar no escrutínio de fenomenos ''não-humanos'' ou particularidades que não sejam meramente conformativas (''adaptativas''). Portanto, não será precipitado concluir que os essencialmente associais (não confundir com anti-sociais), ou a maioria deles, tenderão a desenvolver grande empatia e potencial de reciprocidade exponencialmente intelectual em relação aos seus objetos de interesse, a famosa paixão do genio, só que direcionada para elementos que não são literalmente humanos, a paixão por suas ideias.

Isso em partes contribui para validar parcialmente a teoria de que muitas horas de fixação em relação a certa atividade levará a perfeição.

Mas sem um talento natural e uma grande reciprocidade ou motivação intrínseca, nenhum indivíduo conseguirá sustentar por muito tempo esta luta contra o próprio bem estar, a sua zona cognitiva de conforto. 

E é basicamente o que fazemos uns com os outros ao nos sujeitarmos a ignomínia dos processos seletivos pseudo meritocraticos, desde a escola até o trabalho.


Só que enquanto que para a maioria dos essencialmente sociais, os fins justificam os meios, para os essencialmente associais, os fins sempre se justificarão por si mesmos, se não for pleonamos demais.