Pela cavidade do ouvido
Vem o som da caixa de mentiras
A televisão
Vem o zumbido de sua torpe ousadia
Que quer nos manter divididos (se é mais lucrativo) do que promover a nossa união
E eu grito, silenciosamente,
Vem direto da alma,
Me incomoda, tal como alergia,
E eu saio da sala em um avião
Para um vício ainda mais envolvente
Chamado celular
Onde os neurônios se perdem em cada vídeo
Se uma obra de Fellini ou um gato divertido
Se pelas músicas que tocam aleatoriamente
Foo Fighters, como sempre
Diz que voltará para aquela merda de cidade
De tarde, o céu nublado acima
E Harold Budd me encanta com as suas poesias, desde há uma década atrás,
E meu impulso de poeta quer tudo registrar
Quero escrever meu testamento,
Meu pequeno legado que carrego nas costas
Quero descarregar minha melancolia
E me espanto ao saber que Ryuichi Sakamoto
Já abriu aquela porta
Para nunca mais voltar
Ele já terminou o seu testamento
Nos deixou suas composições tão lindas
A minha favorita é aquela do filme "O Último Imperador"
Do ano em que saí do útero e comecei a chorar
Sem dor
Dos meus primeiros momentos de vida
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