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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Paranoia mais comum em homens = hiper empatia defensiva. Neuroticismo e depressão: mais comum em mulheres = hiper empatia receptiva

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A hiper empatia do caçador 
A hiper empatia do coletor


Se somos, para mais ou para menos, variações mais complexas dos primeiros seres humanos, que eram ''caçadores-coletores'', então pode ser possível pensar se muitos de nossos comportamentos, se não a maioria deles, não se consistem em 'vestígios'' dessas épocas ancestrais de nossa espécie. Parece ser factual e mesmo, talvez, trans-cultural e/ou trans-racial, que os homens tendam a ser mais paranoicos que as mulheres, ou melhor, que existam mais homens paranoicos do que mulheres. Também parece ser factual que existam mais mulheres neuróticas do que homens, ainda que alguns estudos pareçam ter encontrado resultados menos consistentes do que no caso da paranoia. No mais, se é verdade que a depressão é a ''vitória do neuroticismo'', então ao menos em relação a essa moléstia da mente, pode-se concluir que seja mais comum em mulheres. Como eu já comentei, o neuroticismo tem uma natureza mais introspectiva, no sentido de internalizar mais os sentimentos, especificamente os de natureza negativa, do que de externalizá-los. Eu também disse que o psicoticismo parece se consistir em um oposto do neuroticismo neste sentido de ''internalizar ou externalizar''. O neurótico internaliza mais. O psicoticista externaliza mais... as emoções negativas. 

Voltando à minha ou não-tão-minha hipótese/teoria/whatever: o que está subjacente a quase todos os comportamentos humanos é a empatia, e como eu já falei, pode ser ainda mais significativa pra nós, não apenas no sentido de se relacionar com os outros, afetiva ou cognitivamente, isto é, sentindo as suas emoções como se fossem as nossas, ou os analisando, porque a empatia também é um método essencial e não apenas para o ser humano, para interagir, sentir o mundo que é exterior a si mesmo. Eu extrapolei a função da empatia para qualquer tipo de reconhecimento/e sensação de padrões, dos mais onipresentes, quando interagimos com a verdade objetiva ou concreta/imediata, até quando lidamos com a verdade subjetiva ou abstrata. Quando eu me projeto sensorialmente ao mundo exterior, que está ao meu redor, eu estou tendo empatia ou conexão por ele, e mais, ''sentindo o seu humor'', e claro, de acordo com o meu alcance perceptivo. 

Agora eu estou pensando que podemos re-dividir a empatia, a partir de outra dimensão ou dinâmica: defesa e recepção comportamental. Ao sentirmos empatia, e neste caso, baseado no ''velho modelo'', que é centralizado nas interações pessoais, podemos desenvolver diversas estratégias de procedibilidade. Por exemplo, quando estamos conversando com outra pessoa e lhe temos grande afeição é muito provável, em condições normais de temperatura e pressão, que sejamos empaticamente receptivos, isto é, construindo uma relação passageira/ou no dado momento/ de receptividade ao outro. Em compensação quando estamos desconfiados em relação a essa pessoa, podemos ficar mais na defensiva. Também podemos fazê-lo antes-das-interações-reais, imaginando cenários e pessoas. A paranoia, que se consistiria na empatia defensiva em altos níveis de intensidade, aparece como uma resposta antecipativa, que busca entender certa possibilidade antes que se torne real, de se antecipar a ela, e possivelmente com o intuito de se preparar melhor para a situação ou mesmo para evitá-la. Exemplo: tem uma festa da escola pra ir. No entanto eu não tenho uma boa relação com algumas pessoas que estarão lá. Essas pessoas praticam perseguição sistemática de baixa intensidade contra a minha pessoa. Entre ir à festa e ficar em casa, talvez eu escolha a segunda, por ser muito mais fácil evitar um desafio, especialmente quando não é imprescindível. É até mais racional, por não valer apena quando a alma não é pequena. Percebam que ''eu'' internalizei probabilidades baseado na experiência de vida e claro relacionado a essas pendengas mais particulares. A paranoia seria tal como um mecanismo de defesa que extrapolou o bom senso, ainda que eu acredite que também possa ser racional, quando for em baixa intensidade, isto é, ''baixa paranoia = alta preocupação mas não ao ponto de se tornar ilógica ou uber-generalizada'', e mesmo quando a situação for tão grave a ponto dela ser absolutamente exigida em alta frequência. 

O mecanismo receptivo da empatia parece ser mais intenso nas mulheres enquanto que o mecanismo defensivo da mesma parece ser mais intenso em homens, mesmo quando não estão no grupo dos muito e/ou dos mais paranoicos. E por que*

Porque as habilidades psico-cognitivas masculinas tem sido selecionadas justamente ''para'' o confronto assim como também para a defesa, enquanto que as habilidades psico-cognitivas femininas, de acordo com a macro-conjuntura evolutiva humana, tem sido selecionadas ''para'' o oposto, para dissipar o confronto, ao menos dentro do grupo, mas também provavelmente porque as mães mais atenciosas tendem a cuidar melhor dos seus filhos e a maternidade tem se mostrado de extrema importância para o sucesso da espécie.

Na caça, doses moderadas à altas de ''hiper-vigilância''/paranoia/empatia defensiva são altamente requisitadas para entender o comportamento ''animal'' e se antecipar a ele, pensando em estratégias de ataque ou na elaboração de armadilhas. 

No cuidado maternal e no lido social, de cooperação, doses moderadas à altas de ''receptividade empática/empatia receptiva'' são altamente requisitadas.

Me pareceu ser um ''insight subjetivo'', isto é, pra mim, mas que não é uma ideia realmente nova. No entanto, a ideia de dividir a empatia, a partir desta perspectiva, em defensiva e receptiva, me pareceu parcialmente interessante. 

Paranoico = baixa auto-estima + narcisismo. Como que isso se encaixa no contexto ancestral/evolutivo humano*

Se o homem paranoico é mais narcisista mas tem mais baixa auto-estima e por isso se preocupa mais com as opiniões alheias [tal como uma mulher tende a fazer], então como que esse comportamento emergiu ou mesmo pode ser entendido como um ''vestígio ancestral'' do comportamento nomeadamente masculino* 

Talvez, essa ''mentalidade da caça e do caçador'' de fato tenha prevalecido entre alguns seres humanos, só que ''mal-adaptada'' a um mundo social subjetivo, enquanto que, como eu já comentei, os paranoicos tendem a ter baixa tolerância para ambiguidades interpessoais. 

Outras possibilidades é a de que esse perfil se consista em uma soma de alta intensidade entre as duas estratégias empáticas: receptiva e defensiva, mais feminina e mais masculina, se um alto nível de empatia defensiva-apenas é provável que resultará em menor internalização das necessidades/opiniões alheias, que tem como intuito uma maior possibilidade de cooperação.

''Mentalidade ancestral''

As pessoas se distraem com facilidade nas redomas ''modernas'' humanas. Os paranoicos no entanto parecem ter uma mentalidade ancestral, antiga e portanto mais concreta e direta, ainda que, neste caso, eu esteja falando mais sobre os paranoicos ou hiper-vigilantes mais racionais do que do típico paranoico que tende a ''flertar'' com o espectro psicótico, que tem justamente como principal característica o desligue em relação à realidade, mas em um sentido hiper, isto é, ao invés de, de fato, desligar mais do mundo, se ''joga'' muito mais no reconhecimento de padrões, só que além de sua capacidade de se fazê-lo resultando na apofenia ''de alta intensidade'', que com certeza não se dá por preguiça intelectual. A paranoia típica seria ou poderia ser entendida como um excesso de motivação para o hiper-realismo mas sem uma autoconsciência bem desenvolvida ou mesmo com menores capacidades psico-cognitivas, resultando em uma típica frustração, semelhante àqueles que tem grande motivação para certa atividade, mas não tem talento. 

Esta provável combinação de características psico-cognitivas mais masculinas e mais femininas parece caracterizar a paranoia.

Portanto uma mal-adaptação desta combinação psico-cognitiva andrógina de maior empatia, defensiva e receptiva, e resultará na típica paranoia.

Por outro lado uma adaptação mais adequada da mesma e algumas virtuosidades serão mais propensas a surgirem, por exemplo a sabedoria*

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