Umas das missões centrais deste e do velho blogue tem sido justamente a de analisar mais profundamente sobre os principais conceitos do comportamento humano: criatividade, inteligência 'e'' racionalidade. Ao longo do tempo eu fui me deslocando da criatividade para a racionalidade por ter identificado a segunda como muito mais importante e necessária do que a primeira, ainda que a criatividade também seja vital. Um dos mitos mais ressoantes do comportamento humano é de que a racionalidade se consista em uma condição para o mesmo. Tem sido constantemente comprovado que não, que a maioria dos seres humanos não são muito racionais. Portanto, de condição humana, a racionalidade foi, também por mim, ''reduzida'' à exceção humana, e tal como a criatividade, parece estar descontinuadamente distribuída entre nós. O mito da racionalidade como uma característica geral ou generalizada da espécie humana é fortemente ancorado pelo mito do livre arbítrio ''total'', a ideia de que podemos nos transformar completamente, de que não nascemos com referenciais instintivos ou herdados [hardware], que somos apenas ou fundamentalmente ''softwares''. A partir do momento em que provamos que o livre arbítrio tal como tem sido conceituado e conceitualmente aplicado, é uma crença sem base factual ou de real sustentação, então logicamente será esperado que a racionalidade, enquanto uma característica geral humana, também será atacada e por fim desmistificada.
No entanto, antes, também é importante definir o conceito de racionalidade, buscando por sua aplicação conceitual mais correta e tentar entender o porquê da confusão em relação à mesma, por que achamos que todo ser humano é ou pode se tornar racional* Primeiro, o que é ser racional*
Então eu percebi que o conceito de racionalidade está fortemente relacionado com os conceitos de autoconsciência e de autoconhecimento. E vendo como que as pessoas o aplicam, eu percebi também alguns padrões. Por exemplo, que homens e mulheres tendem a ter diferentes ênfases conceituais para a racionalidade. O homem tende a entender a racionalidade tal como uma espécie de ''lógica'', enfatizando pelo lado cognitivo da coisa, mais ou menos parecido com o meu conceito de compreensão factual. E esta visão masculina tem predominado sobre o conceito de racionalidade. A mulher, por outro lado, tende a enfatizar a racionalidade com base no comportamento. Neste aspecto, o homem também tende a fazê-lo, como é o esperado, só que, mais direcionado para o comportamento conflitivo do que para o comportamento cooperativo ou conciliativo, isto é, ele tende a dar menor importância em relação à maneira com que se lida com as outras pessoas [seres ou situações], claro que de uma maneira mais ponderada do que essas palavras podem estar nos induzindo a pensar, ainda assim, bem menos do que a mulher. Já a mulher tende a enfatizar pelo lado benigno das interações sociais. Isso é facilmente demonstrado por meio das interações de ambos nas redes sociais em que, a mulher busca atenuar qualquer tipo de conflito, com base em ''mentiras brancas'' ou enfatizando pelo lado positivo, por exemplo quando temos uma moça que tira uma fotografia, a compartilha em alguma rede social e a maioria de suas amigas elogia, enquanto que na verdade a roupa que ela está usando na foto não lhe caiu muito bem. Por outro lado, quando o homem típico faz o mesmo, os seus amigos [típicos] tenderão a depreciá-lo, enfatizando pelo lado negativo, ainda que o façam com base em brincadeiras, isto é, sem ter intenções mais agudas, a priore. Por outro lado, em relação à compreensão factual ou simplesmente pela busca por fatos, por aquilo que condiz com a realidade, o homem tende a enfatizar muito mais do que a mulher. Tudo isso nos mostra que a maioria dos seres humanos tendem a ter ao menos uma parte da racionalidade como o seu instinto e a usa só que muitas vezes sobrepondo-a ao resto ou tratando-a como se representasse o ''todo da racionalidade''. Então, quando um homem faz um piadinha sem graça em relação à uma pessoa, especialmente se for uma mulher ou uma pessoa que não for heterossexual, OU acusa os negros de serem [em média] menos inteligentes que os brancos, ele estará apenas sobre-enfatizando/ sobre-aplicando o seu conceito instintivo e subsequentemente aculturado, que é mais hipo-emocional. Quando a mulher, empaticamente falando, diz que as raças caninas são todas iguais e que a culpa é da criação quando o cachorro é/se torna muito raivoso, ela está apenas sobre-aplicando o seu conceito de racionalidade que é mais hiper-emocional e hipo-lógico. O homem médio não sacrifica a lógica enquanto que tende a fazê-lo com o lado emocional. A mulher média não sacrifica a emoção, mas tende a fazê-lo em relação à lógica. E este tilt entre-grupos em relação à racionalidade não está presente apenas nesta dicotomia porque tem se espalhado, se modificado, em relação à várias outras, por exemplo, direita x esquerda, na política, ainda que pelo parece, todas tendem a ter/tem como origem justamente esses contrastes psico-sexuais, se os mesmos estão subjacentes a todo comportamento, e não apenas do ser humano.
No mais eu especulei que a mulher ou o homem sábio, por essa lógica, seria uma espécie de oposto qualitativamente combinado em relação ao homem e mulher médios, completando justamente a parte em que ambos tendem a falhar, isto é, se mulher e mais sábia, então não será agudamente emocional quando também deve buscar pela compreensão factual. Se homem e mais sábio, então não usará a sua disposição para o pensamento lógico de maneira generalizada, mesmo onde também deve pensar de maneira emocional.
O oposto também era o mais provável de ser, isto é: se os mais sábios são os resultados de uma androginia psico-cognitiva bem sucedida ou virtuosa, os menos sábios seriam justa e especialmente aqueles que são os produtos da mesma mixagem sexual só que desequilibrada. Não é incomum que muitos ''idiotas úteis'' da esquerda e dos mais militantes, dos mais fanáticos, sejam da tal ''comunidade'' LBGT. Homossexuais e lésbicas típicos tendem a herdar ou a combinar as fraquezas de ambos os sexos, enquanto que os mais sábios combinariam as forças ou qualidades dos mesmos.
Portanto eu tenho tentado primeiramente entender e se possível desconstruir vários mitos relacionados a esse assunto: que a racionalidade é generalizada ou característica ao ser humano; que existe livre arbítrio [total] e que racionalidade e lógica são praticamente a mesma coisa. Eu escrevi um texto justamente tentando diferenciar uma em relação à outra. Concluí que a lógica anula o papel importante da emoção no julgamento ou raciocínio humano; que é uma espécie de ''racionalidade incompleta' ou primária; que é pragmaticamente utilitarista e que a racionalidade se consistiria justamente em sua generalização, isto é, mesmo ou especialmente em relação às questões emocionais. Eu disse que as pessoas mais lógicas tendem a deixarem de ser assim quando precisam lidar com questões que exigem a empatia [cognitiva e afetiva] enquanto que os mais sábios seriam ''generalizadamente lógicos'', também aplicando a razão onde tem mais emoção envolvida. E/ou também, a sabedoria, tal como um degrau absoluto de clareza tanto no pensamento quanto no comportamento, consistiria na ''generalização da inteligência'' em relação aos mesmos, não no sentido de ser inteligente em relação a tudo, de saber tudo, mas no sentido de antes, buscar saber, se de fato sabe, antes de se arriscar. O sábio não é um polímata, ele é antes de tudo um autoconhecedor.
A desconstrução de todos esses mitos é vital para que possamos de fato começar a pensar seriamente em solucionar muitos se não a maioria dos problemas, especialmente os mais desnecessários [e que muitas vezes serão os mais influentes], que teimam em se perpetuar pelos poros da humanidade e por tabela, em tempos globalizantes, tendo efeitos que ressoam com severidade no restante da natureza.
Os indivíduos mais racionais/sábios, seriam portanto, tal como os gênios criativos, de uma raridade significativa. Não sei se tão significativa quanto dos gênios, mas ainda assim rara, muito mais do que a maioria das pessoas tem acreditado.
A conceituação, identificação e aplicação da racionalidade faz-se cada vez mais urgente. No entanto pelo que parece, é necessário construir uma verdadeira comunidade racional, se não de racionais genuínos apenas, também daqueles que podem reconhecê-la em outros e de buscar por ela, tal como a uma deusa grega.
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