Minha lista de blogs

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Infernos astrais: melancólico e colérico

Camada existencialista versus naturalista

Tão próximas e tão distantes 

Os mais realistas entre os quatro temperamentos são os melancólicos e os coléricos. No entanto o melancólico tende a ir fundo na camada mais fina de distração ou mais exposta à hiper-realidade, que é a existencialista, enquanto que o colérico enfatiza-se pela camada naturalista. Mais fundo que isso e chegamos às camadas sociais/mundanas, onde fleumáticos e sanguíneos se localizam.


A camada existencialista é a mais ''exposta'' à hiper-realidade.
 Já a naturalista, por ainda estar fortemente "contaminada" de instinto, a prisão e proteção natural que dá sentido e direção à vida, encontrar-se-á mais ''protegida' mas também limitada em relação à hiper-realidade.

A camada social/mundana, seria uma espécie de camada naturalista domesticada, em que as pequenezas da vida humana predominam sobre a percepção. 

E ainda teríamos uma camada surrealista, que é uma clara perversão da camada existencialista, talvez ''localizada'' na ''social/mundana'' [ou ''paralela'' a todas elas por expressar níveis diversos de distração à hiper-realidade], só que com ''um falso ar de existencialidade'', e parte essencial [religião] dos joguetes de meias-verdades que usualmente populam a esfera cultural humana.

Basicamente. O melancólico não-escapista lamenta pelos mistérios da vida. O colérico, como uma versão não domesticada, age com o intuito de ser bem sucedido no jogo da vida. E por fim o sanguíneo e o fleumático apenas tomam a vida dentro das colmeias humanas como a única possível. Apesar de serem os mais realistas e intensos, coléricos e melancólicos também tendem a ser mutuamente repelentes porque enquanto que os primeiros aceitam com vigor e imperatividade os desafios da vida, impostos por um acordo secreto entre o instinto do ser e o seu ambiente de existência, o melancólico ainda que também um produto desta conjugação, os interpreta como um fardo potencial a necessariamente superável. O peso da percepção e ansiedade existencialista do melancólico lhe torna o mais apto a priore para guiar os passos da humanidade, e em especial buscando mante-la não muito longe da luz da hiper-realidade. No entanto, o colérico, por ser ''moderadamente realista'', ao nível comum da vida terrestre, elege-se como o mais apto para dominar ou submeter as populações humanas.

O melancólico supra-valoriza a vida enquanto que o colérico é o menos propenso a fazê-lo, talvez por ver-se tal como a própria vida pulsando de anseios, e sem os artifícios de uma domesticação mais efetiva. Tal como o humano que vê um macaco em seu meio natural, e desenvolve uma vontade de guiar os seus passos de maneira mais segura, isto é, interfere em seu ciclo de vida e desafios. O melancólico é o 'humano' e o colérico é o 'animal/macaco'. O primeiro quer, de fato, um mundo superior em qualidade. O segundo acredita que este está de bom tamanho, especialmente se for do tipo mais ''puro'', e o vive, aceitando o desafio de vencê-lo. Já, sanguíneos e fleumáticos, tendem a se submeter ao domínio do ''ambiente''.

A sociedade humana, dominada por melancólicos, talvez seria completamente diferente das atuais, que são produtos em especial dos coléricos mais inteligentes e dominantes.

Melancolia e um destino bifocal: escapistas/camada surrealista ou hiper-realistas/camada existencialista


Os coléricos tem dois tipos de 'estorvos'' melancólicos para caçoarem, caçarem, enganarem, ameaçarem: os escapistas-surrealistas e os hiper-realistas. Desprezam e/ou exploram os primeiros por suas covardias e temem os segundos pelo oposto, por suas ousadias, por serem corajosos o suficiente para lidarem diretamente com uma percepção que está além da ''sanidade mental'', que é o pensar no além, naquilo que não se tem respostas, na própria finitude, enfim, naquilo em que se é mais idiossincraticamente humano. E ele, enquanto um ser muito mais legitimamente ''animalesco'', especificamente o tipo mais puro, tenderá a olhar com incompreensão e despeito a essa capacidade ingrata do melancólico. 

O melancólico sempre a um passo das lágrimas. O colérico sempre a um passo da raiva. Tudo é importante para melancólico. Apenas aquilo que convém é importante ao colérico. A moralidade objetiva é o ideal para o melancólico, ainda que pelo que parece a maioria acabe ''morrendo na praia'' para alcançá-la. A moralidade subjetiva, coletiva e geralmente mais personalizada, é a ideal para o colérico. Enfim, são muitos os contrastes, e não caberá a mim continuar a mostrá-los. O simples fato de que tendem a ser completos opostos em muitas perspectivas supra-importantes já parece ser suficiente para sintetizar conclusivamente a proposta desse texto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário