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domingo, 22 de maio de 2016

Relato pessoal, o papel da educação em minha vida





O impacto da ''educação'' em minha vida.

Se tornou praxe por parte de alguns ativistas pró-autismo de acusarem os ''auto-diagnósticos'' como equívocos individuais nascidos pelo calor do momento de uma súbita auto-identificação. É verdade que muitos destes auto-diagnósticos estejam ligeiramente equivocados, mas isso não significa que não tenha algum naco de verdade aí. E especificamente no meu caso, de fato existe. Como já relatei em outros textos, eu me vejo como alguém com muitas características cognitivas que são típicas do espectro, especialmente a ênfase em ''interesses específicos ou obsessivos''. 

E esta constância comportamental não é o produto de um melhor ambiente ou escola, apenas a maneira como que interajo com a vida, com a auto-contemplação existencial

As minhas fixações cognitivas começaram cedo, por volta dos 5,6 anos de vida, pelos dinossauros. Pedia para o meu pai comprar revistinhas como as de cima, tudo para ficar sabendo das ''últimas notícias'' do triássico. Eu não me lembro o porquê de ter ficado tão interessado em dinossauros. Mas sei que não foi por causa da escola, nem pelo ambiente familiar. Como eu sempre falo. Não existem desculpas para a criatividade e melhor, para as pessoas criativas. Não é necessário ter uma panaceia de estímulos ambientais para nos tornar fixados em uma determinada área. Estímulos ambientais mínimos já são mais do que suficientes para atiçar o fogo da curiosidade e da brincadeira de se investigar e aprender para uma menta ativa e criativa.

Ao longo de minha infância e adolescência, eu sempre fui muito independente em minhas escolhas. E uma parte importante de minha vida desde então tem sido modulada com base em meus interesses específicos, minhas fixações empático-cognitivas ou motivação intrínseca de caráter intelectual. Eu sou movido por minha essência, mais do que a maioria. O fato de ter acumulado certo conhecimento em algumas áreas e sem qualquer influência, mesmo a mais remota, tanto em relação ao ambiente escolar quanto ao ambiente familiar, e a de ter consciência disso, me fez concluir que a essência da inteligência humana tem pouco haver com a ''educação'', especialmente quando existem interesses intelectuais divergentes, isto é, a escola e sua programação doutrinária em atrito com a  minha independência intrínseca para experimentar intelectualmente em relação aos meus interesses mais quistos.

Eu só comecei a ler livros mesmo a partir dos meus 20 e poucos anos. Tudo aquilo que fiz até hoje, com exceção às obrigações da escola, que eu ''empurrava com a barriga'', foi com base na minha própria felicidade e especialmente a felicidade cognitiva, isto é, mantendo-me dentro de minha zona de conforto, verbal, imaginativa e criativa. 

Não guardo rancor em relação à maioria dos meus professores e não os culpo totalmente, porque acredito que eles pensam que estão dando os seus melhores nesta profissão que é tão propagandeada pela ''grande mídia'' e que na verdade teria uma função realmente útil que é tão distinta daquela que tem sido determinada.

Os atuais professores mais se parecem com os velhos tutores, aprendizes de sábios que dão conselhos de como se portar e o que deve aprender, só que transformados em uma linha fordista de ''produção''.




Educação é ''uma ilusão de ótica'' e parece real especialmente para os menos autoconscientes



O ''milagre'' da educação parece verossímil especialmente para o tipo que apresentar a seguinte combinação (construção): conformismo, auto-consciência fraca, perfil cognitivo simétrico

Em outras palavras, os tipos mais cognitivamente e simetricamente inteligentes, serão em média os mais iludidos pelos supostos super poderes da ''educação'' no ''aumento da ''inteligência''/''conhecimento'' ''. Mas no geral, a maioria das pessoas parecem estar bastante iludidas com os tais/supostos efeitos mágicos da ''educação'' na inteligência humana. 

A disposição para o conformismo social tende a se traduzir em menor curiosidade intelectual, se aquele que se limita para se encaixar aos moldes sociais totalitários vigentes tende a não ter qualquer objeção a este tipo de atitude ''covarde''. Se sente que não está perdendo nada (por exemplo, a liberdade), então não será um sacrifício fazê-lo.

A auto-consciência fraca tende a borrar a percepção da fronteira entre as influências internas e externas do ser, de torná-la menos evidente, fazendo com que muitas pessoas confundam a ordem destes fatores.

O perfil cognitivo simétrico tende a provocar a ilusão do potencial para poli-aprendizagem, de que todas as pessoas possam aprender desde que expostas a estímulos ambientais contundentes ou se forem incentivadas, mas na verdade esta percepção falsa não passa de uma extrapolação pessoal equivocada, isto é, dedução via autoconhecimento incompleto, só que sem levar em conta a diversidade cognitiva. Muito semelhante à esta atitude,  muitos professores também concluem precipitada e erroneamente que não existem diferenças cognitivas marcantes entre os seus alunos, forçando-os a tentarem cumprir metas surreais que o sistema escolar impõe.

O meu perfil cognitivo é muito assimétrico e isso contribuiu de sobremaneira na auto-identificação de minhas fraquezas e forças,  na estipulação ponderada do papel das influências internas e externas em relação à minha pessoa ao longo do tempo e no papel intrínseco da vontade rente à crença pós-moderna da nulidade essencial no comportamento (teoria do papel em branco).

 Os behavioristas dizem que tudo aquilo que é cheira conservador é lavagem cerebral, enquanto que a praticam (supostamente) em cima de você. Na verdade, o que eles tem feito é a indução/criação na ignorância dos fatos, da realidade, isto é, dentro de uma nova ceita ''religiosa'', com toda a cultologia necessária para torná-la irrespirável aos mais sábios.

Eu tenho plena consciência de que tudo aquilo que persegui em termos intelectuais, foi independente da escola ou do ambiente familiar, tal como muitos preconizam. Meus pais não me incentivaram a ponto de me tornar aficionado naquilo que passei a ficar, desde a minha primeira fixação até as que tenho hoje em dia. 

E como já falei em outros textos, todas elas vieram espontaneamente e sem qualquer esforço que me poria em minha zona de confronto e mesmo, de desconforto. Em outras palavras, todas as as minhas fixações ou interesses específicos se deram e se dão de maneira lúdica, divertida, exatamente como uma brincadeira, um hobby. Preencho o meu tempo, trabalhando ou não, nessas fixações, que me fazem felizes, pois são saudáveis, e lhes sou bastante reciprocamente empático.

Ninguém me ensinou a gostar de ler livros de geografia. Nem a gostar de ler psicologia, atualmente. Nem a gostar de ginástica artística. 

Tudo me veio muito naturalmente, espontaneamente.... 

Muitos acreditam que interesses intelectuais e não-intelectuais sejam categorias completamente separadas mas isso não é verdade.

Gostar de jogar bola é da mesma natureza que gostar de ler livros.

Eu não me vejo como um ser separado dos demais, então, o que acontece comigo também acontece com praticamente todo mundo, só que eu tenho maior consciência desta realidade específica e também estou mais intenso justamente nesta particularidade, que obviamente funciona muito bem para o primeiro aspecto.

Novamente, eu não desprezo os professores (ainda que isso não signifique que não mereçam ser criticados quanto às suas falhas) e não desprezo aqueles que passaram por minha vida escolar, apenas alguns, ;), certos tipos. E também não estou querendo dizer que a educação não teve qualquer influência, afinal de contas eu estou escrevendo este texto não é**

Só que da maneira com que a maioria das pessoas se habituaram tolamente a acreditar, isto é, que a educação é imprescindível e/ou fundamental, está bastante equivocada e causa muito mais problemas, especialmente a longo prazo, do que soluções, como eu e muitos outros tem alertado com frequência.

Há de se

dar o peso certo às ''coisas''

e de se

criar um mapa de inter-relações e influências entre os fenômenos,

mapas fenomenológicos deveriam já terem sido providenciados e uma ótima fonte para esta tarefa será uma mente afiada com a realidade, isto é, sábia. 

O ser tem as suas próprias motivações, predileções e elas interferem de sobremaneira em suas vidas, e em especial quando a personalidade for mais intensa, vívida, enérgica ou mesmo dominante sobre a cognição. Aqueles com mentes menos complexas porém cognitivamente eficientes estão mais propensos a conquistarem padrões de vida altos e a serem mundanamente bem sucedidas. A priore, não há de errado nisso. O problema é que a realidade que o ser humano cria pra si mesmo não é perfeccionista, pelo contrário, pois se enamora com grande frequência com erros crassos que se arrastam por tempos indefinidos, condenando a todos para sofrerem nestes purgatórios irracionalmente mantidos. 




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