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domingo, 22 de maio de 2016

Vida morbidamente vivida



Entre os extremos do narciso e da solidão
Da simplicidade à luxúria da razão 


Entre rios


Um que é vagaroso em seu caminhar
Mas tudo o que vê, 


E se incendeia

E um que é bem mais rápido 
Se não é lento em seu conhecer
Se é precipitado, se é incoerente 
E quando congela no tempo

 deixa de se ser
Muito rapidamente


se perde, 

perde fios de meadas
Pela metade, caminho de corpo inteiro 
Na pressa, pega o que lhe vier primeiro 

o que lhe for simpático

se é alma fria

põe tuas chagas a povoarem o solo deste planeta 

Morbidamente 
E vívida

Vida que não pára
Comunica de fora pra dentro 
E de dentro pra fora
Sem parar nem um mísero minuto
Vigilante de si 
Agoniza em um silêncio perturbador
Porque se este susto emergir
Avança em seu auto consumo
E se extingue antes mesmo de se extinguir
Pois o fará prematura
Deixando folhas em branco e uma historia sem fim 

Vívida e sábia
Quando controla o fogo 
Esquenta as mãos
O céu frio que estala
O desolador e escuro 
Que apenas olha para as estrelas
E sonha certezas que não tem 
Vive cada dia, parece rápido
Mas a intensidade é sensível 
Pois se sente muito bem 

E mesmo que viva apenas o presente
O entende
Não crê
Pois crentes vivem mundos de fantasias

Ao invés de brincar com a imaginação 
Rios rápidos confundem-nas com a verdade 

Rios velhos e lentos vão tateando cada margem
Acumulando águas numa costa
Pedras e pedaços de madeira
Que na juventude desperdiçava
São tesouros de uma vida inteira

Amadurecem cedo
Muitos dos que nascem incompletos

Se precisam se completar em vida
Já sabem o que precisam perseguir 
Ou quem

Já sabem ou aprendem que a vida se leva a sério
Tem seus momentos de risos e piadas
Mas deve ser respeitada
Adornando-a por cantos gregorianos

por poesias e toques, de bom grado

Tão belos apenas por suas divinas vozes
Tão feios e tolos, por louvarem o ministério da salvação 

De falsa, esta religião 
Do divino, em barro e fanfarras
Medíocre e falho 
Mentiroso, que vive de mal agouros,
Vive alimentando a loucura humana
Alimentando um monstro 
Ao invés de cortarem-lhe a garganta

Morbidamente 
Vive como todo religioso deveria
Vive santo mas humano 
Mais que qualquer outro 
Inalcançável
Chega num ponto da vida
Que,

descobre o quão simples é o viver,
mesmo nesta prisão,
aprende o que toda vida deveria saber,
viver

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