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sábado, 4 de março de 2017

A irresistível metáfora do (pobre) rato de laboratório, da esteira e do queijo para explicar as diferenças entre os sociotipos dos observadores, manipuladores e trabalhadores

Níveis de consciência existencial 

E ligando à ideia de que a principal função do trabalho é a de gastar o tempo de vida, de maneira útil/ sobrevivência [direta ou indiretamente} e distrativa / se distrair quanto à certeza da morte e a incerteza do porquê da vida. 

O sociotipo típico do trabalhador, como eu falei em um texto recente, não tem grande atividade introspectiva e no entanto exibe grande vigor extrospectivo e de evidentemente de natureza mais "física". Portanto ele é [auto}subconscientemente convencido de que o trabalho é acima de tudo uma virtude e uma necessidade imprescindível independente de quão trabalhoso esta atividade possa ser. Ele tem energia de sobra pra se concentrar em afazeres de natureza manual e algumas vezes profissional ou de colarinho branco. No entanto o trabalhador está sendo enganado porque lhe é dito repetidamente e ele se convence rapidamente que é importante trabalhar mesmo quando os seus direitos não estão sendo bem assegurados nem quando se dá conta que existem pessoas que fazem menos de 3% do seu esforço e ganham muito mais (geralmente de  manipuladores, plenamente conscientes de seu parasitismo ou não). O seu senso de justiça é fortemente corrompido por essa dissonância cognitiva de se prezar pela ordem, pela obediência e meritocracia mas acreditando que o mérito valha mesmo para quem ganha muito mais [e trabalhando muito menos} que ele e quanto mais sociotipado pra este viés de trabalhador mais obediente à esta pseudo-meritocracia ele se encontrará. No final, sejamos francos, ele só pensa em trabalhar, porque esta se consiste em uma maneira muito eficiente de gastar ou ocupar o seu tempo.  Sem o tempo ocupado nos tornamos mais neuróticos. Sim, cabeça "vazia' oficina do diabo. Isso é verdade. É aquilo que os sistemas sociais buscam, e é aquilo que ele pode oferecer, e ambos acabam saindo satisfeitos desta parceria obscura, porque assim poderão gastar ou ocupar os seus tempos de acordo com aquilo em que estão mais naturalmente capacitados. 

Metaforicamente falando o trabalhador seria como aquele rato de laboratório que se põe a correr em cima de uma micro esteira para alcançar o queijo que está pendurado logo à frente. Para ter o queijo ou o dinheiro, a recompensa pelo trabalho há de se correr na esteira ou de se trabalhar para ganha-lo, pensam ou ''racionalizam'' os trabalhadores.

O manipulador/parasita em potencial, seria como o rato que percebe que pode pegar o queijo pelo caminho mais simples sem ter que ficar correndo na esteira. Ele consegue visualizar a sociedade de maneira mais holística e crítica pois percebe muitas de suas falhas mais salientes e a partir disso busca por meios criativos, práticos e imorais/hiper-pragmáticos para pegar o queijo sem precisar ganha-lo por quem o tem em seu domínio e/ou sem obedecer restritamente às diretrizes ou leis quase sempre injustas do sistema em que vive. Em outras palavras, ele tende a burlar as leis (''a esteira'') com o mesmo objeto que o trabalhador, ''o queijo'', e com a mesma razão subjacente, gastar ou ocupar o tempo e sobreviver.

O observador/ mutualista em potencial, assim como o manipulador também apresenta grande facilidade para olhar para os defeitos da sociedade e também que existem meios muito mais simples de se conseguir ''o queijo'' do que por aqueles que o sistema construiu e que o trabalhador parece ser ávido para seguir. O manipulador típico gasta ou ocupa o seu tempo por meio desses desafios mentais pois tende a ter impulso fraco para controlar a sua 'criatividade" maquiavélica. O observador mais do que qualquer outro sociotipo tende a buscar por novos sistemas, especialmente quando percebe que os mesmos estão longe de serem perfeitos ou racionais, ao invés de tentar burla-lo ou de prestar-lhe obediência. Constatamos que tanto o trabalhador como o manipulador, no final, acreditam no sistema, o primeiro de maneira mais ingênua e conformada, o segundo de maneira mais realista e debochada


Na verdade os sistemas sociais tem sido desenhados justamente por manipuladores então é de se esperar que estes também prestem apreço pelos mesmos. O manipulador exibe certo vigor físico que geralmente vem acompanhado de grande atividade mental, resultando em uma maior praticidade pragmática ou ativa do que em uma maior reflexão. Ele se aprofunda mais no mundo real, fora da matrix social humana, mas acaba agindo com oportunismo do que com responsabilidade. 

 Por último temos o observador que exibe um vigor físico bem mais fraco do que os demais, em média, mas grande atividade mental, provavelmente maior do que a dos demais sociotipos. Não é a toa que a maioria dos observadores também sejam de sonhadores imaginativos. O observador gasta ou ocupa o seu tempo geralmente com os seus pensamentos, ideias e ideais, e especialmente em um mundo dominado pelo psicopático manipulador, a sua introspecção também tende a calhar bem tal como uma válvula de escape de um mundo propositalmente falho

Por pensar, imaginar, perceber e observar muito, o observador não sente a necessidade de gastar a sua energia ocupando o seu tempo com atividades de estímulo físico se já tende a ocupar-se e a esgotar-se com a sua hiperatividade mental (maior autoconsciência). 

Consciência existencial 

O hiper-realismo existencial inevitavelmente nos faz mais empáticos (enquanto que apenas o realismo existencial tende a nos fazer mais frios e oportunistas}  porque paramos de nos ludibriar pelos artifícios das ilusões humanas, praticamente nos colocamos ao lado "da morte", ao concluirmos e enfatizarmos que esta é a única certeza profunda, absoluta e pessoalmente crítica que temos, de que vamos morrer e que até agora, a vida não faz  qualquer sentido. Eu também poderia acrescentar que passamos a vivenciar e a se agarrar mais ao tempo quando despertamos para estados avançados de consciência, 
ainda que isso seja sempre em vão. Como eu já falei antes, a melancolia e a sabedoria tende a se consistirem em um apego à vida, o oposto da depressão, enquanto que eu não sei se eu poderia dizer que esse apego seja exagerado, mas que inevitavelmente nos leva ao ''lugar-comum'' da sensação de impotência rente a um mundo perturbadoramente misterioso e às nossas condições de ''marionetes naturais'' das ou de todas as circunstâncias, a começar por nós mesmos, que nascemos sem sermos perguntados, sem podermos escolher como desejamos ser e mesmo se tal liberdade seja realmente desejável.

O observador, que é grande preditivo de sabedoria, seria metaforicamente falando, como aquele que em um cenário hipotético (ou nem tanto) e literal de profunda escuridão, constataria quanto à veracidade holística ou final desta natureza que domina o seu redor, enquanto que o trabalhador e o manipulador encontrar-se-iam subconsciente e propositalmente alheios a esta realidade que lhes é dura de internalizar e de vivenciar, brigando, sofrendo, se matando, enfim, lutando entre si, enquanto que deveríamos "todos" estar de mãos dadas, suportando o vazio real de significado, a falta de razões para o porquê de se viver e os mistérios profundos da jornada da vida.

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