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sábado, 14 de janeiro de 2017

Hiper sensitivo à flutuações ambientais versus hipo sensitivo

A trajetória da minha família nessas últimas três décadas tem sido de altos e baixos. Pode-se dizer que começamos muito bem a década de 90 e a terminamos com metade das expectativas, tal como se fôssemos a ex União Soviética no inicio dos anos 90, ainda uma super potência e no final da mesma década já em estado avançado de crise e decadência, sendo representada pela CEI, claro desprezando qualquer exagero de associação e focando na essência da mesma, em nossas similaridades superficiais. Eu me lembro que quando eu mudei de cidade o padrão de vida que tínhamos se deteriorou bastante a partir de uma sequência de infortúnios financeiros. E me lembro que eu era altivo, dominante, alegre porém já mostrando meus traços psicológicos mais "hardware" desde sempre como a obsessão por interesses específicos. E me lembro que mudei de temperamento não sei "quantificar" o quanto,  quando fui para a outra cidade e fui percebendo uma série de mudanças no estado de coisas, se antes eu era uma criança pequena, vivia nas asas e no conforto de meus pais e de nossa boa situação financeira, se já convivia com outras pessoas/crianças, e que mostrava no entanto uma relação de equidade com os outros, em contraste com o que viria a acontecer depois. O tempo passou e eu fui me tornando mais tímido, arredio, especialmente por causa de minha gagueira e em especial do seu reconhecimento por minha parte, reconhecer os outros e suas demandas, me conhecer melhor, me localizar nesta nova e mais complicada perspectiva existencial contextual ou "software", de perceber que o mundo já não era tão fácil assim pra mim e pelo contrário, porque a partir daquele momento eu que deveria lutar para me equilibrar nele, sem grande amparo.

Se por um lado a nova vida foi ruim pra mim o mesmo não pode ser dito em relação ao meu irmão do meio que foi o que menos sentiu a mudança, mesmo sendo poucos anos mais velho do que eu.


 Mentes mais comuns tendem a se adaptar em qualquer lugar onde forem predominantes, pois já esta praticamente tudo pronto pra elas, os amigos ou"amigos", as relações sociais, o sentimento de estar certo e tendo poucos dedos queixosos apontando, te condenando. Quando o ambiente não é hostil não há com o que se preocupar. E no entanto talvez toda esta robustez aparente de fato seja mais hardware e como resultado reforce imensamente o software, em especial se tiver grande intrinsicabilidade/intrinsecabilidade. 

Por outro lado, este excesso de segurança também pode resultar em prisão tornando-os dependentes dos seus ambientes, passando a tratá-los como autoridades máximas. E a falta constante de segurança em composição a uma personalidade mais sensível ou mesmo emocionalmente flutuante pode resultar no aumento da autoconsciência, em ser melhor na apreensão de problemas, de ser crítico ao ambiente que lhe negou aconchego, que lhe rejeitou desde cedo e se tal intrinsecabilidade/intrinsicabilidade for muito forte então mesmo em um hipotético ou ideal paraíso pessoal não se limitaria a alveja-lo de elogios pois buscaria aumentar a sua perfeição e portanto apreendendo-se de mais problemas que mentes relaxadas demais jamais conseguiriam conceber. 

Percebe-se que as nossas reações estão sempre conjugadas à complexidade dos ambientes em que estamos, sob muitas perspectivas que nos interessam e que algumas personalidades parece que serão bem mais robustas ou re-adaptativas, o nível de agradabilidade tenderá a reforçar esta robustez e que por outro lado essas mentes também caminharão para se tornarem mais dependentes ou subservientes aos ambientes que lhes acolheram. Integridade ou estabilidade muitas vezes pode se transformar em prisão ou em limitação, da mesma maneira que muitos se não a maioria dos homossexuais, por exemplo, ao enfatizarem ou ao darem grande prioridade de importância à sua homossexualidade, passam a se limitarem a ela, ''trabalhando ao seu redor'', reduzindo a amplitude ou alcance de suas mentes à condição que levarão por toda uma vida, e isso acontece com todos nós, e parece a priore inevitável, ainda também precisemos separar para cada caso e condição ou característica o grau de limitação bem como também de periculosidade da mesma, isto é, se pode ser muito perigosa para nós, para o nosso bem estar, sem possibilidade de re-configuração da mesma por exemplo, as minhas propostas justamente sobre a homossexualidade.

Interessante também perceber como que as personalidades hiper sensíveis tendem a atrair ambientes pessoais hostis, especialmente por serem peças raras e por estarem em contraste gritante com o mundo glutão, embotado de emoção e cheio de superficialidades que tende a caracterizar o reino humano. Tal como presas naturais, por sermos diferentes e por talvez atrairmos a atenção daqueles que mandam e que desejam manter a ordem das coisas, por lhe serem flagrantemente conveniente mantê-las assim. Isto é, não bastasse nascermos mais ''agudos'' também tendemos a atrair muito da monstruosidade ou primitivismo humanos pra cima de nós, sem nos perceber. 


Eu poderia dizer, como conclusão, que por viver em um ambiente onde sou uma minoria [de muitos tipos e que esta raridade aumentou desde que comecei a incorporar outras identidades minoritárias por exemplo o vegetarianismo]  e com o adendo de minha hiper-sensibilidade, emocional e objetivamente/filosoficamente objetiva, tenho vivido em uma espécie de ''limbo existencial'', em uma espécie de sub-ótimo ou sub-idealidade, que está muito aquém de minhas exigências ou necessidades, mas que, ao contrário daquele que se satisfaz e que se tornará consideravelmente relaxado em seu paraíso existencial particular, eu continuaria com minha curiosidade mesmo vivendo em um ambiente subjetivamente ideal, isto é, que é ideal pra mim. 

Portanto a minha personalidade atual tem se resultado mais num tipo reativo e re-integrativo, aquele que sobrevive, mais do que vive, por causa dos constantes atritos que afetam a sua/minha epiderme. 

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