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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A diferença entre: não entender o estado da mente alheia (se isso existir mesmo) ... e de .... entender e não ligar ou se sobrepor a isso, no meu caso


Eu já pensei que fosse autista mas mudei de opinião. Hoje eu sei que tenho, digamos assim, ''traços autistas'' e também do ''outro lado'' do espectro, a partir desta perspectiva duo-confrontativa, isto é, de ''traços psicóticos''. Obsessão por interesses específicos é um exemplo de ''traço autista'' que eu tenho. Tendências paranoicas é outro exemplo, só que de ''traço psicótico'' que eu tenho. No entanto eu sei que consigo entender o estado das mentes alheias. Eu consigo mentalizar [entender a mente alheia, os seus padrões de funcionamento e intenções], não sei em qual nível exatamente, acho que acima da média, muito provável [ ou não ].

No entanto na hora de responder, que se daria de modo empaticamente apropriado, antes eu ''consulto' a minha própria mente, que é muito idealista, isto é, comportamentalmente idealista, e esta informação choca-se geralmente com um paredão em construção de concepções ideais que tenho compilado e/ou produzido, todas elas fortemente atreladas à sabedoria. Portanto em uma interação interpessoal normal as pessoas reforçam aquilo que os outros estão dizendo e tendem inclusive a construir/serem criativos em cima desta relação empática ou reflexiva, de espelhamento. Se alguém diz que é bonito, mesmo não sendo, uma pessoa muito empática irá subconsciente ou nem tanto, mentir, concordando com esta declaração. 

Em compensação eu ficarei bastante comedido pra dar a minha opinião, por que** Por acaso foi porque eu não me coloquei no lugar da outra pessoa*

Todo mundo sabe que ouvir elogios ou reforçar auto-elogios é infinitamente melhor do que ouvir insultos ou mesmo, a verdade. Claro que a verdade, verdade mesmo, e sobre um indivíduo, é muito mais do que dizer que ele é bonito, se ele for, ou que ele é feio, se ele for. Neste caso, ao dizermos que ele não é bonito, não estaremos ainda dizendo toda a verdade que reside nele, pois talvez, apesar da feiura, ele pode ser inteligente, simpático, criativo, ter um pênis de elefante, enfim. A verdade de um ser está em cada detalhe seu, comparativa e universalmente falando, boa, média ou não, isto é, ruim, ;) . 

Eu acredito que é mais empático ser sincero com as pessoas, mas não desaforado, lhes dizendo a verdade, porque é muito mais eficiente do que a mentira, e no final, a verdade é tudo aquilo que temos ou que deveríamos mais ter e mais buscar. 

É claro que eu ''me coloquei no lugar do outro'', mas eu não pensei como ele, apenas me posicionei em seu lugar, e pensando com a minha mente eu esperaria sinceridade das outras pessoas, porque se elas estiverem sendo sinceras e de fato concordarem que eu sou bonito, então eu saberei de fato que eu sou bonito, ao menos pra elas, e não estarei sendo enganado.

Muitas pessoas, talvez por não terem a capacidade intrínseca de compreender muito bem a macro-realidade, elas inclusas, tendam a aceitar ou mesmo a preferir por ''mentiras brancas'', pode ser, porque elas não as entendem deste jeito, como mentira** Aí encontra-se muito claro a existência de um déficit em auto-conhecimento. Quando de fato nos conhecemos ou passamos a nos conhecer muito bem, passamos também, por lógica, ao menos isso acontece comigo, de preferir pela verdade factual sobre nós mesmos, do que por mentiras brancas condensadas, pois assim podemos comparar os nossos próprios auto--conhecimentos com aquilo que os outros sabem ou acreditam que sabem sobre nós. 

Portanto, eu entendo ou sou bom/a muito bom na leitura das outras mentes, talvez perto de um nível psicótico e portanto potencialmente problemático. No entanto, como eu acredito que a verdade [não enganar o outro] é mais correta e produtiva do que a mentira então eu tendo a sempre preferi-la. Eu pratico a empatia parcial, colocando-me no lugar, na perspectiva do outro, mas sem tentar pensar como ele, especialmente nesses casos, e chego à conclusão pessoal de sempre, que é melhor ouvir a verdade que tem para me dizer do que mentiras pra me iludir, até mesmo porque é com a honestidade e a sinceridade que de fato poderemos construir amizades verdadeiras, isto é, que se baseiam na verdade, amigos que estão sempre contando um com o outro, que sempre confessam a verdade mais pura de seus sentimentos e impressões ao outro, que lhe é semelhante em alma. 

Eu usei um exemplo muito bom, faz um tempo atrás em outro texto de assunto similar, sobre autismo. O caso em que os autistas tendem a não prestar atenção naquilo que os outros estão dizendo a eles, como se estivessem alheios ao assunto da conversa ou das conversas. Isso parece verídico, mas por que* E isso é sinal de falta de empatia*

Isso acontece porque quando os autistas e adjacentes parecidos estão obcecados por seus interesses ou paixões específicas, tendem a dar pouca atenção aos outros assuntos e muitas vezes veem-se forçados a interagir com outras pessoas, que, bem, os forçam a conversar ou a tentar conversar sobre aquilo que eles não querem. Aí neste caso temos de pensar quem é que está sendo mais ou menos empático. É o ''autista'' que não presta atenção ao assunto da conversa, que não lhe interessa, ou também a pessoa que o está forçando a tentar fazê-lo* 

Eu nunca entendi como que empírica ou literalmente demonstrado poderia ser a tal da ''leitura da mente'' e vejo, talvez sim talvez não, um grande viés por parte dos pesquisadores neurotípicos em relação à suposta falha, generalizada e significativa, de empatia, por parte dos autistas, e mais, pasmem, uma igual falha de ''leitura da mente'' por parte dos próprios pesquisadores para entender como que funciona os padrões de funcionamento da mente autista, novamente, talvez...

Ao menos no meu caso, que pode ser extrapolado pra outros indivíduos, a minha sinceridade e especialmente, honestidade, que estão acima da média [a segunda que é claramente um sinal de empatia prática], tendem a se chocarem com a minha capacidade empática isto é de espelhamento, sim, eu me coloco no lugar do outro, mesmo e talvez muitas vezes em sua própria pele/mente, mas tendo, até de maneira instintiva, a preferir em dizer a verdade, e por que*

Como eu disse acima, porque pra mim, iludir uma pessoa é uma demonstração real de tudo aquilo que a empatia não é, especialmente se forem casos mais leves, como no caso da aparência, porque nos mais graves, por exemplo na tentativa de atenuação do sofrimento de outra pessoa que está muito doente, injetando-lhe pensamentos positivos potencialmente irrealistas, mentiras brancas são de fato funcionais e altamente recomendadas.

Não é possível que o universo de um indivíduo não tenha qualquer característica ''positiva' que possa compensar outra que é menos vantajosa e que foi colocada em evidência por alguma circunstância interpessoal... 

Portanto eu sobreponho a minha idealidade dentro das interações interpessoais e tento com isso condensá-la da melhor maneira possível, e na maioria das vezes não haverá uma resposta classicamente empática, de espelhamento, de esperar ouvir pelo outro aquilo que eu mesmo gostaria de ouvir, ''literalmente'', de se colocar na pele do outro, porque eu me coloco em seu lugar e concluo idealmente que não gostaria de ser enganado ou iludido. E talvez se todos tivessem a mesma clareza de mente assim também o desejassem. 

Pode ser que se abra um parênteses em relação a essas ideias de ''leitura de mente'' e ''empatia'', ainda que não totalmente equivocadas, especialmente no caso autista, porque vê-se por agora, impressão pessoal, uma falta de detalhismo, de se chegar perto dos objetos de observação e análise, de ver como que esses mecanismos se dão, de fato, sem vieses subjetivos. Já sabemos que existem muitos autistas que ao contrário do estereótipo atual são o oposto em capacidade empática embotada. Se levarmos em consideração a capacidade de fabricar mentiras brancas e de aceitá-las como ''empatia'', então talvez ao invés do viés neurotípico, em que os autistas estão, em média desproporcional, falhos para entender a suposta racionalidade presente nas interações sociais humanas típicas, nós vamos ter o exato oposto, em que as mesmas serão colocadas no centro deste escrutínio e se na verdade, apesar das tendências extremas inegáveis dos autistas, que os caracterizam, também existem desordens intrínsecas ao tecido social humano, em relação à sua dinâmica, como eu já devo ter falado várias vezes aqui.

A possível originalidade deste texto é a de olhar ou de tentar produzir um olhar mais gradual, olhando etapa por etapa, deste processo chamado de ''empatia'' ou de ''leitura da mente'', a fim de investigar se de fato, ao menos o verborrágico que vos escreve, definitivamente não entende o funcionamento das mentes típicas (apesar de não ser autista), ou se outro mecanismo acontece, e apostei exatamente nesta segunda hipótese. Minha mente lê emoções, intenções e comportamento não-verbal, e acho que a maioria das mentes autistas também são capazes de fazê-lo, de maneira mais sofrível, talvez, mas podem. O diferencial talvez seja que por se tornarem muito absortos por seus interesses específicos, de momento, os autistas tendam a prestar menor atenção ao mundo ao seu redor, claro, dependendo dos interesses, neste caso que tendem a ser de natureza impessoal. Os autistas [e adjacentes como eu] apesar de muito dependentes dos seus pais e parentes, pelo menos por razões intrínsecas [não sabem lidar com a vida cotidiana, multi-tarefada, se tendem a ter mentes super-especializadas ou que se super-especializam de maneira natural] e circunstanciais [ o mercado de trabalho não está adaptado para encontrá-los, selecioná-los e explorar os seus talentos ou potenciais, por isso acabam sob a aba dos pais por mais tempo], parece que estão mais independentes em termos intelectuais, talvez por serem menos desligados dessas redes de comunicação interpessoal humanas, de ''empatia'' ou espelhamento, se eles se refletem menos aos outros, se são menos interessados pelo social, então irão buscar menos por eles, e no entanto, somos extremamente sociais, em média ou tipicamente falando, e portanto ao fazê-lo, ao acatarem aos seus próprios padrões de funcionamento os autistas e adjacentes não-autistas acabarão abraçando, muitas vezes à revelia ou subconsciência, a solidão ou a rejeição social generalizada, se apesar de serem mais fechados e interessados em si mesmos e naquilo que as suas mentes lhes pedem para se interessar, eles também ''são gente'' e também querem criar laços de amizades, muitos se não a maioria deles sente falta das relações humanas, claro, sabiamente a conta gotas. 

Como eu já havia falado antes, mentes muito objetivas tendem a pecar em demasia em ambientes sociais humanos, talhados para sustentarem as subjetividades ou confusões excessivas das mentes que são menos objetivas ou diretas. Se a verdade é sempre o olhar honesto e portanto direto pra realidade, como um espelho da mesma, enquanto que a mentira já seria uma distorção desta relação franca e direta de espelhamento empático... só que pela verdade factual. 

E lembrando que ''independência intelectual'' sem compreensão factual ou bússola pode e muitas vezes resulta na internalização mais personalizada só que da mesma heterogeneidade de fatos e de factoides, que tendem a caracterizar as mentes mais comuns ou típicas.

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