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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Sobre Admirável Mundo Novo e perspectivas existenciais

 Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, na minha opinião, é uma das obras de distopia mais interessantes porque, ao invés de se basear em um cenário explicitamente problemático, como acontece com 1984, de George Orwell, o faz de uma maneira tão sutil que nos deixa em dúvida se a sociedade proposta no livro é realmente distópica. Afinal, um mundo absolutamente estável, dominado pela ciência, em que, apesar de uma doutrinação intensa que visa inculcar um estado de conformidade e felicidade constantes, a maioria dos seus habitantes é bem tratada pelo estado, mantida saudável, com aparência jovem e/ou sexualmente "livre' até os últimos dias de suas vidas, não me parece tão horrível assim. O maior problema é que essa "harmonia coletiva" aconteceria em troca de uma absoluta submissão do indivíduo ao governo ou estado. Sem falar da existência de uma classe, a mais baixa na hierarquia, criada para não ter qualquer individualidade. 


Outro aspecto interessante desta obra prima da literatura universal, mas que também é comum em outras obras do gênero, é que sua hierarquia de castas sociais parece que foi inspirada na própria realidade humana, com a existência de classes de indivíduos conformados às suas posições sociais: alfas, betas, gamas, deltas e ípsilons. E de indivíduos socialmente excluídos e/ou "desajustados", incluindo os "mais despertos", como o protagonista da trama, Bernard Marx.

Por isso que não são apenas castas sociais ou tipos de personalidade, mas também perspectivas existenciais distintas, que são maneiras totalmente particulares de percepção de vivência da realidade. 

Pois são justamente os "mais despertos" os que reproduzem as perspectivas existenciais mais realistas, por serem indivíduos socialmente desajustados que passam a ver além das ilusões da sociedade humana, o que acaba lhes causando uma grande melancolia existencial. Uma espécie de "casta dos sem casta". Já os análogos do mundo real aos alfas, betas, gamas, deltas e ípsilons, são os tipos que, em profundo contraste aos mais despertos, estão totalmente doutrinados a acreditar nessas ilusões, especialmente sobre suas posições dentro da hierarquia social, reproduzindo perspectivas existenciais mais alienantes. Por fim, aqueles que encontram-se em uma posição marginal à sociedade, ou "selvagens", mas que não conseguem expandir suas perspectivas mais primárias ou subjetivas. O que não é exatamente o caso de John, um dos personagens mais importantes de Admirável Mundo Novo que cresceu junto com "selvagens", por também ser, tal como Bernard, um "outsider". 

(1984 também retrata uma sociedade hierarquizada em classes alienadas: partido interno (elite), externo e proles, e com indivíduos despertos).

Uma diferença entre essa ficção e a realidade é que, no nosso mundo, não parece ser necessário o emprego de técnicas muito sofisticadas de doutrinação ideológica para manipular e convencer, especialmente os tipos mais suscetíveis e que tendem a representar a maioria da população, já que eles praticamente nascem com essa vulnerabilidade; predestinados a serem doutrinados. 

Outra diferença percebida é que a maioria dos seres humanos não-fictícios, ao menos de acordo com essas mesmas categorias, são de tipos mais "misturados" do que "puros"', por exemplo, a tendência relativamente comum de que indivíduos que poderiam ser considerados "alfas" tenham uma aparência ou constituição física mais "atraente' e não serem os mais academicamente inteligentes, em contraste aos do livro que apresentam ambas as qualidades... O que contribui para tornar nossos contextos até mais complexos.  

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A metáfora do outsider

Se você está do lado que é a favor do vento então é provável de não senti-lo. Se está em sentido contrário então inevitavelmente o sentirá. Quem não se conforma estará mais propenso a vivenciar (parte d)a realidade e portanto terá mais chances ou interesse de entendê-la também porque ela o afetará de maneira mais intensa, intrusiva, ativa, do que quem está do lado favorável.

Exemplo: você nasceu em uma comunidade muçulmana. Passa o resto da sua vida a favor do "vento de Alá". O máximo que fez foi tentar resolver algumas dúvidas superficiais sobre a sua crença. Você vivenciou o islamismo mas não o entendeu. É parecido com o outro-conhecimento em comparação ao auto-conhecimento. É mais fácil entender o outro do que a si mesmo, em termos de forças, remediações e fraquezas, claro que, para quem não é intrapessoalmente inteligente.

Quem vivencia o vento na mesma direção não o sente no rosto e no corpo. Todos nós temos as nossas conformidades ou ambientes ideais de vivência e quanto mais destoantes do ambiente em que vivemos nós estivermos, maior será o descompasso e dependendo da pessoa, do seu perfeccionismo ou de sua urgência em viver em seu ideal pessoal, maior o conflito com o ambiente de vivência. 


Enquanto que algumas ou muitas pessoas/seres vivos parece que precisam sentir o vento bater rente ao rosto para perceber que ''ele'' existe, que não se consiste no movimento do seu próprio corpo, existem alguns em que o ''vento contrário'' não está fora, mas dentro de si mesmos.

quinta-feira, 9 de março de 2017

E se selecionássemos apenas ou especialmente os pensadores???



A metáfora literária e distópica do romance Admirável mundo novo é um espelho quase perfeito de nossas sociedades. De fato os seres humanos estão divididos em grupos geralmente hierárquicos e tendem a pensar de maneira coletiva, de acordo com esses grupos, em que estão ou que fazem parte. Outsiders são alguns desses seres raros que por causa de alguma anomalia congênita nascem especialmente individuais e que por sua vez por causa desta perspectiva existencial única se dão conta desta vil realidade mais cedo do que a grande maioria, isto é, despertam mais cedo em relação às ilusões que se perpetuam teimosas e poderosas em nossas sociedades, praticamente definindo-as de maneira essencial. 


A única diferença mais pronunciada que existe entre o romance e a realidade social é que o primeiro determina como causa dessas classes sociais/mentais uniformes e atomizados à seleção artificial que é promovida pelo próprio governo. O que é ainda mais agonizante, e pra nós, seres reais, é que não necessitamos de artifícios científicos na reprodução humana para que nos tornemos uniformes porque já tendemos a ser assim de maneira natural. 

Eu já comentei de maneira quase conclusiva, que ''temos selecionado'' por trabalhadores ou servos congênitos [em outras palavras, a maioria de nós é de ''servos congênitos'', por sermos herdeiros 'involuntários' deste tipo de seleção ) e que isso explicaria o porquê de tendermos a ser tão bons em tarefas específicas, aquelas que são cognitivamente inteligíveis a nós, mas não tanto em relação ao simples ato do pensamento, em relação à macro realidade. Em outras palavras, pulamos esta importante etapa de conhecer as bases de nossas realidades, até mesmo porque ''somos' facilmente atraídos pela cultura, que muitas vezes são projetadas pensando em ''nossas'' características biológicas e/ou necessidades hipo-existenciais.


 Esta diversificação psicológica e sexual, mas fortemente enviesada nos tipos mais comuns ou mutualmente atomizados, o homem e a mulher típicas, é a causa para a existência dessas castas sociais, bio-hierárquicas, dos alfas, betas, gamas, etc... de maneira não tão organizada como no romance de Aldous Huxley, mas ainda assim evidente, característica e hegemônica. 

A manifestação da sabedoria em um indivíduo necessita de uma natureza intermediária, andrógina porém correta, que se faz com base naquilo que a mulher e o homem típicos tem de bom, em termos morais/existencialmente psicológicos. Precisa-se tanto da coragem e da objetividade ''masculinas', quanto da empatia ''feminina'.

Os trabalhadores são em média sexualmente dimórficos em vez de andróginos e portanto perceptivamente incompletos. Esta atomização natural é ideal para a construção de sociedades injustamente desiguais porque os manipuladores, especialmente os mais inteligentes, conseguem perceber e se aproveitar dessas fraquezas.

Percebe-se então que perfil do trabalhador é ideal para sustentar as grandes sociedades. No entanto, como foi demonstrado, o mesmo tende a apresentar deficiências em suas capacidades puramente psico-cognitivas, de pensamento. 

Como pensadores eles são ótimos trabalhadores. 

Por pensarem menos na macro-realidade (por serem muito menos idealmente andróginos) se tornam quase que servos voluntários oferecendo aquilo que mais tem, as suas capacidades técnicas específicas e pouco podem fazer para lutar contra a própria expropriação.

Sem esta massa de sustentadores, de estabilizadores hipo-perceptivos, ou com uma grande proporção de pensadores sábios, pode ser possível de se concluir por agora que as sociedades humanas seriam completamente diferentes, justamente por causa da natureza sábia, econômica porém justa, que enfatiza naquilo que é essencial, só que a partir de perspectivas moral e cognitivamente universais, enquanto que inteligência e especialmente a criatividade tendem a fazer justamente o oposto, em boa parte porque a maioria dos mais inteligentes e criativos serão fortemente dos sóciotipos de trabalhadores e de manipuladores, os dois sociotipos mais comuns e mais iludidos quanto à importância das sociedades e culturas humanas rente à [hiper] realidade ''lá fora''.

A choupana acima representa um pouco como que uma sociedade predominantemente de sábios é provável que se desdobraria, como que evoluiria. Talvez até pudéssemos pensar se nesta hipotética sociedade ao invés ou especialmente das estruturas que as sustentam fosse o homem que tivesse evoluído mais.  

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Outsider não vê com os olhos do coletivo




Irresistível e débil "fraqueza' pelo abraço da solidão, 
pelo descobrir e
pelo entender 
o mundo por conta própria, 
à sua maneira

A extrema solidão se consiste/ou 

resulta 
paradoxalmente
 em uma extrema consciência do eu,
 de saber que no final de tudo,
 só poderá ter a si próprio, 
só poderá ser a si e
 não existe intimidade maior do que isso, 
do que de ser-se

Um ''eu dominante'' só que não será sempre egoísta e portanto potencialmente desequilibrado.



Os mais virtuosos e especialmente o sábio tendem a exibir:



- extrema independência de pensamento em relação às tendências conformista-coletivistas (moralidade subjetiva)



Quem está mais agarrado a si próprio, quase tudo aquilo que faz principiar-se-á logicamente por si, denotando ''potencial'' para a originalidade de sua auto-expressão, enquanto que a maioria tende a entrar numa espiral cultural de inculcação e apreensão de técnicas replicantes cuja finalidade é a sustentação das sociedades complexas, por uma macro-perspectiva, e em seus respectivos confortos existenciais mundanos, por uma nano-perspectiva.

O senso de extrema individualidade dos tipos mais virtuosos parece ter um papel central em sua tendência para a criação original/ desbravadora, pois a  sua expressão ou projeção ecoante (comportamento) tenderá a ser significativamente personalizada/idiossincrática/singular e ''contaminará'' a área da cognição, enquanto que entre os neurotípicos haverá uma fronteira bem demarcada entre o seu lado social/cognitivo e o seu lado pessoal. 


A personalidade do gênio é promíscua à sua inteligência,
daí nasce a originalidade,
pois se assim somos,
únicos indivíduos,
todos, a priore,
podemos desenvolver os nossos gênios,
mas na verdade,
em muitos,
estes avatares encontrar-se-ão fracos,
deprimidos,
nasceram debilitados,
a seleção raspa as montanhas,
tornando-as rasas planícies,
como o vento do tempo 
seleciona seres, humanos ou não,
reduzindo-os a resíduos de vulcões, tempestades,
chovem breve, por fora e por dentro,
até podem explodir de verdade,
e em especial, 
quando o fazem juntos, em mãos ambíguas do coletivo,
mas à intensidade 
de montanhas majestosas,
temperamentais,
explosíveis,
que o vento ainda não formatou,
que a seleção não conseguiu ser transmitida,
o gênio é a herança de um soco no peito,
de um banho de água fria,

nem herança se possível,
o gênio é a transmutação da biologia,

despertando os seres, 
já em seus primeiros segundos de vida,
nascem para de fato viver,
para buscarem por suas completudes,
se na sabedoria,
se na insana criatividade,
se na própria insanidade,
se, for possível, nas 3 'santas' trindades,

Novamente, para os neurotípicos, os fins (sacrifícios) justificam os meios. 

Não para os de virtude ou intensidade qualitativa, visto que pra eles as finalidades e os meios serão a mesma coisa, o puro e simples prazer de se fazer aquilo que mais gosta e que sabe que é bom ou que está certo.


Internalização diferenciada por causa de uma perspectiva existencial singular


Internalizamos aquilo que vivenciamos e quando estamos ou nos percebemos muito mais sós, este senso muito agudo do ''eu'', caminhará para contribuir consideravelmente com a criatividade, capturada, trabalhada e exposta OU não, isto é, quando apenas se é criativo mas não se expõe com o intuito de comprovar pra si mesmo ou para os outros aquilo que se é, se já sabe em seu íntimo ou em sua essência.

Quando apenas você que pode ver certa 'realidade', isto tende a se consistir no resultado de um caminho solitário de vida, intensamente literal (isto é, socialmente solitário) ou via auto-percepção de solidão/singularidade, mesmo se estiver imerso em um ambiente mais ''convidativo'', porque as nossas percepções são construções do espelhamento ricocheteado de nossas realidades psico-cognitivas particulares. 

Para aqueles que são mais intensos em suas capacidades perceptivas, mas ao mesmo tempo incomuns, muito mais raros e únicos do que a maioria dos outros seres humanos, as chances para que a originalidade (e) utilitária possa ser produzida a partir desta singularidade, serão, a priore, muito maiores do que em relação àqueles que se assemelham muito mais, tanto em intensidade quanto em natureza.

A intensidade do outsider tenderá a ser ou assimétrica ou intensa, se comparada a dos ''neurotípicos''.

A natureza do outsider tenderá a ser única ou pronunciadamente diferenciada, resultando em uma tendência significativa para a solidão, a incapacidade de se adequar a qualquer realidade coletiva e consequentemente para internalizações incomuns ou únicas da realidade além de abrir janelas para a expansão da auto-consciência, isto é, a magna evolução humana.


terça-feira, 17 de maio de 2016

Geografia e psicologia... continuando com a ideia de perfis psico-cognitivos intermediários....




Será que eu sou uma peça rara*

Quando tentei o mestrado, o professor responsável pelo ''aceite'' além de fazer um polido ''pouco caso'' em relação à minha proposta de expansão conceitual do termo geografia (''já existe ''um'' conceito'', durrr!, ele disse) também parece ter estranhado a associação ''incomum'', porém totalmente válida, entre o conhecimento do seu curso de especialização e a psicologia, que propus como um importante complemento do meu projeto. 

Parece que é assim que eu sou, um ser que está dotado de um perfil psico-cognitivo intermediário, entre o conhecimento das humanidades e das ciências biológicas. Isto é, a minha personalidade pende tanto para o conhecimento do espaço, tempo e dinâmica ali inseridos (humanidades: geografia, história, sociologia, filosofia) assim como também mais precisamente em relação aos mecanismos mais biologicamente/estruturalmente íntimos ou 'sutis'' desta dinâmica (ciências biológicas, o início espectral das ditas ''ciências difíceis').

 Ao longo do tempo, sem qualquer paciência ou mesmo o mínimo de tolerância em relação aos currículos impostos, que tendem a homogeneizar os homogeneizáveis ''neuro-típicos'', eu fui construindo o meu conhecimento de maneira completamente personalizada, isto é, seguindo instinto e intuição próprios, sem obedecer a qualquer critério pré-estabelecido de ''apr(e)endizado'' ou filtro proto-factualizado ( o conhecimento curricularmente limitado ou técnicas super-especializadas/atomizadas).


Auto-honestidade e novamente, o simples hobby de aprender


Perfis psico-cognitivos intermediários costumam ser raros, pelo que parece. Agora imaginemos se além desta intrínseca raridade, ainda existirem adições de exoticidades em especial, na personalidade, o que temos**

Um candidato em potencial para a solidão ou ao menos para ter poucos amigos. Todo mundo tem menos amigos do que conhecidos, ou companhias minimamente toleráveis. Para tipos como o meu, a presença reduzida de potenciais companhias sociais (não necessariamente de amigos) já será muito provável de se delinear ao longo da vida. E de fato tem acontecido, mas por que**

Eu não sou muito feio pra ser rejeitado por causa de minha aparência. Na verdade eu até faço relativo sucesso e em especial com o mesmo sexo.

Eu não sou extremamente bruto no trato social, pelo contrário, ainda que em meu atual estado ao estilo ''porco espinho'', tenha mostrado maior embotamento, isso não significa que não possa expressar melhorias neste sentido. Eu sinto que tenho grande potencial e os ''meus eleitos'' sabem disso. 

Eu não sou tolo nem maluco. Devem haver razões muito racionais para explicar o meu estado e eu sei quais são e talvez, a origem de todas elas, a minha singularidade.

Mas o que é singularidade e quando for relacionada ao meu contexto pessoal* (e que pode ser reverberado para os contextos de outras pessoas)

Eu sou intermediário, tal como uma pessoa com vitiligo, eu tenho dois tipos de pele, enquanto que o normal é ter apenas uma ou vestir apenas uma. Teatro e sociedade são muito similares se tal como acontece com as peças teatrais, também ''herdamos'', conscientes ou não, papeis sociais desde cedo em nossas vidas.

Eu poderia apenas repetir as mesmas diretrizes tribais do pessoal das humanidades que com certeza teria encontrado uma namorada (ou um... e dentro deste meio sócio-cognitivo), feito muitos amigos (ao estilo neurotípico/superficial/vago de se fazer amigos) e por fim construído uma rede social abrangente em sua superfície, porém potencialmente fraca em suas raízes. 

Ao mesmo tempo em que eu me enamoro com demasiada alegria em relação a todos os assuntos que são (tolamente) pautados nas humanidades, eu também gosto de pensá-los ou de associá-los a outros assuntos, que já se encontrarão distantes do núcleo de especialização das humanidades, visando com isso enriquecê-los, dotando-os de todas as partes logicamente associadas aos seus respectivos corpos. Em outras palavras, por causa da natureza conformista e super-especializada dos seres humanos, as universidades terminaram por expressar muito corretamente essas tendências, se se consiste em um amontoado de especializações mutuamente atomizadas. As humanidades não acabam em si mesmas, mas continuam a se espalharem, a se sobreporem e a serem sobrepostas à outras áreas do conhecimento humano. Esta atomização apresenta finalidades laborais e não filosóficas, uber-holisticamente corretas ou sábias, o simples e fundamental ato de buscar pela verdade dos fatos. O meu pensamento está totalmente correto, mas eu me esbarro em relação à morosidade acadêmica de acatar sem maiores críticas o destino a que lhe foi destinado, enquanto uma fábrica polidamente estruturada de trabalhadores de ''alto nível'. 

Ainda é uma fábrica, ainda são trabalhadores... 

É bem provável que muitos daqueles com perfis psico-cognitivos intermediários possam ser potencialmente conformáveis à realidade sócio-laboral e o façam sem maiores problemas. Muitos deles é também provável que serão muito criativos. O problema, no meu caso ou no meu contexto pessoal, é de que além de ter nascido intelectualmente dividido em ''dois' mundos, (especialmente agora, mas talvez desde sempre), igualmente fracionados, mutuamente atomizados e portanto potencialmente beligerantes, é que, eu também nasci com uma muito forte veia filosófica, isto é, um pensador extremamente holístico, que é dos seres humanos menos adormecidos neste mundo de ilusões. Não restam dúvidas que as chances de ser conformável (e não necessariamente adaptável, termo por deveras extremo para ser previamente popularizado, enquanto um suposto fenômeno universal) a esta realidade serão muito baixas. E de fato, tem sido muito baixas.

Some a isso outro atributo que considero excepcional mas também muito desvantajoso, o amor natural e totalmente espontâneo pelo aprendizado

Eu eu raramente ''estudei'' na minha vida, pra ser sincero, as poucas vezes que o fiz, foi à revelia, de maneira anti-natural, pois eu sempre brinquei com o conhecimento, por sempre ter sido uma busca completamente natural, orgânica, sem maiores cobranças. Eu sempre associei o meu prazer pessoal com a busca pelo conhecimento. Quando era criança, o fazia explicitamente, ao mesclar promiscuamente o ato de brincar ao ato de aprender algo, especialmente em relação à geografia.

Não bastasse o meu perfil psico-cognitivo intermediário, que não se acopla perfeitamente a nenhum grupo (potencialmente atomizado), ainda acontece de exibir essas idiossincrasias como maneira de me isolar dos atomizados de maneira considerável, mas ''lembrando'' que isolamento não é um sinônimo para atomização, por enfatizar de maneira subjacente a distância espacial. Eu não estou atomizado ao que acontece nas faculdades de história ou geografia e especialmente no que condiz às suas partituras cultológicas. Da mesma maneira que o modo de pensar mais conservador, está longe de se consistir em um perfeita estranheza. Eu entendo os dois grupos, pois pertenço aos dois, e por ser assim, também não pertenço a nenhum deles.

Se para ser simpático eu tenho de evitar dizer verdades ou factualidades às pessoas, então eu renuncio a uma potencialmente possível popularidade em prol de minha auto-honestidade, de saber que jamais internalizarei por tempo determinado ou praticamente conclusivo qualquer tipo de mentira deste porte, ainda que continue a mentir sobre muitas coisas, de menor relevância e mesmo, para os demais, mantendo a minha ''máscara de sanidade'', muito negligentemente assegurada, se já não consigo mantê-la por muito tempo mesmo, por causa de um formigamento quase insuportável que evita a minha adesão constante à ondas de factoides, tolamente determinados como fatos incontestáveis.

Por um lado eu não posso ter amigos ''esquerdistas'', mediante a enorme proporção de mentiras que se consistem os seus sistemas de CRENÇAS/IDEIAS bem como também pelo fato de ser avesso à pessoas ''ambíguas'', leia-se, confusas e potencialmente desonestas.

Por outro lado eu tenho pouco a ver com os conservadores e o seu mundo monótono, tolo, de classe média, futebol para garotos e novela para garotas, um mundo seguro, razoavelmente lógico, especialmente em suas bases, mas muito medíocre, e claro que me refiro aos típicos conservadores.

Tenho percebido que boa parte de minha criatividade tem se originado desta ''placa tectônica'', desta tensão, em especial, entre a geografia e a psicologia, mas também em relação à filosofia, 

Eu concordo com muitos pressupostos '''esquerdistas'''' assim como também os ((verdadeiramente)) '''direitistas''' mas não posso tolerar os equívocos de ambos os lados, que pra sermos sinceros, tendem a ser bem graves. 

Como resultado, não basta ter um  perfil psico-cognitivo intermediário para que possa ser alçado ao limbo dos menos populares, mas com certeza que apresentar esta idiossincrasia é bem provável que aumentarão as chances para se tornar um outsider.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Intelectualmente inteligentes versus cognitivamente inteligentes



Outsiders versus alfas

ou 'neuróticos' brilhantes versus trabalhadores eficientes


Eu já comentei diversas vezes no velho e neste blogue sobre esta dicotomia que a meu ver tem sido pouco explorada pela psicologia ou pela filosofia. As diferenças entre aqueles que são mais intelectualmente dotados daqueles que são mais cognitivamente inteligentes parece se consistir em uma realidade latente e com reverberações bastante pronunciadas em nossas vidas porque afinal de contas, a maior parte das pessoas dependem daqueles que são colocados em posições de poder bem como de suas decisões. Os respectivos ápices dos dois tipos seriam o gênio filosófico e o gênio científico-''utilitário'. E eu interpretei de bom tom usar a minha classificação hierárquica de sociotipos, trabalhadores, manipuladores e observadores.

O intelectualmente talentoso é um pensador primordialmente holístico que sempre parte da imagem maior, se questionando sobre tudo aquilo que é forçado a crer e que dizem se consistir na verdade. O intelectualmente inteligente é um potencial criador de novas sociedades, ideologias ou ''religiões'' ( em outras palavras, também temos o céu e o inferno como produto-potencial para este grupo).

O cognitivamente talentoso, por sua vez, é um pensador técnico-específico que parte de suas micro-perspectivas perceptivas e/ou cognitivas e  geralmente não perpassará as fronteiras das verdades artificiais que 'é'' condicionado a acreditar, isto é, internalizará com grande naturalidade todas as meias verdades ou factoides, assim como também muitos fatos óbvios. E os mais intelectualmente capacitados deste grupo tenderão a entender o lado de seus pseudo-algozes dicotômicos que eu propus, mas terão fraca resistência psicológica e motivação intrínseca (que muito comumente terá fatores adicionais extrínsecos ou ambientais) para seguir pelo caminho filosófico, quase sempre mais árduo, solitário e complexo.

O filme Família Addams 2, que está ilustrando este texto, é um exemplo muito interessante de embate entre esses dois tipos, em que nós temos Wednesday Addams ( Christina Ricci) como uma jovem neuroticamente brilhante e do outro lado a loirinha burguesa Amanda Buckman (Mercedes McNab), representando a trabalhadora eficiente que pertence às ''elites'' (de mierda, ;) ).

O filme também nos mostra o embate de dois mundos quase que completamente opostos em que nós temos a moralidade forçada e artificial da ''burguesia tecnicamente inteligente'' versus o existencialismo fatalisticamente filosófico dos ''outsiders'' brilhantes e de lambuja, ainda mostrará que para o segundo grupo, haverão correlações significativas com uma diversidade de comportamentos moralmente reprováveis e com problemas de saúde como a alergia do personagem judeu que se apaixona por Wednesday ou a própria psicopatia da garota.

Em relação à triarquia dos sociotipos, os cognitivamente inteligentes se encaixariam especialmente no grupo de manipuladores-trabalhadores enquanto que os outsiders, especificamente aqueles que foram representados no filme, seriam de manipuladores-observadores.