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domingo, 22 de janeiro de 2023

Sobre a minha proposta: marxismo ecológico-evolutivo

 O marxismo, como qualquer análise que parta do princípio ou realidade da luta de classes e seu papel de destaque nas transformações sociais e históricas, tradicionalmente se concentra e se limita a uma perspectiva sociológica, por também se basear no princípio e, que neste caso, consiste numa crença irrealista (tábula rasa), de que o ser humano é influenciado exclusivamente pelo seu meio cultural, em flagrante desprezo à influência genética ou biológica no seu comportamento.  No entanto, se está claro que também somos governados por nossas naturezas, aliás, até mais do que em relação ao meio, então, não faz sentido que pensadores marxistas continuem a perder de vista essa parte tão importante que contribui para explicar a trajetória humana até à atualidade. 


Pois partindo desse fato, também podemos perceber que a luta de classes, enquanto exploração econômica da classe trabalhadora por uma "elite" detentora dos meios de produção, expressa uma relação ecológica de parasitismo, comumente percebida no meio natural, em que um ou mais indivíduos exploram outros para o próprio benefício. A única diferença é que não é uma relação de parasitismo entre duas espécies diferentes ainda que seja entre tipos diferentes dentro de uma mesma espécie. Portanto, com o potencial avanço de pesquisas e descobertas sobre a influência genética e a importância evolutiva de traços e comportamentos humanos, é necessário demonstrar que o contexto da evolução social e ecológica da espécie humana tem se desviado de uma relação predominantemente cooperativa, percebida em comunidades tradicionais remanescentes, para uma relação predominantemente parasitária, especialmente a partir da sedentarização e consequente emergência de sociedades complexas ou civilizações, com implicações críticas por se tratar de um cenário disfuncional e aquém do que a espécie mais inteligente deste planeta poderia produzir, limitando-se a reproduzir as mesmas relações de parasitismo que existem no meio natural.

Como conclusão, em termos de interdisciplinaridade entre marxismo, filosofia, história, geografia, psicologia evolutiva, ecologia e biologia comportamental, existe um grande potencial praticamente inexplorado e necessário não apenas para um melhor entendimento da humanidade quanto à sua evolução histórica e atual, mas também para, de fato, propor soluções aos seus dilemas com base nessa união de conhecimentos e perspectivas, já que, a meu ver, nossa trajetória não é possível de ser plenamente compreendida, inclusive a partir de uma perspectiva racional ou mais sensata, sem a percepção dessas profundas mudanças da dinâmica social e evolutiva de indivíduos e grupos humanos, desde a emergência de uma autoconsciência complexa e da cultura, da civilização, até aos dias atuais.

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