Nenhuma outra espécie se pergunta o que tem além das estrelas, o que é a chuva ou o sol... o que são as coisas do mundo. Nenhuma outra espécie, a não ser a humana, sabe ou percebe sobre a própria finitude muito antes de morrer. Porque apenas a humanidade que, graças à sua trajetória evolutiva singular, superou, pelo menos parcialmente, sua perspectiva adaptativa, expandindo sua atenção para além das prioridades mais primárias, de geração de descendentes e de sobrevivência ou adaptação, para uma perspectiva mais existencialista.
Pois a psicologia evolutiva parece que despreza esse processo de expansão da consciência humana para além de uma perspectiva adaptativa, se considera a evolução de nossa espécie idêntica à de qualquer outra, como se a maioria dos nossos comportamentos fossem diretamente relacionados à reprodução e à sobrevivência. Uma falácia animalista, inclusive em relação aos próprios animais não-humanos (de se acreditar que todos não passam de bestas instintivas, sem capacidades de sentirem emoções e de estabelecerem laços genuínos de afeto, sem que tenha uma finalidade apenas adaptativa).
E junto a uma perspectiva existencialista, nós também alcançamos uma perspectiva evolutiva, de fato, em que, por causa da inteligência humana, evoluímos a ponto de não nos limitarmos à percepção da adaptação, como acontece com os outros seres vivos, por sermos variavelmente capazes de observar ou perceber nossa própria evolução, enquanto espécie, e ainda de podermos extrapolar cenários evolutivos para o futuro, por também termos nos tornado (comparativamente) mais autônomos aos desígnios do meio.
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