O passado sou eu
Se não há mais o que já foiSe a folha do calendário virou lixo reciclável
Se aqueles dias já passaram e para nunca mais voltar
Se o planeta já deu muitas outras voltas
Se foi antes da última grande extinção
Ou depois da última glaciação
Se foi ontem
Ou no meu aniversário de 8 anos
Se são fragmentos gravados na rocha
Ou se são aqueles que tentamos guardar dentro da mente
Se são fotos antigas e borradas
Se é o tapete bordado há muitos anos atrás
Ou se são as inúmeras lembranças perdidas
E as inúmeras pistas apagadas
O passado é resistência
É insistência
Se são os velhos preconceitos que se renovam em cantorias hipócritas
É o passado, que só existe como reconstrução de memórias
O passado que escutamos e vemos, graças ao milagre da tecnologia
O passado, que é um hino à nossa tão profunda e inescapável melancolia
O passado nostálgico, que nos faz lembrar do quão rápido é o tempo e o quão frágil é a vida
Não há passado tal como não há futuro
São as expectativas do que virá
São ambos conceitos do que somos no presente
Prisioneiros dos momentos únicos, que sempre tentamos ressignificar,
Tentamos preencher a aridez da existência
Com insumos de sentimentos: com abraços, risos, sorrisos e lamentos
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