Eu sou tão honesto quanto um habitante de Helsinki. Eu acredito, eu confio na palavra das pessoas, mesmo desconfiando. Mas eu vivo em um purgatório chamado Brasil, terra da malandragem e da falta de compromisso. Da falta de respeito e do egoísmo com um sorriso no rosto e samba no pé.
Eu sou como um escandinavo que caiu de paraquedas no meio de um país tropical, abençoado por deus e bonito por natureza. Só não especificaram qual Deus. O diabo era um anjo, mas faltou pouco para subir de categoria.
Eu só sei que o meu temperamento é mais parecido com o de um norueguês, e penso se culpo o meu sangue português. Ou se foram as minhas mutações maternas que deram o toque final na minha receita atípica. Se eu "tenho" algum ismo ou se é só uma intolerância com a mulambice brazuca.
Eu só sei que quando ando nas ruas me sinto um eterno estrangeiro, um astronauta que não consegue respirar a mesma atmosfera que os locais, que estranha os seus comportamentos, que não entende a língua que falam ...
Eu só sei que os finlandeses não gostam de esbanjar e de esbanjadores, assim como eu. Que gostam de privacidade e igualdade, assim como eu. Que gostam da natureza, do silêncio, que são mais melancólicos... Só faltou eu ter olhos azuis e cabelos loiros.
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