Eu acordei para mais um dia
para mais uma redundância de rotinas
Eu vou ao banheiro e escovo os dentes
Enquanto eu almoço, minha mãe agradece pelo prato de comida
Eu ando pela casa, pelas ruas e esquinas
da cidade pequena em que vivo, que amo e odeio tanto
Cheia de lembranças que só existem na minha mente
Eu percebo além da ação
Eu percebo um vazio depois de cada momento
Que é o tempo
Eu não tenho armadura, roupa espacial ou uma grande ilusão
Mesmo que continue a cultivar algumas daninhas
dentro da minha cabeça
É o tempo
Que passa como dias ensolarados, nublados, de perdas, constante, e ganhos, momentâneos
Eu não sou um rato que corre atrás de um queijo
Eu sou mais um obcecado pelo espelho
Pela única vida que eu tenho
Eu tento agradecer por todos os dias em que ainda estou aqui
Eu tento criar rituais e os seguir
Mas eu deveria esquecer do sofrimento
Da estupidez humana
Eu não consigo flutuar como as nuvens brancas
Eu gostaria de estar em paz com a existência
Mas pesa muito nas minhas costas
E eu nem tenho nomes para disfarçar
Eu sei que não caminho com o tempo
Eu sou arrastado
São muitos os que se enganam
Conheço poucos que não estão programados
Que despertam
Eu sei mais do que posso aguentar
E eu continuo aguentando
Por egoísmo, por amor próprio
Eu pensei em escrever um diário
mas todos os dias são iguais para um melancólico
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