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domingo, 26 de março de 2023

Breve diário de um melancólico

Eu acordei para mais um dia
para mais uma redundância de rotinas

Eu vou ao banheiro e escovo os dentes
Enquanto eu almoço, minha mãe agradece pelo prato de comida

Eu ando pela casa, pelas ruas e esquinas
da cidade pequena em que vivo, que amo e odeio tanto
Cheia de lembranças que só existem na minha mente

Eu percebo além da ação
Eu percebo um vazio depois de cada momento 
Que é o tempo 

Eu não tenho armadura, roupa espacial ou uma grande ilusão
Mesmo que continue a cultivar algumas daninhas
dentro da minha cabeça

É o tempo
Que passa como dias ensolarados, nublados, de perdas, constante, e ganhos, momentâneos

Eu não sou um rato que corre atrás de um queijo
Eu sou mais um obcecado pelo espelho
Pela única vida que eu tenho
 
Eu tento agradecer por todos os dias em que ainda estou aqui
Eu tento criar rituais e os seguir
Mas eu deveria esquecer do sofrimento
Da estupidez humana

Eu não consigo flutuar como as nuvens brancas 
Eu gostaria de estar em paz com a existência
Mas pesa muito nas minhas costas
E eu nem tenho nomes para disfarçar 

Eu sei que não caminho com o tempo
Eu sou arrastado

São muitos os que se enganam 
Conheço poucos que não estão programados
Que despertam

Eu sei mais do que posso aguentar
E eu continuo aguentando 
Por egoísmo, por amor próprio

Eu pensei em escrever um diário
mas todos os dias são iguais para um melancólico 

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