Existe um canal australiano no YouTube, Juice Media, autodeclarado de "esquerda radical", que eu acompanho há uns dois anos e que considero um dos melhores canais de política da plataforma, por mostrar de maneira bem humorada os podres desta área, primariamente no seu país natal, a Austrália. Só que, tem um grande "porém" aí, pois não fala nada sobre os podres de partidos, indivíduos ou ideias e posicionamentos de esquerda. O máximo de autocrítica que faz é em relação a partidos de centro-esquerda, geralmente os da terra do canguru ou dos EUA e de maneira muito superficial, como se progressistas estivessem certos sobre quase tudo. Portanto, por mais divertido e inteligente esse canal possa ser, ele tem um viés ideológico do tamanho de um elefante. Na verdade, nem teria como fazer um autocrítica mais honesta e profunda, pois se o fizesse, acabaria tendo que mudar de posicionamentos. E um exemplo cabal do porquê que o Juice Media segue religiosamente a cartilha de sua ideologia é por sua cobertura inexistente sobre o conflito na Ucrânia.
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sábado, 31 de dezembro de 2022
Um exemplo de contradição absurda da esquerda radical com uma pergunta: "por que depois de um ano inteiro, o canal Juice Media não fez nenhum vídeo sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia??"
Resumindo rapidamente, a Ucrânia foi invadida pela Rússia no final de fevereiro desse ano, por nenhuma razão racional ou justa; porque é isso que um país cretino como a Rússia sabe fazer. A Ucrânia apenas quer estreitar laços com países pelos quais acredita que poderá obter mais vantagens econômicas e políticas ao invés de permanecer um estado vassalo ao colosso arcaico russo. A priori, não há nenhum mal em querer progredir... Então, desde que a Rússia começou essa guerra absolutamente injusta, tal como a grande maioria das guerras, milhares de civis já foram assassinados, torturados ou retirados dos locais em que moravam e enviados para sei lá onde pelos russos, incluindo o abate, é claro, de muitos seres vivos não-humanos. Além dos milhões que tiveram que abandonar suas casas à procura de abrigo em outros países. Aliás, eu já lamento que homens ucranianos tenham que largar suas vidas pacatas para pegar em armas e lutar pela defesa de seu país. Uma verdadeira tragédia humanitária provocada por um psicopata maluco, sua gangue de demônios iguais a ele e pela passividade indiferente ou conivente e patológica de, pelo menos, metade do povo russo. Com certeza, essa guerra contra a Ucrânia foi o evento geopolítico mais importante do ano e também de grande relevância para a justiça social. Mas, por incrível que possa parecer, em um primeiro olhar, são muitos aqueles indivíduos que se intitulam de esquerda, a favor da justiça social, da paz e da solidariedade que estão do lado da Rússia, acreditando nas baboseiras inculcadas pela propaganda de seu governo, de que essa guerra é totalmente justificável porque o desejo da Ucrânia de fazer parte da OTAN e, talvez, da União Europeia é uma "afronta" ou ameaça existencial ao país vizinho ou, então, ainda pior, que a Rússia está apenas querendo limpar a Ucrânia dos neonazistas que tomaram o poder no país, incluindo o presidente ucraniano, judeu e neto de sobreviventes do holocausto (???)... justo a Rússia, governada por um psicopata fascista há décadas e com o maior contingente de neonazistas no mundo?? ... até pelo tamanho de sua população.
Isso faz algum sentido pra você??
Pois para muitos autodeclarados progressistas faz, mas especialmente porque eles são, acima de tudo, anti-EUA e, portanto, qualquer país que se declara uma "democracia popular" ou socialista, ou antagonista à hegemonia estadunidense, eles apoiam, não importa se for uma teocracia nojenta como o Irã, um país pseudo-socialista como a China ou uma ditadura claramente fascista como a Rússia. Basta ser anti-EUA que esses marxistas se silenciam quanto ao que de extremamente podre esses países estão fazendo, se pensam que: "o inimigo do meu inimigo é o meu amigo". Aqui, não estou querendo defender o capitalismo ou a hegemonia estadunidense, se sou muito crítico a ambos, perceptível por vários dos meus textos. Estou querendo demonstrar que, é totalmente possível ser crítico ao fascismo russo e ao fascismo capitalista com base nos EUA, ao mesmo tempo, sem precisar escolher e apenas seguindo, defendendo ou apoiando o que é objetivamente justo e o oposto para o que não é. Também compreendo a crítica sobre a hipocrisia, consciente ou não, de muitos ocidentais por apoiarem a Ucrânia nesse conflito, mas desprezando quando isso acontece com países não-europeus ainda mais se tiver dedo podre de potências do Ocidente. Mas nada disso justifica ficar do lado do fascista opressor, a Rússia (ou de uma teocracia iraniana, misógina e homofóbica), se de maneira declarada ou pelo silêncio velado. Como conclusão, a conivência desse canal, bem como de muitos da esquerda radical, à dor e à injustiça de milhões, se no Irã ou na Ucrânia, é criminosa e desprezível, e apenas nos mostra o quão baixo tem sido o nível intelectual e moral das esquerdas ocidentais, particularmente da dita marxista.
Repercussão e reputação
Para um canal com quase um milhão de seguidores, o completo desprezo a tais eventos apenas por razões políticas, em flagrante hipocrisia ao que supostamente se propõe, defender pela justiça social, repercute muito mal, especialmente fora das bolhas de esquerda onde "a unanimidade não é burra", dando contínuo material para ser usado pelas direitas para que as mesmas generalizem progressistas como ignorantes, ingênuos, contraditórios e/ou hipócritas. E com essa repercussão, bem mais problemática do que seus criadores imaginam, vem a reputação igualmente negativa em que se passa a associar a ideologia progressista a tudo aquilo que tem sido produzido e inculcado em nome dela e não no que se propõe, essencialmente, se basta seguir o rastro de injustiças ou mentiras impostas como verdade ou justiça para se agir como um verdadeiro progressista.
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