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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Por que os conservadores [ em sua maioria] odeiam livros de história??

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Por que os conservadores [ em sua maioria] odeiam livros de história?? 

A "Tempestade do século" para ilustrar

Contém spoilers..

Baseado no livro do Stephen King

Este filme conta a história de uma comunidade de cidade pequena e costeira do nordeste americano, que está se preparando para mais um período de frio devido à chegada do inverno. O que parecia ser mais um fim de ano comum, na verdade, acaba por se absolutamente revelador, pois a pequena cidade terá a visita ilustre de nada mais nada menos que o diabo, em pessoa. Ao contrário do que reza a mitologia cristã, desta vez, o diabo é o justiceiro  que vinga os crimes cometidos por indivíduos do rebanho de Jesus, e que foram sendo esquecidos ou escondidos pela própria comunidade. A marca do demo passa a ser rastreada em cada novo caso de morte ou homicídio, seja de uma senhora aparentemente pacata, ou de um homem qualquer da cidade, ambos, aos olhos de todos, perfeitos cidadãos de bem, que dormem toda noite com a consciência tranquila por cumprirem com os seus deveres de zelar pela ''harmonia'', pela moral e pelos bons costumes da comunidade. Apesar do filme ser de fantasia, para adultos, "A tempestade do século" é uma parábola muito realista quanto ao nível de hipocrisia e dissimulação que, com frequência, predomina nas sociedades humanas, em sua grande maioria, conservadoras.  Os podres de cada um, especialmente de alguns, convenientemente escondidos aos olhos do público, vão sendo tirados debaixo do tapete e expostos a todos, em especial para o próprio meliante de bem que posa como paladino da justiça divina ou como pacato cidadão da civilização, antes de pagar por eles. Crimes hediondos, do passado, que não foram julgados, agora passam a ser, pessoalmente, pelo visitante das trevas. É engraçado como que as esquerdas, o progressismo e/ou a justiça  social são frequente e literalmente demonizados pelos direitistas, né?? Por que será?? Não é que todo esquerdista seja um satanista, como os de direita gostariam que fosse, mas a partir do momento que agimos como as suas próprias autoconsciências ou autocríticas, como os espelhos que não querem olhar, quando compactuam com a continuidade do domínio absoluto das ideologias conservadoras; quando se dizem conservadores ou herdeiros culturais do conservadorismo, por exemplo, dos 4 séculos de escravidão e genocídio afro ameríndio nas Américas perpetrados pelos colonizadores e invasores europeus..

Ler um livro de história, que não conta apenas as glórias dos povos especialmente do seu, que seria um politicamente correto só que usado pelos conservadores, é quase o mesmo que ler a própria condenação no tribunal, por crimes cometidos, desde quando passa a se identificar como ''herdeiro'' das ''tradições'' [e consequências] das ideologias de direita.  É por isso que a maioria deles detesta livros de história com pensamento crítico ou filosofia [autoconsciência/autocrítica] embutida. Ninguém gosta de levar sermão, de ser apontado como ''passador de pano' para erros e crimes injustificáveis, até se tornar mais autoconsciente e portanto autocrítico.

Por isso que eles querem acabar com a [des]doutrinação "da esquerda" na educação, em relação a esses fatos históricos que lhes são tão difíceis de explicar. Para que possam recontar a história da humanidade, escondendo esta longa lista de crimes cometidos pela linhagem cultural e histórica conservadora que se dizem herdeiros e defensores. Eles querem ficar com os louros das conquistas supostamente graças às suas ideologias conservadoras [e que na verdade é ''apesar delas'']... enquanto que seus podres são escondidos ou semanticamente manipulados, por exemplo, a farofa de se afirmar que ''o nazismo ERA/É DE ESQUERDA'', apenas levando-se em conta os seus aspectos sociais e econômicos, e desprezando completamente o seu hiper-conservadorismo ou aspectos culturais [o coração de toda a ideologia que é a cultura]...

Cosmos e o ''presente''

Assisti a famosíssima série dos anos 80, Cosmos. Já virei fã logo nas primeiras horas. Até baixei uma música de sua linda trilha sonora. É uma obra de arte indiscutível. Seu tema me encanta. Como sempre, de maneira superficial, artística, em que o resto eu deixo por conta da minha imaginação.

Em um episódio, Carl Sagan conta a vida difícil de Johannes Kepler, sempre fugindo da estupidez cristã, de sua mitologia babuína e sociopática. Eu penso que já foram tantos os homens e mulheres de gênio como ele, que deram enorme contribuição para o avanço da humanidade, e que, em suas vidas, comeram o pão que o diabo cristão [ou mitológico] amassou...

No último episódio, Sagan homenageia Hipátia de Alexandria, primeira mulher a ser considerada matemática [ao menos no mundo ocidental] e responsável por um trabalho numeroso dedicado à ciência, à filosofia, enfim, ao conhecimento. Sua morte foi um crime contra toda a humanidade, e claro, perpetrada por esses babuínos de ''bem''.

A voz dublada do Sagan me acalma. Seu convite às galáxias e às estrelas é cortês e fascinante. Comparo a sua perspectiva de espaço/tempo, Nova Iorque, no início dos anos 80, com os nossos dias cada vez mais obscuros, com esses mesmos exércitos de malucos e malignos, agora, se apossando do planeta azul, querendo explorar e destruir tudo, apenas para encher seus bolsos com essa ilusão que não compra a alma. Nossos heróis...?? Bondosos demais, especialmente com quem não merece compaixão.. temo pelo futuro, não apenas o meu. O que será do Brasil, que parece estar caminhando para o precipício?? Os ânimos continuam aflorando. A Terra virou um grande ringue para que os testosterônicos possam medir suas forças e inseguranças. Cientistas conseguirão avanços esperados. Mas, poderiam ser muito mais significativos. Sem falar dos mesmos problemas tóxicos, disfarçados de cientistas, que realizam experimentos ''anti-éticos'' [eufemismo]. O pensamento crítico não perdoa nem o velho sonho da humanidade de conquistar as estrelas, por causa da perpetuação dessas ervas daninhas que enfraquecem a árvore humana, desde a civilização.

Imaginem se o ser humano consegue pousar uma nave tripulada em outro planeta, enquanto o mundo continua a ser destruído??

 Falência ambiental, obscurantismos ideológicos de ambos os lados, dominando e brigando pela hegemonia, e disso uma série de outros problemas sérios, como o emburrecimento da população...

Imaginem o nível de dissonância que deve ser o teor da mensagem criada pela Nasa para buscar  contato com possíveis civilizações extraterrestres, e a realidade humana e terráquea??

Mensagem:

'' Olá, amigos! 'Somos' uma civilização tecnológica, pacífica e racional''
 
Realidade:

zzzzzzzz

Sem o domínio praticamente absoluto de ideologias de direita, por séculos a fio..

Já teríamos carros voadores movidos a energia limpa;

.. cura para a maioria das doenças incluindo cânceres;

... aprendido a lidar harmônica e respeitosamente com o meio ambiente;

Não mais haveria miséria, fome e guerras idiota$$;

Nem mais preconceitos ou  fanatismos tolos;

Nem mais parasitas e predadores humanos..

..ou sofrimentos desnecessários;

Nem mais exploração do trabalho ou superprodução de mercadorias apenas para que uma minoria se beneficie imensamente..

Mas...

E,  para complicar só um pouquinho, a estupidez primitiva do conservadorismo não trabalha sozinha porque [no ocidente] a esquerda jacobina tem mostrado sua incompetência em conseguir cortar esta erva daninha sem se colocar em seu lugar...

Vendo os direitistas sempre se esforçando para defender retrocessos de direitos e conquistas nas sociedades, séculos e mais séculos, protagonizando a história agonizante da espécie humana, como os vilões (não-medievais), não tem como concluir outra coisa a não ser que são o principal atraso no avanço da humanidade em direção a um horizonte de ponderação, harmonia, conhecimento, enfim, de sabedoria.

Sem todos esses séculos de sinos de igrejas oprimindo as vozes racionais humanas, talvez já "teríamos" avançado muito. Sem o capitalismo idiocrático se colocando como necessário para a ciência... Sem seres humanos com níveis primitivos de consciência brigando entre si, levando países inteiros para ditaduras estúpidas e guerras... É repetitivo mas extremamente verdadeiro e necessário dizer isso.. Esse é o papel fundamental do verdadeiro filósofo. 

Fatos, justiça social e sabedoria

Fatos, justiça social e sabedoria

Era uma vez um país extremamente desigual, um resquício feudal de dimensões continentais, onde o Ocidente e o Oriente se encontram e se confundem, em que um grupo crescente de pessoas passou a acumular fatos justamente sobre as injustiças que estavam a ser cometidas pelas elites em relação ao povo. Abraçaram uma ideologia formada a partir de ideais de sabedoria, ancorados pela revolução francesa (antes de se transformar em carnificina). Jovens com oratória enérgica, carismática e genial, apareceram. De um movimento de intelectuais, artistas, da juventude letrada, chegando às fábricas e campos. O povo não aguentava mais tanta exploração. Ver uma minoria extremamente rica, egoísta, enfim, parasitária, agir com tanto desprezo e crueldade. Estourou a revolta dos oprimidos, dos injustiçados. A velha elite, de tradição conservadora e feudalismo monárquico, caiu. Nem as filhas adolescentes da família real foram poupadas. Nem o caçula hemofílico. Levantou-se a promessa de um governo composto por gente comum, de ser o próprio povo. Novos desdobramentos. E, ao invés de um horizonte democrático, igualitário, o que se percebeu foram nuvens grossas, de chumbo, tirania, ódio, perpetrados justamente por aqueles que juraram acabar com esse ciclo. Um mito tomou o lugar do outro, e o mesmo direito divino. Uma nova monarquia, disfarçada de povo, de consenso democrático. Aqueles que se opuseram à nova ordem e que haviam segurado as mesmas bandeiras também não escaparam do desejo implacável de sangue de um torturador tirano, de um homem tóxico. Aliás, a masculinidade tóxica sempre esteve presente por aquelas terras longínquas. O ar que se respira por lá, já convida ao desequilíbrio da mente masculina. Melhorias ao povo se sucederam. Sem precedentes na história daquele país. Agora, uma união de várias repúblicas engolidas pela hegemonia de uma mãe super "protetora". Mas, sem democracia, sem a voz do povo, sendo tratado como o mesmo "gado", de quando eram súditos miseráveis de príncipes bem vestidos. Falam de atrocidades, de gulags e Holodomor. Veio a segunda guerra mundial, a segunda comprovação massiva de irracionalidade, da raça que tinha o  mundo como uma taça em suas mãos brancas, com veias azuladas. Falam de soldados, antes, meros camponeses, empurrados pra morte certa, visando conter a todo custo, outro desabrochar da rosa destrutiva da masculinidade tóxica. Se reconstruiu, depois da "estoica' vitória, sem plano Marshall. O demônio morreu. O país ficou um pouco menos tirano, ainda um enorme engodo. A chantagem de, ajudar e esperar como resposta ou gratidão o silêncio. Mandou uma cachorrinha morrer no espaço, enquanto comemoravam. Quem liga?? Senhoras de meia idade, "bichas sensíveis" como eu. Saiu à frente do colosso capitalista, do outro lado do Atlântico. Eu poderia continuar até à perestroika e à glasnost e depois ao fim da URSS, e ao começo de uma nova e velha Rússia, do mesmo tormento, que também nos afeta aqui no sul do mundo, os mesmos homens tóxicos, suas autoconsciências mudas, suas bonecas infláveis ou mulheres que louvam o pior do ser humano.

Este é um exemplo de, apesar de minha instintiva incapacidade de escrever, científica ou academicamente, apenas seguir fatos, já ser o suficiente para concluir que a justiça e a injustiça social não são exclusividades de um lado, mesmo sabendo que um deles sempre defende os mais privilegiados. E de mostrar como que a sabedoria se alinha perfeitamente com a exposição apenas factual dos eventos históricos, sem nenhum teor ideológico...

Mais uma árvore

Mais uma árvore

Mais um natal,
E mais uma árvore,
que queima e morre,
E mais luzes
que iluminam as últimas noites do ano,
E mais um portal
De um ano que, inteiro, implode,
De mais um grande ciclo
De inúmeros, pequenos
Segundos, momentos,
E mais uma vez
O meu organismo,
Se alegra com as férias escolares
E o tempo continua
Com os seus ventos polares
De precipícios,
E os artistas continuam
A enfeitar seus altares
Ofícios de hospícios,
Tenho o delírio, das festas dos últimos dias
Ilusórias, mas tão realistas,
Se é Lapônia ou Palestina
Todas as terras são santas
toda alma é uma ferida,
As árvores são arrancadas,
Mas é tudo mentira
São enfeitadas
Para celebrar o dia,
A vida,
Com sacrifícios,
Promessas,
Princípios,
E nós, no meio
Um labirinto de esperas, de fantasias
Que vestimos
Ou é apenas a humildade
da filosofia,
Que conta o número de árvores que brilham
E os horizontes cinzas

A diferença entre doutrinação e educação (alerta de radioatividade para a galerinha da ''esquerda-lacração'')

A diferença entre doutrinação e educação (alerta de radioatividade para a galerinha da ''esquerda-lacração'')

A doutrinação é ideológica, a educação é filosófica, exemplo, questões raciais

Tem umas ideologias de esquerda que querem doutrinar as pessoas a acreditarem numa série de factoides, fatos parciais e falácias sobre as raças humanas, e claro, junto a fatos históricos e legítimos. Primeiro, que não existem raças humanas. Segundo, que suas diferenças são mínimas a inexistentes. Terceiro, que o racismo só existe se for de branco contra negro. Que não existe racismo contra branco, que eles chamam de "racismo inverso". Que desde há um bom tempo, tem havido um genocídio de jovens negros e pardos no Brasil, nos EUA, etc, perpetrado apenas por policiais. Escondendo que a maioria dos crimes contra negros são praticados por outros negros. Que a principal razão para a criminalidade é circunstancial, de se nascer pobre, por exemplo, desprezando que a maioria dos pobres não são violentos, isto é, confundindo correlação com causalidade. Que branco, especialmente, não pode criticar negro, nem com educação e conhecimento, se não é racismo. Querem impor tudo isso, sem diálogo, sem reconsideração, generalizando e exacerbando as divisões de grupos, enfim, inculcando uma narrativa simplória, mas superficialmente sofisticada, com palavras difíceis, gramática impecável e discursos bonitos.

Tudo isso só tem atiçado o verdadeiro racismo, por ser impositivo, injusto e recheado de meias verdades. O efeito é o oposto do desejado, de educar para a compreensão, para a diminuição de fanatismos e preconceitos e busca por medidas que realmente combatam as desigualdades sociais, não apenas entre uma raça e outra, mas também entre as classes sociais, o que engloba todas elas.

A doutrinação é o forçar à uma perspectiva, negando a possibilidade de escolha, mas também a negação de uma diversidade de fatos, que naturalmente  reduz a pureza e intensidade de convicções individuais e leva à escolhas mais ponderadas.

O cenário piora porque a maioria das pessoas são de pensadores passivos ou de consumidores intelectuais, que esperam que a montanha vá até eles do que irem até ela. São do tipo que compram as informações que nós produzimos, se você for como eu, do tipo que pegam conceitos sobre comunismo e capitalismo, dados por influenciadores digitais e não tentam pensar, analisar, investigar por si mesmos esses conceitos, buscando pela justiça dos seus fatos. Não são apenas os direitistas que, em sua maioria, são  assim...

Pense, metaforicamente, que você está numa floresta com um incêndio acontecendo. Logicamente, você tentará apagar o fogo. Só que, com esse tipo de ideologia, que esquerdas obscurantistas têm tentado impor a todos, é como se você, ao invés de usar a água ou fatos, usasse álcool pensando ser água, para aplacar o incêndio. O resultado você já sabe qual é.

Tentar ensinar sobre racismo aplicando mais racismo e divisionismo entre as pessoas de diferentes raças só pode resultar em mais racismo, especialmente entre os mais inflamáveis.

É o que eu sempre penso. As esquerdas perdem muito quando agem como direitas, se estas sempre distorceram, manipularam e doutrinaram desde quando foram constituídas. As ou certas esquerdas,  quando decidem copia-las estão fadadas a se igualarem a elas. Mas, parece que é isso que querem, se tornarem antíteses pensando que são sínteses. A síntese é sabedoria, a filosofia materializada, enraizada na cultura, substituindo a ideologia.

Uma educação filosófica, ainda que também inevitavelmente impositiva, se faz com base no diálogo que é intermediado pela simples exposição de fatos. Raças humanas existem. Diferenças e semelhanças entre elas existem. Todo mundo é capaz de perceber isso. Também existem policiais desequilibrados a sociopatas, não são  poucos, mas a maioria dos crimes contra jovens negros e pardos, é cometida por outros jovens negros e pardos, e não, no imaginário progressista atual, por policiais brancos. Isso não significa que todo negro é propenso à violência. E apontar esses fatos não é racismo. Racismo é dizer que todo negro ou  que todo pardo é violento ou que todo branco é racista ou que não pode sofrer racismo.

A educação, de fato, filosófica, visa apenas a uma melhor compreensão da realidade que inevitavelmente resulta numa diminuição de intensidades instintivas ou subjetivas que, por sua vez, resultam em preconceitos e fanatismos.

A esquerda lacração

Muitos, especialmente os da juventude progressista, apresentam um desejo irresistível de ganhar pontos ou biscoitos de seus companheiros de bolha. Por isso que adoram agir em bando, empurrando qualquer coisa que é imposta ou determinada por influenciadores de esquerda, sem checar fatos ou coerência. Sentem uma necessidade de auto afirmação intelectual do que de responsabilidade filosófica, em checar fatos e nem falo de modo dicotômico aos seus sentimentos inflamados pela justiça social, pois eu também os tenho. No entanto, não tem como buscar pela justiça com mentiras, meias verdades e factoides. Não tem como alcançar um objetivo desejado por crenças enraizadas de como proceder  sendo que, não são apenas crenças no sentido de idealismo mas também no de distorção da realidade.

domingo, 24 de novembro de 2019

Representatividade versus capacidade [alerta radioativo para a esquerda-lacração]

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Fonte: https://acervo.racismoambiental.net.br/wp-content/uploads/2015/04/cotas-usp-vai-ficar-preta-750x410.jpg


[Alerta radioativo para a "esquerda"-lacração]

(Texto relativamente antigo que pensei em não postar por achá-lo muito polêmico. Mas já que comecei a postar outros até mais polêmicos... com alguns pensamentos já compartilhados nesses textos) 

"A USP vai ficar preta"(???)

Conteúdo de um cartaz levantado em uma manifestação a favor do aumento da "representatividade" nesta universidade de São Paulo...

"Progressistas', em média, acreditam que, para promover mais igualdade social é preciso aumentar a representatividade de grupos historicamente oprimidos em espaços importantes, como a mídia e as universidades, como um exemplo mais notório a implementação de cotas raciais e de escola pública nas universidades federais e para cargos públicos. Também acreditam que as diferenças intelectuais entre grupos humanos são inteiramente produtos do meio e, portanto, não fará diferença se o critério de admissão para o ensino superior for mudado de competência técnico-intelectual para características raciais.

Suas intenções podem ser as melhores possíveis, mas, antes, é preciso analisar de maneira imparcial os fatos envolvidos para ver se estão mesmo com toda razão.

Representatividades distintas e causas intrínsecas mais importantes que as extrínsecas

Estudantes de origem asiática, especialmente a japonesa, estão super-representados nas universidades brasileiras, públicas e privadas. O mesmo pode ser dito sobre estudantes de origem judaica e libanesa. 

Existem explicações politicamente corretas e incorretas para isso. Primeiro, causas extrínsecas: a maioria das famílias de descendentes de japoneses, libaneses e judeus têm prosperado no país, alcançando um bom nível sócio-econômico, e tornando possível que seus descendentes consigam estudar até ao ensino superior sem ter que priorizar pelo trabalho, logo cedo em vida. A maioria deles chegou pobre no país. Foram e, muitos continuam a sofrer discriminação, principalmente verbal, por exemplo, as piadinhas sem graça sobre japoneses e seus descendentes. Não têm o legado da escravidão nas costas, mas, novamente, suas vidas não foram fáceis, especialmente para os imigrantes japoneses que saíram de muito longe para um país culturalmente estranho. Pois a hipótese do legado da escravidão sugere que, UNICAMENTE por causa dela, de quatro séculos de escravismo negro e, depois, com a abolição, nenhuma ajuda do governo para os libertos, incluindo a existência de um racismo estruturalizado, em que as pessoas pretas eram tendenciosamente desprezadas para ocupar posições de relevância na sociedade, as diferenças raciais em padrão de vida e representatividade permanecem. É uma hipótese muito forte, porque tudo leva a crer que apenas isso pode explicar as diferenças, que nós podemos ver, entre os grupos raciais no país, mesmo num país de muita miscigenação. No entanto, quando analisamos as trajetórias de grupos, como os brasileiros de origem japonesa, podemos nos perguntar o quão forte ela é. E mais, a existência de uma minoria preta "bem sucedida", não apenas de agora, mas de 80, 90 anos atrás... 

A exceção prova a regra

Nipo-descendentes sofreram forte discriminação no passado, por serem de "raça mongoloide", e continuam a sofrer preconceito, inclusive de brasileiros que não são autodeclarados brancos. Eles não chegaram ricos aqui. A maioria veio para trabalhar no campo. Fez a transição para a cidade, começando a trabalhar em empregos humildes. Hoje, em termos de padrão de vida, essa população tem um dos melhores do país. As coisas não foram dadas de graça pra eles. As melhores terras para plantar ficavam com os patrões ou eram compradas por quem tinha dinheiro. Tiveram que se virar e conseguiram. Pois mesmo se não existissem brasileiros de origem japonesa e sua trajetória coletiva de sucesso, apesar dos muitos percalços num país complicado como esse, ainda é perfeitamente possível analisar os diversos indicadores de comportamento, personalidade e inteligência para constatar aquilo que causa calafrios na maioria daqueles que se dizem blindados de fake news e ignorância, e que querem um mundo melhor...

Estudar em escola particular

Isso também está relacionado com um maior acesso à educação superior. A explicação habitual é de que o ensino nas particulares é, em média, de maior qualidade que o das públicas. 

Mas será que é só isso mesmo?? 

Afinal, não são todos nem a maioria dos que estudam em escolas particulares que conseguem passar no vestibular para estudar em universidades federais. Sem falar dos que estudaram em escolas públicas e conseguiram passar na universidade com nota alta o suficiente para passar sem ajuda de cota. Também existe o fator financeiro que facilita muito que estudantes de classe média alta e alta consigam tirar diploma mesmo se for por uma universidade particular, geralmente considerada de menor qualidade de ensino que a pública...

Agora, aquela causa muito provável [e de ser mais importante], que provoca calafrios na grande maioria dos que se declaram como progressistas, a intrínseca.

Então, já parou para pensar se algumas pessoas praticamente nascem com maiores facilidades cognitivas (convergentes, divergentes e/ou racionais) que as outras??

Pois é quase certo que suas suspeitas não estão erradas. Afinal, vemos isso a todo momento, nos ambientes de trabalho, nas escolas e dentro de casa. 

A maioria dos progressistas, tradicionalmente ou, como tem acontecido, sempre deslegitimam essa causa, pois a associa ao nazismo e também à eugenia, outro termo pelo qual desenvolveram bloqueio, resultando em conceituações pobres de suas autorias e apropriação da extrema direita... 

Enquanto acusam apenas os conservadores de acreditarem em verdades absolutas, concluem de maneira absoluta que a inteligência humana é totalmente plástica e, portanto, basta igualar os ambientes escolares, por exemplo, de diferentes classes sociais, para obter resultados similares entre os indivíduos e dos grupos ou identidades aos quais pertencem. Mas, apenas analisando padrões e a nós mesmos, podemos perceber que nossas personalidades e inteligências não são produtos absolutos do ambiente, que é muito provável de termos nascido com predisposições. 

Existem muitos exemplos que problematizam essas crenças behavioristas. Um deles é a existência de crianças superdotadas, que demonstram avanços cognitivos muito acima de suas idades cronológicas, ainda mais quando nascem em famílias pobres. Uma demonstração de que características intrínsecas têm um papel central em nossos desenvolvimentos intelectuais. E, com isso, não estou querendo dizer que fatores extrínsecos não tenham qualquer influência, mas que geralmente não são mais influentes que os intrínsecos.

Outro exemplo: capacidades verbais, particularmente sobre escrever "certo', respeitando as regras ou convenções ortográficas e gramaticais [do momento] da língua que se fala.

Pois mesmo quando 100% das crianças são alfabetizadas, "sempre" existe uma diversidade de aprendizado dessas regras que perdura por toda a vida. 

Tamanho e sofisticação do vocabulário são um bom parâmetro de comparação. E claro que não para por aí. Na matemática, em outros conhecimentos científicos e no filosófico, as diferenças continuam a existir e não podem ser unicamente atribuídas às condições circunstanciais, afinal, se fulano decidiu acreditar no terraplanismo, a "culpa' também é dele, aliás, principalmente dele. Novamente, fatores extrínsecos ao indivíduo, tal como o acesso a material escolar, viver em um ambiente familiar minimamente tranquilo, ajudam, mas não são capazes de alterar predisposições biológicas profundas. Por exemplo, eu, que nasci com uma imaginação acesa e a expresso desde que me conheço por gente. Não é possível dizer que a educação que recebi dos meus pais me deixou mais imaginativo se eu sou assim desde a primeira infância, de quando tinha uns quatro ou cinco anos de idade.

Voltemos ao problema da representatividade.

Se existem diferenças individuais de inteligência e comportamento e que não são apenas ou especialmente resultados de influências ambientais, então, não é difícil extrapolar essa mesma lógica para grupos humanos, quanto à raça, gênero, etc... 

A maioria dos brasileiros de origem japonesa, ainda mais hoje em dia, são realmente mais privilegiados por virem de famílias de classe média e alta. Mas seus antepassados que chegaram no Brasil não eram ricos e tiveram que lutar para alcançar esse alto padrão, que não seria possível se também não tivessem empregado suas inteligências e se, primeiro de tudo, não tivessem, em média, um maior potencial cognitivo. 

Já quanto aos afro brasileiros, onde o cenário tem sido o oposto, as causas principais são as mesmas, seus potenciais cognitivos (em média, comparativamente mais baixos) e suas tendências (desfavoráveis) de comportamento, em contraste aos nipo brasileiros e que, neste caso, têm contribuído para dificultar a ascensão social da maioria desses indivíduos, ainda mais em uma sociedade capitalista como a "nossa'.

Eu não seria injusto de desprezar a existência e a influência do racismo estrutural, especialmente no passado. Mas foi justamente pela percepção intuitiva dessas diferenças médias de desempenho cognitivo e comportamental, exagerada por crenças legitimamente racistas (de generalização de grupo e associação causal do fenótipo racial a comportamentos) e também atreladas à crenças classistas (preconceito por classe social), que negros e pardos têm escasseado em profissões de maior prestígio. Mas não apenas porque eram excluídos.

É o equivalente a uma junta decidir pela exclusão sumária da grande maioria ou de quase todos os estudantes de uma escola hipotética, de disputar campeonatos de natação por se constatar que não conseguirão alcançar uma alta performance nesse esporte. Os mais prejudicados neste cenário, bem como no caso dos afrodescendentes, são a minoria que é naturalmente capaz e que é considerada igual aos outros do seu grupo. Pois o que mais amplifica as diferenças sociais, incluindo as raciais, é o classismo estrutural, "espinha dorsal" das estruturas vigentes que perpetuam essas mesmas diferenças. Como eu já comentei em outros textos, o maior problema não é ter poucos negros e pardos advogados ou médicos, já que o ideal é que, para exercer qualquer cargo o indivíduo tenha capacidade, vocação e caráter, e não que seja branco ou negro. O maior problema sobre as desigualdades sociais ou, salariais e patrimoniais, é, primeiro de tudo, que elas existem, começando pela existência de diferenças salariais significativas entre as profissões consideradas de maior prestígio em relação às de menor prestígio.

Portanto, a ideia de que a representatividade racial deva substituir o mérito pode ser muito mais problemática do que se pensa, mesmo que se baseie no pensamento racional de eliminar desigualdades sociais e injustiças históricas. Por isso que, haveria de se buscar por outros meios para se chegar a essas finalidades filosoficamente desejadas, a partir do momento que for concluído que a imposição de representatividade, per si, pode resultar no favorecimento de profissionais aquém, nas áreas que escolheram, e multiplicação de mais conflitos, dentre elas a exacerbação do próprio racismo, enfim, de combater uma injustiça com outra...

E o mito do ''universidade para TODOS''

O problema da massificação das universidades ou a crença de que existem para que todos possam tirar diplomas

Este desgoverno bananeiro do palhaço, e com pretensões claramente fascistas, é predominantemente estúpido e cruel, algo muito fácil de ser percebido. No entanto, não é incomum que, do mais insensível, algumas verdades, proibidas ao mais sensível, possam ser proferidas. 

O ministro da deseducação, não esta besta atual, mas aquele pseudo-filósofo que foi destituído do cargo, é um exemplo desta lógica, pois não mentiu quando concluiu que as universidades não foram feitas para todo mundo. Se todo mundo fosse capaz de se tornar pesquisador, professor universitário, tecnicista de alto nível e/ou cientista, isso faria sentido. Mas porque a maioria das pessoas não têm esse nível de capacidade, e até poderia pensar em mim como parte dessa maioria, ou, no limite de compatibilidade, então, não é possível ou idealmente desejável que todos possam frequentar uma universidade. Mesmo assim, se o aumento de pessoas e de pessoas de todas as raças, frequentando as universidades, não for baseado no desfavorecimento direto do mérito daqueles, isto é, dos ''brancos', especialmente de classe média, então não haveria qualquer problema. Em um texto longínquo, eu sugeri que, uma maneira de solucionar esta situação, seria pela construção de mais universidades públicas. O problema seriam os gastos que isso provavelmente resultaria. De qualquer maneira, o maior problema não é que tenham poucos negros, brancos ou amarelos nas universidades e sim que existam essas diferenças tão grandes de valorização salarial entre as profissões. 

Eu poderia pensar o mesmo para o exército, pois não é todo brasileiro que tem condições físicas e psicológicas para fazer parte dele.

Outro problema que acredito ter encontrado, que talvez seja até mais relevante e poderia "pegar um coelho com uma arapuca só". 


Provável falta de representatividade (cognitiva)


Eu vejo o tipo predominante de prova do vestibular o aspecto mais injusto dos meios de acesso à educação superior, por desprezar a diversidade de estilos cognitivos, por exemplo, o tipo mais criativo, que não é contemplado porque as provas de admissão analisam apenas as capacidades cognitivas convergentes, como a de memorização. 

A maioria dos progressistas parece culpar a ideologia da meritocracia como uma das principais causas para as desigualdades sociais. Eu não entendo bem se criticam uma cultura legítima de mérito, mesmo que muito parcial, tal como nós temos, ou justamente a parcial legitimidade de sua prática. Não é racional condenar um sistema que busca dar oportunidade de atuação ao mais competente para determinado conjunto de atividades. É por causa da meritocracia que existem filtros para selecionar os melhores de cada área. Idealmente falando, era assim que tinha de funcionar. Mas na realidade, é menos que isso porque os critérios para uma série de finalidades tendem a ser muito frouxos, incluindo a ocorrência paralela de favorecimentos, a priori, anti-meritórios, por exemplo, o infame QI no sentido de "Quem Indica". Portanto, o problema não é a meritocracia, per si, mas como que tem sido imposta nas sociedades, especialmente a brasileira. Eu já comentei que, premiar aqueles que fazem mais lucro, não é um bom critério de meritocracia pois estará colocando no topo da sociedade os mais gananciosos, que, estando no poder, governarão para si mesmos, pensando apenas em aumentar seus privilégios.

Então, quando fazemos provas de concurso ou vestibular, aspectos fundamentais da inteligência humana, como a criatividade, a racionalidade e a inteligência emocional, passam batido. Como resultado, tipos altamente criativos, que não apresentam habilidades convergentes capazes de fazê-los passar com segurança nessas provas, como eu, estão em risco de sequer conseguirem entrar na universidade. Eu consegui por cota de escola pública. Se não fosse assim, talvez não teria conseguido. E, quando entrei e fiz o curso, praticamente não vi nada de incentivo à criatividade, muito pelo contrário!! Já sobre a racionalidade, também não a vi sendo adotada de maneira sistemática, mas imposição de ideologias, como sempre.
 
Outro problema é que provas típicas de vestibular privilegiam constituições cognitivas simétricas, isto é, basicamente se consistem na continuação do padrão escolar, de buscar por um único modelo ideal de estudante enquanto despreza sumariamente a diversidade de tipos humanos. Se existem pessoas que são muito capazes em algumas áreas do conhecimento ou da inteligência humana e, ao mesmo tempo, apresentam déficits naturais ou intrínsecos em relação a outras áreas. Mas, a maioria das universidades, ao invés de construírem provas objetivas à área pretendente do candidato, ou talvez, colocar um peso menor nos conhecimentos gerais, têm feito o oposto. Todos esses equívocos partem de idealizações ideológicas ou distorções da realidade da inteligência humana.

Interessante pensar que, se métodos de admissão passassem a focar na diversidade cognitiva e também numa maior especificação objetiva quanto ao conteúdo pedido para cada faculdade, é possível que ocorresse um aumento consequente e natural de aprovação de estudantes negros e pardos, e outros de escola pública, sem a necessidade de cotas.

Como conclusão deste texto, acho muito perigoso forçar à representatividade, per si, e desprezar a necessidade de avaliação objetiva de competência específica. Também percebo que as universidades geralmente não se interessam em promover a criatividade ou a racionalidade e sim em impor ideologias, se de direita ou de esquerda, e no caso da criatividade, apenas quando passa a ser solicitada, quando já ocorreu um filtro no vestibular [e mestrado, doutorado...], que não a contemplou. E de concluir novamente que, o maior problema não é a diferença racial de representatividade em espaços de maior relevância ou prestígio social e salarial, exatamente, ainda mais quando não ocorrem meios legítimos ou anti-meritórios de exclusão, mas a própria existência de diferenças sociais excessivas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Blefe e equívocos do relativismo moral


Blefe e equívocos do relativismo moral

Alguns (ou muitos dos) autodeclarados racionais, gostam de dizer que a justiça social é utópica no sentido de impraticável e irrealista, por não ser baseada em fatos e sim em sentimentos. No entanto, primeiro, é preciso diferenciar uma análise descritiva de fatos, neste caso, históricos, de uma análise moral comparativa dos mesmos. Segundo, também é preciso compreender que, nenhuma análise factual é completa sem que tenha a presença dos nossos sentimentos, pois são estes que usamos para avaliar os elementos e as intempéries da realidade. A análise factual, geralmente acontece de modo distanciado aos elementos que estão sendo observados. Pois é sempre importante nos colocarmos, nos contextualizarmos próximos às circunstâncias, situações ou acontecimentos para que também possamos julgá-los, em primeira pessoa, com base em uma simulação realista, que é como se expressa uma análise moral. Não basta apenas compilar fatos, como as ações humanas, mas também julgá-los, por suas qualidades ou, um termo-chave neste pequeno texto, por seus níveis de Imprescindibilidade. Observamos e analisamos  certa realidade, buscando entendê-la, e então, julgamos ou reagimos à ela [interagindo em primeira pessoa]. Por exemplo, com os meus sentidos, eu consigo detectar a existência de uma rosa em um jardim. Então, eu reajo estética ou emocionalmente à ela. Da primeira reação, eu posso estender o meu raciocínio e ponderar a melhor atitude a ter sobre ela. Se eu a deixo ali mesmo, se chego perto e busco extrair um pouco do seu sabor pelo cheiro, se a levo pra casa, se piso em cima dela, do porquê de fazê-lo, se é imprescindível ou inevitável, ou facultativo...

É imprescindível ou inevitável levar esta rosa pra minha casa?
É imprescindível ou inevitável pisar nela?
É imprescindível, inevitável ou facultativo chegar perto para cheirá-la?

Se não há nada de detectavelmente imediato ameaçando a bela existência desta rosa [ou a minha em relação à ela], então a melhor resposta de ação das três possibilidades acima é a de, ao menos, chegar perto para ver se tem um aroma gostoso.

Agora, um exemplo histórico: a escravidão africana nas Américas. A priori, é possível compilar uma boa quantidade de detalhes de como aconteceu, por que, onde, quando, para quem.. A partir daí, é inevitável a julgarmos moralmente. Primeiro, analisamos distanciados. Depois, nos colocamos nos lugares dos envolvidos neste longo e miserável evento da história humana para ponderarmos ações, necessidades ou possibilidades, e primeiramente fazemos as questões mais importantes: "a escravidão foi realmente imprescindível ou inescapável?? Não existia outra alternativa??". A resposta, sabemos.

Relativistas morais, supostamente, param na análise técnica ou factual e banalizam a ação moral criando esta falsa dicotomia absoluta entre fatos e sentimentos.. diga-se, sentimentos de sensibilidade altruísta. Não fazem isso por serem mais sábios ou detentores racionais da verdade, mas porque apenas projetam suas personalidades ou estratégias reativas/adaptativas [egoístas], tratando-as como se fossem reflexos perfeitos da realidade, especialmente em relação à sua perspectiva existencial ou moral.

''O que eu sinto é a verdade e/ou o mais certo... mesmo sem eu ter raciocinado mais profundamente sobre isso''

E, na verdade, eles também reagem sentimentalmente aos fatos, como é esperado do comportamento básico do ser humano. Só que, como só pensam ou se preocupam consigo mesmos, então, acabam por analisar essas situações que exigem empatia afetiva, de maneira pobre e tendenciosa. Daqui a pouco em sua leitura, mostrarei que suas análises morais se consistem em um blefe.

Altruístas irreflexivos ou irracionais, também costumam agir de maneira instintiva, pela projeção de suas personalidades e, portanto, crenças e opiniões pessoais, tratando-as como se fossem verdades absolutas, não apenas subjetivas, e, resultando na idealização ideológica, quando criam concepções distorcidas da realidade, sem antes tê-la analisado quanto aos seus fatos mais elementares e perspectivas, isto é, tentando encaixar o modelo ideologicamente idealizado [aquilo que gostariam que fosse], como vínculo enraizado de suas personalidades a um sistema ideológico, em cima das dimensões da realidade enfatizada.. O principal critério da moralidade é a imprescindibilidade, se certa ação ao outro, bem como também a si mesmo, é absolutamente necessária ou se existem outras possibilidades, melhores. Aliás, tudo sobre moralidade é sobre o melhor possível em termos de sobrevivência, isto é, de preservação da vida, e das vidas, com a expansão da consciência ou compreensão existencial do mundo.

Percebam, novamente que, o que denominamos de certo e errado, na verdade, pela moralidade humana [de autoconsciência, ou compreensão expandida], se consiste no grau de imprescindibilidade de ações e condutas a partir de um rol de possibilidades.

A crueldade é imprescindível para que possamos sobreviver ou para viver a vida como se deve??

Pela racionalidade, sabemos que não, porque por ela podemos ponderar o máximo de possibilidades cabíveis a partir da análise factual e moral, e então escolher pela melhor para cada situação.

 Pela falácia animalista, de se acreditar que o ser humano deva ser inteiramente anexado às outras espécies não-humanas em termos de comportamento, conclui-se que a escravidão, por exemplo, não é nem moralmente correta ou errada, caindo no julgo do relativismo.

Mas, se inflige dor ou prazer, então não é moralmente "relativa".

Além do mais, sugerir que nossos níveis de discernimento moral [potencial] sejam iguais aos dos outros seres vivos é o mesmo que dizer que nossas habilidades aquáticas também são iguais às dos peixes.

O blefe do relativista moral

O relativista moral é um mentiroso crônico, especialmente quando é questionado se gostaria de sentir dor ou sofrimento ou de ser injustiçado por outras pessoas [ou seres vivos]. Quando é perguntado sobre o que prefere que os outros façam para ou com ele, em termos morais, o seu relativismo desaparece sem deixar rastro.  Seu sadismo natural não se expande para um sadomasoquismo. A explicação para o porquê de se agir parasítica ou predatoriamente, está contida no próprio ato, que, no reino animal não-humano, é ''apenas' um tipo de adaptação e que se refere à probabilidade de comportamentos. Mas, eles não têm escolha, pois são produtos replicantes e estereotípicos dos eventos seletivos que os forjaram. Supostamente, os humanos com essa ênfase intrínseca de comportamentos também não têm controle [OU] discernimento das consequências de seus atos. A diferença é o uso da linguagem para manipular /neutralizar o verdadeiro significado de suas intenções. Portanto, humanos cruéis e egoístas relativizam a moralidade tratando-a como equivocada ou ilusória apenas quando se referem aos outros, porque quando é sobre si mesmos, jamais aceitam que sofram as mesmas ações insensíveis que praticam, e isso é um blefe ou mentira, e não uma iluminação filosófica por uma perspectiva mais sombria [''e racional''].

Por que os conservadores são conservadores? E por que os progressistas são progressistas?

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Por que os conservadores são conservadores? E por que os progressistas são progressistas?

1. Dimorfismo sexual

Nível variavelmente alto e baixo de dimorfismo sexual, respectivamente, para conservadores e progressistas.

''Homem ''macho''; mulher 'feminina', recatada e do lar''

versus

''Homem [em certa média] mais sensível e empático; mulher [feminista] mais independente''

Dimorfismo sexual é a variação de traços sexuais e psicossexuais em uma determinada população. Isso explica [em partes ou, predominantemente] tendências patriarcais e matriarcais [nesses últimos, um pouco menos marcantes] bem como uma maior proporção de LGBTs entre os progressistas.

2. Circunstâncias

Pessoas que pertencem à elite são naturalmente mais propensas a votarem em partidos conservadores, por estarem mais preocupadas em manter seus privilégios.

Pessoas com deficiência ou com parentes próximos com deficiência, por lógica, devem ser mais propensas a votarem em partidos voltados para as questões sociais, progressistas.

Pessoas expostas à violência tendem a apoiar o combate ao crime por estratégias conservadoras, aparentemente mais eficientes.

Pessoas que vivem no meio rural são mais propensas a serem conservadoras.

Profissões apresentam composições diferentes de preferências ideológicas. Por exemplo, professores e policiais. Enquanto existe um certo predomínio de progressistas no primeiro grupo, ocorre o oposto no segundo. Eu coloquei essa tendência observável nesse fator, mas imagino que se correlaciona com os outros fatores.

3. Estilo cognitivo

Aqueles com melhores [e/ou maiores] capacidades de raciocínio abstrato são mais propensos a votarem em partidos progressistas [e o padrão oposto para os mais concretos].

Pensadores binários [sempre impondo dicotomias do que considerações mais plurais] e categóricos [a priori, mais organizados] também parecem ser mais propensos a serem conservadores.

4. Personalidade

Diferenças possivelmente relacionadas com o dimorfismo sexual. Os resultados mais constantes dos estudos sobre a relação entre personalidade e preferências ideológicas, são de que as pessoas que são  expressivas no traço ''abertura para a experiência'' [imaginativas, curiosas e intelectualmente sensíveis] são mais propensas a votarem em partidos progressistas e/ou a seguirem ideologias desta natureza. Já, aquelas que são mais conformistas, eficientes e organizadas [características do traço ''conscienciosidade''], tendem a abraçar ideologias conservadoras [não apenas ou centralmente do tipo extremista].

Também é perceptível que a personalidade antissocial esteja mais relacionada com a extrema direita, ainda que a extrema esquerda também já tenha um histórico de crimes contra a humanidade e o meio ambiente [sempre aquele dilema: estalinistas e maoistas extremos são mesmo, pacifistas, democráticos e igualitaristas,  ou não??]. Para quem frequenta sessões de comentários na internet sabe que, ao menos entre os ''haters'', o percentual de extremo-direitistas é significativo. Entre os ''bullies'' nas escolas e mesmo na vida ''adulta', também. Enfim, de ser aquele serzinho tóxico, cretino e potencialmente inconsertável... [ambos relacionados com o dimorfismo sexual e contígua conjuntura evolutiva humana].

5. Inteligência

O traço de personalidade ''abertura para a experiência'', que falei acima, também está positivamente relacionado com pontuar alto em testes de QI. Do outro lado, níveis altos de conservadorismo estão intimamente associados à pontuações baixas em testes cognitivos, tipo comparar frequentadores (((em média, sempre essa expressão))) de igrejas [especialmente se forem evangélicas] com ateus e agnósticos.

Em compensação, apoiar o ''[neo]liberalismo econômico''  também está associado a pontuar alto em testes cognitivos, e que, por sua vez, se relaciona com o lado direito do espectro político-ideológico. Parece que, ou, de fato, estamos falando sobre núcleos psico-cognitivos distintos, facilmente observáveis nas universidades, onde que existe um domínio do progressismo ou das esquerdas nas ciências humanas (e artes) e do conservadorismo e ideologia capitalista nas ciências exatas [e ainda sou da opinião que esses cursos mais diretamente voltados para o $$$ são como berçários para as elites econômicas capitalistas]

6. Hipótese de diferenças entre conservadores e progressistas, de minha autoria

Progressistas seriam, em média, mais individualmente diversos que os conservadores (inclusive relacionado com o primeiro fator apresentado). Isso explicaria a tendência mais forte do conservador ao conformismo social, de preferir se vestir e agir de maneira mais convencional, claro, de acordo com a norma predominante que, historicamente, tem sido conservadora..

7. Sabedoria

Para ambos os casos, seus níveis de sabedoria são insuficientes para serem denominados como sábios ou, no mínimo, racionais. Apesar de existir um relativo equilíbrio de pontos positivos e negativos [ou posicionamentos] entre eles, os progressistas , se comparados aos conservadores, ainda estão mais perto da sabedoria, porque apresentam maior propensão ao pensamento crítico, o que os leva a questionar mais o mundo e a obter respostas muito mais precisas, significativas ou apenas verdadeiras sobre ele. Basta olhar para o que o conservadorismo e o progressismo defendem e concordar que o segundo apresenta uma maior proporção de observações factuais [filosóficas] do que mitológicas ou semanticamente manipuladas, do que o primeiro. No entanto, em alguns aspectos muito importantes, os conservadores estariam melhor guiados, por exemplo, sobre comportamento, e uma explicação curiosa para isso é a de que, como a maioria dos seres humanos são ou ainda são  conservadores, então, pela lógica, é muito mais fácil para um conservador do que para um progressista [típico] compreender o comportamento padrão humano [seu próprio], de acordo com a conjuntura cultural evolutiva.

Estamos sempre falando de médias [ou predomínios] e, portanto, isso não significa que todo progressista ou conservador terá que apresentar todas essas características, mas, é muito provável que estes serão mais a exceção.

Conclusão

A política é uma arena de interesses público e particular, onde existe uma diversidade de grupos que sempre se definem como ''detentores da ou de todas as verdades'. Mas, na verdade mesmo, esses grupos, quando defendem seus pontos de perspectiva, projetam suas circunstâncias/vivências e predisposições biológicas/comportamentais, como o estilo cognitivo (elo de ligação da inteligência com a personalidade) e a personalidade, do que, de fato, buscarem por verdades, além das subjetivas e das distorções consequentes de suas ênfases excessivas.

O neoliberal, por exemplo, não defende essa doutrina sócio-econômica (enfatizada no fator econômico) apenas por considera-la a mais correta, verdadeira, natural ou eficiente para combater a pobreza ou para produzir prosperidade, mas também ou especialmente por causa de seu estilo cognitivo, mais relacionado com as ciências exatas, seu tipo de personalidade e/ou também por suas circunstâncias pessoais.

Sempre coloco como dicotômicos a subjetividade e a racionalidade, porque pelo domínio da primeira, achismos e opiniões, resultantes das  nossas sensações ou reações emotivas e cognitivas, são endossados como verdades absolutas, ainda que se consistam em verdades subjetivas, ou facetas verdadeiras de probabilidade de reação e de perspectiva de percepção, por exemplo, o gosto pessoal [sensação verdadeira] por determinado nível de temperatura (pessoas que gostam do tempo frio, entre 5 e 15 graus ou que gostam do tempo quente, entre 35 e 40 graus). Pela racionalidade, passa-se a considerar opiniões, gostos ou perspectivas além dos pessoais, buscando então ponderar ou dessaliniza-los.

Quem gosta muito de frio, talvez possa gostar mais de calor ou ao menos reconhecer aspectos positivos do tempo quente.
Quem é muito neoliberal, talvez possa reconsiderar um pouco e dar maior importância à justiça social do que à liberdade econômica.
Quem é sensível, talvez consiga reconhecer este excesso e aprenda a administrá-lo.

Enfim, de sempre enxugar excessos que possam descambar para o fanatismo e o preconceito. Mas, claro, também, dependendo de como está estruturado o raciocínio, se já exibe qualidade em sua ponderação.

 A ideologia, mesmo que não seja a sua intenção original, como eu já comentei em outro(s) texto(s), tem como hábito característico exacerbar seus pontos de perspectiva resultando na distorção dos mesmos, exatamente como as famosas projeções cartográficas de Mercator e Peters, em que os hemisférios do globo terrestre são factualmente descaracterizados, sendo que um é expandido às custas do outro, além e aquém de suas proporções verdadeiras.

A maioria dos conservadores e dos progressistas, muito provavelmente, defendem seus pontos de vista ou  perspectiva, sem ser plenamente com base na racionalidade ou ponderação analítica, moral e autocrítica, e sim por básica autoprojeção semanticamente manipulada para se passar como razão. Este exercício de autoconhecimento, por esse texto, reconhecendo a intrusão primordial de si próprio em sua percepção e portanto, compreensão de mundo, já se consiste em um ato muito importante de sabedoria, se a política está onipresente em nossas vidas, se, para entender como dialogamos com ela, precisamos aprender quais são essas forças intrínsecas que nos puxam para um lado ou para o outro, antes, durante ou depois de usarmos o raciocínio analisando os nossos posicionamentos.

Conservadores e progressistas não são absolutamente moldados pelo local, cultura e família de onde se originam. O progressista típico não defende uma maior igualdade social apenas porque, ''do nada'', sua consciência se direcionou para esse caminho ou perspectiva, diga-se, mais holística, e sim porque também nasceu com ''facilidades'' intrínsecas, como ter uma personalidade mais empática ou um estilo cognitivo mais reflexivo//autocrítico. A priori, saber disso, não invalida a perspectiva de ninguém até por ser esperado que tenhamos princípios, de não sermos como folhas brancas de papel, totalmente moldáveis pelos ambientes, porque esta relação elementar é um feedback do que temos, do que somos, do que herdamos dos galhos genealógicos dos nossos pais com esses muitos ambientes em que vivemos nossas vidas. Se é ódio ou o amor, se é a insensibilidade ou a sensibilidade, tudo o que sentimos, primário ou constantemente,  é subjetivamente verdadeiro porque expressa facetas possíveis de reação de um elemento, ou de nós, em relação ao outro. No entanto, apenas pela racionalidade, que conseguimos superar essa fase imatura de inteligência, em que determinamos a totalidade de uma verdade, pelo que sentimos, e que tem resultado, coletivamente, em tantas consequências trágicas ao longo de toda história humana.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

O conhecimento da sabedoria

Sejamos realistas. Falamos por nossas próprias perspectivas, que são os nossos lugares de fala, vivência, compreensão e também de vertigens. A sabedoria, a busca pelo conhecimento, se principia pelo âmbito individual, pelo único começo do qual poderíamos começar, por nós mesmos. O realismo é o primeiro aprendizado da sabedoria. Não esse, associado à 'maturidade' de competir, de prestar obediência à  roda de exploração humana, que aponta para uma gaiola e a chama de liberdade. É o realismo da maturidade, que chama as coisas por seus verdadeiros nomes, pelo que são: gaiola de gaiola, parasita de parasita, vida de morte, de tempo; vida humana de filosofia. 

A sabedoria não é sobre grandeza, de quem sabe mais. Não é competição ou concurso. Sábios não são polímatas. É sobre proporção de realidade não-subjetiva que o indivíduo consegue aceitar. Ou, de fatos, distorções e ilusões. O quão enraizado na realidade ele está. Não é essa raiz exposta, superficial, de cultura, mas de seu interior, conectando-nos, pelo existencial, ao que é universal. 

O conhecimento não é apenas o saber sobre dado fenômeno, circunstância ou elemento, mas tendo como finalidade perguntar o porquê, para que e para quem. De fazer tais perguntas, do que está implícito. E, o que está implícito em toda invenção humana, e em todo ato de existência da vida, é a distração. Viver é se distrair, acreditar, até o mundo em que vive desaparecer com o sopro da morte. Carros, casas, coisas.. conquistas mundanas.. ideais. Nos distraímos com elas para viver o máximo de tempo possível desapegados do ritmo do próprio tempo, acreditando que está distante, setorizando a rotina do olhar em vários olhares, como um espelho quebrado, de gratificações,  enquanto o tempo nunca se afasta. Talvez, seja este o mais profundo de todos os conhecimentos. 

O olhar filosófico ao que a ciência tem feito, sem filosofia, é tendenciosamente reprovador. A ciência tem se entregado à sua ficção, sem a densidade da filosofia, se transformando num artesanato útil e rentável. 
As diárias trocas comerciais. 
A quantidade de dinheiro que a humanidade ganha, perde, rouba. 
A enorme importância que dá ao frívolo, ao derivado, ao passageiro. Um novo organismo, um planeta paralelo, um refúgio, que mais parece um purgatório ou, se quiser essa metáfora, fazenda. 
Não é sobre economia, política, artes, sociedade, cultura ou religião. É o que está implícito em tudo. Suas intenções reais e também as ideais. De trazer as verdades absolutas para o cotidiano, ao invés de esconde-las, como têm feito as mitologias. Dentre elas, a significância do simples e extraordinário ato de viver. 

Além de sempre partir do potencial do indivíduo, de sua perspectiva, a sabedoria também se expressa pelo pensamento crítico, acessado a todo momento que for possível, isto é, em relação a praticamente tudo o que fazemos no cotidiano, das ações aparentemente mais simples até às mais complexas, de olhar para o chão e evitar pisar o máximo que consegue, em formigas e outros insetos, em vidas, até à realização de um trabalho, artístico, científico, acadêmico, etc

A sabedoria é onisciente, onipresente e onipotente para quem passa a respeitá-la, a buscá-la, a compreende-la. Para quem a odeia, o peso de sua gravidade é sufocante. É como uma promessa depois de um suicídio abortado, e então, de reverência e respeito profundo sobre a vida; de um culto verdadeiro à ela, a nós, por também ser ao indivíduo [que é a sua expressão mais significativa]. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Por que não o óbvio


1. Dividir as penitenciárias a partir de categorias e níveis de crimes:

- Separando ladrões de homicidas;

- Homicidas que cometeram crime hediondo de homicidas que cometeram ''crime de honra'';

- Predadores (crimes violentos) de parasitas (políticos corruptos* ou patrões abusivos)
etc

Até mesmo para que fique mais fácil julgar os casos, sabendo quem apresenta reais chances de ressocialização e quem não tem.

2. Desarticular hierarquias típicas dentro das cadeias, isolando machos e fêmeas alfas para que  não consigam ter acesso a uma comunidade lá dentro para organizar e liderar (aliás, uma lógica muito comum, que pode, inclusive, ser aplicada em escolas visando à redução da bagunça). Criar tipo uma solitária para esse tipo, geralmente menos comum [ainda que também possa ser importante não deixá-los com nenhum convívio, os próprios carcereiros poderiam servir para esta função].

...

3. E claro, o trabalho preventivo. E qual é??

Luta verdadeira e inteligente contra as desigualdades sociais e trabalho psicológico de base, desde a infância,  buscando identificar sinais de transtornos psiquiátricos como a sociopatia, e, dependendo do nível de periculosidade da criatura selvagem, interditá-la antes que comece a ''colocar suas manguinhas de fora''.

 Não acho que seja preciso de uma dinheirama para reorganizar as penitenciárias brasileiras da maneira como se deve..

* E se ainda não comentei, há de se, obviamente, combater as causas mais estruturais da corrupção na política brasileira e uma delas é o papel de destaque no oferecimento de vantagens significativas à classe política como uma mina de ouro que atrai especialmente os tipos parasitas, tal como jogar açúcar no chão e esperar por formigas famintas e gulosas...

''Gosto não se discute''.. Julgo de valor ou mais uma cacofonia delirante


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Existe o melhor e o pior

E o certo e o errado

Porque existem critérios.

Mas, também existem expectativas irrealistas.

Quando um comportamento é comparado a um critério que, originalmente, não lhe apetece. Um exemplo muito óbvio. Dizer que peixes podem voar. O critério ''capacidade de voar'' não é possível para espécies adaptadas aos ambientes aquáticos.

Um outro exemplo, este que exige mais nuances no raciocínio: dizer que a homossexualidade está errada porque não atende ao critério reprodutivo, já que seres humanos do mesmo sexo não podem gerar vida juntos. E quem disse que eles são capazes disso??

Ainda assim, indivíduos homossexuais são, em sua maioria, perfeitamente aptos de se reproduzirem, desde que o façam ao modo hétero. Isso que eu nem estou falando dos bissexuais..

A prática homossexual e, especialmente a bissexual, não impossibilita de maneira absoluta a procriação, como se ser gay fosse o mesmo que ser estéril... fim de papo?

Não.

Mas e a sua utilidade??

Com certeza que a utilidade é o critério mais usado para julgar o nível de naturalidade ou verdade das coisas, comportamentos e fenômenos. No entanto, antes de um fato ter utilidade ou existir colaborativamente para um certo sistema ao qual se encontra, ele existe ou é útil para si mesmo, pois tudo o que existe na realidade, tem como principal função sua autoexpressão.  Exemplo, árvores. Muito antes das árvores ou plantas, de modo geral, serem úteis para as outras formas de vida, elas existem única e exclusivamente para si mesmas. O mesmo acontece em relação aos fenômenos como os atmosféricos. E também para os comportamentos ou expressões derivados de fenômenos herméticos como os organismos vivos.

Certo e errado são conceitos se referem a  níveis universais de match e unmatch.. usando o jargão dos aplicativos de relacionamento. Na realidade mesmo,  certo e errado são correspondentes e dissonantes, quando um critério ou pré-condição não é possível de ser atendido.

 Certo e errado, sem nos referirmos às construções morais particularistas ou perceptivamente restritivas do ser humano, são limites para as pré-condições, ou de correspondências, isto é, se deu match, um pouco ou definitivamente unmatch. Melhor e pior se encontram dentro desses limites absolutos de certo e errado, ou, ainda podem ser definidos como suas versões relativas.

É errado para o peixe viver fora d'água, e claro, o certo é o oposto. Em compensação, é melhor o peixe viver em um ambiente com poucos predadores e o pior é o contrário.

Continuando com o exemplo da sexualidade humana...

 A heterossexualidade (e também a bissexualidade) é melhor que a homossexualidade como comportamento útil para a reprodução da espécie humana [critério utilitário (direto) de reprodução]. Este fato só é negável por alguns ativistas LGBTs, excessivamente atomizados na ideologia que alimenta os seus ativismos, chegando ao ponto de demonizarem a heterossexualidade, uma espécie de reação, diga-se recíproca, a séculos de demonização da prática não-heterossexual.

Atribuições utilitárias primárias são tão importantes quanto à mais usada para definir utilidade. Primeiro, a autoexpressão ou, a básica necessidade de que algo exista para ter sua existência validada. Segundo, seu nível de equilíbrio. Terceiro, se sua autoexpressão pode ter alguma serventia além de servir à si mesma. A pele preta se auto-expressa. Se não apresenta grande restrição ou sensibilidade, passa no crivo ou critério de equilíbrio, sem cair na categoria de desordem (como o albinismo e o vitiligo) e tampouco de doença. Por fim, se apresenta utilidade além de si mesma, e sim, apresenta, pois é mais adaptável em zonas intertropicais. Neste sentido, partindo do fato que regiões quentes são mais geograficamente extensas que as mais frias, uma pele bem escura parece ser melhor do que uma pele muito branca.

Ainda menos diretamente utilitário em relação aos traços físicos é a cor dos olhos. Por mais que o azul seja uma cor mais apreciável que o castanho escuro, sua utilidade ou função real é auto-expressiva. A priori, nada de errado aí.

Desordem e doença

Seres humanos binários são os mais propensos a definir ou a compreender a realidade por critérios excessivamente abruptos, justamente por apresentarem níveis simples de sofisticação intelectual, de capacidade de julgamento. Daí é comum o alargamento dos conceitos de errado e pior e, consequentemente os de antinatural e/ou mórbido, já que a dimensão de aceitável pra eles é mais limitada, em acordo com o alcance de suas consciências.

Vejamos novamente a homossexualidade.

Primeiro, como definir doença ou diferencia-la de uma desordem?

Simples, por seu nível de desordem, sempre tendo em mente o critério mais importante de todos, o equilíbrio de sua expressão, baseado nas leis onipresentes da lógica.

Tudo aquilo que causa grande avaria no nível de bem-estar, estabilidade ou equilíbrio do indivíduo, podendo levá-lo a óbito, é muito provável de ser denominado como doença.

Toda doença é uma desordem por ser um nível mais desequilibrado de um estado de desordem. Mas, nem toda desordem é uma doença.

Gripe e Mal de Parkinson são exemplos de doenças características. Mesmo que a gripe não seja originalmente letal, ela causa grande desconforto ao indivíduo e apresenta uma natureza decididamente derivada, por ser a intrusão momentânea de um microrganismo dentro de um maior.  O Mal de Parkinson também causa grande desconforto, desequilíbrio ou perda de autonomia do indivíduo ainda que sua causa possa ser menos ''derivada'' que a da gripe. O fator fundamental que os une é o nível de desequilíbrio orgânico [com progressão potencial] inteiramente causal, em que o vírus da gripe causa a reação do organismo que, por sua vez, debilita as forças do indivíduo, e uma possível tendência genética que, se fatalista ou amplificada por certos gatilhos, resultam nos sintomas que se caracterizam como Mal de Parkinson.

A esquizofrenia se encontraria no limite máximo, entre a desordem com baixo a inexistente nível causal de morbidade, e a doença, porque apresenta vários critérios em que pode ser classificada em ambas.

A síndrome de Down, apesar de sua expressão fenotípica generalizada e, portanto, reconhecível já pela aparência do seu portador, também apresenta uma complexidade que a previne de ser plenamente classificada como doença.

 Tá. E a Homossexualidade??

Muitos dos problemas emocionais de indivíduos homossexuais têm origens extrínsecas. Pergunte para qualquer um que foi ou que é sadicamente perseguido, diária a semanalmente hostilizado, se é fácil viver neste estado de sítio, inclusive com riscos reais à própria integridade física??

Aposto que os ''afeminados'', que são os mais visíveis ao ódio irracional dos ''elos perdidos'' [conservadores], são os mais propensos a padecerem desses efeitos traumáticos.

Quem passa por isso a vida toda e consegue chegar ao final dela, sem cometer suicídio ou perder, por definitivo, a sua estabilidade emocional, com certeza é um sobrevivente. Se aproxima do estado de pós-trauma que aflige milhões de ex-combatentes de guerras.

Levando-se em conta que construímos nossas memórias muito pelo que vivemos; traumas e autoestimas debilitadas, mais uma possível sensibilidade intrínseca, por exemplo, pré-disposições para estados emocionais de ansiedade, explicam parte, talvez significativa, dos problemas psicológicos enfrentados por muitos mas não por todos os homossexuais de ambos os sexos, e/ou LGBTS de maneira geral. O simples fato de existirem gays e dykes plenamente saudáveis, já seria suficiente para classificar a homossexualidade como uma variação natural do comportamento sexual humano, muito provavelmente na fronteira entre a ordem plena [quando uma expressão preenche todos os requisitos ou critérios para ser definida como tal] e a desordem não-mórbida [que não é causalmente letal]. Os outros comportamentos estatisticamente mais comuns neste segmento populacional não são mais do que correlações.

Com a autoconsciência humana, o indivíduo se torna mais consciente sobre o significado da vida, que está em seu próprio ato, de viver, e, então, se torna mais hedonista, passando a buscar pelo prazer, tendo-o como finalidade ou utilidade auto-expressiva, isto é, auto-sensitiva. E isso também é observável para os outros tipos de comportamentos, por exemplo, a crueldade, que também tem um apelo auto-expressivo ou auto-sensitivo em ''alguns' de nós, pelo prazer de se cometê-la, sem ter uma utilidade secundária, isto é, do comportamento x resultando em y. E, o que está subjacente em todo comportamento que busca gratificação é o desejo pela sensação de certo equilíbrio, se tudo em excesso sempre acaba fracionando a sensação de prazer. Para os seres humanos, portanto, até mais do que para as outras espécies, o sentido de utilidade adaptativa, de um traço servindo como um meio para uma finalidade e não em si mesmo, passa a dividir seu monopólio pelo critério autoexpressivo, justamente o primeiro de todos os critérios que validam a veracidade de uma realidade: elemento, fenômeno ou comportamento.

Gosto não se discute??

Sim e não. Depende...