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domingo, 24 de novembro de 2019

Representatividade versus capacidade [alerta radioativo para a esquerda-lacração]

Resultado de imagem para a usp vai ficar preta

Fonte: https://acervo.racismoambiental.net.br/wp-content/uploads/2015/04/cotas-usp-vai-ficar-preta-750x410.jpg


[Alerta radioativo para a "esquerda"-lacração]

(Texto relativamente antigo que pensei em não postar por achá-lo muito polêmico. Mas já que comecei a postar outros até mais polêmicos... com alguns pensamentos já compartilhados nesses textos) 

"A USP vai ficar preta"(???)

Conteúdo de um cartaz levantado em uma manifestação a favor do aumento da "representatividade" nesta universidade de São Paulo...

"Progressistas', em média, acreditam que, para promover mais igualdade social é preciso aumentar a representatividade de grupos historicamente oprimidos em espaços importantes, como a mídia e as universidades, como um exemplo mais notório a implementação de cotas raciais e de escola pública nas universidades federais e para cargos públicos. Também acreditam que as diferenças intelectuais entre grupos humanos são inteiramente produtos do meio e, portanto, não fará diferença se o critério de admissão para o ensino superior for mudado de competência técnico-intelectual para características raciais.

Suas intenções podem ser as melhores possíveis, mas, antes, é preciso analisar de maneira imparcial os fatos envolvidos para ver se estão mesmo com toda razão.

Representatividades distintas e causas intrínsecas mais importantes que as extrínsecas

Estudantes de origem asiática, especialmente a japonesa, estão super-representados nas universidades brasileiras, públicas e privadas. O mesmo pode ser dito sobre estudantes de origem judaica e libanesa. 

Existem explicações politicamente corretas e incorretas para isso. Primeiro, causas extrínsecas: a maioria das famílias de descendentes de japoneses, libaneses e judeus têm prosperado no país, alcançando um bom nível sócio-econômico, e tornando possível que seus descendentes consigam estudar até ao ensino superior sem ter que priorizar pelo trabalho, logo cedo em vida. A maioria deles chegou pobre no país. Foram e, muitos continuam a sofrer discriminação, principalmente verbal, por exemplo, as piadinhas sem graça sobre japoneses e seus descendentes. Não têm o legado da escravidão nas costas, mas, novamente, suas vidas não foram fáceis, especialmente para os imigrantes japoneses que saíram de muito longe para um país culturalmente estranho. Pois a hipótese do legado da escravidão sugere que, UNICAMENTE por causa dela, de quatro séculos de escravismo negro e, depois, com a abolição, nenhuma ajuda do governo para os libertos, incluindo a existência de um racismo estruturalizado, em que as pessoas pretas eram tendenciosamente desprezadas para ocupar posições de relevância na sociedade, as diferenças raciais em padrão de vida e representatividade permanecem. É uma hipótese muito forte, porque tudo leva a crer que apenas isso pode explicar as diferenças, que nós podemos ver, entre os grupos raciais no país, mesmo num país de muita miscigenação. No entanto, quando analisamos as trajetórias de grupos, como os brasileiros de origem japonesa, podemos nos perguntar o quão forte ela é. E mais, a existência de uma minoria preta "bem sucedida", não apenas de agora, mas de 80, 90 anos atrás... 

A exceção prova a regra

Nipo-descendentes sofreram forte discriminação no passado, por serem de "raça mongoloide", e continuam a sofrer preconceito, inclusive de brasileiros que não são autodeclarados brancos. Eles não chegaram ricos aqui. A maioria veio para trabalhar no campo. Fez a transição para a cidade, começando a trabalhar em empregos humildes. Hoje, em termos de padrão de vida, essa população tem um dos melhores do país. As coisas não foram dadas de graça pra eles. As melhores terras para plantar ficavam com os patrões ou eram compradas por quem tinha dinheiro. Tiveram que se virar e conseguiram. Pois mesmo se não existissem brasileiros de origem japonesa e sua trajetória coletiva de sucesso, apesar dos muitos percalços num país complicado como esse, ainda é perfeitamente possível analisar os diversos indicadores de comportamento, personalidade e inteligência para constatar aquilo que causa calafrios na maioria daqueles que se dizem blindados de fake news e ignorância, e que querem um mundo melhor...

Estudar em escola particular

Isso também está relacionado com um maior acesso à educação superior. A explicação habitual é de que o ensino nas particulares é, em média, de maior qualidade que o das públicas. 

Mas será que é só isso mesmo?? 

Afinal, não são todos nem a maioria dos que estudam em escolas particulares que conseguem passar no vestibular para estudar em universidades federais. Sem falar dos que estudaram em escolas públicas e conseguiram passar na universidade com nota alta o suficiente para passar sem ajuda de cota. Também existe o fator financeiro que facilita muito que estudantes de classe média alta e alta consigam tirar diploma mesmo se for por uma universidade particular, geralmente considerada de menor qualidade de ensino que a pública...

Agora, aquela causa muito provável [e de ser mais importante], que provoca calafrios na grande maioria dos que se declaram como progressistas, a intrínseca.

Então, já parou para pensar se algumas pessoas praticamente nascem com maiores facilidades cognitivas (convergentes, divergentes e/ou racionais) que as outras??

Pois é quase certo que suas suspeitas não estão erradas. Afinal, vemos isso a todo momento, nos ambientes de trabalho, nas escolas e dentro de casa. 

A maioria dos progressistas, tradicionalmente ou, como tem acontecido, sempre deslegitimam essa causa, pois a associa ao nazismo e também à eugenia, outro termo pelo qual desenvolveram bloqueio, resultando em conceituações pobres de suas autorias e apropriação da extrema direita... 

Enquanto acusam apenas os conservadores de acreditarem em verdades absolutas, concluem de maneira absoluta que a inteligência humana é totalmente plástica e, portanto, basta igualar os ambientes escolares, por exemplo, de diferentes classes sociais, para obter resultados similares entre os indivíduos e dos grupos ou identidades aos quais pertencem. Mas, apenas analisando padrões e a nós mesmos, podemos perceber que nossas personalidades e inteligências não são produtos absolutos do ambiente, que é muito provável de termos nascido com predisposições. 

Existem muitos exemplos que problematizam essas crenças behavioristas. Um deles é a existência de crianças superdotadas, que demonstram avanços cognitivos muito acima de suas idades cronológicas, ainda mais quando nascem em famílias pobres. Uma demonstração de que características intrínsecas têm um papel central em nossos desenvolvimentos intelectuais. E, com isso, não estou querendo dizer que fatores extrínsecos não tenham qualquer influência, mas que geralmente não são mais influentes que os intrínsecos.

Outro exemplo: capacidades verbais, particularmente sobre escrever "certo', respeitando as regras ou convenções ortográficas e gramaticais [do momento] da língua que se fala.

Pois mesmo quando 100% das crianças são alfabetizadas, "sempre" existe uma diversidade de aprendizado dessas regras que perdura por toda a vida. 

Tamanho e sofisticação do vocabulário são um bom parâmetro de comparação. E claro que não para por aí. Na matemática, em outros conhecimentos científicos e no filosófico, as diferenças continuam a existir e não podem ser unicamente atribuídas às condições circunstanciais, afinal, se fulano decidiu acreditar no terraplanismo, a "culpa' também é dele, aliás, principalmente dele. Novamente, fatores extrínsecos ao indivíduo, tal como o acesso a material escolar, viver em um ambiente familiar minimamente tranquilo, ajudam, mas não são capazes de alterar predisposições biológicas profundas. Por exemplo, eu, que nasci com uma imaginação acesa e a expresso desde que me conheço por gente. Não é possível dizer que a educação que recebi dos meus pais me deixou mais imaginativo se eu sou assim desde a primeira infância, de quando tinha uns quatro ou cinco anos de idade.

Voltemos ao problema da representatividade.

Se existem diferenças individuais de inteligência e comportamento e que não são apenas ou especialmente resultados de influências ambientais, então, não é difícil extrapolar essa mesma lógica para grupos humanos, quanto à raça, gênero, etc... 

A maioria dos brasileiros de origem japonesa, ainda mais hoje em dia, são realmente mais privilegiados por virem de famílias de classe média e alta. Mas seus antepassados que chegaram no Brasil não eram ricos e tiveram que lutar para alcançar esse alto padrão, que não seria possível se também não tivessem empregado suas inteligências e se, primeiro de tudo, não tivessem, em média, um maior potencial cognitivo. 

Já quanto aos afro brasileiros, onde o cenário tem sido o oposto, as causas principais são as mesmas, seus potenciais cognitivos (em média, comparativamente mais baixos) e suas tendências (desfavoráveis) de comportamento, em contraste aos nipo brasileiros e que, neste caso, têm contribuído para dificultar a ascensão social da maioria desses indivíduos, ainda mais em uma sociedade capitalista como a "nossa'.

Eu não seria injusto de desprezar a existência e a influência do racismo estrutural, especialmente no passado. Mas foi justamente pela percepção intuitiva dessas diferenças médias de desempenho cognitivo e comportamental, exagerada por crenças legitimamente racistas (de generalização de grupo e associação causal do fenótipo racial a comportamentos) e também atreladas à crenças classistas (preconceito por classe social), que negros e pardos têm escasseado em profissões de maior prestígio. Mas não apenas porque eram excluídos.

É o equivalente a uma junta decidir pela exclusão sumária da grande maioria ou de quase todos os estudantes de uma escola hipotética, de disputar campeonatos de natação por se constatar que não conseguirão alcançar uma alta performance nesse esporte. Os mais prejudicados neste cenário, bem como no caso dos afrodescendentes, são a minoria que é naturalmente capaz e que é considerada igual aos outros do seu grupo. Pois o que mais amplifica as diferenças sociais, incluindo as raciais, é o classismo estrutural, "espinha dorsal" das estruturas vigentes que perpetuam essas mesmas diferenças. Como eu já comentei em outros textos, o maior problema não é ter poucos negros e pardos advogados ou médicos, já que o ideal é que, para exercer qualquer cargo o indivíduo tenha capacidade, vocação e caráter, e não que seja branco ou negro. O maior problema sobre as desigualdades sociais ou, salariais e patrimoniais, é, primeiro de tudo, que elas existem, começando pela existência de diferenças salariais significativas entre as profissões consideradas de maior prestígio em relação às de menor prestígio.

Portanto, a ideia de que a representatividade racial deva substituir o mérito pode ser muito mais problemática do que se pensa, mesmo que se baseie no pensamento racional de eliminar desigualdades sociais e injustiças históricas. Por isso que, haveria de se buscar por outros meios para se chegar a essas finalidades filosoficamente desejadas, a partir do momento que for concluído que a imposição de representatividade, per si, pode resultar no favorecimento de profissionais aquém, nas áreas que escolheram, e multiplicação de mais conflitos, dentre elas a exacerbação do próprio racismo, enfim, de combater uma injustiça com outra...

E o mito do ''universidade para TODOS''

O problema da massificação das universidades ou a crença de que existem para que todos possam tirar diplomas

Este desgoverno bananeiro do palhaço, e com pretensões claramente fascistas, é predominantemente estúpido e cruel, algo muito fácil de ser percebido. No entanto, não é incomum que, do mais insensível, algumas verdades, proibidas ao mais sensível, possam ser proferidas. 

O ministro da deseducação, não esta besta atual, mas aquele pseudo-filósofo que foi destituído do cargo, é um exemplo desta lógica, pois não mentiu quando concluiu que as universidades não foram feitas para todo mundo. Se todo mundo fosse capaz de se tornar pesquisador, professor universitário, tecnicista de alto nível e/ou cientista, isso faria sentido. Mas porque a maioria das pessoas não têm esse nível de capacidade, e até poderia pensar em mim como parte dessa maioria, ou, no limite de compatibilidade, então, não é possível ou idealmente desejável que todos possam frequentar uma universidade. Mesmo assim, se o aumento de pessoas e de pessoas de todas as raças, frequentando as universidades, não for baseado no desfavorecimento direto do mérito daqueles, isto é, dos ''brancos', especialmente de classe média, então não haveria qualquer problema. Em um texto longínquo, eu sugeri que, uma maneira de solucionar esta situação, seria pela construção de mais universidades públicas. O problema seriam os gastos que isso provavelmente resultaria. De qualquer maneira, o maior problema não é que tenham poucos negros, brancos ou amarelos nas universidades e sim que existam essas diferenças tão grandes de valorização salarial entre as profissões. 

Eu poderia pensar o mesmo para o exército, pois não é todo brasileiro que tem condições físicas e psicológicas para fazer parte dele.

Outro problema que acredito ter encontrado, que talvez seja até mais relevante e poderia "pegar um coelho com uma arapuca só". 


Provável falta de representatividade (cognitiva)


Eu vejo o tipo predominante de prova do vestibular o aspecto mais injusto dos meios de acesso à educação superior, por desprezar a diversidade de estilos cognitivos, por exemplo, o tipo mais criativo, que não é contemplado porque as provas de admissão analisam apenas as capacidades cognitivas convergentes, como a de memorização. 

A maioria dos progressistas parece culpar a ideologia da meritocracia como uma das principais causas para as desigualdades sociais. Eu não entendo bem se criticam uma cultura legítima de mérito, mesmo que muito parcial, tal como nós temos, ou justamente a parcial legitimidade de sua prática. Não é racional condenar um sistema que busca dar oportunidade de atuação ao mais competente para determinado conjunto de atividades. É por causa da meritocracia que existem filtros para selecionar os melhores de cada área. Idealmente falando, era assim que tinha de funcionar. Mas na realidade, é menos que isso porque os critérios para uma série de finalidades tendem a ser muito frouxos, incluindo a ocorrência paralela de favorecimentos, a priori, anti-meritórios, por exemplo, o infame QI no sentido de "Quem Indica". Portanto, o problema não é a meritocracia, per si, mas como que tem sido imposta nas sociedades, especialmente a brasileira. Eu já comentei que, premiar aqueles que fazem mais lucro, não é um bom critério de meritocracia pois estará colocando no topo da sociedade os mais gananciosos, que, estando no poder, governarão para si mesmos, pensando apenas em aumentar seus privilégios.

Então, quando fazemos provas de concurso ou vestibular, aspectos fundamentais da inteligência humana, como a criatividade, a racionalidade e a inteligência emocional, passam batido. Como resultado, tipos altamente criativos, que não apresentam habilidades convergentes capazes de fazê-los passar com segurança nessas provas, como eu, estão em risco de sequer conseguirem entrar na universidade. Eu consegui por cota de escola pública. Se não fosse assim, talvez não teria conseguido. E, quando entrei e fiz o curso, praticamente não vi nada de incentivo à criatividade, muito pelo contrário!! Já sobre a racionalidade, também não a vi sendo adotada de maneira sistemática, mas imposição de ideologias, como sempre.
 
Outro problema é que provas típicas de vestibular privilegiam constituições cognitivas simétricas, isto é, basicamente se consistem na continuação do padrão escolar, de buscar por um único modelo ideal de estudante enquanto despreza sumariamente a diversidade de tipos humanos. Se existem pessoas que são muito capazes em algumas áreas do conhecimento ou da inteligência humana e, ao mesmo tempo, apresentam déficits naturais ou intrínsecos em relação a outras áreas. Mas, a maioria das universidades, ao invés de construírem provas objetivas à área pretendente do candidato, ou talvez, colocar um peso menor nos conhecimentos gerais, têm feito o oposto. Todos esses equívocos partem de idealizações ideológicas ou distorções da realidade da inteligência humana.

Interessante pensar que, se métodos de admissão passassem a focar na diversidade cognitiva e também numa maior especificação objetiva quanto ao conteúdo pedido para cada faculdade, é possível que ocorresse um aumento consequente e natural de aprovação de estudantes negros e pardos, e outros de escola pública, sem a necessidade de cotas.

Como conclusão deste texto, acho muito perigoso forçar à representatividade, per si, e desprezar a necessidade de avaliação objetiva de competência específica. Também percebo que as universidades geralmente não se interessam em promover a criatividade ou a racionalidade e sim em impor ideologias, se de direita ou de esquerda, e no caso da criatividade, apenas quando passa a ser solicitada, quando já ocorreu um filtro no vestibular [e mestrado, doutorado...], que não a contemplou. E de concluir novamente que, o maior problema não é a diferença racial de representatividade em espaços de maior relevância ou prestígio social e salarial, exatamente, ainda mais quando não ocorrem meios legítimos ou anti-meritórios de exclusão, mas a própria existência de diferenças sociais excessivas.

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