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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

''Gosto não se discute''.. Julgo de valor ou mais uma cacofonia delirante


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Existe o melhor e o pior

E o certo e o errado

Porque existem critérios.

Mas, também existem expectativas irrealistas.

Quando um comportamento é comparado a um critério que, originalmente, não lhe apetece. Um exemplo muito óbvio. Dizer que peixes podem voar. O critério ''capacidade de voar'' não é possível para espécies adaptadas aos ambientes aquáticos.

Um outro exemplo, este que exige mais nuances no raciocínio: dizer que a homossexualidade está errada porque não atende ao critério reprodutivo, já que seres humanos do mesmo sexo não podem gerar vida juntos. E quem disse que eles são capazes disso??

Ainda assim, indivíduos homossexuais são, em sua maioria, perfeitamente aptos de se reproduzirem, desde que o façam ao modo hétero. Isso que eu nem estou falando dos bissexuais..

A prática homossexual e, especialmente a bissexual, não impossibilita de maneira absoluta a procriação, como se ser gay fosse o mesmo que ser estéril... fim de papo?

Não.

Mas e a sua utilidade??

Com certeza que a utilidade é o critério mais usado para julgar o nível de naturalidade ou verdade das coisas, comportamentos e fenômenos. No entanto, antes de um fato ter utilidade ou existir colaborativamente para um certo sistema ao qual se encontra, ele existe ou é útil para si mesmo, pois tudo o que existe na realidade, tem como principal função sua autoexpressão.  Exemplo, árvores. Muito antes das árvores ou plantas, de modo geral, serem úteis para as outras formas de vida, elas existem única e exclusivamente para si mesmas. O mesmo acontece em relação aos fenômenos como os atmosféricos. E também para os comportamentos ou expressões derivados de fenômenos herméticos como os organismos vivos.

Certo e errado são conceitos se referem a  níveis universais de match e unmatch.. usando o jargão dos aplicativos de relacionamento. Na realidade mesmo,  certo e errado são correspondentes e dissonantes, quando um critério ou pré-condição não é possível de ser atendido.

 Certo e errado, sem nos referirmos às construções morais particularistas ou perceptivamente restritivas do ser humano, são limites para as pré-condições, ou de correspondências, isto é, se deu match, um pouco ou definitivamente unmatch. Melhor e pior se encontram dentro desses limites absolutos de certo e errado, ou, ainda podem ser definidos como suas versões relativas.

É errado para o peixe viver fora d'água, e claro, o certo é o oposto. Em compensação, é melhor o peixe viver em um ambiente com poucos predadores e o pior é o contrário.

Continuando com o exemplo da sexualidade humana...

 A heterossexualidade (e também a bissexualidade) é melhor que a homossexualidade como comportamento útil para a reprodução da espécie humana [critério utilitário (direto) de reprodução]. Este fato só é negável por alguns ativistas LGBTs, excessivamente atomizados na ideologia que alimenta os seus ativismos, chegando ao ponto de demonizarem a heterossexualidade, uma espécie de reação, diga-se recíproca, a séculos de demonização da prática não-heterossexual.

Atribuições utilitárias primárias são tão importantes quanto à mais usada para definir utilidade. Primeiro, a autoexpressão ou, a básica necessidade de que algo exista para ter sua existência validada. Segundo, seu nível de equilíbrio. Terceiro, se sua autoexpressão pode ter alguma serventia além de servir à si mesma. A pele preta se auto-expressa. Se não apresenta grande restrição ou sensibilidade, passa no crivo ou critério de equilíbrio, sem cair na categoria de desordem (como o albinismo e o vitiligo) e tampouco de doença. Por fim, se apresenta utilidade além de si mesma, e sim, apresenta, pois é mais adaptável em zonas intertropicais. Neste sentido, partindo do fato que regiões quentes são mais geograficamente extensas que as mais frias, uma pele bem escura parece ser melhor do que uma pele muito branca.

Ainda menos diretamente utilitário em relação aos traços físicos é a cor dos olhos. Por mais que o azul seja uma cor mais apreciável que o castanho escuro, sua utilidade ou função real é auto-expressiva. A priori, nada de errado aí.

Desordem e doença

Seres humanos binários são os mais propensos a definir ou a compreender a realidade por critérios excessivamente abruptos, justamente por apresentarem níveis simples de sofisticação intelectual, de capacidade de julgamento. Daí é comum o alargamento dos conceitos de errado e pior e, consequentemente os de antinatural e/ou mórbido, já que a dimensão de aceitável pra eles é mais limitada, em acordo com o alcance de suas consciências.

Vejamos novamente a homossexualidade.

Primeiro, como definir doença ou diferencia-la de uma desordem?

Simples, por seu nível de desordem, sempre tendo em mente o critério mais importante de todos, o equilíbrio de sua expressão, baseado nas leis onipresentes da lógica.

Tudo aquilo que causa grande avaria no nível de bem-estar, estabilidade ou equilíbrio do indivíduo, podendo levá-lo a óbito, é muito provável de ser denominado como doença.

Toda doença é uma desordem por ser um nível mais desequilibrado de um estado de desordem. Mas, nem toda desordem é uma doença.

Gripe e Mal de Parkinson são exemplos de doenças características. Mesmo que a gripe não seja originalmente letal, ela causa grande desconforto ao indivíduo e apresenta uma natureza decididamente derivada, por ser a intrusão momentânea de um microrganismo dentro de um maior.  O Mal de Parkinson também causa grande desconforto, desequilíbrio ou perda de autonomia do indivíduo ainda que sua causa possa ser menos ''derivada'' que a da gripe. O fator fundamental que os une é o nível de desequilíbrio orgânico [com progressão potencial] inteiramente causal, em que o vírus da gripe causa a reação do organismo que, por sua vez, debilita as forças do indivíduo, e uma possível tendência genética que, se fatalista ou amplificada por certos gatilhos, resultam nos sintomas que se caracterizam como Mal de Parkinson.

A esquizofrenia se encontraria no limite máximo, entre a desordem com baixo a inexistente nível causal de morbidade, e a doença, porque apresenta vários critérios em que pode ser classificada em ambas.

A síndrome de Down, apesar de sua expressão fenotípica generalizada e, portanto, reconhecível já pela aparência do seu portador, também apresenta uma complexidade que a previne de ser plenamente classificada como doença.

 Tá. E a Homossexualidade??

Muitos dos problemas emocionais de indivíduos homossexuais têm origens extrínsecas. Pergunte para qualquer um que foi ou que é sadicamente perseguido, diária a semanalmente hostilizado, se é fácil viver neste estado de sítio, inclusive com riscos reais à própria integridade física??

Aposto que os ''afeminados'', que são os mais visíveis ao ódio irracional dos ''elos perdidos'' [conservadores], são os mais propensos a padecerem desses efeitos traumáticos.

Quem passa por isso a vida toda e consegue chegar ao final dela, sem cometer suicídio ou perder, por definitivo, a sua estabilidade emocional, com certeza é um sobrevivente. Se aproxima do estado de pós-trauma que aflige milhões de ex-combatentes de guerras.

Levando-se em conta que construímos nossas memórias muito pelo que vivemos; traumas e autoestimas debilitadas, mais uma possível sensibilidade intrínseca, por exemplo, pré-disposições para estados emocionais de ansiedade, explicam parte, talvez significativa, dos problemas psicológicos enfrentados por muitos mas não por todos os homossexuais de ambos os sexos, e/ou LGBTS de maneira geral. O simples fato de existirem gays e dykes plenamente saudáveis, já seria suficiente para classificar a homossexualidade como uma variação natural do comportamento sexual humano, muito provavelmente na fronteira entre a ordem plena [quando uma expressão preenche todos os requisitos ou critérios para ser definida como tal] e a desordem não-mórbida [que não é causalmente letal]. Os outros comportamentos estatisticamente mais comuns neste segmento populacional não são mais do que correlações.

Com a autoconsciência humana, o indivíduo se torna mais consciente sobre o significado da vida, que está em seu próprio ato, de viver, e, então, se torna mais hedonista, passando a buscar pelo prazer, tendo-o como finalidade ou utilidade auto-expressiva, isto é, auto-sensitiva. E isso também é observável para os outros tipos de comportamentos, por exemplo, a crueldade, que também tem um apelo auto-expressivo ou auto-sensitivo em ''alguns' de nós, pelo prazer de se cometê-la, sem ter uma utilidade secundária, isto é, do comportamento x resultando em y. E, o que está subjacente em todo comportamento que busca gratificação é o desejo pela sensação de certo equilíbrio, se tudo em excesso sempre acaba fracionando a sensação de prazer. Para os seres humanos, portanto, até mais do que para as outras espécies, o sentido de utilidade adaptativa, de um traço servindo como um meio para uma finalidade e não em si mesmo, passa a dividir seu monopólio pelo critério autoexpressivo, justamente o primeiro de todos os critérios que validam a veracidade de uma realidade: elemento, fenômeno ou comportamento.

Gosto não se discute??

Sim e não. Depende...


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