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domingo, 29 de outubro de 2017

Elas trabalham, eu devaneio

Elas, minúsculas e aguerridas, essas formigas,
No chão sujo do banheiro,
Companheiras, que cooperam no limbo da vida, 
E eu, nu, no mesmo, 
Em devaneio, pois penso naquilo em que não vivo, que não é o agora, que não é um desafio, mas um desejo, que eu seguro firme entre os meus dedos,
Na vida, estão sempre elas, sempre lutando por cada minuto, por cada resto, e isso é tudo, sempre elas,
Simples e minúsculas, diretas e robustas,
Sem tempo para pensar sem o agir,
Sem tempo para sonhar, só param para resistir,
E a vida logo lega, aos seus instintos, que as protegem e cegam, Porque não tem tempo para o vacilo, não lutam contra a realidade, Mas a favor, não rezam, acatam sem terror, por lealdade, 
São perfeitas ou então adeus, e bem-vindas de novo ao vazio,

Ao vazio do reino de Deus.

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