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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Altruísmo patológico ou empatia subdesenvolvida??

 Vejamos a situação da África em que, segundo projeções da ONU, sua população dobrará de 1 para 2 bilhões até 2050 e para 4 bilhões até o final do século XXI. Pois se os países africanos, especialmente os da África subsaariana, em média, já não conseguem prover o básico para os seus habitantes, imagine quando tiverem se multiplicado?? Além de não existir nenhum padrão consistente de que estejam, em sua maioria, se desenvolvendo, social e economicamente, essa explosão demográfica pode acelerar a destruição do meio ambiente no continente onde mais tem sido preservado. 


Bem, eu estou me colocando na situação de todos os que estão diretamente envolvidos, dos africanos e das espécies não-humanas locais, prevendo que, se essa tendência de crescimento populacional não for interrompida ocorrerá uma tragédia humanitária e ecológica de grandes proporções.  


Já um indivíduo que se define como humanista, do tipo que tem uma fé inabalável pela humanidade, geralmente considerado como mais empático, é possível que problematize esse discurso intervencionista, acusando quem o defende de neocolonialismo ou racismo, argumentando que, apenas os africanos que podem decidir sobre si mesmos, que não podemos interferir na quantidade de filhos que eles almejam ter, mesmo se for para ajudá-los. 


Eu até poderia pensar que se trata de um caso de altruísmo patológico, quando o indivíduo sacrifica ou pensa em sacrificar o seu próprio bem estar em prol dos outros. Mas, agora, vendo por outro ângulo, mais parece ser uma espécie de empatia subdesenvolvida, porque despreza o contexto, e as possíveis consequências dos seus desdobramentos, a médio e longo prazo, enfatizando apenas a perspectiva pessoal, pelo respeito máximo à autonomia dos indivíduos humanos (excluindo os animais, claro...), ao invés de considerar ambos. 


Além do subdesenvolvimento, esse tipo de abordagem empática também parece ser um produto do medo do indivíduo de ser visto como racista ou insensível perante os outros, especialmente por aqueles com os quais compartilha os mesmos valores; do seu narcisismo de querer ser reconhecido como um "bien pensant" e/ou de sua ignorância ao acreditar que está defendendo o mais certo, de estar com a "consciência tranquila". O altruísmo patológico existe, mas esse não é o caso, pelo menos não em um sentido intelectual.


Portanto, esse exemplo mostra que, para ser verdadeiramente empático é sempre preciso levar em consideração todas as perspectivas do contexto que está em análise, do contrário, pode até ser com boa intenção, mas terá lugar cativo no "inferno", se não for baseada no conhecimento sobre a situação, aumentando o risco de causar mais problemas, e sofrimento, do que de atenuar ou eliminar os existentes. 

Introvertido ou lógico? Extrovertido ou instintivo?

 Não é apenas por estar em um ambiente denso de pessoas e estímulos sensoriais que isso pode me sobrecarregar, sendo eu, mais introvertido, porque também depende de quem são essas pessoas e que tipo de ruídos estamos falando. O que realmente me deixa desconfortável é estar em um ambiente em que eu sinto uma atmosfera potencialmente  hostil ao meu redor, principalmente se percebo diferenças comportamentais ou de personalidade marcantes das pessoas, em relação a mim, que estão no mesmo local. Pois parece que a minha "introversão" não é apenas uma preferência para estar sozinho, mas também uma inclinação para pensar e agir de maneira mais lógica e seletiva em interações sociais. Por isso, quando estou ao lado de pessoas com as quais tenho construído relações de maior intimidade ou confiança, eu fico mais relaxado, até para ser eu mesmo, sem que me sinta sobrecarregado. Já quando estou com desconhecidos ou conhecidos que não tenho uma relação muito próxima, eu fico mais travado, preocupado com a opinião deles, com o que podem fazer, e isso me deixa desconfortável. Ainda mais se forem hostis, arrogantes ou desrespeitosos... Claro que eu me sinto ótimo quando estou comigo mesmo. Mas isso não significa que dispense estar em boa companhia, eu só não gosto de estar mal acompanhado. Pois pode ser daí que veio essa ideia de que nós, introvertidos, somos aqueles que, essencialmente, preferem estar sozinhos. Eu acho que não é bem isso. 


Eu também penso que, seu eu tenho poucos amigos não é apenas porque prefiro ter poucos, mas porque percebo uma relativa escassez de amigos em potencial nos ambientes sociais em que tenho transitado. 


Portanto, por essa análise, a personalidade introvertida seria mais como uma personalidade lógico-social, em que as relações interpessoais são mediadas pelo nível de confiança ou intimidade, receptividade ou reciprocidade. Já a extrovertida seria mais como uma personalidade instintivo-social, em que existe uma necessidade intrínseca para estar em ambientes sociais e/ou interagir com os outros. Ou talvez, no caso da introversão, eu esteja falando especificamente sobre o meu tipo...


Territorialidade versus dominância


Outra provável diferença é que a primeira é mais territorial, autocêntrica, intelectualmente autônoma e/ou independente de socialização, enquanto que a segunda é mais dominante, agregadora ou intrusiva, e dependente de socialização, do tipo que tende a disputar o domínio ou protagonismos dentro de espaços sociais, numa roda de "amigos', no ambiente de trabalho, etc... A primeira é mais propensa a respeitar territórios individuais. Já a segunda, por ter esse ímpeto de dominar, de se impor, está mais propensa a desrespeitá-los.  


Eu sei que poderia terminar esse texto sem fazer julgamentos, mas eu acho que a personalidade lógico-social é a mais inteligente, tanto no sentido intrapessoal, por causa de sua maior seletividade, cuidado ou precaução em relação à lugares e pessoas, quanto no interpessoal, porque se relaciona com maior respeito pelo espaço ou território alheio, especialmente quando não se expressa de maneira desequilibrada, sem que o indivíduo se torne excessivamente arredio à interações.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Maturidade filosófica

 Não importa quem você é, onde vive, o que faz, seu nível profissional, educacional, se é rico, classe média ou pobre, se está no ápice da vida ou à beira da morte, porque a maturidade mais importante de todas não é a de ser um vencedor da civilização, mas de enfrentar a realidade, sem tapar os olhos ou reprimir os sentidos. É a maturidade mais simples e decisiva de todas, de apenas seguir a filosofia, em sua essência, de buscar a verdade e nada mais que a verdade, sem cair na tentação de adulterá-la para agradar a si mesmo. E começando com as verdades mais absolutas, de compreender e aceitar que tudo será em vão, que todo sucesso mundano é um castelo de areia sendo consumido pelo tempo, que não há um sentido da vida além ou maior que ela mesma, que não há escapatória, e que o único refúgio é o amor, a amizade e a união. Não é fácil reduzir-se em humildade e apenas aceitar esses fatos, e outros tantos, e ir aceitando, sem discutir, sem lutar, construindo meios de sobrevivência ao acordar do mundo das ilusões e perceber que vivemos no deserto do real (tal como o do filme Matrix), em uma realidade desoladora, porém a mais verdadeira. Mas são muitos os que nunca despertam, que são indiferentes, colaboradores ou protagonistas das mentiras humanas e de suas consequências terríveis. Que agem como delinquentes, irresponsáveis, achando que são os mais maduros.  São apenas os mais loucos. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

2 tipos de "teoria de conspiração"

 A teoria de conspiração que é uma mentira óbvia


1⁰ exemplo: Terra plana


De que o planeta Terra tem o formato de um disco plano e que essa suposta verdade está sendo escondida por governos e cientistas...


2⁰ exemplo: Reptilianos


De que as "elites mundiais" são seres extraterrestres com aparência de réptil que teriam vindo para o planeta Terra a muito tempo e escravizado a humanidade.


A única parte não-absurda é a de que as "elites" têm, de fato, oprimido e explorado o "povo" ao longo dos séculos.


A teoria de conspiração que é mais um exagero do que uma mentira absoluta


3⁰ exemplo: "Big Farma"


De que a indústria farmacêutica tem como única finalidade lucrar com os medicamentos que produz, que são, em sua grande maioria, ineficientes e até que algumas doenças graves foram inventadas por ela, como a AIDS.


Bem, não é equivocado concluir que, o lucro seja um dos objetivos mais importantes da indústria farmacêutica, por ser uma indústria capitalista, mais até do que "servir ou ajudar a sociedade".  Mas não é verdade que todos os remédios que produz são ineficientes, inventados -única e exclusivamente- para dar lucros aos seus fabricantes. E também não parece factível que a AIDS tenha sido uma invenção de cientistas que trabalham nessa indústria.


4⁰ exemplo: Dominação mundial do povo judeu


É fato e não antissemitismo que, organizações e indivíduos judeus estão super-representados em posições de poder, apesar de seus valores demográficos oficial e comparativamente diminutos (população aproximada de 20 milhões). Mas eles não são os únicos que estão desproporcionalmente presentes em centros de proeminência ou comando, e "fazendo o mal". Apenas veja a desproporção de homens brancos, gentios ou não-judeus, heterossexuais, "conservadores" e  capitalistas nas mesmas posições de destaque...


Também não é verdade que suas contribuições têm sido homogeneamente ruins, de modo que, essa "teoria" de que dominam o mundo sozinhos, e apenas para "fazer o mal", mais parece um exagero do que uma mentira óbvia.

Sobre capitais e inteligência

 Eu fui uma dessas crianças que memorizava nomes de capitais, especialmente as de países europeus e americanos (com exceção para a maior parte das pequenas Antilhas). Isso acontecia de maneira bem lúdica, a partir de brincadeiras com mapas, em que chegava a inventar países, enquanto aprendia mais sobre os existentes. O tempo passou e essa saudável obsessão também seguiu o seu rumo. Só que parte do que memorizei, sem querer querendo,  permaneceu cristalizado na minha mente. Eu me lembro que as pessoas se espantavam quando me perguntavam e eu dizia, sem titubear, o nome da capital de um país pouco conhecido, que eu havia gravado. Isso acontece até hoje. Mas acabei concluindo que, decorar nomes de capitais é uma espécie de "conhecimento inútil", daqueles que servem mais para impressionar os outros ou como curiosidade, do que para algo mais prático na vida. Recentemente, ao voltar a pensar sobre essa minha "habilidade", primeiro, mudei de opinião em relação à sua utilidade já que, em um mundo cada vez mais globalizado, a geografia, bem como a história (enfim, as ciências humanas) mostram-se ainda mais relevantes. Segundo que, talvez, essa "habilidade" pode refletir algo mais sobre a nossa inteligência, em um sentido mais geral, do que apenas memorização específica. Por isso, resolvi pesquisar, mas não encontrei nenhum estudo acadêmico ou científico, nem em inglês, sobre essa relação.


Pois sobrou para mim, pra variar, o atrevimento de especular por conta própria, com base nos (poucos) conhecimentos que tenho acumulado e em raciocínio lógico. Para isso, vou usar as pontuações nos testes de QI apenas como referenciais para a "inteligência", se eu sei que a mesma não se limita à avaliação feita por esses testes.


Rapidamente, é preciso falar o básico sobre QI: que a sua média gira em torno dos 100 pontos, sendo que, mais alta é a pontuação, a priori, "mais inteligente", e o oposto no sentido contrário. E, também, que as médias de QI variam de país para país. Por exemplo, nos "mais desenvolvidos", elas tendem a se situar em torno dos 100 pontos, enquanto que, em alguns, a média está acima desse valor, como é o caso de Singapura que está em torno dos 105 pontos. Em contraste, o Brasil, um país "em desenvolvimento", tem uma média nacional provavelmente menor que 90 pontos, que é considerada baixa. Existem poucos estudos buscando estimá-la. Essa média, portanto, tem sido baseada nesses estudos e, também, no desempenho do país em exames internacionais, que avaliam o nível de ensino das escolas, nomeadamente o PISA.


Pronto, agora irei nos dividir em três grupos: os que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis; os que conseguem memorizá-las, além de algumas outras, especialmente dos países mais conhecidos; e os que se destacam nessa "habilidade".


Bem, parece lógico pensar que, aqueles que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis, tal como a do estado ou do país em que vivem, é mais provável que pontuarão baixo nesses testes. Eu estimo uma média de 90 pontos ou menos.


Já, quanto aqueles que conseguem memorizar essas informações básicas, adquiridas especialmente durante a infância e adolescência, é provável que pontuarão mais alto, uma média de 90 pontos ou mais.


Por fim, aqueles que apresentam bom a excelente desempenho nessa "habilidade" é provável que pontuarão acima da média 100 ou, com certeza, mais alto que a população geral, se a maioria das pessoas não parece muito versada em saber um pouco mais, mesmo sobre o próprio país. Por estarmos falando de geografia, um conhecimento importante das ciências humanas, também acho relevante comparar as médias de QI verbal dos maiores memorizadores de nomes de capitais, excetuando a parte aritmética, do que restringir a comparação apenas à média geral de QI. Pois eu aposto que, num eventual estudo, a média verbal deste grupo será maior do que sua média geral.


Sinal muito específico de superdotação intelectual??


Um dos pontos mais interessantes, a meu ver, que também parece ser um dos mais especulativos aqui, é se existe uma correlação positiva entre capacidade de memorizar nomes de capitais e superdotação acadêmica, a priori, definida de acordo com os testes de QI. Mas, por serem habilidades aparentemente tão específicas, eu acredito que, se existe essa correlação deve ser especialmente em relação à parte verbal dos testes, por ser a mais requerida nas ciências humanas. Por isso, continuo  com essa dúvida: se a grande maioria dos "CDFs" são de bons a excelentes memorizadores de nomes de capitais??


Localização geográfica...


Pois parece que, essa "habilidade", de memorização de capitais ou cidades, está intimamente relacionada com a de localizar países em mapas. Por isso, seria interessante saber se esses que conseguem memorizar muitas capitais também apresentam maior facilidade para memorizar outras informações geográficas: indicadores socioeconômicos, demográficos, culturais e históricos... em outras palavras, se, em média, seus conhecimentos geográficos estão em um nível mais aprofundado.

Uma (nova) analogia para explicar o capitalismo e especulação sobre uma hipotética sociedade sem dinheiro

 O capitalismo é exatamente como ter que pagar o pedágio a empresas privadas para que mantenham as rodovias e, também, para poder dirigir nelas, por ser o dinheiro, seu símbolo máximo, um intermediário "obrigatório" entre o desejo ou objetivo e a sua realização, e que está sob monopólio de certos grupos. Apenas pense que o capitalismo é a diferença entre um serviço ser prestado por solidariedade, cooperação e/ou vocação e de ser por interesse financeiro. Entre construir e manter estradas visando o bem comum e de fazê-lo pensando especialmente no próprio bem ou retorno.


O dinheiro representa o valor ou a recompensa pelo trabalho executado. No entanto, sabemos que existem muitas profissões em que o salário não faz jus à sua relevância, e outras em que o oposto acontece. Ou seja, não bastasse o dinheiro substituir uma forma de recompensa que poderia ser mais direta ou honesta, ainda por cima não é meritocraticamente repartido, afinal, se fôssemos colocar na ponta do lápis, concluiríamos que, por exemplo, o trabalho prestado por uma empregada doméstica vale mais do que o seu valor atual, enquanto que a profissão de juiz vale bem menos do que tem sido determinado. Não estou necessariamente defendendo que juízes e empregadas devessem receber os mesmos salários ou que as empregadas devessem receber mais, mas que, pelo menos, as suas diferenças não fossem tão gritantes e injustas...


Mas, pra quê o dinheiro??


Muitos pensam que é necessário por ser um meio eficiente de agilizar trocas comerciais e recompensar, em larga escala, as pessoas pelos seus trabalhos ou contribuições. No entanto, é ingenuidade pensar que o dinheiro foi criado apenas para facilitar as nossas vidas, porque, na verdade, tem sido especialmente para quem o controla. A priori, o maior problema nem seria a sua existência, mas a partir do momento em que é usado como principal critério de poder político, cultural e econômico na sociedade, ao invés do mais ideal, que esse critério fosse as qualidades intrínsecas e logicamente relacionadas com a capacidade de governar com responsabilidade. E só para piorar, aqueles que nos governam e que controlam e organizam as atividades econômicas não são os indivíduos mais capacitados para exercer essas funções tão importantes, pois, graças ao capitalismo, tem-se perpetuado essa ignóbil tradição, herdeira de outros sistemas opressores, como o feudalismo, de deixar sociedades nas mãos dos mais gananciosos e inescrupulosos. Enfim, uma legítima idiocracia sustentada por uma massiva propaganda que visa justamente nos passar a ideia mentirosa de vivermos em sociedades próximas ao ideal de meritocracia (ou da intelectocracia).


Portanto, uma sociedade sem dinheiro até poderia ser possível de existir, mas, primeiro, se a sua "elite", que são aqueles que a organizam e controlam, fosse composta exclusivamente pelos mais sábios, por serem os menos materialistas. Segundo e obviamente, se não existisse nenhum outro intermediador entre desejo e recompensa, além do próprio trabalho, e que fosse suficiente para a aquisição de bens materiais e imateriais, especialmente os mais básicos, que se desejasse e necessitasse. Terceiro, que a recompensa, além da aquisição direta de desejos e necessidades, diga-se, moralmente respeitosos, também fosse a própria satisfação de ajudar ou cooperar na sociedade em que se vive.


Um exemplo provável de mudança ideológica em uma sociedade intelectocrática ou ideal: minimalismo consciente ao invés do consumismo exagerado


Em uma sociedade regida apenas pelos mais sábios, e não pelos mais ricos ou socialmente influentes, o cenário atual de consumismo desenfreado, propositalmente atiçado por empresários e industriais, com o nobre intuito de aumentar os seus lucros, seria substituído pelo minimalismo consciente, em que as pessoas aprenderiam a consumir com parcimônia, dando preferência pelo que é mais essencial, inclusive ajudando a estabelecer e a manter uma relação sustentável com o meio ambiente.


Confrontação de um cenário real de sociedade capitalista com um cenário hipotético de uma sociedade (implicitamente intelectocrática e) sem o monopólio do dinheiro


Imagine que Seu Joaquim tem uma padaria e, para mantê-la, ele precisa de dinheiro que pague os seus funcionários, que compre mercadorias, que pague a manutenção do estabelecimento e as suas contas a partir dos lucros que obtém. Tudo gira em torno do dinheiro. Sem ele, Joaquim não seria ninguém, pois sua vida, assim como as nossas, vale menos que cédulas de papel.


Agora, vamos imaginar que Seu Joaquim não vive em uma sociedade capitalista e sim em uma intelectocracia onde o dinheiro foi "aposentado" de circulação, sendo substituído pela ajuda ou cooperação direta.


Então, sua vida passa a se organizar da seguinte maneira:


Ele tem uma padaria, que construiu e estabeleceu, graças à ajuda de parentes, amigos e vizinhos (a partir de troca de favores e, também, de bens pessoais). O pagamento dos seus funcionários se dá a partir do acesso a uma quantidade calculada porém farta dos produtos da padaria, que recebe de empresas, cooperativas e indústrias, que existem unicamente para servir e cooperar, e não para o acúmulo individual e desigual de lucros aos seus "donos". Se ele e os empregados quiserem adquirir outros bens, eles podem ir nas lojas especializadas. Já os seus clientes também têm acesso limitado, com valores relativamente fixos para a aquisição, aos produtos do seu estabelecimento. Afinal, sua padaria tem como função, alimentar, especialmente a população local, e não para enriquecê-lo, se ele não precisa disso para sobreviver. Também vale o velho e bom escambo, que podem resultar em vantagens extras na hora da aquisição dos bens que ele oferece. Depois de muitos anos mantendo sua padaria com a mesma aparência, ele resolve fazer uma reforma, visando ampliar suas dimensões. Para isso, contrata conhecidos e não-conhecidos para ajudá-lo: pedreiros, engenheiro... Lhes paga com acesso mais amplo aos seus produtos (claro, com tempo limitado desse acesso mais farto, de acordo com o período em que trabalharão lá). As diferenças de padrão de vida entre os indivíduos que exercem ofícios de categorias distintas são muito menores do que as que existem nas sociedades capitalistas. Porque todos têm direito a, no mínimo, uma casa ou um apartamento bonito e confortável, a um emprego estável, inclusive com a possibilidade de mudar de profissão, e acesso garantido a bens materiais e imateriais. Pessoas diferentes podem e costumam ter gostos diferentes. O engenheiro que está como chefe da obra do Seu Joaquim, por exemplo, é músico amador. Ele tem conseguido adquirir (verbo substituto de comprar) instrumentos musicais, vinis antigos... já os três pedreiros contratados não compartilham com o mesmo passatempo.


Tudo nessa sociedade gira em torno da cooperação e da verdade nas relações e não do lucro ou do prestígio social frívolo, ainda que, pessoas com realizações excepcionais, continuem a ser admiradas. De qualquer maneira, todos são admirados, respeitados e recompensados de maneira justa. Todos buscam trabalhar, se não no que mais gostam, pelo menos no que demonstram maior aptidão.


Mas, infelizmente, eu tenho sérias dúvidas de que uma intelectocracia, e sem o dinheiro como principal moeda de troca, como a do exemplo hipotético, funcionaria, ainda mais com essa humanidade que temos por agora, muito irracional. Eu sei que seria muito improvável que esse modelo funcionasse com a existência de sociopatas e psicopatas, livres, leves e soltos e, os mais espertos, empoderados, se é justamente o controle social e econômico por esses sujeitos que têm resultado nas idiocracias em que estamos. Por isso, penso que, o dinheiro, novamente, não é o principal vilão, e sim quem o controla, que ele poderia ser mantido em uma sociedade ideal ou intelectocrática, mantendo apenas a sua função mais básica, que não é de gerar desigualdades exorbitantes e enriquecer uma minoria de abutres.

Racismo "negativo" e "positivo"

 O racismo "negativo" é o preconceito contra certo grupo racial ou étnico.


Exemplo: de se cultivar opiniões sempre negativas sobre a raça negra ou os negros.


Já o racismo "positivo" é o fanatismo por certo grupo racial ou etnia.


Exemplos: de se cultivar opiniões sempre positiva sobre a raça negra ou os negros.


Ambos são lados de uma mesma moeda, da ideia de supremacia ou de perfeição de um grupo, se enfatizado em si mesmo (positivo) ou se em comparação a outros grupos (negativo).


Mas e a possibilidade de se sentir orgulho dos grupos aos quais se associa, como que isso fica??


Eu já comentei que o "orgulho branco" se difere do "orgulho LGBT" porque o primeiro se enfatiza no desprezo por outras raças do que no orgulho por sua própria raça (por mais debatível possa ser esse sentimento). No entanto, mesmo quando há ênfase no próprio grupo, sem ser tendenciosamente comparativo com outros, isso pode acabar gerando essa espécie de "supremacia positiva" ou de fanatismo, e que pode ser em relação à outras categorias, de gênero, por exemplo. Por isso, o racismo positivo precisa ser levado em consideração tanto quanto o negativo, na hora de se buscar analisar e julgar grupos humanos da maneira mais imparcial e justa possível.

Sobre a diferença entre entender e aceitar

 Não é difícil de entender que a possibilidade da existência de deus é tão remota quanto à da existência de unicórnios e dragões; que o capitalismo está longe de ser justo; que o comportamento humano não é apenas produto do meio; e que o nosso amado presidente, até essa data, tem demonstrado ser um dos piores, se não o pior presidente que este país já teve, desde a proclamação da República...


Mas, apesar da relativa facilidade de compreensão/percepção desses tópicos, são muitas as pessoas que continuam a: acreditar em deus, nas maravilhas do capitalismo, no determinismo do ambiente sobre o comportamento humano e/ou na idoneidade de sujeitos claramente sociopáticos...


Portanto, é possível concluir que, essa dificuldade não é necessariamente uma questão cognitiva, de entender, mas mais uma questão psicológica, de amadurecer e de aceitar que a verdade (objetiva) não tem que ser sempre o que gostaríamos que fosse. Porque se fosse só uma questão cognitiva ou racional, todo mundo acabaria se tornando, no mínimo, mais cético em relação a essas e a outras crenças, que também são relativamente fáceis de serem refutadas. Por isso, quando ou se estiver debatendo com alguém que está teimosamente convicto sobre uma delas, sugiro não perder seu tempo investindo apenas em argumentos lógicos, porque o "buraco é mais embaixo" aí.

O problema do secularismo capitalista

 O Estado não deve apenas manter seus interesses separados dos interesses da Igreja, mas também do Mercado, porque não é apenas a religião que tem tido grande e perniciosa influência nas sociedades humanas. Apenas perceba o nível de promiscuidade do Mercado em relação ao Estado, influenciando diretamente nas decisões políticas, primariamente atribuídas ao segundo, de maneira que, coloca interesses pessoais à frente dos do coletivo, com a desculpa de se ser para o bem da "economia" ou para o "desenvolvimento" do país...


Portanto, não basta desvincular o Estado da Igreja, mas mantê-lo subordinado ao Mercado, substituindo uma elite eclesiástica por uma elite burguesa, de indivíduos que só pensam em seus lucros, que baseiam seus métodos econômicos na exploração predatória do ser humano e da natureza, o mesmo que a Santa igreja fazia, nomeadamente na Europa medieval, durante os seus tempos áureos de supremacia política (e que continua a fazer em outros lugares do mundo, inclusive e, evidentemente, com o protagonismo de outras "religiões").


Como conclusão, o Estado, em condições ideais, precisa funcionar como um Núcleo da sociedade (análogo ao de uma estrutur celular), que governa, junto com o povo, visando o bem comum de todos os grupos e indivíduos (não apenas os da espécie humana) que estão sob a sua jurisdição e que merecerem por mérito verdadeiro ou correspondente e/ou compaixão universal, pelo reconhecimento do valor intrínseco e de igualdade essencial da vida; como uma teia básica que sustenta e interliga a todos pela harmonia e não mais como uma rede de privilégios injustos, inconsequências e tiranias.


Isso partindo do pressuposto irrealista e ingênuo de que as sociedades, particularmente as ocidentais, já estão plenamente secularizadas.

O conceito mais universal e objetivo para crime

 Crime como toda ou qualquer violação mal intencionada do espaço existencial de um individuo, humano ou não. Exemplos: o estupro, o homicídio e o roubo, ainda que, especialmente em relação aos dois últimos, pode existir uma maior complexidade de análise, pois dependem dos contextos em que acontecem para poderem ser classificados como crimes, se não são sempre praticados por motivação frívola, mas também por auto-defesa e/ou justa causa, desprezando as severas deficiências do sistema de justiça pelo qual estamos submetidos, que tem sido designado para favorecer certos grupos ou classes, normalizando atos cometidos pelos mesmos, que, por esse conceito mais objetivo de crime, também seriam classificados como tal, chegando ao ponto de se institucionalizá-los. Por exemplo, as "regras" intrinsecamente parasitárias do sistema capitalista, tanto nas relações trabalhistas abusivas quanto na gratificação salarial significativamente desigual. 


Esse conceito deriva da iluminação sobre uma das verdades existenciais mais importantes, a igualdade universal, de que somos todos iguais, em essência, vidas, e condenados a um mesmo destino final, a morte, e que por isso devemos tratar uns aos outros a partir desta realidade, transcendendo a alienação de fazê-lo enfatizando as diferenças superficiais que apresentamos. Em outras palavras, de que devemos tratar os outros de acordo com que gostaríamos de ser tratados, preferencialmente quando houver reciprocidade, respeito, empatia... 

 

"A verdade é relativa", "Não existe certo e errado"

 Novamente...  


Primeiro, o que é verdade??


Por uma definição bem básica, a verdade é a reflexão de um fato a partir da perspectiva de um ser vivo e, especialmente do ser humano, que é o único capaz de expandi-la para um nível mais abstrato. Em outras palavras, a verdade é aquilo que percebemos da realidade, e podemos fazê-lo por várias perspectivas. As mais relevantes, nessa explicação, serão a subjetiva e a objetiva.


É importante enfatizar que, primariamente, toda verdade é subjetiva porque só pode ser gerada pelo indivíduo, encontrando-se inteiramente sob o seu domínio, diferente da realidade que, independe de nossa capacidade de percebê-la, para existir; que é relativa porque varia de acordo com a perspectiva de cada um (uma perspectiva mais contemplativa). Mas ela também é objetiva porque, o que percebemos da realidade, apresenta um nível variável de precisão ou objetividade. Em relação aos dois tipos de verdade ou perspectivas que citei, a subjetiva é aquela que consiste na autoprojeção ou sensação do indivíduo sobre uma realidade específica, por interação. Já a objetiva é a contenção da auto projeção ou durante a interação em que se busca perceber certa realidade ou objeto, por si mesmo, isto é, objetivamente.


Por exemplo, quando eu sinto a chuva caindo no meu corpo e a sensação de estar molhado, isso é uma verdade subjetiva, que apenas eu, "dentro" do meu corpo, estou sentindo (ainda que outros também possam sentir a mesma sensação, apenas eu que posso sentí-la por mim mesmo). Já, quando eu consigo isolar conceitualmente a realidade da chuva, eu estou reconhecendo uma verdade objetiva, que é a própria chuva. Também o faço pela sensação, reconhecendo-a (sua própria natureza) no momento da interação e abstraindo a minha percepção que estou tendo dela em relação às de outros elementos e fenômenos, especialmente com os quais já apresento familiaridade. Agora, um exemplo mais polêmico. Se eu estou a andar pela rua e, ao ver um casal de homens se beijando, reajo com raiva ou repulsa, esse meu sentimento é subjetivamente verdadeiro...


Aí, caímos na segunda afirmativa falaciosa, de que não existe certo e errado porque, supostamente, a verdade é apenas relativa. Portanto, por essa conclusão, a homofobia e o respeito seriam considerados absolutamente equivalentes, como se fossem atos opostos, mas com consequências idênticas...


No entanto, a ideia de que a verdade é apenas relativa parece considerar somente a sua perspectiva (ou verdade) subjetiva como verdadeira. Seria como dizer que a minha sensação da chuva caindo no meu corpo é a única verdade, e não a minha percepção objetiva da própria chuva, de reconhecê-la pelo que é. Claro que apresentamos níveis variados de percepção factual e, portanto, de precisão sobre as verdades objetivas. Mas, isso não significa que nenhum ou qualquer grau de objetividade seja possível para nós... 


Voltando ao segundo exemplo, eis que, mesmo se eu tenho essa reação, que é verdadeira para mim, não significa que seja um reflexo perfeito do objeto ao qual me projetei ou que estou interagindo. Então, se eu sinto repulsa e raiva pela expressão homoafetiva, isso, a princípio, não representa a sua própria natureza. De, ela não é repulsiva porque eu a considero assim. Por isso, é importante confrontar o que se afirma (se baseado no que está sentindo ou pensando) sobre o que se afirma, de comprovar com base na realidade. E, a partir dessa abordagem racional, podemos chegar à uma série de conclusões sobre esse tópico, inclusive pelos próprios argumentos usados por homofóbicos para justificar seus sentimentos em relação à diversidade sexual: de que não é uma doença, porque ninguém fica doente de "homossexualidade", ainda que existam correlações de risco e, independente de sua possível origem biológica; de que não é errado, nem no sentido de "anti natural", nem no de "pecado". Primeiro, por serem variações naturais do comportamento sexual, não apenas dos seres humanos, isto é, por pertencerem ao "mundo natural". Segundo, porque não é um comportamento que, intrinsecamente, cause malefícios a quem o pratica, nem aos demais que não o praticam. Não é crime sentir atração pelo mesmo sexo ou sentir-se dissonante ao sexo de nascimento, se o crime, em seu conceito mais universal e objetivo, consiste em violações mal intencionadas do espaço existencial de um ou mais indivíduos (e, em um sentido hiper realista, não apenas do indivíduo humano). Mesmo quanto ao argumento de se ser "antinatural" por parecer que não tem utilidade evolutiva, já que a relação homossexual não pode resultar em concepção, aqueles que o utilizam para defender a homofobia se esquecem que o sexo, especialmente para nós, humanos, nunca foi praticado apenas para a reprodução, mas também como atividade recreativa. Portanto, a sua utilidade, nessa comparação, é a mesma que a do sexo como recreação. Sem falar que, a ideia de utilidade tende a variar muito entre indivíduos, grupos, contextos... Por exemplo, os livros que, para muitas pessoas, que não são ávidas leitoras, apresenta um valor baixo a nulo de utilidade. E claro que, o oposto para as que os valorizam mais. Pois o homofóbico, assim como qualquer outro que decreta seu gosto ou preferência como o único que está certo, sequer consideram as perspectivas daqueles com os quais antipatizam para fazer esses julgamentos que, claramente, mostram-se  precipitados e tendenciosos. 


Voltando à pergunta mais relevante: o que é certo e o que é errado??


Mentir é mais certo que dizer a verdade??


Pois mesmo que exista uma diversidade de contextos em que essa resposta não será simples, a verdade, de maneira geral e essencial, tem um valor absolutamente superior à mentira. Por exemplo, nesse exato momento, todos nós estamos interagindo com a realidade, sentindo e percebendo os fatos no presente. A verdade, como um reflexo da realidade, está onipresente em nossas vidas. Mesmo que mentir possa ter alguma utilidade específica, é a verdade, como a nossa única maneira de traduzir a realidade, sentida e percebida, que sempre prevalece no final.


Retornando às afirmações do início


Ao afirmar que a verdade só pode ser relativa, destrói-se qualquer base que possa condenar as "verdades" dos outros. Então, se eu digo que a verdade é sempre e unicamente relativa, no sentido de subjetiva, eu não posso condenar aquele que afirma o oposto... Eu também estou criando bases para condenar o sentido mais básico do conhecimento humano, a ciência e a filosofia, se ambas são esforços da humanidade de maximizar a sua compreensão objetiva.


O mesmo em relação à afirmação de que "não existe certo ou errado"...


Se o certo é mais no sentido de justo que também é mais no sentido de verdadeiro, seguro, útil, ponderado, cuidadoso..


E se o errado é mais no sentido de injusto que também é mais no sentido de falacioso, perigoso, inútil, precipitado, insensível... 


Claro que esses conceitos variam muito entre as espécies, mas, de maneira geral, podem ser definidos a partir dos limites adaptativos de cada uma. Por exemplo, de que o certo para os peixes é de viverem em ambientes aquáticos e o errado o oposto disso (eu até já o usei em um outro texto parecido). Pois as nossas concepções de certo e errado idealmente devem ser baseadas no nível mais alto de lucidez ou compreensão da realidade que podemos alcançar, que é a racionalidade. 


E para finalizar, como o último exemplo uma discussão muito importante atualmente, sobre a necessidade das vacinas.


Pois se elas nos protegem de doenças que podem ser fatais, então, o certo, dentro desse contexto, é de as tomarmos o mais cedo possível, porque apresentam essa utilidade ou finalidade específica. Já o errado é de desacreditar sua capacidade de proteção, com base em mentiras sobre a sua eficácia e segurança, evitando tomá-las. Mas é interessante pensar que a maioria das pessoas que cometem esses equívocos crassos de racionalidade não fazem com consciência do que estão fazendo, pois acreditam que as mentiras que defendem não são mentiras. E um parênteses para o caso das vacinas que têm sido produzidas para nos proteger da covid-19, já que há um certo nexo quanto ao medo de que algumas delas possam causar efeitos colaterais graves e até levar ao óbito, tal como, infelizmente, tem acontecido para uma minoria ínfima dos vacinados (exemplo: cento e poucos casos de mortes causadas "pela" vacina da AstraZeneca de um total de cinquenta milhões de britânicos que já a tomaram). 

Sobre dificuldade de aprendizagem

 Só podemos aprender ou ter dificuldade para aprender algo se apresentarmos potencial para isso, se o oposto seria dizer que um elefante tem dificuldade para aprender a voar. Por exemplo, a minha incapacidade em matemática, que mostrou-se definitiva a partir da escola, e isso não é derrotismo, é autoconhecimento. Existem exceções, claro, como a dislexia, por exemplo. Mas ainda pode-se aprender técnicas que ajudam a atenuá-la.

Além das minhas limitações em matemática, eu também tenho dificuldade para falar sem gaguejar, apesar de já ter melhorado bastante. E mesmo que a minha gagueira pareça uma dificuldade de aprendizagem, não a considero como tal, especialmente se acredito que não tenho mais como melhorá-la. Pois é nisso que o argumento deste texto se resume, de que deve haver um potencial detectável para que possa haver tanto uma facilidade quanto uma dificuldade de se desenvolvê-lo. 

Criatividade, conceito e tipos

 Um dos conceitos de criatividade mais aceitos a define como o processo que resulta em um produto novo e é considerado útil para uma sociedade. Já o meu conceito se baseia, não apenas naquilo que ela pode resultar, mas principalmente no que é, em sua essência, como expressão cognitiva: uma capacidade de percepção aguçada que pode transcender a compreensão de um campo do conhecimento, inventar novas ferramentas ou usos, subverter a consciência a partir de pensamentos originais, de maneira momentânea ou permanente... e que pode ter ou não utilidade pública.

 

Eis aí que, com base nele, pensei na hipótese da existência de dois tipos mais criativos: aquele que apresenta grande constância de originalidade em suas ideias e pensamentos e aquele que se destaca por realizações criativas mais impactantes. Pois o primeiro tipo seria o "humorista brilhante", por ser o mais expressivamente criativo, notável pela constância do seu senso de humor, manifestação pura de criatividade, e que, no entanto, não apresenta um grande potencial de realização. Já o segundo tipo seria o "cientista genial", que apresenta um perfil oposto do primeiro, com uma menor densidade de pensamentos e ideias originais mas que são excepcionais ou de grande potencial de impacto. O tipo humorista tende a ser mais voltado para o campo social, da cultura ou das artes; mais distraído e/ou hiperativo do que a média; extrovertido; sua criatividade relacionada com a expressão de sua personalidade, e com uma inteligência mais verbal e emocional. O tipo cientista claramente é o mais voltado para o campo científico; menos distraído e/ou hiperativo que o tipo humorista (mas mais distraído que a média); introvertido e com uma média mais alta de inteligência geral, pelo menos no aspecto quantitativo. Claro que, entre os dois, existem os tipos com perfis mistos que são mais comumente encontrados em outros campos artísticos, além da comédia, como as artes plásticas, a música e a literatura. E também tipos que se encaixariam nos dois perfis propostos, excepcionais na densidade criativa e no potencial de impacto, tanto nas artes quanto nas ciências (acho que são mais raros).

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Sobre (meu) QI, inteligência e sociedade

 Quando você anda nas ruas, especialmente num país como o Brasil, é esperado você se deparar com uma maioria de indivíduos que, se lhes fossem administrados testes cognitivos, pontuariam abaixo de sua média-padrão, que gira em torno dos 100 pontos. Inclusive existem alguns poucos estudos que colocam a média nacional abaixo dos 90 pontos. Esses indivíduos numerosos que você esbarra quando sai de casa estão mais propensos a parar de estudar depois do tempo de escola, a acreditar em fake news ou no que o pastor da igreja diz, a serem preconceituosos e ignorantes. Também saiba que, não é apenas o capitalismo que causa pobreza e desigualdade. Fatores individuais como a impulsividade e sim uma inteligência mais simples, também são muito relevantes; e, ao aceitar essa realidade, não significa que eu seja favorável pela perpetuação dessa sociedade, que nos castiga pelo que não pedimos para ser.

Já eu, se fizesse testes de QI administrados por profissionais, tenho quase certeza que não conseguiria pontuar alto, porque meu perfil assimétrico me impediria. Eu tenho razão para pensar assim: minhas capacidades nas ciências naturais e exatas, que estão respectivamente abaixo e bem abaixo da média; minhas capacidades nas ciências humanas que considero razoáveis; o bom nível do meu vocabulário, que parece compensar minha inabilidade (e má vontade) com as regras gramaticais. E, definitivamente, por não ser um poliglota. Tenho chegado a essa conclusão com base no meu desempenho na escola e na caralhada de testes online que já fiz. Até os calculei depois e deu uma média de 110. Mas acho que a minha média geral deve se situar em torno dos 105. Essa é uma estimativa ponderada. Acredito que estou sendo generoso comigo mesmo. Eu também sei que "tenho" o QI mais baixo da minha família nuclear, se as minhas estimativas para os meus pais e irmãos são de médias entre 110 e 120 (isso se for para mais). Portanto, se tivermos apenas o QI como parâmetro de avaliação intelectual, eu serei o menos inteligente do clã. Mas QI não é inteligência assim como balança de peso não é o peso. Inteligência e peso também não são apenas números. Eu sou um exemplo de contraponto a esses dois tipos de mensuração. Porque, em relação ao meu peso, de acordo com a balança, eu estou dentro da faixa considerada ideal para a minha estatura, até um pouco abaixo. Já em relação ao meu peso real, eu tenho cultivado uma barriga relativamente pronunciada, demonstrando que ele não se distribui igualmente. Isso acontece porque a balança só avalia uma dimensão do nosso peso, a sua totalidade, e não a sua distribuição pelo corpo, que é tão importante quanto. Em relação à inteligência e QI é a mesmíssima coisa, porque os testes também se limitam à uma avaliação unidimensional, desprezando as capacidades qualitativas como a criatividade, a racionalidade e a inteligência emocional. Nessas, eu acho que tenho me saído relativamente melhor, inclusive em relação aos meus familiares, de modo que, se também fossem comparadas, seria complexo concluir que sou o menos inteligente entre nós. Os meus textos mostram um bocado de quem eu sou, como penso e até revelam algumas das minhas capacidades mais desenvolvidas. E isso pode parecer arrogância, mas não os considero troféus para serem expostos ou mesmo úteis para ganhar dinheiro. Até por não ser fácil estar sempre defendendo a razão em um mundo onde a maioria das pessoas são subjetivistas crônicas, que preferem acreditar em mentiras subjetivamente reconfortantes do que em verdades que lhes tiram de suas zonas de conforto, e que, ainda por cima, está dominado por psicopatas desde a muitos séculos. Eu poderia dizer o mesmo sobre as desvantagens cansativas de se ter uma boa inteligência emocional, por causa da falta de empatia e de autoconhecimento de muitos seres humanos, de ter que lidar com isso tão frequentemente.

Voltando rapidamente à sociedade brasileira. Pra você ver como que a validade do QI pode ser bastante limitada, mesmo sendo verdade que uma baixa capacidade cognitiva, de acordo com esses testes, aumenta o risco da pessoa parar de estudar depois da escola e acreditar em fake news, tem sido justamente nas regiões mais ricas do país, sul, sudeste e centro oeste, em termos de IDH, onde surgiram as maiores bases eleitorais do pior presidente (bozzo) da história quase democrática do Brasil, presumindo que sejam aquelas com as maiores médias de QI. Isso acontece pelo simples fato de que, esse tipo (de tentativa) de mensuração não avalia o nosso nível de racionalidade no momento e de maneira geral ou acumulativa, até porque, a meu ver, não é possível fazê-lo sem contextualizar no mundo real, se se pode pontuar alto num desses testes de racionalidade ou de pensamento lógico racional que tem aparecido por aí,  mas estar sempre racionalizando com desenvoltura crenças pessoais infundadas. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Sobre níveis de ceticismo

 Vejamos três exemplos:


Predomínio da influência biológica na inteligência humana, existência de vida extraterrestre e de deus/eternidade.


Em relação à possibilidade de predomínio da influência biológica na inteligência humana, existem padrões, que são rastros de evidências concretas, por serem comportamentos ou características que se repetem, que corroboram para a sua veracidade. Existem vários exemplos desses padrões. Um deles é o fato de que filhos adotados tendem a apresentar níveis similares de inteligência aos dos seus pais biológicos do que dos seus pais adotivos. Com base nisso, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja baixo.


Em relação à existência de vidas extraterrestres, não existe sequer um rastro de evidências concretas ou de padrões, tal como têm no primeiro exemplo, se a grande maioria dos relatos e provas de aparições de naves estranhas ou de abduções são duvidosos. No entanto, existem razões lógicas baseadas em padrões existentes que, indiretamente, corroboram para a possibilidade de existência de vida fora do planeta Terra. Por exemplo, o tamanho impensavelmente descomunal do universo, cheio de planetas e sistemas solares similares ao nosso, com potencial de terem condições de abrigar vida simples à complexa. Por isso, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja médio.


Por fim, temos o caso da crença na existência de deus/eternidade, que não tem absolutamente nada, nem rastro de evidência concreta nem razão lógica respaldada por padrões existentes que, indiretamente,  corroborem para a sua plausibilidade. A única e remota ou proto razão lógica pela qual se baseia é a de que "se toda criação tem um criador (supostamente falando), então, o mundo ou o universo também tem e que se chama deus". Se tudo o que existe teve um momento de surgimento ou "criação", não significa que tudo foi literalmente criado por uma entidade consciente e absolutamente poderosa. Mesmo que não seja possível provar, pelo método científico, nem a existência nem a inexistência de deus/eternidade, não há nada de remotamente concreto que apoie a tese de que exista,sem falar que o ônus da prova recai sobre aqueles que acreditam. Portanto, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja o mais alto possível.


Pois se deveríamos, por exemplo, repensar sobre os métodos tradicionais de ensino usados na maioria das escolas, por estarem baseados na crença de que o meio tem um papel predominante no intelecto humano, em  relação à biologia; se também deveríamos  continuar preocupados ou ansiosos com a possibilidade de descoberta ou de aparição de seres vivos vindos de outro planeta; não mais deveríamos manter ou tolerar o nível de influência cultural e política das "religiões" organizadas nas sociedades humanas, no máximo delegando-as um nível similar de poder, em sua maior parte,  inofensivo, que atualmente tem a astrologia. 


Sobre ateísmo e crença religiosa, correlação ou causalidade??

 Uma pesquisa realizada com 1.417 residentes nos EUA descobriu que pessoas que cresceram em lares sem forte doutrinação religiosa são mais propensas a serem ateias.


Fonte:https://www.psypost.org/2021/10/new-psychology-research-identifies-a-robust-predictor-of-atheism-in-adulthood-61921


Então, os pesquisadores desse estudo concluíram que o principal fator para alguém se tornar ateu é se tiver tido uma criação secular ou sem (tentativa de) imposição de crença religiosa. De que, se quiser entender por que alguém se torna ateu, basta olhar para os seus pais...


Eu não sei se concordo com essa conclusão porque penso que foi encontrado uma correlação (positiva) entre as duas variáveis da pesquisa, ateísmo e tipo de criação recebida, e não uma relação diretamente causal entre elas. Por isso, acho que não é possível afirmar que a escolha individual pelo ateísmo seja unicamente determinada por uma educação não-religiosa dada pelos pais, se não são todos os ateus que cresceram nesse tipo de ambiente.


Como resultado de minha discordância pontuarei rapidamente nesse texto outros caminhos para um possível aprofundamento, tanto da pesquisa quanto do tópico que aborda.


Vamos a eles:


1⁰ ponto


"Pais menos religiosos são mais propensos a terem filhos menos religiosos e/ou ateus"


Foi o que esse estudo também descobriu, mas que não foi igualmente destacado pelos pesquisadores como uma possibilidade de explicação. Isto é, de que, talvez, exista uma relação de hereditariedade, em que pais menos religiosos, inclusive os que são moderadamente religiosos, são mais propensos a passar para os seus filhos suas "tendências genéticas" de moderação ou descrença, ou então mutações que aumentam a expressão dessas tendências. E, por estarmos falando de uma variedade de traços cognitivos e psicológicos e de polimorfismo na transmissão desses traços, também podem ter filhos menos ateus ou mais religiosos que eles.


2⁰ ponto


Perspectiva individual


Quais fatores intrínsecos, do indivíduo, e extrínsecos, do meio, que fazem com que nos tornemos ateus, agnósticos ou religiosos??


Acho que também seria importante entrevistar os participantes desse estudo para saber se existem outros fatores comuns entre eles, como certos traços cognitivos ou de personalidade, que podem ter contribuído para terem se tornado ateus. Eu mesmo já escrevi uns dois textos pensando sobre os possíveis fatores que me levaram ao ateísmo.


3⁰ ponto


Ateus ou não-religiosos??


Me parece que existe uma tendência de tratar ateus e não-religiosos como equivalentes. No entanto, existem diferenças de intensidade de convicção e, portanto, de possibilidade para mudar de opinião em relação à crença religiosa, até porque muitos dos que se definem como não-religiosos são de agnósticos. E, a relevância demográfica possivelmente verdadeira desses "não-religiosos" em relação aos "ateus convictos" pode explicar, em partes, casos interessantes como dos estados alemães que, de 1949 a 1990 compuseram a extinta Alemanha Oriental, e que, graças às ondas de secularização, iniciadas na segunda metade do século XIX, quando faziam parte do Reino da Prússia, continuadas durante a República de Weimar, na década de 20 do século XX, e intensificadas com os governos "comunistas", se transformaram, de uma sociedade de maioria formalmente protestante, para uma das regiões mais ateias da Europa e do mundo. Portanto, talvez, não seria apenas uma questão de ser mais propenso a ser religioso ou descrente, mas também de ser mais conformista. Afinal, essa ideologia, que foi criada pelo Estado "comunista", se tornou estruturalmente onipresente naquela sociedade, marcando gerações de maneira profunda. Seria até interessante saber o quanto desse ateísmo que é legítimo e o quanto que é herança cultural da ex Alemanha Oriental, se a maioria dos que a habitaram durante a sua existência[que ainda estão vivos] e seus descendentes são ateus por convicção ou especialmente por terem crescido em uma cultura marcada pela ausência de doutrinação religiosa. Independente disso, ainda existe e sempre existiu uma minoria de cristãos nessa região, o que sugere um caráter mais intrínseco, para alguns ou muitos daqueles que estão mais propensos à crença em metafísicas, e o mesmo para o ateísmo não-intermitente.


4⁰ ponto


Religião ou culto??


Para que alguém se torne religioso também é preciso que seja exposto à uma religião, preferencialmente se for desde cedo, e integralmente recíproco à sua influência. Mas, nem precisa ser uma religião porque pode até ser uma seita ou um culto. Aliás, parece que não existem muitas diferenças entre eles: o nome, o nível de poder político ou cultural e, portanto, de prevalência (as religiões são sempre mais "poderosas" que os cultos) e o direcionamento da crença (as religiões, caracteristicamente, se baseiam na crença em deus/deuses e eternidade, enquanto que os cultos são mais heterogêneos), porque são praticamente a mesma coisa. Por isso, até penso que a crença religiosa pode ser clinicame

A diferença entre ser contra, com sabedoria e com estupidez

 Já deixei claro, pelos meus textos, que sou totalmente contra a extrema direita e a direita, de maneira geral. Mas isso não significa que eu seja contrário a tudo aquilo que pensam ou defendem. Por exemplo, eu concordo com a maioria dos "conservadores" quanto ao seu posicionamento mais moderado/cauteloso em relação à imigração, por serem baseados em argumentos mais razoáveis do que, em comparação à maioria dos progressistas, que defendem por uma utopia de "mundo sem fronteiras" à la John Lennon e Yoko Ono. Em outras palavras, apesar de ser totalmente contra o [ultra]conservadorismo e o capitalismo, eu ainda preciso estar aberto a reconhecer que aqueles que os defendem não estão equivocados sobre "tudo", se quiser ser coerente com a proposta filosófica, de prática sistemática da racionalidade.


Isso é "ser contra", com sabedoria.


Em compensação, a maioria dos progressistas  tende a se posicionar automaticamente contra qualquer posicionamento conservador, sem antes avaliar o seu nível de veracidade, pelo simples fato de ser defendido por pessoas que estão do outro lado ou porque são de direita. Isso também acontece com a maioria dos conservadores e se consiste em ser contra, mas com estupidez, por não levar em consideração a possibilidade de que o outro lado possa estar certo, pelo menos, sobre alguma coisa relevante.


Apenas pense no que já está acontecendo nos países ocidentais que adotaram políticas de flexibilização de fronteiras há mais tempo: aumento da população de fundamentalistas "religiosos", principalmente de muçulmanos, via imigração em massa e, portanto, de hostilidade, preconceito, enfim, de "conservadorismo" (importado) contra mulheres emancipadas, não-religiosos, minorias sexuais... sem falar que isso favorece as direitas no campo da política. Enfim, "o tiro saindo pela culatra"...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O darwinismo social é o oposto da eugenia e eu vou explicar por que...

 ...com a analogia do livre mercado ou de sua regulação pelo Estado


O darwinismo social é o mesmo que desregular a sociedade (igual ao "livre mercado"), deixando que os "mais adaptados" triunfem e dominem, de maneira "natural", sem pensar nas consequências. Aliás, isso já acontece, mas com alguma regulação...


Por essa perspectiva de comparação, a eugenia é o oposto do darwinismo social porque consiste numa proposta de regulação significativa da sociedade pelo Estado, inclusive sobre os padrões reprodutivos da população, de incentivo à procriação dos mais saudáveis, bonitos, inteligentes, empáticos, sábios E/OU racionais??? E/OU pelo desincentivo dos seus respectivos opostos??


Pois parece que, pelo menos por essa perspectiva, darwinismo social e eugenia são antônimos e não sinônimos, como muitos pensam. 


Talvez uma outra diferença marcante é que o darwinismo social é sempre problemático (tal como o livre mercado), enquanto que a eugenia é bem mais complexa do que muitos pensam, porque pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal (o mesmo para uma maior regulação do Estado). 


quinta-feira, 22 de julho de 2021

Breve problemática sobre a esquerda social-democrática ou liberal

A luta contra o capitalismo tem sido totalmente eclipsada pela luta contra o racismo.

Agora, os burgueses ricos não são mais os maiores responsáveis pelas desigualdades sociais sociais, e sim os brancos... (??)

Percebam que as "elites" neoliberais compraram essas ideias, já que lhes é muito conveniente tirar o foco ou a responsabilidade de si mesmas e direcioná-lo para outros grupos, criando "bodes expiatórios"...

Mas será que é o certo a se fazer??

Claro que não porque a luta mais importante tem sido substituída por lutas menores e, pior, alienadas entre si. É como se um exército, ao invés de lutar unido, lutasse separado por categorias. Assim, ao invés de um inimigo e um objetivo em comum, passaria a ter vários inimigos e objetivos diferentes.

As pautas identitárias deveriam somar e não dividir. Por isso que têm funcionado tão bem para desarticular e desestabilizar as frentes progressistas.

 A esquerda liberal pensa que está domesticando o capitalismo, mas o oposto está acontecendo, pois tem sido absorvida, acomodada e usada como um meio para atender aos seus fins, o globalismo, em que as pautas identitárias são aplicadas, não em prol mas contra a humanidade, visando escravizá-la, destruindo lentamente nações e culturas para a construção de uma civilização global sob o comando estadunidense. O problema não seria exatamente uma civilização global, até porque, com a evolução tecnológica, especialmente dos meios de transporte, é esperado que, ao longo do tempo, nos tornemos mais e mais conectados e, portanto, mais culturalmente homogêneos, mas de ser baseada em mentiras e com más intenções.


É possível combater as desigualdades sociais e raciais ao mesmo tempo. É possível combater os desmandos e os caprichos do capitalismo e do conservadorismo ao mesmo tempo. Por isso que seria muito importante reconhecer que não existe luta separada. Porém, a partir da hegemonia das pautas identitárias sobre as trabalhistas, ao invés do combate a todas as injustiças, tem ocorrido a substituição de uma injustiça por outra.

Os exemplos mais notáveis, atualmente, são o sistema de cotas e o multiculturalismo que, além de não resolverem os problemas sociais, ainda provocam novos.

No caso das cotas raciais para o serviço público, além de discriminarem brancos pobres, também não contemplam a maioria das populações visadas, já que apenas uma minoria delas que consegue passar em concursos ou entrar na universidade, e o mesmo para a população branca. E não por terem sido privadas de uma "educação de qualidade", mas porque apresentam inclinação, potencial ou mesmo vontade de trabalhar em certas profissões que acabam por estar entre as menos rentosas. 

Enquanto isso, a discussão mais importante, que está diretamente relacionada com as desigualdades sociais causadas pelo sistema capitalista, sequer é abordada.

Então, por que ao invés do estabelecimento de sistemas de cotas com critérios anti-meritórios, como a raça, não lutamos pelo fim das desigualdades salariais exorbitantes entre as profissões??

Afinal, essa luta alcançaria a todos que têm sido injustiçados...

Os equívocos da esquerda liberal não param por aí. O seu incentivo a um multiculturalismo sem controle, especialmente para os países desenvolvidos de maioria branca, é outro exemplo de estratégia tola que tem adotado para, supostamente, combater o racismo, as desigualdades sociais globais e o envelhecimento demográfico. Primeiro que, ao incentivar a imigração massiva de povos com culturas e feições distintas para esses países, inevitavelmente tem contribuído para aumentar, ao invés de diminuir o racismo, e ainda por cima fortalecendo politicamente a extrema direita. Em relação às desigualdades globais, mesmo se muitos milhões de africanos, por exemplo, migrassem para a Europa, ainda haveriam muitos outros milhões que permaneceriam na África, vivendo em condições precárias.

Mas, não seria melhor se lutassem por uma política internacional baseada na ajuda ou solidariedade aos países subdesenvolvidos do que deixar que continuem a ser sabotados ou mantidos economicamente dependentes e pobres??

De grande preferência, ajudá-los a se "desenvolver" de maneira ecologicamente correta... aliás, buscando adotar a mesma política para si mesmos.

Assim, o número de imigrantes e refugiados é provável que diminuiria bastante porque a maioria não teria mais razão para sair de suas terras natais...

Mesmo que a imigração em massa consiga diminuir o ritmo do envelhecimento demográfico, não significa que irá solucioná-lo, porque, a longo prazo, com a população nativa  apresentando taxas de fecundidade muito abaixo do limite mínimo de reposição, apenas uma quantidade muito grande de estrangeiros para estancar essa sangria (sem falar que muitos deles, ao longo do tempo, também ajustariam as suas taxas de fecundidade aos níveis locais).

Mas, a que custo??

Imagine uma Itália em que a maioria dos habitantes têm olhos puxados, pele escura e/ou sobrenomes não-italianos?? Será que continuaria sendo Itália?? Será que vale a pena destruir uma cultura e um povo apenas para "salvar a economia" ou "combater o racismo"?? Isso não seria o mesmo que genocídio??

A esquerda liberal parece estar tão obcecada em "combater" o que ela livremente chama de racismo, alargando artificialmente o seu conceito e, ao mesmo tempo, negando a existência de racismo legítimo contra brancos, que tem se esquecido de buscar entender os motivos para as baixas taxas de fecundidade especialmente dos 'nativos" dos países desenvolvidos, e também de outros países, incluindo o Brasil, até para pensar nas melhores soluções para este problema.

Pois se saíssem um pouco de suas bolhas de militância ou conformidade ideológica e se prestassem a isso, perceberiam que, na grande maioria das vezes, a culpa é da exploração capitalista, da sanha dos mais privilegiados em querer lucrar acima do bem estar coletivo.

Não estou querendo incentivar que casais heterossexuais, principalmente nos países "desenvolvidos', tenham o mesmo número de filhos que os seus bisavós, até porque a população humana precisa parar de crescer. Mas que, se existe um interesse entre eles em ter, em média, dois filhos, que sejam atendidos. Ah, e não conseguirão alcançar esse objetivo com a perpetuação de um custo de vida artificialmente elevado nas áreas urbanas, ok?

Claro que não comentei sobre todos os equívocos crassos cometidos pela esquerda liberal ou social-democrática, nem entrei em detalhes sobre o seu relativo sucesso, especialmente na Escandinávia, em que, primeiro, foram as pautas trabalhistas que ganharam maior destaque para, então, as identitárias se tornarem dominantes e... começarem a azedar suas conquistas (??), mas, não preciso repetir que isso só tem diminuído a sua popularidade/credibilidade perante amplos setores da população, preciso??

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O vestibular discrimina pessoas com perfis cognitivos assimétricos ou ''especialistas''

 




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Lá vou eu, de novo, na iminência de prestá-lo, depois de já ter me formado em geografia uns seis anos atrás. Agora, devo tentar para psicologia. Mais um desafio para o qual estou sendo empurrado.


E lá vou eu


"ESTUDAR"


Que todos entendem como


DECORAR A MATÉRIA DA PROVA


Logo eu, que estudo todo santo dia, porque penso, observo, analiso, tenho ideias, pensamentos, escrevo, apago, erro, acerto, duvido de mim mesmo, aprendo e reaprendo.


Sei que memorizar é parte do aprendizado. Mas decorar não, se é superficial, extrínseco aos desejos, à vontade genuína de aprender.


Eu sei que o meu desempenho não tem sido igual nas matérias escolares, que tenho tido facilidade para aprender geografia, história... e o exato oposto nas exatas.


E que isso é "normal".


Que não é uma falha minha, se não pedi para nascer assim. Se não há nada de errado em ser assim. Desculpe, mas eu não sou o único com "dificuldades de aprendizagem", aliás ninguém é perfeito, ninguém sabe ou é bom em tudo. Por isso que, primeiro, deveriam reconhecer quem eu sou, até para me ajudarem a aproveitar o que posso oferecer à sociedade e a mim mesmo. Acho que tenho demonstrado um pouco pelos meus textos.


Não, eu não tenho "ansiedade matemática". Minha incapacidade de aprendê-la além do básico não é uma questão psicológica mas cognitiva mesmo. Não é falta de esforço ou vontade. Eu não sou um vagabundo inumerado que não "estuda" matemática porque não quer...


Mas eu estudo!!


Só que eu estudo: observo, analiso, penso, julgo, o que me interessa, no que percebo alguma afinidade ou facilidade.


Foi sempre assim, desde a escola.


Também dependia do tipo ou da qualidade do professor. Por exemplo, quando estudei com uma certa professora de geografia (Ana*), uma das poucas que reconheceu minhas capacidades criativas, que nos pedia para desenvolver o raciocínio em suas provas ao invés de nos forçar à decoreba, eu fui um dos primeiros alunos da sala. Mas, quando estudei com outro professor (Augusto*) de geografia que se prestava a passar provas com questões de múltipla escolha, eu fui recíproco ao seu desdém, ao menos naquela época.


*nome fictício


Agora, o mesmo desdém de sempre pela diversidade cognitiva humana, no vestibular. Para piorar, ainda tem um sistema de cotas injusto que não se interessa pela competência mas pelo "nível de oprimidade" do indivíduo. Será que, um dia, também criarão cotas para gagos residuais, como eu???


De qualquer maneira, acredito que, se essas provas de vestibular também contemplassem os tipos especialistas, não haveria a necessidade de cotas, nem mesmo as de escola pública, mas é apenas um palpite primário..


Mas, o melhor mesmo seria mudar o modelo da prova tradicionalmente aplicado, porque favorece apenas os vestibulandos (ou enemianos) com os perfis cognitivos mais simétricos ou os que são mais generalistas, do tipo CDF, que tiram notas altas em quase todas as matérias. Sem falar que, perfis assimétricos como o meu, parecem estar associados com uma maior capacidade criativa, até pelos relatos biográficos de muitos gênios quanto às suas "dificuldades de aprendizagem" específicas.


Isso também serve para os (demais) concursos públicos... tomem nota.


Parece ser justo ou meritório que todos estudem e façam a mesma prova para serem avaliados pelos seus desempenhos nela.  No entanto, isso só seria realmente justo se fôssemos todos como folhas em branco ou que nos diferenciássemos apenas pelo esforço que aplicamos em... decorar a matéria.


Se eu vou tentar para psicologia, perdoem-me o linguajar, mas por que caralho eu deveria estudar física e química?? Se pelo menos dessem pesos diferentes às provas, de acordo com o curso.. pois se pretendo me aprofundar no conhecimento sobre a mente humana, então, eu preciso saber mais ou especialmente sobre as áreas relacionadas. Eu sei que também tem matemática na psicologia. Mas não é o mais importante. Enfim, eu sei que já passou da hora do vestibular tradicional, e de todo sistema de ensino, dar espaço a um modelo de avaliação que se baseie na verdade da diversidade cognitiva e psicológica humana. Enquanto esse "milagre" não acontece, lá vou eu tentar me preparar psicologicamente, abandonando parcialmente os meus interesses específicos, que cultivo desde há um bom tempo, incluindo a própria psicologia, para tentar decorar fórmulas matemáticas e regras gramaticais...


 Obs.: nem vou entrar em detalhes sobre o completo desleixo em relação à avaliação objetiva de capacidade moral dos candidatos, um aspecto muito relevante que deveria ser levado em conta...

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sobre Q.I e racionalidade, com um exemplo atual: Suécia e pandemia de covid-19

 





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A média de QI do povo brasileiro é de uns 87. O da Suécia está em torno de 100. Esse é um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma nação, ter uma população, em média, tecnicamente mais inteligente. Em círculos menos politicamente incorretos, aponta-se para a educação como o principal responsável pelo "sucesso'' de um país. Mas, independente se é mais o ambiente ou a biologia que explica a Suécia contemporânea, o que importa é que, desde que a pandemia de covid-19 começou, o seu governo e a sua população têm "patinado" de maneira considerável para compreender essa situação extraordinária e lidar com ela da melhor maneira possível. Porque, se é de uma doença nova, contagiosa e perigosa para certos grupos, que estamos falando, então, o bom senso nos aconselha que devemos conter a sua propagação ao invés de deixá-la solta, fechando fronteiras e impondo quarentenas, que são opções historicamente eficazes e viáveis. Pois tem sido justamente o oposto que esse país tem feito, mantendo tudo aberto, incluindo escolas e comércio, e com o apoio predominante da população...


Bem, logo no início da pandemia, por causa do pouco conhecimento sobre essa doença, ainda existia alguma brecha para tomar decisões alternativas ao que já estava sendo defendido pelas autoridades científicas e sanitárias mais competentes, de conter a propagação de um vírus contagioso pelo método mais conhecido, com distanciamento social e imposição de quarentenas. No entanto, especialmente quando chegou na Europa, foi constatado que não havia uma melhor maneira de lidar com essa situação. Então, a partir do desenrolar dos acontecimentos, cada mito ou desinformação sobre a covid-19 começou a cair, um por um...

... menos em alguns lugares.

1⁰: de que seria tal como uma gripe comum.

Pois a matança que tem provocado, desde os primeiros surtos, na China e na Itália, nos mostra que não são doenças equivalentes.

2⁰: de que já existem remédios capazes de tratá-la.

Se até meados de 2021 (DC), em que estamos, ainda não foi inventado nenhum remédio capaz disso...

3⁰: de que só é perigosa para idosos e pessoas com comorbidades.

Bem, já temos visto muitos casos de jovens aparentemente saudáveis que morreram de covid.

4⁰: de que assintomáticos e crianças não podem transmitir esse vírus.

Podem sim.

5⁰: de que máscaras não funcionam para proteger da contaminação.

Estudos têm comprovado o que, pelo bom senso, já se sabia, de que sim, elas funcionam, apesar de não serem infalíveis.

6⁰: de que, se até 70% da população se infectar, o vírus perderá a sua força.

Manaus (infelizmente) já nos mostrou que não, porque além de acontecerem casos de reinfecção, também têm os 30% de indivíduos sem anticorpos que continuarão vulneráveis.

E 7⁰: de que apenas os países que impuseram quarentenas e fechamento de fronteiras terão consequências econômicas negativas.

Bem, a Suécia não se fechou em nenhum momento e, mesmo assim, em 2020, teve uma queda do PIB similar à dos outros países nórdicos, que praticaram medidas de contenção do vírus.

No entanto, quase todos esses mitos continuam a predominar sobre os fatos correspondentes, até agora, tanto nas tomadas de decisões do governo quanto no senso comum do povo sueco, cabendo ao primeiro apenas continuar vagamente recomendando o distanciamento social.

Resultado, desde o início da pandemia até a metade deste ano de 2021 (DC), a maioria continua sem usar máscaras nas ruas e sem praticar o distanciamento que deveria fazer. Consequentemente, o número de contaminações e mortes tem sido muito maior do que nos países vizinhos, com populações parecidas em tamanho.

Tudo parece indicar que o desgoverno daquele país tem, secretamente, imposto a "estratégia" da imunidade natural de rebanho, sabotando qualquer medida que controle o surto e/ou enganando a população para que se exponha ao contágio sem saber das reais/possíveis consequências.

Os relatos que tenho lido de suecos e estrangeiros que vivem naquele país parecem realmente indicar que a maioria da população tem acreditado e, da maneira mais acrítica e ingênua possível, nas desinformações que o seu governo tem transmitido e, então, aderido à elas tal como se fossem verdades absolutas.

Lembre-se de que estamos falando de um país cuja média de QI gira em torno de 100...

Não é apenas na Suécia que as pessoas têm desrespeitado essas recomendações básicas, mas é o único lugar em que isso tem acontecido com o total endosso do próprio governo (incluindo autoridades estaduais e municipais) e, pelo que parece, da maior parte da população, o que, com certeza, se consiste em um fenômeno aparentemente contraditório, se tratando de um lugar conhecido por seu nível civilizacional avançado, que se diz tão orgulhoso de sua "racionalidade superior". Pois sua reação tem sido tão patética que eu até estou duvidando seriamente da qualidade do seu sistema de ensino, já que, com base nesse comportamento coletivo pra lá de irracional, parece que não tem ensinado à população a cultivar uma saudável desconfiança do seu governo e a pensar de maneira cientificamente correta, pelo uso sistemático do pensamento lógico-racional.

Já para quem também pensa que a média de QI é um fator relevante para explicar a inteligência de um indivíduo ou de um povo, definitivamente não tem feito grande diferença ter uma média boa, pelo menos no caso da Suécia, por exemplo, e se comparado ao Brasil. Até pelo contrário, se muitos dos que mais têm acreditado e propagado desinformação sobre a covid-19 são justamente os que, segundo as pontuações em testes cognitivos, deveriam ser os menos prováveis a cometer esses equívocos crassos.

A conclusão mais plausível que eu tenho chegado, e desde a um bom tempo, é a de que, mesmo se existe uma correlação positiva e até lógica entre maior inteligência ou QI e melhor inteligência ou racionalidade, ela não parece ser tão robusta assim, mediante a grande quantidade de pessoas com pontuações elevadas em testes cognitivos que têm se deixado enganar por notícias falsas ou desinformações potencialmente perigosas, e não apenas sobre a pandemia. Pois mesmo com uma população muito mais educada e, aparentemente, mais inteligente que a do Brasil, a Suécia, seu governo e o seu povo, em média, tem agido igual ou até pior do que "nós", brasileiros.

Para efeito básico de comparação, finalmente e pelo menos por agora, parece que a maioria do povo brasileiro está insatisfeita com as ações do "nosso" desgoverno. Enquanto que, segundo uma pesquisa recente, a maioria dos suecos continua serenamente satisfeita com as medidas que têm sido adotadas pelo seu desgoverno...

QI alto sem racionalidade quase sempre tem efeitos deletérios na capacidade do indivíduo de usar a sua inteligência, diga-se, com inteligência, pois, com esse perfil, ele costuma  se encher tanto de autoconfiança que acaba adotando o hábito insalubre de racionalizar suas crenças de maneira excessiva, tomando-as como verdades incontestáveis, do que, com humildade, "apenas" buscar por fatos, ser autocrítico ou aceitar quando está errado. Pois mesmo quando ou se age com leviandade, sabendo das consequências das suas ações, porque o cerne da razão é justamente a sanidade ou a lucidez básica de sempre preferir pela verdade do que pela mentira, mesmo e ou especialmente se não corresponde com o que gostaria.