Eu fui uma dessas crianças que memorizava nomes de capitais, especialmente as de países europeus e americanos (com exceção para a maior parte das pequenas Antilhas). Isso acontecia de maneira bem lúdica, a partir de brincadeiras com mapas, em que chegava a inventar países, enquanto aprendia mais sobre os existentes. O tempo passou e essa saudável obsessão também seguiu o seu rumo. Só que parte do que memorizei, sem querer querendo, permaneceu cristalizado na minha mente. Eu me lembro que as pessoas se espantavam quando me perguntavam e eu dizia, sem titubear, o nome da capital de um país pouco conhecido, que eu havia gravado. Isso acontece até hoje. Mas acabei concluindo que, decorar nomes de capitais é uma espécie de "conhecimento inútil", daqueles que servem mais para impressionar os outros ou como curiosidade, do que para algo mais prático na vida. Recentemente, ao voltar a pensar sobre essa minha "habilidade", primeiro, mudei de opinião em relação à sua utilidade já que, em um mundo cada vez mais globalizado, a geografia, bem como a história (enfim, as ciências humanas) mostram-se ainda mais relevantes. Segundo que, talvez, essa "habilidade" pode refletir algo mais sobre a nossa inteligência, em um sentido mais geral, do que apenas memorização específica. Por isso, resolvi pesquisar, mas não encontrei nenhum estudo acadêmico ou científico, nem em inglês, sobre essa relação.
Pois sobrou para mim, pra variar, o atrevimento de especular por conta própria, com base nos (poucos) conhecimentos que tenho acumulado e em raciocínio lógico. Para isso, vou usar as pontuações nos testes de QI apenas como referenciais para a "inteligência", se eu sei que a mesma não se limita à avaliação feita por esses testes.
Rapidamente, é preciso falar o básico sobre QI: que a sua média gira em torno dos 100 pontos, sendo que, mais alta é a pontuação, a priori, "mais inteligente", e o oposto no sentido contrário. E, também, que as médias de QI variam de país para país. Por exemplo, nos "mais desenvolvidos", elas tendem a se situar em torno dos 100 pontos, enquanto que, em alguns, a média está acima desse valor, como é o caso de Singapura que está em torno dos 105 pontos. Em contraste, o Brasil, um país "em desenvolvimento", tem uma média nacional provavelmente menor que 90 pontos, que é considerada baixa. Existem poucos estudos buscando estimá-la. Essa média, portanto, tem sido baseada nesses estudos e, também, no desempenho do país em exames internacionais, que avaliam o nível de ensino das escolas, nomeadamente o PISA.
Pronto, agora irei nos dividir em três grupos: os que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis; os que conseguem memorizá-las, além de algumas outras, especialmente dos países mais conhecidos; e os que se destacam nessa "habilidade".
Bem, parece lógico pensar que, aqueles que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis, tal como a do estado ou do país em que vivem, é mais provável que pontuarão baixo nesses testes. Eu estimo uma média de 90 pontos ou menos.
Já, quanto aqueles que conseguem memorizar essas informações básicas, adquiridas especialmente durante a infância e adolescência, é provável que pontuarão mais alto, uma média de 90 pontos ou mais.
Por fim, aqueles que apresentam bom a excelente desempenho nessa "habilidade" é provável que pontuarão acima da média 100 ou, com certeza, mais alto que a população geral, se a maioria das pessoas não parece muito versada em saber um pouco mais, mesmo sobre o próprio país. Por estarmos falando de geografia, um conhecimento importante das ciências humanas, também acho relevante comparar as médias de QI verbal dos maiores memorizadores de nomes de capitais, excetuando a parte aritmética, do que restringir a comparação apenas à média geral de QI. Pois eu aposto que, num eventual estudo, a média verbal deste grupo será maior do que sua média geral.
Sinal muito específico de superdotação intelectual??
Um dos pontos mais interessantes, a meu ver, que também parece ser um dos mais especulativos aqui, é se existe uma correlação positiva entre capacidade de memorizar nomes de capitais e superdotação acadêmica, a priori, definida de acordo com os testes de QI. Mas, por serem habilidades aparentemente tão específicas, eu acredito que, se existe essa correlação deve ser especialmente em relação à parte verbal dos testes, por ser a mais requerida nas ciências humanas. Por isso, continuo com essa dúvida: se a grande maioria dos "CDFs" são de bons a excelentes memorizadores de nomes de capitais??
Localização geográfica...
Pois parece que, essa "habilidade", de memorização de capitais ou cidades, está intimamente relacionada com a de localizar países em mapas. Por isso, seria interessante saber se esses que conseguem memorizar muitas capitais também apresentam maior facilidade para memorizar outras informações geográficas: indicadores socioeconômicos, demográficos, culturais e históricos... em outras palavras, se, em média, seus conhecimentos geográficos estão em um nível mais aprofundado.
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