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domingo, 9 de julho de 2017

Mente empática para dummies

Por que é tão difícil falar sobre diferenças raciais em inteligência especialmente para algumas pessoas?

Interação em primeira pessoa/mentalismo versus interação em segunda ou terceira pessoa/mecanicismo 

Eu acredito que tenho uma mente que é acima média em mentalismo mas também em mecanicismo. Eu já devo ter explicado no que se consiste este espectro. O mentalismo é a capacidade de ler expressões faciais, comportamento não verbal e de maneira geral tudo aquilo que se refere às esferas intrapessoal e interpessoal ou de interações sociais. O mecanicismo se refere basicamente ao reconhecimento de padrões em informações impessoais, e basicamente também se pode dizer que o mentalismo também seja um reconhecimento de padrões. No entanto o reconhecimento de padrões mentalista é sobre seres, em especial sobre pessoas e sobre si mesmo, é pessoal, enquanto que o mecanicismo é sobre assuntos impessoais. Em ambos há de se julgar os padrões, aquilo que eu denominei de emoção. Capturamos padrões e os julgamos, correta ou incorretamente. A emoção seria o julgamento instintivo.

Podemos facilmente reconhecer os padrões que reproduzem uma pedra. Quando precisamos julgar emocionalmente essa pedra não há a necessidade de sentir afeição ou empatia por ela. Por outro lado ao reconhecermos os padrões de uma pessoa o julgamento de seus padrões será ou tenderá a ser muito mais exaltado. Por que sentimos em média maior afeição por um semelhante da mesma espécie? Porque a empatia é como um espelho e quando olhamos para um semelhante humano é como se estivéssemos olhando e julgando a nós mesmos. Eu já falei que apesar de sua feiura ou crueza intelectual o pré conceito tem um porquê racional e pseudo-paradoxalmente empático. Se alguém te critica muitas vezes é porque quer o seu bem, só que não sabe como falar de uma maneira que não te ofenda.

Eu vivo no Brasil e do Paraná pra cima é praticamente impossível não conviver ao menos superficialmente com pessoas da raça negra. Eu tenho comentado ou nem tanto dessa maneira  que é difícil e ao mesmo tempo fácil de julgá-los. A nível coletivo é fácil reconhecer os problemas crônicos que tendem a afetar essa população. A nível individual a situação tende a mudar, primeiro porque estamos sempre selecionando quem nós queremos conviver. Segundo que a partir deste filtro é muito comum e em especial quando estamos mais distantes da média dessa população ou mesmo quando as repudiamos mesmo de maneira não intencional, que convivamos com as suas exceções. Os menos factualmente constantes serão portanto fortemente propensos a generalizar as exceções com as quais tendem a conviver muito mais. Em média os negros mostram-se parecidos com qualquer outro grupo ainda que apresentem as suas próprias idiossincrasias. O que é uma marca de diferenciação evolutiva no negro médio tende a se tornar aberrante e indesejável em uma minoria (que neste caso parece ser potencialmente significativa) por exemplo a extroversão ou simpatia que pode se transformar em desrespeito e irresponsabilidade. Também há de se pensar nas diferenças de idade e de sexo. Geralmente por serem mais emocionalmente inteligentes as mulheres de qualquer raça tendem a se mostrar mais agradáveis do que os homens. Jovens e em especial os adolescentes tendem a ser mais impulsivos e em tempos de cultura permissiva ainda mais ousados e debochados do que o costume. Como eu já falei, na verdade não tendemos a ter cautela e crítica negativa sobre o comportamento invariavelmente médio dos negros apenas pela cor da pele mas também porque muitos deles tendem a agir como eternos adolescentes e sabemos que os mesmos tendem a ser muito irritantes, e mesmo nas populações humanas mais polidas ainda haverá uma certa tendência por eles de agirem de maneiras reprováveis no lido interpessoal a partir da moralidade objetiva ou regra de ouro/ racionalidade comportamental. 

Apesar de todos esses fatores possivelmente mais confusos do que tendemos a nos habituar a pensar (negros "são" violentos e desrespeitadores porque são negros OU negros "são" assim ou assado por causa da opressão branca) é fato que algumas pessoas se prenderão mais a fatos impessoais mesmo que estejam explicando os fatos pessoais e outras, e talvez a maioria das pessoas, se prenderão predominantemente a fatos pessoais. Fatos pessoais tendem a ser centrados no indivíduo. Fatos impessoais para explicar os fatos pessoais estão além do ser e buscam entender os mecanismos subjacentes do seus comportamentos. O primeiro é uma abordagem logicamente primária que busca descrever o comportamento a partir de sua observação a olho nu e onde é tendencioso a confundir efeito com causa.  O segundo é uma abordagem abstrata bem mais centrada nas causas. O primeiro induz confundindo indução com dedução. O segundo deduz, um método mais íntimo do científico, mas que também pode desprezar a indução que tende a ser importante para a criatividade.

Enfim, quanto maior o mentalismo maior a personificação dos eventos. Como as pessoas tendem a ser mais mentalistas do que mecanicistas, não necessariamente em termos absolutos, isto é, de serem hiper mentalistas, mas em termos relativos, onde que o mentalismo tenderá a ser predominante sobre o mecanicismo, então elas estão muito mais propensas a analisar o mundo a partir desse viés e a cometer os erros que estão atrelados a este estilo. Não é que o mentalismo não possa ser abstrato como o mecanicismo, porque ambos partem de bases concretas, o olhar sobre o outro que lhe é semelhante e a si mesmo e o olhar sobre o outro que não lhe é semelhante ou mais impessoal. Mas é que quando um dos dois se desloca para a área de atuação típica do outro a abstração costuma se tornar uma constante.


Quando a mente mais mecanicista se desloca para entender fatores pessoais tende a não levar em consideração os fatos pessoais que também tendem a ser fortemente autobiográficos. E por que?? Porque ele tende a interagir em segunda ou mesmo em terceira pessoa. A distância que o torna interessado e apto no lido intelectual impessoal pode ser também causal  ou mesmo constante quando ele precisa lidar com pendengas pessoais.  Por isso que tende a ser menos empático mas também mais afiado no pensamento abstrato. Parece que ou você tem um capacidade de memória autobiográfica mais elevada ou de memória semântica. 

Ainda que em cérebros maiores talvez possam "caber" as duas e em níveis mais inchados, esta parece ser a regra. Talvez não seja apenas uma questão de valores absolutos, ser mais, porque como estamos lidando com dois tipos de memória então a proporção entre as duas parece-me até mais importante, decisiva e inevitável, reforçando esta dicotomia proposta.

No entanto uma mente mais empática terá o outro que lhe é (invariavelmente) semelhante como ponto de referência. 

Será que ele ou ela vai se ofender???


E quanto maior a agradabilidade maior a preocupação com o outro ou ao menos com a opinião dele. 

O meu exemplo. 

Eu convivo, modo relativo de falar, mas verídico, com algumas pessoas negras sem falar que como eu disse acima é tecnicamente impossível não se esbarrar com eles pelo menos uma vez na vida estando no Brasil e especialmente da cintura do Paraná pra cima. Ontem por exemplo eu reencontrei com um amigo distante em convivência, um negro simpático, alto, magro, humilde, de boa aparência e que sempre tem algo agradável para dizer pra mim. Ontem ele elogiou-me dizendo que eu sou um bom filho e que mereço sucesso na vida. Já comentei de uma vizinha que é uma espécie de rainha da simpatia, uma figura invariavelmente comum na região onde vivo, de educação técnica e capacidades cognitivas limitadas mas de uma real educação ou bons modos que parece ser constante e sem limites, que aliás já parece estar no seu teto de uso. Acho que já falei de uma ex professora de matemática que infeliz e precocemente veio a falecer uns dois anos atrás e de sua simpatia espontânea por mim. Se eu fosse mais frio ou mesmo se fosse de alguma maneira mais emotivo, só que sendo mais mecanicista, é provável que acabaria preferindo por este estilo cognitivo e portanto não tendo "o outro" como referência. Se os fatos impessoais fossem mais importantes do que os pessoais pra mim pode ser possível de se especular que eu sequer pensaria nessas interações e pessoas, antes de aceitar e mesmo, de pesar os prós e contras. Eu, invariavelmente, tenho os outros também como referência, me preocupo com os seus sentimentos, especificamente aqueles com os quais eu tenho convivido de maneira mais direta. Ao contrário do lógico afobado que confunde frieza com racionalidade, eu preciso pensar mais antes de sair por aí dizendo que certas pessoas são ''menos'' ou ''mais'', ou ''muito'', especialmente no sentido negativo, e especificamente quando estou a falar sobre coletividades, categorias ou identidades. Por isso que eu concluí recentemente que eu sou como uma espécie de tradutor mútuo dos dois estilos de mente e claro que especialmente em relação a esses assuntos mais polêmicos. 


Porque somos mais intensos em nossas convivências, nós os mais empáticos ou mentalistas, tendemos a ter ''o outro'' como ponto de referência, e sem uma capacidade lógica/primariamente racional robusta, a interpretação objetiva da realidade pode se perder em um mundo de subjetividades ou de subterfúgios.

Ou não.

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