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domingo, 18 de setembro de 2016

Racionalidade (mundo real) 'versus' ''inteligência'' - - Qi (mundo descontextualizado)

Eu já mostrei várias vezes neste blogue mas principalmente no velho blogue do Santoculto que, apesar da validade parcial dos testes cognitivos, a vida real é muito mais interessante para avaliar a inteligência em suas muitas nuances e uma das razões para esta óbvia sugestão conclusiva é a de que os testes cognitivos mensurem potencial e dentro de um contexto estéril, isto é, analisam/'mensuram' muitas das características/partes que definem/compõem a inteligência, por exemplo, o básico e onisciente reconhecimento de padrões, mas sem verificá-los no mundo real

Passa-se a   acreditar   então na transferência ou replicação ''quase-perfeita'' da inteligência mensurada nos testes cognitivos para o mundo real, isto é, na tradução dos dois ou três dígitos calculados em uma constância abrangente, eficiente e veloz de acertos/bons a excelentes julgamentos no dia-a-dia. Mas o mundo real é absolutamente baseado em nossa capacidade para julgar, para julgar situações, julgar atitudes, julgar pensamentos, ideias, conclusões... 

Eu já mostrei que, mesmo por meio dos testes cognitivos, nós podemos dar, finalmente, contextos reais, aquilo que estamos vivenciando agora, em nossa época de existência, principiando pelo óbvio e onipresente ''reconhecimento de padrões'' e aplicá-los de maneira bem mais profunda ou íntima dentro de nossa realidade, em suma, de colocar a inteligência, antes dissociada da realidade, absolutamente justaposta à mesma e com isso inevitavelmente haverá, em condições ideais de raciocínio, uma redução bem significativa de todo este oba-oba que foi construído ao redor dos testes cognitivos e de seus resultados correlativos.

Pela milionésima vez. 

O espelho perfeito da inteligência é a própria inteligência. Acredita-se que a matemática possa reduzir a complexidade que vem embutida, no entanto, tal como decantar água de rio e torná-la urbanamente potável, este tipo de ''reducionismo 'científico' '' ou melhor, lógico-quantitativo, pode e está produzindo resultados que estão muito aquém do ideal, que no caso da análise, do reconhecimento de certa verdade ou realidade, se consiste absolutamente no ''espelho perfeito'', no casamento perfeito daquilo que se percebe e de como que o interpretamos, como que o descrevemos. Se eu vejo uma vaca e posso descrevê-la de muitas maneiras consistentemente corretas, usando os meus sentidos, então eu posso fazer o mesmo com propriedades ou elementos abstratos, que encontram-se espalhados pelo espaço/tempo e consistem-se em comportamentos/expressões, e não apenas em seus epicentros biológicos, orgânicos, físicos.

Para capturarmos os estados emotivos ou puramente falando, emoções, precisamos analisá-los, observá-los e interpretá-los de maneira fidedigna. E exatamente o mesmo acontece com: inteligência, criatividade, racionalidade e/ou sabedoria.

O julgar constantemente correto, eficiente, rápido ou que não demore de maneira considerável para ser realizado, é FUNDAMENTAL para a sobrevivência e portanto, para a vida.

Se eu tenho um vocabulário mais ''avançado'', de acordo com as convenções ortográficas, capacidades matemáticas mais desenvolvidas ou boa capacidade espacial, isso precisa ser traduzido ou VERIFICADO no mundo real E NÃO APENAS no mundo do trabalho, só se você for fundamentalmente um trabalhador/semi-escravo antes de se ser humano.

Re-re-re-re-conclusão...

É bom para reconhecer padrões em testes cognitivos ''de-culturalizados''**

Que bom, vamos ver se consegue o mesmo, só que aplicado no mundo real...


Por causa das muitas culturas humanas, e especialmente daquela em que se está, sob constante influência, tende a acontecer, uma relativização, no caso da ''moderna'' cultura ocidental, de comportamentos e julgamentos ideais no dia-a-dia, e no caso das ''culturas tradicionais'', uma distorção em relação à ''realidade ideal'' e nos deixa a entender que aquele que consegue se sobrepor à cultura em que se está, reconhecendo de fato a sua natureza caprichosamente obtusa, tenderá a exibir grandes dotes filosóficos/pensamento uber-holístico e isto já pode ser previamente definido como prelúdio à sabedoria, à rara capacidade de se ser esperto/astuto e inteligente ao mesmo tempo.

Tudo aquilo que se mensura em testes cognitivos, se analisa no mundo dos reais, e em condições ideais, sem qualquer interferência política, ideológica ou religiosa, e tendo como bússola o ideal do comportamento autoconsciente, a responsabilidade e a racionalidade, isto é, julgamentos que possam abarcar desde os elementos mais puramente cognitivos aos mais puramente afetivos.


4 comentários:

  1. Você leu o post no Sailer sobre racionalidade e QI? O que achou daqueles testes de racionalidade? Você se sai bem nesses testes? Sem querer ofender, mas acho que você não iria bem, uma vez que esses testes privilegiam quem esta acostumado a usar lógica formal, como programadores e matemáticos.

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    1. Sim, já li e até comentei. Ele demorou pra aceitar o meu comentário, claro, num inglês ''especial''... ;)

      Acho a ideia muito boa, o problema é quem a está usando (uma feminista* a maioria delas não parece bater bem da cabeça). Pra entender sobre racionalidade é preciso ser racional e traduzindo no mundo ''contemporâneo'': ser no mínimo neutro a céptico em relação à política'' é um bom começo.

      Sim eu sei, são os famosos testes ''lógico-dedutivos'' que podemos trocar o nome e sem mudar o sentido deles de ''testes quantitativo-interpretativos'' (aka, problemas de matemática).

      Na vida real eu estou me saindo bem até agora.

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    2. Nem todos são quantitativos propriamente. Aquele das 4 cartas por exemplo. Aquele de se dizer o que é mais provável, se a mulher é bancária ou se ela é bancária e feminista, embora seja de probabilidade, da para resolver sem fazer um cálculo sequer.
      Quando eu vi essas questões, lembrei da reportagem da revista Der Spiegel, testando a inteligência do então campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov. Ele foi testado com questões semelhantes a essas de "racionalidade" e se saiu melhor do que no teste de séries de figuras. Kasparov é judeu. Talvez haja um pronunciada diferença entre raças nesses testes também.

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    3. O único grande problema de qualquer teste é de... bem, é de ser um teste e não de algo que de fato se consista na realidade. Portanto é completamente possível termos pessoas que pontuarão muito alto nestes testes racionais ''não-quantitativos'' e que não serão significativamente racionais na vida real e o inverso também é provável de ser verdadeiro.

      Em termos coletivos essas comparações inter-grupos tenderão a não refletir por valores absolutos ideais/perfeccionistas, por exemplo, podemos dizer que ''os'' brancos em média sejam mais racionais que os negros. No entanto, em termos idealmente absolutos, os brancos não serão idealmente racionais, e já sabemos bem o porquê.

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