Em 2004 eu entrei para o primeiro ano do ensino médio. Passei a estudar à tarde e a minha turma mudou muito, porque a sala ficou mais cheia, novos alunos, de outras turmas. Então "sem mais nem menos" sempre/a partir de quando eu chegava na escola, uns minutos antes de começarem as aulas, eu começava a suar, de deixar o meu rosto e corpo encharcados. Tanto naquela época e ainda mais hoje em dia eu percebo que não suava às bicas por nervosismo, porque eu não me sentia nervoso, de início. Claro que no final eu acabava ficando chateado, tímido, porque as pessoas percebiam. Um amigo meu comentou certa vez o quão suado eu estava. Teve um dia que eu comecei a suar tanto que resolvi voltar pra casa e faltar aula. Me lembro do meu nervosismo e por ter trincado uma estátua de "Nossa" Senhora Aparecida mo quarto dos meus pais de tanta raiva que eu fiquei. Aquela velha indagação: Por que eu???
Me lembro que um dia eu suei tanto que acharam que a minha pressão tinha caído, ai então me levaram pra secretaria da escola e telefonaram para que o meu pai viesse me buscar. Eu não estava sentindo qualquer mal estar, estava apenas suando muito. O ponto central aqui é que eu não ficava nervoso antes e com isso vinha a sudorese. Era o contrário. E sempre suava, e muito, justamente no momento em que chegava na escola. Parece que o meu cérebro chegou à "certas conclusões" sem ter me avisado, sem eu ser consultado, e acionava algum mecanismo de defesa quando eu chegava na escola, que nem é longe de casa, apenas 15 minutos ou menos de distância. Talvez o fato de ir em pleno meio dia pra escola pudesse ajudar, fracamente, diga-se, para explicar esta situação. Mas se fosse verdade mesmo que a maior temperatura realmente tivesse influenciado neste estado deplorável então eu já deveria começar a suar e muito desde casa, só que não...
Eu puxei este desregulamento das glândulas sudoríparas do meu tio materno que já comentei antes, aquele que é mentiroso patológico. Somos mais paranoicos e socialmente ansiosos do que os demais. Ele também me parece bem criativo. Também percebo em mim, além das similaridades que comentei em textos anteriores, que nós compartilhamos uma tendência de "encanto (frívolo) e posterior ênfase em celebridades". Assim como ele eu também me imagino muito diferente do que sou, claro, em meu mundo paralelo. A diferença entre nós como eu já falei antes é que ele realmente, parece que, confunde os dois mundos trazendo novos problemas pra si enquanto que eu tenho a capacidade ou precaução de saber bem onde que começa e onde que termina o mundo interior que criei pra mim e o mundo exterior, que é na melhor das hipóteses indiferente à minha pessoa.
Da mesma maneira que o meu cérebro também já me pregou outras peças que detalhei, nomeadamente a insônia que foi desencadeada por tiques nervosos que parece que foram/são causados quando eu modifico a expressão do meu rosto ocasionando por sua vez mudanças em seu ordenamento e fazendo, por exemplo ou influencialmente, a minha pálpebra pesar mais, resultando em tiques "nervosos". Escrevi alguns textos sobre essas situações que já vivenciei mas não me lembro o nome deles para que possa deixar os links.
O nosso verdadeiro eu, nosso deus interior, que nos auto-observa, nosso mediador, sempre busca por ideais, enquanto que a outra metade humana vive a si, via consciência primária, a consciência corpo-mental e posterior tomada lógica de comportamentos que respeitem as características desses sistemas . O ser humano também apresenta a consciência primária, que inclusive é significativamente influente em nossos comportamentos. No entanto o despertar da consciência secundária, o Eu, possibilita finalmente ao menos o princípio de um diálogo com o sistema instintivo, bio-especificamente impulsivo.
É como se a 'perfeição'/equilíbrio do universo vivesse dentro de nós e nos seres vivos mais autoconscientes esta ligação, este pedaço do todo dentro dos organismos, de nós, despertasse e ainda em casos mais raros tomasse parte da dianteira da/de nossas vida(s).
No meu caso eu não sei se é a minha consciência primária, o meu literal EU, que de fato despertou de maneira mais significativa ou se na verdade isto se consista em uma idiossincrasia de minha biologia psico-cognitiva resultando na falsa impressão de que a apreensão de uma desconexão entre as intenções/ações do meu cérebro e da minha mente (de mim mesmo) tenha se dado porque eu sou mais autoconsciente do que a média humana.
Talvez os dois possam ser verdadeiros, de que exiba mesmo uma idiossincrasia de desconexão entre mente e cérebro e de que eu seja mesmo mais autoconsciente do que a média. A reverberação possível e paradigmática desta questão é:
se isto é uma idiossincrasia apenas minha ou de uma pequena parcela da população ou se consiste em um padrão universal porque pelo que fato de ser mais autoconsciente e prendado no escrutínio dessas particularidades, tenha conseguido perceber com maior afinco do que a média, que aquilo que queremos, e no fundo, quase sempre será com base na idealidade (na perfeição), muitas vezes não será aquilo que os nossos cérebros querem e fazem, por exemplo, um fumante que deseja parar de fumar mas não consegue.
O eu deste fumante quer parar de fumar pois sabe que isso pode trazer consequências negativas pra sua saúde mas o seu cérebro, viciado pela nicotina deseja continuar com o seu trago cotidiano.
No mais, é isso aí mesmo, de novo: somos reféns de nossos cérebros e os mais autoconscientes, dentro deste estágio intermediário, entre o instinto intuitivo, a domesticação ( amalgamento instintivo) e a razão reflexiva, serão os mais dispostos a se tornarem despertos desta realidade, para alguns ingrata, para outros nem tanto ou mesmo sortuda.
Isso talvez possa nos ajudar a pensar em novos métodos ou intervenções psiquiátricas, buscando isolar o EU 'ou' mente, em relação ao cérebro entre pacientes e não-pacientes, enfim, de ''re''-direcionar idealmente nossa abordagem existencial/filosófica/física em relação a este mundo.
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