Como eu já havia dito, uma obviedade (ou nem tanto), os nossos cérebros, praticamente, fazem quase tudo pra nós, tal como a mamãe que amassa bem a papinha pra dar bem na boquinha do seu filhinho. Somos, por agora, eternos filhos de nossos cérebros, nós enquanto ''mentes'', autoconsciências ou ''eu''. Por um lado parece muito confortável ter tudo de mão beijada, claro, tudo aquilo que não exigir esforço extrínseco, quando saímos de nossas zonas de conforto. Por outro lado, nos tornamos dependentes, e muitas vezes reféns ''deles'', de nossos cérebros. E não sei se, pior ou melhor, mas muitas vezes ''nem nos damos'' conta disso.
A frase-título do texto é interessante e nos faz regredir à precisão semântica.
''Eu tenho boa memória autobiográfica''
O que isso significa* Isto é, no mundo dos reais, como que poderíamos entender isso melhor, de maneira menos abstrata e portanto mais aproximada, mais próxima**
Nada mais perfeito do que a auto-descrição de alguém que:
- detém boa memória autobiográfica
e pode prover uma explicação factualmente correta
Constantemente o meu cérebro me manda alguma lembrança de meu passado. Eu pedi pra ele* Não. Talvez o tenha feito mas sem saber, sem ter plena consciência. No mais é isso. Ao encontrar-me mais íntimo de meu passado por estar em contato com ''ele'' numa base quase diária, me faz mais prodigioso na capacidade de relembrar eventos que já vivenciei, tal como se tivesse um livro de minha própria vida e pudesse voltar ''àquela página''. Tudo aquilo que memorizamos nos impactou, de maneira direta/consciente ou indireta/subconsciente. Memórias também podem ser entendidas como ''buracos'' de nossa fluidez/ignorância existencial, e o ser humano parece ter mais buracos autobiográficos do que os outros seres vivos. Esses ''buracos'', ''traumas'' ou ''impactos benignos ou malignos'' alimentam nossas vidas e contribuem para que, nos viciemos ainda mais por este ''vício', ou nos influencie para nos desapegarmos da vida, de modo histriônico, dramático (suicídio) ou de modo menos tempestuoso.
Portanto a proposta que estou fazendo aqui é a de que ''aqueles com melhor memória autobiográfica'' ou talvez algum subgrupo, não necessariamente hipertimesia, por estarem constantemente interagindo com as suas lembranças do passado, via ''cérebro nostálgico'', acabam se tornando mais aptos para lembrar de eventos passados do que aqueles que não exibem esta ''interação intrínseca entre o EU e as suas lembranças ou 'buracos/traumas/impactos autobiográficos--existenciais''.
E geralmente este tipo de constância e intensidade de interação intrínseca tende a resultar em maior capacidade de memória autobiográfica em especial se vier monitorada por uma boa compreensão factual.
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