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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Relegiões versus religiões

Religar ao divino ou às legiões ?

Religar ao universo, celebrar a vida,
Um tim tim à angústia desta alegria,
Em alegorias, trajes ou cultos,
Ao  regresso,
Nos escondemos da luz, 
Atomizados do mundo real,
Somos todos mentirosos,
Pois celebramos nossas mentiras,
Em um novo mundo dos sentidos,
Em que o sentido não faz mais sentido,
Em que nos pomos mais e mais a questionar,
Ao ponto de nos questionarmos o porquê de se questionar,
Aves libertas da prisão super-instinto,
Sem a bússola de poucas certezas, 
Com vendas que teimam a esconder nossos caminhos,
Que caminhos??
Pesamos mais que o vento da evolução,
Os sentimos mais, ao invés de sermos apenas carregados,
Elegemos legiões, no calor dos seus corpos, no dissabor de seus espinhos, 
Pois sentimos segurança,
Na ilusão de encontra-la entre os homens,
Não passa de um miragem,
Não há água no meio da cidade,
Se é preciso comprá-la,
Mesmo a compaixão, o primeiro ato sábio,
Precisa ser comprada,
É preciso convence-los do óbvio,
Diga-se, se conseguir tamanho feito,
Religamo-los à própria ignorância, a celebramos, e do alto de nossas infâncias,
Caímos em tentação, 
Não nos livramos do mal, 
Pois ele nos convenceu que é natural,
Quando se passa por Deus, 
Nós passamos então,
A desenrola-los, enquanto a vida passa,
Uma meta a ser cumprida, 
Uma montanha a ser conquistada,
Tudo para fugir do limbo final,
Da melancolia que alguns não conseguem enganar,
Na espreita da morte, vida acesa e fria,
Segue vida nua e só,
E os que confraternizam, eles
Em suas legiões, bem protegidos da triste angústia,
Quer saber menos e quanto menos sabe mais quente e cego,
Quer ter a ilusão do infinito,
Mas já está programado pra morrer,
Não quer deixar o seio da mãe,
Não quer deixar de suga-lo,
Quer leite e vinho pra sempre,
Mas é apenas cobaia em sua própria experiência,
prefere a maternidade e suas mães calorosas,
Não quer botar os pés la fora e sentir a chuva grossa,
Quer o sol,
Mas a melancolia é sempre nublada,
Sempre a chorar 
Suas chuvas de lágrimas,
Suas lágrimas a embaçar o vidro da vida,
Torrencial tristeza,
O leve desespero que todos sentem,
Ao triste poeta, ele vem inteiro,
Lhe penetrando vagaroso, 
Paradoxal por ser cuidadoso,
Mas contínuo, a desaguar um rio inteiro de dúvidas, de lamentos, 
De ser deus e o topo não ser a alegria,
Sempre escapando à francesa,
Sempre nos deixando,
Os mais frenéticos correm atrás dela,
Como um ser escorregadio,
Sempre escapando pelas mãos,
Que alguns usam pra rezar,
Eu as uso para me tocar,
Ver meu dedo fundir no espelho,
Ver a minha força acudir-me,
Me levar desta desespero,
Mas tudo é em vão,
Pois está em todo lugar,
É onipotente e arrogante,
Mas sóbrio, quieto,
Se esconde atrás de cortinas, 
De sombras, 
Mas também é a luz,
Religamo-nos ao divino,
Mesmo nesta divina comédia,
Porque o destino, ninguém compreende,
Ninguém sabe o que é....

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