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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A alegoria do coletivo zumbi e do indivíduo




O sentido da vida repousa nas mãos e na mente do indivíduo, isto é, aquele que de fato compreende que sua existência, se faz com base em sua clausura essencial, sua constituição carnal e única, que prende a energia concentrada que se consiste na essência de seu ser.

O coletivo se confunde com a cooperação, mistura público e privado, segue-se sem se perguntar o que poderia estar ou dar errado. Como uma enevoada de pássaros ou massa de gados, tristes ou comedidamente histéricos, se lançam em danças sem improviso ou criatividade.

Há tantos filmes sobre eles, os zumbis, que nada mais são do que destruir, enquanto ação. Consomem sem pudor, sem pensar que o produto irá cair, n'algum terreno baldio, obstruir algo ou entupir, enfeiar o solo, exalar mal cheiro. Os índios é que são os verdadeiros sábios, neste sentido, porque o homem consumista, branco, de olhos curtos ou um equilibrista, este se transformou num lixão voluntário, num porcalhão, otário, estúpido, a níveis nunca dantes imaginados. Se ama a humanidade, se a idealiza, será o mais iludido de todos, um pobre deísta. As melhores atitudes são as mais simples, porque todo agir tem uma origem. Se sábia desde o início, desde o seu primeiro respirar, se expandirá harmônica, correta e viverá seu ciclo de existência, indefinido, pra sempre se puder ou breve enquanto durar.

Da esquerda ou da direita, zumbidos destes coletivos espantam-nos cada vez mais. Todos eles, cheios de razão, polímatas perfeitos, sábios sem serem. Espumando em suas bocas, lábias, olhos de psicóticos, algumas vezes de moribundos, de bichanos, dos mais preguiçosos, só que sem a medida de suas curvas, de seus narizes, de suas medidas. Não medem passos, mas ações, e reagem instintivos, por emoção. E sem  a razão para dar sentido, não será bela esta expressão, o mais provável é que se dê de maneira desmedida, até monstruosa. 

O apocalipse está sempre acontecendo, porque quando se mata a verdade, cortam-na, fatiam-na em mil pedaços, fazem uma mistura heterogênea de premissas falsas, tendo alguns nacos factuais, um pouco de concreto, de chão, mas para sustentá-lo, deve ter mais esforço e emoção, e não será aquela que nos faz mais felizes, mais honestos, mas o esforço de escravos, suores que serão justificados, foi ''deus'' quem quis.

Mate a verdade e matará a evolução. Evoluímos pela moralidade, mas muitos pensam apenas na cognição e chamam-na de inteligência. Faça grupos e não tenha indivíduos, selecione os mais abertos para o vento da verdadeira mudança, sem esperanças ou rezas. Se realmente deseja acabar ou começar a lutar contra este baile de máscaras de sanidade, então comece a entender-nos, humanos, animais com roupas de pano, construções de palavras, culturas e sonhos, ou motivações intrínsecas. Ao nos entender de fato, inevitavelmente cairemos no mundo da reprodução. Se quer bonobos, se isole e faça paz e amor. Se quer chimpanzés, clame por guerreiros em lebensraum de pelos e dominância masculina. Bebês já nascem de olhos desafiadores ou doces.

Por um ou dois motivos, mal compreendidos, tomados enquanto o ar que se respira, tentam impor sua revelação, não é luz natural, mas é artificial, inventada, é uma ilusão de naturalidade, de verdade, da realidade encarnada em palavras fáceis de serem digeridas, fáceis demais, porque são tendenciosas, são consumíveis, é para alimentar o monstro ego e não para iluminar. A filosofia, o próprio entender da vida, não pode ser consumida por quem não se reconhece por inteiro, que o faz apenas pela metade de um terço, tudo o que toca, a fé transforma em desespero, e o mal se torna bom, e o bom se torna um inferno, para estes ouvidos carentes, querem ouvir aquilo que querem, não aquilo que é, a realidade permanece ali do seu lado, mesmo que não queira papo com ela, mesmo que lhe pareça feia ou mesmo uma inimiga, que te odeia, mas ela não liga, lhe é indiferente, porque não precisa de ti pra existir. 

O coletivo precisa de quantidade para ver-se enquanto qualidade. Mas esta, só se manifesta em indivíduos, sábios e/ou talentosos, ou mesmo em menos prodigiosos, que podem melhorar suas atuações na cena da vida, podem mudar o curso do defeito e fazê-lo perfeito. O coletivo é covarde, age sempre em bando, se esconde em ombros, não se vê como um corpo, mas parte de outro, muito maior, em que se apoia, se aquenta, se sente mais gente do que é. O coletivo é sua ilusão, lhe dá músculos, os que não tem, lhe dá beleza, que não tem, lhe dá certezas, que não sabe o que são. 

O zumbido das colmeias humanas são torturantes aos ouvidos mais apurados. Vem em peso, com toda sua conformidade, de formas e pensares. Se espalham, apropriam, tomam pra si, ocupam territorialidades, esfacelam o indivíduo, o mais indefeso de todos, aquele que grita enquanto que todos estão ali, do lado, mas não estão, porque suas atenções estão direcionadas, ouvindo sermões ou dogmas. 

A democracia é o poder do povo, tal qual um apocalipse zumbi é o poder dos tolos. Dominam ruas, delimitam atitudes, nos mantém, nós os indivíduos, presos em nossas casas, com medo, mesmo da própria sombra, são ameaçadores, tem tolerância zero, porque não sabem o que é ser tolerante. Estão a procura de cérebros, querem converter à força, na base do estupro mental, que não é comedido, que não é um diálogo, nem mesmo um convencer. Fazem todo o tipo de chantagem e assim é o fanático. Ele precisa de muita força, porque o esforço em excesso não é natural, mas uma aberração, humor negro da verdade. Não é alegria, não é o contato com Deus, com a realidade, mas o contato com a confusão, com a ilusão, incontáveis vezes em que fomos arrasados por estes soldados de pouca reflexão. Parece tão simples, vê-se o problema, tão pouco, basta um caminhar a mais, está parado em frente ao dogma, a lhe hipnotizar, a ''grande revelação'', na verdade, a verdade nunca é grande, quase sempre é óbvia, muitas vezes é chata, muitos brilhos de gênio não são nada mais do que olhar em frente, com franqueza e dizer: 

'' - Eu estou vendo o que está em frente aos meus olhos e vou lhes descrever o que é''

Os olhos moribundos, até mesmo tristes, esboçando emoções sem substância, para quem foi criado na crença, ao percebê-la se dissipando diante de ti, se torna um crente melancólico a vagar por aí, exatamente como a um zumbi, a lamentar por compreensão, ao evitar a luz da razão, como sempre faz. Quer convencer na lamentação, quer colo mas também quer atenção e uma oportunidade de impor o seu mundo ocre, monocromático, sem diversidade. Estão sempre pisando na verdade, estão sempre pisando em ti, mas também neles mesmos. Se não podem reconhecer o indivíduo, não poderão ver valor na vida, porque não existe o coletivo, é a sua maior ilusão. Ainda assim, evoluímos pelo coletivo, não somos nossos próprios produtos, mas uma continuação, somos herdeiros sem ter tido escolha do que gostaríamos de ter herdado, e estamos totalmente dependentes dele. Negar a importância do coletivo é como negar a força das massas diante de um único elemento, da correria ou de mil abraços, de uma torcida em polvorosa, d'um trânsito cheio de carros, manadas. O chão chega a tremer. Não podemos negá-lo porque estaríamos negando não apenas a realidade, mas também o seu maior inimigo, o mais poderoso. 







O coletivo zumbi da 'esquerda''




e da ''direita'

2 comentários:

  1. É impressão minha ou você está escrevendo melhor? Parabéns, continue assim.

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    Respostas
    1. Buscando pelo meu estilo, meio poético, meio texto, ;)

      Danke, a intenção é essa! ;)

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