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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Sem filtro para a realidade

 

 

O sábio tem a estrutura orgânica perfeita ou quase perfeita para "emular a realidade".

Em sua profundidade, entende o mundo tal como ele  é, um confluir de sobreposições coerentes que se derramam como cascata imparável de eventos e ligações sucessivas, o elo da verdade não é como um grilhão de senzala. Mesmo a mentira ou o caos tem padrões. O constante mudar ou a inconstância constante define o segundo, pois se sempre ou se com recorrência, então não será tão desordem como bufa. A mentira se nota pelo espelho, que forçosamente bela a superfície, precisa aparentar verdade para ser querida, como a uma máscara a esconder sífilis, de carniça na pele de pobres libertinos, que compraram o libertar de seus corpos e portanto de suas responsabilidades sobre eles.

O sábio começa coerente do princípio ao fim de cada pensar. Reflete o quanto precisar, contanto que resulte no que é o esperado, o entender, melhor do que antes, o início de uma construção, que era apenas projeto, o constante atualizar, agregando peças em sua estrutura expansiva, cada novo tecido costurado, mais abrangente é o véu da razão, em seu vestir preciso, colado a pele, expondo curvas, retas, cada detalhe deste corpo chamado verdade.

O sábio tem consciência do ego de sua visão, vigia seus passos em falso, como o sol que persegue a sombra, a vingança que segue faminta o seu principal desgosto, o homem de letras que limpa suas escritas de qualquer impureza. A consciência da força é a mesma que a consciência da fraqueza. Sem ser medíocre ou a sutileza, é na intensidade que se é perfeito, mas sem escorregadios anseios ou seios fartos na mão com gula de um narciso a cegar-lhe o objetivo, não é a si que se persegue, tu és um obstáculo e não um fim.

O sábio não tem filtro, não tem verdade decantada, não tem versões ou cópias, mas a legítima, não anseia para ser convencido, mas para não sê-lo, especialmente pelos outros. Precisa sentir por dentro que faz sentido e não apenas pra si mas em comunhão com o todo. É o juiz perfeito, não só do presente mas principalmente do futuro. Parece arrogante, mas não o é, sua irritação é irrigada pela ignorância, que como o ar que se respira, é inspirada a cada instante de vida, em cada vida pensante. O evoluir é o se purificar deste mal cheiro, desta tontura, desta confusão. É na simplicidade dum mero olhar que o sábio se agiganta. Mas não é mais do que um anão em ganância, é a presa contextual que se rebelou, é a gota d'água que tomou consciência de seu destino, e quer-lhe consigo, se está a frente do presente.

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