Sem filtro para a realidade
 
 
O sábio tem a estrutura orgânica perfeita ou quase perfeita para "emular a realidade". 
Em
 sua profundidade, entende o mundo tal como ele  é, um confluir de 
sobreposições coerentes que se derramam como cascata imparável de 
eventos e ligações sucessivas, o elo da verdade não é como um grilhão de
 senzala. Mesmo a mentira ou o caos tem padrões. O constante mudar ou a 
inconstância constante define o segundo, pois se sempre ou se com 
recorrência, então não será tão desordem como bufa. A mentira se nota 
pelo espelho, que forçosamente bela a superfície, precisa aparentar 
verdade para ser querida, como a uma máscara a esconder sífilis, de carniça na pele de pobres libertinos, que compraram o 
libertar de seus corpos e portanto de suas responsabilidades sobre eles.
 
O sábio começa coerente do princípio ao fim de cada pensar. 
Reflete o quanto precisar, contanto que resulte no que é o esperado, o 
entender, melhor do que antes, o início de uma construção, que era 
apenas projeto, o constante atualizar, agregando peças em sua estrutura 
expansiva, cada novo tecido costurado, mais abrangente é o véu da 
razão, em seu vestir preciso, colado a pele, expondo curvas, retas, cada
 detalhe deste corpo chamado verdade.
O sábio tem consciência do 
ego de sua visão, vigia seus passos em falso, como o sol que persegue a 
sombra, a vingança que segue faminta o seu principal desgosto, o homem de 
letras que limpa suas escritas de qualquer impureza. A consciência da 
força é a mesma que a consciência da fraqueza. Sem ser medíocre ou a sutileza, é na 
intensidade que se é perfeito, mas sem escorregadios anseios ou seios 
fartos na mão com gula de um narciso a cegar-lhe o objetivo, não é a si que se persegue, tu és um obstáculo e não um fim. 
O 
sábio não tem filtro, não tem verdade decantada, não tem versões ou cópias, mas a 
legítima, não anseia para ser convencido, mas para não sê-lo, especialmente
 pelos outros. Precisa sentir por dentro que faz sentido e não apenas 
pra si mas em comunhão com o todo. É o juiz perfeito, não só do presente mas principalmente do 
futuro. Parece arrogante, mas não o é, sua irritação é irrigada pela ignorância, que como o ar que se respira, é inspirada a cada instante de vida, em cada vida pensante. O evoluir é o se purificar deste mal cheiro, desta tontura, desta confusão. É na simplicidade dum mero olhar que o sábio se agiganta. Mas não é mais do que um anão em ganância, é a presa contextual que se rebelou, é a gota d'água que tomou consciência de seu destino, e quer-lhe consigo, se está a frente do presente. 
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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