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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Sobre níveis de ceticismo

 Vejamos três exemplos:


Predomínio da influência biológica na inteligência humana, existência de vida extraterrestre e de deus/eternidade.


Em relação à possibilidade de predomínio da influência biológica na inteligência humana, existem padrões, que são rastros de evidências concretas, por serem comportamentos ou características que se repetem, que corroboram para a sua veracidade. Existem vários exemplos desses padrões. Um deles é o fato de que filhos adotados tendem a apresentar níveis similares de inteligência aos dos seus pais biológicos do que dos seus pais adotivos. Com base nisso, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja baixo.


Em relação à existência de vidas extraterrestres, não existe sequer um rastro de evidências concretas ou de padrões, tal como têm no primeiro exemplo, se a grande maioria dos relatos e provas de aparições de naves estranhas ou de abduções são duvidosos. No entanto, existem razões lógicas baseadas em padrões existentes que, indiretamente, corroboram para a possibilidade de existência de vida fora do planeta Terra. Por exemplo, o tamanho impensavelmente descomunal do universo, cheio de planetas e sistemas solares similares ao nosso, com potencial de terem condições de abrigar vida simples à complexa. Por isso, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja médio.


Por fim, temos o caso da crença na existência de deus/eternidade, que não tem absolutamente nada, nem rastro de evidência concreta nem razão lógica respaldada por padrões existentes que, indiretamente,  corroborem para a sua plausibilidade. A única e remota ou proto razão lógica pela qual se baseia é a de que "se toda criação tem um criador (supostamente falando), então, o mundo ou o universo também tem e que se chama deus". Se tudo o que existe teve um momento de surgimento ou "criação", não significa que tudo foi literalmente criado por uma entidade consciente e absolutamente poderosa. Mesmo que não seja possível provar, pelo método científico, nem a existência nem a inexistência de deus/eternidade, não há nada de remotamente concreto que apoie a tese de que exista,sem falar que o ônus da prova recai sobre aqueles que acreditam. Portanto, é racionalmente recomendável que o nível de ceticismo sobre essa possibilidade seja o mais alto possível.


Pois se deveríamos, por exemplo, repensar sobre os métodos tradicionais de ensino usados na maioria das escolas, por estarem baseados na crença de que o meio tem um papel predominante no intelecto humano, em  relação à biologia; se também deveríamos  continuar preocupados ou ansiosos com a possibilidade de descoberta ou de aparição de seres vivos vindos de outro planeta; não mais deveríamos manter ou tolerar o nível de influência cultural e política das "religiões" organizadas nas sociedades humanas, no máximo delegando-as um nível similar de poder, em sua maior parte,  inofensivo, que atualmente tem a astrologia. 


Sobre ateísmo e crença religiosa, correlação ou causalidade??

 Uma pesquisa realizada com 1.417 residentes nos EUA descobriu que pessoas que cresceram em lares sem forte doutrinação religiosa são mais propensas a serem ateias.


Fonte:https://www.psypost.org/2021/10/new-psychology-research-identifies-a-robust-predictor-of-atheism-in-adulthood-61921


Então, os pesquisadores desse estudo concluíram que o principal fator para alguém se tornar ateu é se tiver tido uma criação secular ou sem (tentativa de) imposição de crença religiosa. De que, se quiser entender por que alguém se torna ateu, basta olhar para os seus pais...


Eu não sei se concordo com essa conclusão porque penso que foi encontrado uma correlação (positiva) entre as duas variáveis da pesquisa, ateísmo e tipo de criação recebida, e não uma relação diretamente causal entre elas. Por isso, acho que não é possível afirmar que a escolha individual pelo ateísmo seja unicamente determinada por uma educação não-religiosa dada pelos pais, se não são todos os ateus que cresceram nesse tipo de ambiente.


Como resultado de minha discordância pontuarei rapidamente nesse texto outros caminhos para um possível aprofundamento, tanto da pesquisa quanto do tópico que aborda.


Vamos a eles:


1⁰ ponto


"Pais menos religiosos são mais propensos a terem filhos menos religiosos e/ou ateus"


Foi o que esse estudo também descobriu, mas que não foi igualmente destacado pelos pesquisadores como uma possibilidade de explicação. Isto é, de que, talvez, exista uma relação de hereditariedade, em que pais menos religiosos, inclusive os que são moderadamente religiosos, são mais propensos a passar para os seus filhos suas "tendências genéticas" de moderação ou descrença, ou então mutações que aumentam a expressão dessas tendências. E, por estarmos falando de uma variedade de traços cognitivos e psicológicos e de polimorfismo na transmissão desses traços, também podem ter filhos menos ateus ou mais religiosos que eles.


2⁰ ponto


Perspectiva individual


Quais fatores intrínsecos, do indivíduo, e extrínsecos, do meio, que fazem com que nos tornemos ateus, agnósticos ou religiosos??


Acho que também seria importante entrevistar os participantes desse estudo para saber se existem outros fatores comuns entre eles, como certos traços cognitivos ou de personalidade, que podem ter contribuído para terem se tornado ateus. Eu mesmo já escrevi uns dois textos pensando sobre os possíveis fatores que me levaram ao ateísmo.


3⁰ ponto


Ateus ou não-religiosos??


Me parece que existe uma tendência de tratar ateus e não-religiosos como equivalentes. No entanto, existem diferenças de intensidade de convicção e, portanto, de possibilidade para mudar de opinião em relação à crença religiosa, até porque muitos dos que se definem como não-religiosos são de agnósticos. E, a relevância demográfica possivelmente verdadeira desses "não-religiosos" em relação aos "ateus convictos" pode explicar, em partes, casos interessantes como dos estados alemães que, de 1949 a 1990 compuseram a extinta Alemanha Oriental, e que, graças às ondas de secularização, iniciadas na segunda metade do século XIX, quando faziam parte do Reino da Prússia, continuadas durante a República de Weimar, na década de 20 do século XX, e intensificadas com os governos "comunistas", se transformaram, de uma sociedade de maioria formalmente protestante, para uma das regiões mais ateias da Europa e do mundo. Portanto, talvez, não seria apenas uma questão de ser mais propenso a ser religioso ou descrente, mas também de ser mais conformista. Afinal, essa ideologia, que foi criada pelo Estado "comunista", se tornou estruturalmente onipresente naquela sociedade, marcando gerações de maneira profunda. Seria até interessante saber o quanto desse ateísmo que é legítimo e o quanto que é herança cultural da ex Alemanha Oriental, se a maioria dos que a habitaram durante a sua existência[que ainda estão vivos] e seus descendentes são ateus por convicção ou especialmente por terem crescido em uma cultura marcada pela ausência de doutrinação religiosa. Independente disso, ainda existe e sempre existiu uma minoria de cristãos nessa região, o que sugere um caráter mais intrínseco, para alguns ou muitos daqueles que estão mais propensos à crença em metafísicas, e o mesmo para o ateísmo não-intermitente.


4⁰ ponto


Religião ou culto??


Para que alguém se torne religioso também é preciso que seja exposto à uma religião, preferencialmente se for desde cedo, e integralmente recíproco à sua influência. Mas, nem precisa ser uma religião porque pode até ser uma seita ou um culto. Aliás, parece que não existem muitas diferenças entre eles: o nome, o nível de poder político ou cultural e, portanto, de prevalência (as religiões são sempre mais "poderosas" que os cultos) e o direcionamento da crença (as religiões, caracteristicamente, se baseiam na crença em deus/deuses e eternidade, enquanto que os cultos são mais heterogêneos), porque são praticamente a mesma coisa. Por isso, até penso que a crença religiosa pode ser clinicame

A diferença entre ser contra, com sabedoria e com estupidez

 Já deixei claro, pelos meus textos, que sou totalmente contra a extrema direita e a direita, de maneira geral. Mas isso não significa que eu seja contrário a tudo aquilo que pensam ou defendem. Por exemplo, eu concordo com a maioria dos "conservadores" quanto ao seu posicionamento mais moderado/cauteloso em relação à imigração, por serem baseados em argumentos mais razoáveis do que, em comparação à maioria dos progressistas, que defendem por uma utopia de "mundo sem fronteiras" à la John Lennon e Yoko Ono. Em outras palavras, apesar de ser totalmente contra o [ultra]conservadorismo e o capitalismo, eu ainda preciso estar aberto a reconhecer que aqueles que os defendem não estão equivocados sobre "tudo", se quiser ser coerente com a proposta filosófica, de prática sistemática da racionalidade.


Isso é "ser contra", com sabedoria.


Em compensação, a maioria dos progressistas  tende a se posicionar automaticamente contra qualquer posicionamento conservador, sem antes avaliar o seu nível de veracidade, pelo simples fato de ser defendido por pessoas que estão do outro lado ou porque são de direita. Isso também acontece com a maioria dos conservadores e se consiste em ser contra, mas com estupidez, por não levar em consideração a possibilidade de que o outro lado possa estar certo, pelo menos, sobre alguma coisa relevante.


Apenas pense no que já está acontecendo nos países ocidentais que adotaram políticas de flexibilização de fronteiras há mais tempo: aumento da população de fundamentalistas "religiosos", principalmente de muçulmanos, via imigração em massa e, portanto, de hostilidade, preconceito, enfim, de "conservadorismo" (importado) contra mulheres emancipadas, não-religiosos, minorias sexuais... sem falar que isso favorece as direitas no campo da política. Enfim, "o tiro saindo pela culatra"...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O darwinismo social é o oposto da eugenia e eu vou explicar por que...

 ...com a analogia do livre mercado ou de sua regulação pelo Estado


O darwinismo social é o mesmo que desregular a sociedade (igual ao "livre mercado"), deixando que os "mais adaptados" triunfem e dominem, de maneira "natural", sem pensar nas consequências. Aliás, isso já acontece, mas com alguma regulação...


Por essa perspectiva de comparação, a eugenia é o oposto do darwinismo social porque consiste numa proposta de regulação significativa da sociedade pelo Estado, inclusive sobre os padrões reprodutivos da população, de incentivo à procriação dos mais saudáveis, bonitos, inteligentes, empáticos, sábios E/OU racionais??? E/OU pelo desincentivo dos seus respectivos opostos??


Pois parece que, pelo menos por essa perspectiva, darwinismo social e eugenia são antônimos e não sinônimos, como muitos pensam. 


Talvez uma outra diferença marcante é que o darwinismo social é sempre problemático (tal como o livre mercado), enquanto que a eugenia é bem mais complexa do que muitos pensam, porque pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal (o mesmo para uma maior regulação do Estado). 


quinta-feira, 22 de julho de 2021

Breve problemática sobre a esquerda social-democrática ou liberal

A luta contra o capitalismo tem sido totalmente eclipsada pela luta contra o racismo.

Agora, os burgueses ricos não são mais os maiores responsáveis pelas desigualdades sociais sociais, e sim os brancos... (??)

Percebam que as "elites" neoliberais compraram essas ideias, já que lhes é muito conveniente tirar o foco ou a responsabilidade de si mesmas e direcioná-lo para outros grupos, criando "bodes expiatórios"...

Mas será que é o certo a se fazer??

Claro que não porque a luta mais importante tem sido substituída por lutas menores e, pior, alienadas entre si. É como se um exército, ao invés de lutar unido, lutasse separado por categorias. Assim, ao invés de um inimigo e um objetivo em comum, passaria a ter vários inimigos e objetivos diferentes.

As pautas identitárias deveriam somar e não dividir. Por isso que têm funcionado tão bem para desarticular e desestabilizar as frentes progressistas.

 A esquerda liberal pensa que está domesticando o capitalismo, mas o oposto está acontecendo, pois tem sido absorvida, acomodada e usada como um meio para atender aos seus fins, o globalismo, em que as pautas identitárias são aplicadas, não em prol mas contra a humanidade, visando escravizá-la, destruindo lentamente nações e culturas para a construção de uma civilização global sob o comando estadunidense. O problema não seria exatamente uma civilização global, até porque, com a evolução tecnológica, especialmente dos meios de transporte, é esperado que, ao longo do tempo, nos tornemos mais e mais conectados e, portanto, mais culturalmente homogêneos, mas de ser baseada em mentiras e com más intenções.


É possível combater as desigualdades sociais e raciais ao mesmo tempo. É possível combater os desmandos e os caprichos do capitalismo e do conservadorismo ao mesmo tempo. Por isso que seria muito importante reconhecer que não existe luta separada. Porém, a partir da hegemonia das pautas identitárias sobre as trabalhistas, ao invés do combate a todas as injustiças, tem ocorrido a substituição de uma injustiça por outra.

Os exemplos mais notáveis, atualmente, são o sistema de cotas e o multiculturalismo que, além de não resolverem os problemas sociais, ainda provocam novos.

No caso das cotas raciais para o serviço público, além de discriminarem brancos pobres, também não contemplam a maioria das populações visadas, já que apenas uma minoria delas que consegue passar em concursos ou entrar na universidade, e o mesmo para a população branca. E não por terem sido privadas de uma "educação de qualidade", mas porque apresentam inclinação, potencial ou mesmo vontade de trabalhar em certas profissões que acabam por estar entre as menos rentosas. 

Enquanto isso, a discussão mais importante, que está diretamente relacionada com as desigualdades sociais causadas pelo sistema capitalista, sequer é abordada.

Então, por que ao invés do estabelecimento de sistemas de cotas com critérios anti-meritórios, como a raça, não lutamos pelo fim das desigualdades salariais exorbitantes entre as profissões??

Afinal, essa luta alcançaria a todos que têm sido injustiçados...

Os equívocos da esquerda liberal não param por aí. O seu incentivo a um multiculturalismo sem controle, especialmente para os países desenvolvidos de maioria branca, é outro exemplo de estratégia tola que tem adotado para, supostamente, combater o racismo, as desigualdades sociais globais e o envelhecimento demográfico. Primeiro que, ao incentivar a imigração massiva de povos com culturas e feições distintas para esses países, inevitavelmente tem contribuído para aumentar, ao invés de diminuir o racismo, e ainda por cima fortalecendo politicamente a extrema direita. Em relação às desigualdades globais, mesmo se muitos milhões de africanos, por exemplo, migrassem para a Europa, ainda haveriam muitos outros milhões que permaneceriam na África, vivendo em condições precárias.

Mas, não seria melhor se lutassem por uma política internacional baseada na ajuda ou solidariedade aos países subdesenvolvidos do que deixar que continuem a ser sabotados ou mantidos economicamente dependentes e pobres??

De grande preferência, ajudá-los a se "desenvolver" de maneira ecologicamente correta... aliás, buscando adotar a mesma política para si mesmos.

Assim, o número de imigrantes e refugiados é provável que diminuiria bastante porque a maioria não teria mais razão para sair de suas terras natais...

Mesmo que a imigração em massa consiga diminuir o ritmo do envelhecimento demográfico, não significa que irá solucioná-lo, porque, a longo prazo, com a população nativa  apresentando taxas de fecundidade muito abaixo do limite mínimo de reposição, apenas uma quantidade muito grande de estrangeiros para estancar essa sangria (sem falar que muitos deles, ao longo do tempo, também ajustariam as suas taxas de fecundidade aos níveis locais).

Mas, a que custo??

Imagine uma Itália em que a maioria dos habitantes têm olhos puxados, pele escura e/ou sobrenomes não-italianos?? Será que continuaria sendo Itália?? Será que vale a pena destruir uma cultura e um povo apenas para "salvar a economia" ou "combater o racismo"?? Isso não seria o mesmo que genocídio??

A esquerda liberal parece estar tão obcecada em "combater" o que ela livremente chama de racismo, alargando artificialmente o seu conceito e, ao mesmo tempo, negando a existência de racismo legítimo contra brancos, que tem se esquecido de buscar entender os motivos para as baixas taxas de fecundidade especialmente dos 'nativos" dos países desenvolvidos, e também de outros países, incluindo o Brasil, até para pensar nas melhores soluções para este problema.

Pois se saíssem um pouco de suas bolhas de militância ou conformidade ideológica e se prestassem a isso, perceberiam que, na grande maioria das vezes, a culpa é da exploração capitalista, da sanha dos mais privilegiados em querer lucrar acima do bem estar coletivo.

Não estou querendo incentivar que casais heterossexuais, principalmente nos países "desenvolvidos', tenham o mesmo número de filhos que os seus bisavós, até porque a população humana precisa parar de crescer. Mas que, se existe um interesse entre eles em ter, em média, dois filhos, que sejam atendidos. Ah, e não conseguirão alcançar esse objetivo com a perpetuação de um custo de vida artificialmente elevado nas áreas urbanas, ok?

Claro que não comentei sobre todos os equívocos crassos cometidos pela esquerda liberal ou social-democrática, nem entrei em detalhes sobre o seu relativo sucesso, especialmente na Escandinávia, em que, primeiro, foram as pautas trabalhistas que ganharam maior destaque para, então, as identitárias se tornarem dominantes e... começarem a azedar suas conquistas (??), mas, não preciso repetir que isso só tem diminuído a sua popularidade/credibilidade perante amplos setores da população, preciso??

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O vestibular discrimina pessoas com perfis cognitivos assimétricos ou ''especialistas''

 




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Lá vou eu, de novo, na iminência de prestá-lo, depois de já ter me formado em geografia uns seis anos atrás. Agora, devo tentar para psicologia. Mais um desafio para o qual estou sendo empurrado.


E lá vou eu


"ESTUDAR"


Que todos entendem como


DECORAR A MATÉRIA DA PROVA


Logo eu, que estudo todo santo dia, porque penso, observo, analiso, tenho ideias, pensamentos, escrevo, apago, erro, acerto, duvido de mim mesmo, aprendo e reaprendo.


Sei que memorizar é parte do aprendizado. Mas decorar não, se é superficial, extrínseco aos desejos, à vontade genuína de aprender.


Eu sei que o meu desempenho não tem sido igual nas matérias escolares, que tenho tido facilidade para aprender geografia, história... e o exato oposto nas exatas.


E que isso é "normal".


Que não é uma falha minha, se não pedi para nascer assim. Se não há nada de errado em ser assim. Desculpe, mas eu não sou o único com "dificuldades de aprendizagem", aliás ninguém é perfeito, ninguém sabe ou é bom em tudo. Por isso que, primeiro, deveriam reconhecer quem eu sou, até para me ajudarem a aproveitar o que posso oferecer à sociedade e a mim mesmo. Acho que tenho demonstrado um pouco pelos meus textos.


Não, eu não tenho "ansiedade matemática". Minha incapacidade de aprendê-la além do básico não é uma questão psicológica mas cognitiva mesmo. Não é falta de esforço ou vontade. Eu não sou um vagabundo inumerado que não "estuda" matemática porque não quer...


Mas eu estudo!!


Só que eu estudo: observo, analiso, penso, julgo, o que me interessa, no que percebo alguma afinidade ou facilidade.


Foi sempre assim, desde a escola.


Também dependia do tipo ou da qualidade do professor. Por exemplo, quando estudei com uma certa professora de geografia (Ana*), uma das poucas que reconheceu minhas capacidades criativas, que nos pedia para desenvolver o raciocínio em suas provas ao invés de nos forçar à decoreba, eu fui um dos primeiros alunos da sala. Mas, quando estudei com outro professor (Augusto*) de geografia que se prestava a passar provas com questões de múltipla escolha, eu fui recíproco ao seu desdém, ao menos naquela época.


*nome fictício


Agora, o mesmo desdém de sempre pela diversidade cognitiva humana, no vestibular. Para piorar, ainda tem um sistema de cotas injusto que não se interessa pela competência mas pelo "nível de oprimidade" do indivíduo. Será que, um dia, também criarão cotas para gagos residuais, como eu???


De qualquer maneira, acredito que, se essas provas de vestibular também contemplassem os tipos especialistas, não haveria a necessidade de cotas, nem mesmo as de escola pública, mas é apenas um palpite primário..


Mas, o melhor mesmo seria mudar o modelo da prova tradicionalmente aplicado, porque favorece apenas os vestibulandos (ou enemianos) com os perfis cognitivos mais simétricos ou os que são mais generalistas, do tipo CDF, que tiram notas altas em quase todas as matérias. Sem falar que, perfis assimétricos como o meu, parecem estar associados com uma maior capacidade criativa, até pelos relatos biográficos de muitos gênios quanto às suas "dificuldades de aprendizagem" específicas.


Isso também serve para os (demais) concursos públicos... tomem nota.


Parece ser justo ou meritório que todos estudem e façam a mesma prova para serem avaliados pelos seus desempenhos nela.  No entanto, isso só seria realmente justo se fôssemos todos como folhas em branco ou que nos diferenciássemos apenas pelo esforço que aplicamos em... decorar a matéria.


Se eu vou tentar para psicologia, perdoem-me o linguajar, mas por que caralho eu deveria estudar física e química?? Se pelo menos dessem pesos diferentes às provas, de acordo com o curso.. pois se pretendo me aprofundar no conhecimento sobre a mente humana, então, eu preciso saber mais ou especialmente sobre as áreas relacionadas. Eu sei que também tem matemática na psicologia. Mas não é o mais importante. Enfim, eu sei que já passou da hora do vestibular tradicional, e de todo sistema de ensino, dar espaço a um modelo de avaliação que se baseie na verdade da diversidade cognitiva e psicológica humana. Enquanto esse "milagre" não acontece, lá vou eu tentar me preparar psicologicamente, abandonando parcialmente os meus interesses específicos, que cultivo desde há um bom tempo, incluindo a própria psicologia, para tentar decorar fórmulas matemáticas e regras gramaticais...


 Obs.: nem vou entrar em detalhes sobre o completo desleixo em relação à avaliação objetiva de capacidade moral dos candidatos, um aspecto muito relevante que deveria ser levado em conta...

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sobre Q.I e racionalidade, com um exemplo atual: Suécia e pandemia de covid-19

 





https://i.insider.com/5274eafbecad0479613c3ca3?width=1000&format=jpeg&auto=webp


A média de QI do povo brasileiro é de uns 87. O da Suécia está em torno de 100. Esse é um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma nação, ter uma população, em média, tecnicamente mais inteligente. Em círculos menos politicamente incorretos, aponta-se para a educação como o principal responsável pelo "sucesso'' de um país. Mas, independente se é mais o ambiente ou a biologia que explica a Suécia contemporânea, o que importa é que, desde que a pandemia de covid-19 começou, o seu governo e a sua população têm "patinado" de maneira considerável para compreender essa situação extraordinária e lidar com ela da melhor maneira possível. Porque, se é de uma doença nova, contagiosa e perigosa para certos grupos, que estamos falando, então, o bom senso nos aconselha que devemos conter a sua propagação ao invés de deixá-la solta, fechando fronteiras e impondo quarentenas, que são opções historicamente eficazes e viáveis. Pois tem sido justamente o oposto que esse país tem feito, mantendo tudo aberto, incluindo escolas e comércio, e com o apoio predominante da população...


Bem, logo no início da pandemia, por causa do pouco conhecimento sobre essa doença, ainda existia alguma brecha para tomar decisões alternativas ao que já estava sendo defendido pelas autoridades científicas e sanitárias mais competentes, de conter a propagação de um vírus contagioso pelo método mais conhecido, com distanciamento social e imposição de quarentenas. No entanto, especialmente quando chegou na Europa, foi constatado que não havia uma melhor maneira de lidar com essa situação. Então, a partir do desenrolar dos acontecimentos, cada mito ou desinformação sobre a covid-19 começou a cair, um por um...

... menos em alguns lugares.

1⁰: de que seria tal como uma gripe comum.

Pois a matança que tem provocado, desde os primeiros surtos, na China e na Itália, nos mostra que não são doenças equivalentes.

2⁰: de que já existem remédios capazes de tratá-la.

Se até meados de 2021 (DC), em que estamos, ainda não foi inventado nenhum remédio capaz disso...

3⁰: de que só é perigosa para idosos e pessoas com comorbidades.

Bem, já temos visto muitos casos de jovens aparentemente saudáveis que morreram de covid.

4⁰: de que assintomáticos e crianças não podem transmitir esse vírus.

Podem sim.

5⁰: de que máscaras não funcionam para proteger da contaminação.

Estudos têm comprovado o que, pelo bom senso, já se sabia, de que sim, elas funcionam, apesar de não serem infalíveis.

6⁰: de que, se até 70% da população se infectar, o vírus perderá a sua força.

Manaus (infelizmente) já nos mostrou que não, porque além de acontecerem casos de reinfecção, também têm os 30% de indivíduos sem anticorpos que continuarão vulneráveis.

E 7⁰: de que apenas os países que impuseram quarentenas e fechamento de fronteiras terão consequências econômicas negativas.

Bem, a Suécia não se fechou em nenhum momento e, mesmo assim, em 2020, teve uma queda do PIB similar à dos outros países nórdicos, que praticaram medidas de contenção do vírus.

No entanto, quase todos esses mitos continuam a predominar sobre os fatos correspondentes, até agora, tanto nas tomadas de decisões do governo quanto no senso comum do povo sueco, cabendo ao primeiro apenas continuar vagamente recomendando o distanciamento social.

Resultado, desde o início da pandemia até a metade deste ano de 2021 (DC), a maioria continua sem usar máscaras nas ruas e sem praticar o distanciamento que deveria fazer. Consequentemente, o número de contaminações e mortes tem sido muito maior do que nos países vizinhos, com populações parecidas em tamanho.

Tudo parece indicar que o desgoverno daquele país tem, secretamente, imposto a "estratégia" da imunidade natural de rebanho, sabotando qualquer medida que controle o surto e/ou enganando a população para que se exponha ao contágio sem saber das reais/possíveis consequências.

Os relatos que tenho lido de suecos e estrangeiros que vivem naquele país parecem realmente indicar que a maioria da população tem acreditado e, da maneira mais acrítica e ingênua possível, nas desinformações que o seu governo tem transmitido e, então, aderido à elas tal como se fossem verdades absolutas.

Lembre-se de que estamos falando de um país cuja média de QI gira em torno de 100...

Não é apenas na Suécia que as pessoas têm desrespeitado essas recomendações básicas, mas é o único lugar em que isso tem acontecido com o total endosso do próprio governo (incluindo autoridades estaduais e municipais) e, pelo que parece, da maior parte da população, o que, com certeza, se consiste em um fenômeno aparentemente contraditório, se tratando de um lugar conhecido por seu nível civilizacional avançado, que se diz tão orgulhoso de sua "racionalidade superior". Pois sua reação tem sido tão patética que eu até estou duvidando seriamente da qualidade do seu sistema de ensino, já que, com base nesse comportamento coletivo pra lá de irracional, parece que não tem ensinado à população a cultivar uma saudável desconfiança do seu governo e a pensar de maneira cientificamente correta, pelo uso sistemático do pensamento lógico-racional.

Já para quem também pensa que a média de QI é um fator relevante para explicar a inteligência de um indivíduo ou de um povo, definitivamente não tem feito grande diferença ter uma média boa, pelo menos no caso da Suécia, por exemplo, e se comparado ao Brasil. Até pelo contrário, se muitos dos que mais têm acreditado e propagado desinformação sobre a covid-19 são justamente os que, segundo as pontuações em testes cognitivos, deveriam ser os menos prováveis a cometer esses equívocos crassos.

A conclusão mais plausível que eu tenho chegado, e desde a um bom tempo, é a de que, mesmo se existe uma correlação positiva e até lógica entre maior inteligência ou QI e melhor inteligência ou racionalidade, ela não parece ser tão robusta assim, mediante a grande quantidade de pessoas com pontuações elevadas em testes cognitivos que têm se deixado enganar por notícias falsas ou desinformações potencialmente perigosas, e não apenas sobre a pandemia. Pois mesmo com uma população muito mais educada e, aparentemente, mais inteligente que a do Brasil, a Suécia, seu governo e o seu povo, em média, tem agido igual ou até pior do que "nós", brasileiros.

Para efeito básico de comparação, finalmente e pelo menos por agora, parece que a maioria do povo brasileiro está insatisfeita com as ações do "nosso" desgoverno. Enquanto que, segundo uma pesquisa recente, a maioria dos suecos continua serenamente satisfeita com as medidas que têm sido adotadas pelo seu desgoverno...

QI alto sem racionalidade quase sempre tem efeitos deletérios na capacidade do indivíduo de usar a sua inteligência, diga-se, com inteligência, pois, com esse perfil, ele costuma  se encher tanto de autoconfiança que acaba adotando o hábito insalubre de racionalizar suas crenças de maneira excessiva, tomando-as como verdades incontestáveis, do que, com humildade, "apenas" buscar por fatos, ser autocrítico ou aceitar quando está errado. Pois mesmo quando ou se age com leviandade, sabendo das consequências das suas ações, porque o cerne da razão é justamente a sanidade ou a lucidez básica de sempre preferir pela verdade do que pela mentira, mesmo e ou especialmente se não corresponde com o que gostaria.