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domingo, 11 de junho de 2023

Dois tipos de mentalidades (radicais) por ideologia: darwinista e pós-natural

 Adolf Hitler ou Frankenstein??


A mentalidade radical darwinista, típica da extrema direita (ocidental), prega que os "mais fortes" ("mais saudáveis", "dominantes", "inteligentes"...) devem sobrepujar os "mais fracos" (idealmente "não-adaptados") ou que a evolução humana precisa continuar a se sujeitar aos mesmos processos seletivos relativamente aleatórios que determinam a evolução e a adaptação das espécies não-humanas, isto é, de continuar da maneira mais "natural' (excetuando eventos específicos extremamente perturbadores que alteram trajetórias evolutivas de maneira significativa). 

Já a mentalidade radical pós-natural ou pós-darwinista, mais típica do lado progressista, por negar que tais processos estejam atuantes ou relevantes nos meios sociais humanos, por sua crença antropo-excepcionalista ou antropo-supremacista, se baseia na ideia de superação de limites ou resolução de problemas emergentes sem que seja sempre necessário uma adaptação orgânica por seleção específica. Essa mentalidade também apresenta um caráter primariamente transcendente, de superar o nível darwinista por um nível superior de organização social e dinâmica evolutiva humana, em outras palavras, de superar a própria natureza. Mas, como eu já comentei no texto "Alienação à direita, à esquerda e a iluminação filosófica", as ideologias progressistas têm se comportado como falsas transcendências, em que só passam a impressão de terem superado o nível anterior, tradicionalista, por também expressarem um tipo de alienação ao invés de sempre buscarem se guiar pelo conhecimento ou pela razão (direita: alienação da essência/esquerda: alienação das aparências/superfícies). 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Coevolução gene-cultura: quem veio primeiro, a cultura ou a genética? E uma demonstração de como que narrativas neolamarckistas se infiltraram na ciência evolucionista

 Provável ou possivelmente...


Tem um estudo recente, publicado na revista Science, que foi realizado por um time internacional de pesquisadores que analisou as impressões deixadas nos crânios das espécies de Homo para entender melhor a evolução dos cérebros dos primatas. Então, a partir do uso de tomografia computadorizada de fósseis do crânio, eles produziram imagens de como provavelmente eram as estruturas cerebrais das primeiras espécies de Homo e as comparou com as dos cérebros de grandes símios e humanos modernos.

Os resultados encontrados mostraram que a espécie Homo desenvolveu pela primeira vez cérebros semelhantes aos humanos há aproximadamente 1,7 a 1,5 milhão de anos na África. Essa evolução cognitiva ocorreu aproximadamente no mesmo tempo em que a tecnologia e a cultura de nossos ancestrais estavam se tornando mais complexas. 


Então, teve um trecho da matéria que me deixou com uma suspeita. Esse aqui:

"A equipe levantou a hipótese de que 'esse padrão reflete processos interdependentes de coevolução cérebro-cultura, onde a inovação cultural desencadeou mudanças na interconectividade cortical e, finalmente, na topografia externa do lobo frontal' ". 

Porque está dizendo que foi a mudança na cultura que provocou mudanças morfológicas no cérebro humano. Está dizendo que a cultura veio antes que a genética ou a biologia... que a propiciou. Mas será que isso faz sentido?? Ou em qual sentido?? 

O que levou seres humanos, nos primórdios da trajetória evolutiva de nossa espécie, a cozinharem alimentos, especialmente a carne animal crua, e a construírem ferramentas mais complexas para caça e defesa?? De onde surgiram essas inovações?? 

Pois, pela lógica, não dá para dizer que o cozimento de alimentos, uma inovação cultural, e outras descobertas e inovações, vieram antes que a emergência de uma capacidade de inovação ou criatividade/percepção, isto é, de mudanças morfológicas associadas a essa capacidade. Só é possível concluir que foi o oposto, que a emergência de uma inteligência mais avançada e sofisticada, provavelmente resultado de forte seleção natural dos mais inteligentes, tornou possível essas inovações culturais. 

Mas não é isso que essa equipe de pesquisadores concluiu... Pois o simples fato de terem pensado e adotado essa possibilidade de explicação ao invés de uma mais "darwinista" já é uma demonstração do quão infiltradas estão essas narrativas neolamarckistas e como que podem deturpar seriamente nossa compreensão sobre tópicos tão importantes como a evolução humana. Pois mesmo que, hoje, possamos dizer que mudanças culturais podem desencadear mudanças morfológicas a médio e longo prazo, isso só é possível se existirem estruturas biológicas que as permitirem, sem falar que, "cultura", literal e tradicionalmente, significa uma imposição de tendências comportamentais específicas de ou desejadas por grupos de seres humanos, e que ainda pode ser considerada uma paisagem genética ou biológica estendida. Por exemplo, o crescimento intergeracional da altura média dos habitantes, primariamente de sociedades industrializadas, não tem acontecido apenas por causa de mudanças na alimentação, mas também por existir essa possibilidade, a priori, específica, de alteração fenotípica. Além disso, esse aumento tem ocorrido de acordo com a etnia ou raça de cada população, obedecendo um padrão biológico e variavelmente determinista. Outros tipos de evolução, mais significativos, tendem a acontecer a partir de mudanças de padrões seletivos, tal como o que resultou no aumento do tamanho e da complexidade do cérebro humano. 

Basicamente, se eu aprendi a amarrar os cadarços dos meus sapatos, antes foi necessário que eu apresentasse estruturas pré-existentes no meu cérebro que possibilitassem esse aprendizado. Dizer, ainda mais nos primórdios de uma espécie, que inovações tecnológicas e culturais causaram mudanças morfológicas ou biológicas é o mesmo que "colocar a carroça na frente do cavalo", de inverter a ordem mais provável ou lógica dos eventos. 

Essa ordem seria: uma forte pressão seletiva para maior inteligência causou o aumento exponencial do tamanho do cérebro humano e que, por sua vez, possibilitou inovações culturais ou tecnológicas. 

Mesmo se o ser humano pré-histórico tivesse descoberto por acaso a controlar o fogo ou a cozinhar seu alimento, ele ainda precisaria compreender o que percebeu, explicar o que entendeu aos outros, esperar que os outros lhe entendessem e replicar seu aprendizado ao invés de continuar dependendo que um raio caísse em cima de uma árvore para gerar fogo. O seu cérebro não aumentou de tamanho e de complexidade porque passou a consumir mais proteína animal ou carne cozida e, então, ficou mais inteligente. É o oposto... O seu cérebro  foi aumentando de tamanho por seleção natural, demandando mais energia e, essa necessidade, juntamente com a emergência de uma maior capacidade, acabou culminando nessas inovações culturais.

domingo, 11 de setembro de 2022

"Neolamarckismo" e "Darwinismo" aplicado à evolução humana

 Por que os seres humanos são, em média, muito mais inteligentes que as outras espécies de animais?? 


Também e/ou especialmente por termos cérebros grandes, se comparados com o tamanho dos nossos corpos, e mais complexos.

Mas como que nossos cérebros se tornaram grandes e complexos?? 


Explicação mais provável: principalmente por seleção natural. 

Os seres humanos com os cérebros maiores e mais complexos, ao longo da história evolutiva de nossa espécie, têm sido mais bem sucedidos em sobreviver e passar seus genes adiante, tendo mais descendentes que aqueles com cérebros menores e mais simples. 

Acontece assim. Mutações surgem naturalmente. Então, as mais "benéficas" para a sobrevivência ou para certo tipo de adaptação, ao longo de milhares de anos, vão sendo selecionadas e se tornando predominantes em determinada população. 

Explicação "neolamarckista": os seres humanos que usaram mais os seus cérebros, foram transmitindo aos seus descendentes, alterações morfológicas mínimas de tamanho e complexidade causadas pelo seu maior uso, aumentando-os cada vez mais, de maneira lenta porém constante, de geração em geração.

Mas, não existe nenhuma evidência de que isso aconteça, nem com as outras espécies, enquanto que o mecanismo da seleção natural tem sido comprovado, inclusive por seleção artificial. 

Exemplos: aumento da resistência de insetos que devastam plantações, aos inseticidas que são administrados contra eles; aumento da resistência de bactérias a antibióticos; a seleção artificial de animais e vegetais para domesticação, que tem sido praticada por seres humanos....

sábado, 10 de setembro de 2022

Sobre "neolamarckismo" e "lamarckxismo"

 Neolamarckismo: aparente tentativa de reavivar e legitimar uma hipótese evolutiva notoriamente defendida por Jean Baptiste de Lamarck, Lamarckismo, há muito desacreditada pela teoria da seleção natural, ou "Darwinismo", que foi paralelamente desenvolvida por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace.


"Lamarckxismo" ou lamarckismo de esquerda: termo satírico que eu inventei e que se consiste na combinação da crença na tábula rasa com a realidade da luta de classes e, então, na busca por igualdade ou justiça social com base na primeira; teimosamente popular entre professores e acadêmicos das ciências humanas.

Tábula rasa: (quase) todo ser humano nasce, tal como uma folha de papel em branco. Apenas ou especialmente as condições do meio (desigualdades socioeconômicas, raciais, de gênero; nível de educação recebido, tipo de criação dada pelos pais) que são responsáveis pelas diferenças de desempenho intelectual e de comportamento entre indivíduos e grupos humanos;

Lamarckismo: a evolução das espécies acontece pela transmissão de características adquiridas por esforço repetitivo; 

"Marxismo": a história humana tem girado em torno da luta de classes em que, as classes mais abastadas, principalmente as "elites" político-econômicas, exploram economicamente as outras classes para o próprio benefício.

...

Portanto, acredita-se que, bastaria investir na melhoria dessas condições que essas diferenças, a médio e longo prazo, diminuiriam de maneira significativa ou mesmo desapareceriam por completo. Por exemplo, se, em média, indivíduos das classes trabalhadoras apresentam desempenho intelectual inferior aos indivíduos de classe média, é porque não tiveram igual acesso a uma "educação de qualidade" durante o período escolar, resultando na especialização da maioria desses indivíduos, do primeiro grupo, em trabalhos manuais ou de "baixa qualificação". Então, é preciso oferecer, particularmente aos seus filhos ou às novas gerações, uma "educação de qualidade" para que possam se tornar "tão ou mais 'inteligentes" que os jovens de classe média (lei do uso e do desuso/lamarckismo), aptos a ingressar no ensino superior e, assim, exercer profissões de "maior prestígio", que pagam mais, diminuindo a desigualdade social.* 

* Aqui, como eu já comentei em outros textos, despreza-se que, o mais importante ainda não é que "apenas' uma minoria tenha acesso ao ensino superior, mas que a maioria exerça profissões que paguem tão pouco, ou que existam diferenças salariais tão grandes, até porque, toda sociedade precisa de indivíduos que se dediquem à profissões de "colarinho branco" e também que, mesmo se todos pudessem frequentar uma universidade pública, continuariam existindo os que acabariam se especializando em funções mais básicas, que não exigem uma maior qualificação técnica.

Realidade: 

Um dos mecanismos mais importantes para a evolução das espécies é a seleção natural, de características favoráveis à adaptação. Outros fatores são: deriva genética, que pode resultar em gargalo ou efeito fundador; isolamento geográfico... portanto, a hipótese lamarckista, de que a evolução das espécies acontece fundamentalmente por transmissão de características adquiridas por esforço repetitivo, não parece correta;

Seres humanos não nascem como folhas de papel em branco, totalmente destituídos de predisposições comportamentais. É a biologia que tem um papel mais decisivo, por mais extremas possam ser as condições do meio (uma folha não é levada pelo vento apenas pela força do mesmo, mas também por causa do seu nível de leveza).

Portanto, se indivíduos de classe trabalhadora tendem a apresentar um desempenho intelectual inferior aos de classes média é pelo simples fato de terem, em média, capacidades cognitivas comparativamente mais baixas, e não porque a maioria estudou em escola pública ou não teve acesso a uma "melhor educação". A priori, a única maneira de se igualar desempenhos entre as duas classes seria se os indivíduos mais academicamente inteligentes de classe trabalhadora produzissem mais descendentes que aqueles de menor capacidade do mesmo grupo ou que acontecesse o padrão oposto com os indivíduos de classe média. Desprezando que, muitos dos "mais inteligentes" de origem humilde ascendem socialmente. Sim, eles existem, mesmo sem terem tido acesso a uma "educação de qualidade", seja lá o que isso signifique... 

Pode ser que, altos índices de pobreza extrema causem efeitos intergeracionais--epigenéticos, por exemplo, prejudicando o crescimento ideal dos cérebros dos indivíduos mais afetados. Mas em vários lugares onde a fome deixou de ser endêmica ou epidêmica, percebe-se que não tem havido um ajuste significativo dessas diferenças entre grupos socioeconômicos, raciais ou de gênero, comprovadamente causado pela melhoria das condições sociais, por exemplo, nos EUA, sugerindo que a biologia tem um papel mais decisivo que o meio, mas não absoluto, pelo menos em relação à inteligência humana. Nem por isso, deve-se suspender o apoio à luta contra as desigualdades que causam injustiças sociais...

Pois até parece que as esquerdas usam sua crença na tábula rasa, de que "somos todos naturalmente iguais", como principal argumento em seu combate às desigualdades. Mas eu penso que deveriam adotar o argumento existencialista, de que somos todos iguais, em essência, por nossa fragilidade, finitude e insignificância em comum, diante da monstruosidade descomunal e indiferente do universo. Sem mais se iludirem de que nossas diferenças não-essenciais seriam facilmente erradicáveis. Em outras palavras, de terem como base em suas políticas, verdades absolutas, e não mentiras reconfortantes que se alinham com algumas de suas crenças ideológicas mais importantes.

É verdade que o monopólio administrativo de "elites" político-econômicas mal intencionadas, principalmente as de direita, tem resultado na distribuição desigual das riquezas produzidas, dentre outros crimes... Mas a pobreza também é produto de uma incapacidade individual de adaptação a certos contextos, especialmente de indivíduos que apresentam traços considerados desvantajosos, tal como uma baixa capacidade cognitiva.

Apenas o "marxismo", vagamente definido neste texto como "luta por justiça social", que está mais certo, por ser o básico bom senso de se buscar por uma sociedade mais equilibrada e justa...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O darwinismo social é o oposto da eugenia e eu vou explicar por que...

 ...com a analogia do livre mercado ou de sua regulação pelo Estado


O darwinismo social é o mesmo que desregular a sociedade (igual ao "livre mercado"), deixando que os "mais adaptados" triunfem e dominem, de maneira "natural", sem pensar nas consequências. Aliás, isso já acontece, mas com alguma regulação...


Por essa perspectiva de comparação, a eugenia é o oposto do darwinismo social porque consiste numa proposta de regulação significativa da sociedade pelo Estado, inclusive sobre os padrões reprodutivos da população, de incentivo à procriação dos mais saudáveis, bonitos, inteligentes, empáticos, sábios E/OU racionais??? E/OU pelo desincentivo dos seus respectivos opostos??


Pois parece que, pelo menos por essa perspectiva, darwinismo social e eugenia são antônimos e não sinônimos, como muitos pensam. 


Talvez uma outra diferença marcante é que o darwinismo social é sempre problemático (tal como o livre mercado), enquanto que a eugenia é bem mais complexa do que muitos pensam, porque pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal (o mesmo para uma maior regulação do Estado). 


domingo, 2 de julho de 2017

Darwinismo social às avessas

Prática de eugenia nas classes trabalhadoras ou batalhadoras com o intuito de dar-lhes maior autonomia e consciência de classe contra as elites que tem sido provadas inúteis e/ou moralmente raquíticas.