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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Camadas de verdade//realidade ou níveis abstratos

 Nível mais real: 


Todos os elementos e fenômenos físicos e/ou químicos...

Você, eu, seres humanos, seres vivos, planetas, chuvas, raios, água...

Recorte ou abstração de elementos reais (abstração primária pela linguagem). 

Nomeação e categorização de elementos reais. 

Nível abstrato mais real: 

Todas as nossas emoções e (outras) reações orgânicas.

Sentir alegria ou tristeza, frio ou calor...

Nomeação e categorização de derivação de elementos reais. 

Recorte dos recorte ou abstração da abstração (abstração secundária). 

Nomeação e categorização de derivação, primariamente, de elementos orgânicos.

Nível mais abstrato: 

Todos os conceitos que inventamos ou que não existem no mundo real tal como nós existimos e que são menos reais ou mais abstratos que as nossas reações: "racismo", "preconceito", "justiça", "nomes" de "cidades", de "pessoas"...

São especificações ainda mais particulares de especificações reais. Por exemplo, o sentimento de ódio ou desprezo e que pode ser classificado como "racismo" ou "preconceito"

Recorte do recorte do recorte ou abstração da abstração da abstração (terciária).

Nomeação e categorização de derivação da derivação de uma abstração primária ou de elementos reais. 

sábado, 10 de dezembro de 2016

Uma vida por aproximação ... Sem números, palavras (pasmem, e mesmo com eles)

''Estou neste momento'', enquanto redijo este texto, fazendo exercícios físicos, mais precisamente flexões. Eu contei que já fiz a quarta flexão, com 10 repetições cada (sim, eu sou fraco, e daí*). Sem os números e as palavras eu provavelmente teria deduzido por aproximação a quantidade de exercícios que fiz. Antes dos números e das palavras é provável que vivíamos em um mundo perceptivo que era entendido por aproximação, diga-se, possivelmente mais instintivo, sagaz, intuitivo, tal como acontece com todas as outras formas de vida. Mas menos preciso, mais bruto, do que como estamos por agora, isto é, ainda mais bruto.

Se eu não tivesse contado o número de repetições nem a quantidade de flexões eu o teria feito por aproximação ou "impressão numérica" ou mesmo teria me perdido na contagem

Quando olhamos, sentimos com o tato, escutamos, cheiramos,  enfim quando usamos os nossos sentidos, entendemos o mundo, em especial o abstrato, por aproximação, que pode ser facilmente traduzida como ''impressão'', claro, se formos comparar com a ''realidade'', porque na verdade, a compreensão pode se dar independente de ''nossas'' invenções, como o vocabulário e os números. A verdade objetiva ou concreta é o mundo dos sentidos, em que notamos, tomamos conhecimento da realidade de maneira inflexível e direta. Este é o nosso alcance perceptivo universal, que é mais equilibrado, mais holístico do que os das outras espécies e que nos faz a priore excepcionais na capacidade de encontrar causas e efeitos e agir de modo logicamente apropriado, a priore. Mas para entendermos o mundo e não apenas percebe-lo, o fazemos primeiramente por aproximação não-verbal, intuitiva.


 Uma espécie de lógica intuitiva primária (a lógica intuitiva se consiste na continuidade da tentativa de compreensão factual de uma realidade, que pode ser metaforicamente representada por uma tela parcialmente pintada. A lógica intuitiva se consistiria então na continuidade desta pintura, isto é, olhando para onde que está incompleto e prevendo/sentindo logicamente como que o desenho poderia continuar).

A concepção direta da realidade percebida pelos nossos sentidos ainda se fará com base em aproximação porque apesar de sabermos que a realidade existe, ao menos aquela que nossos sentidos captam, esta percepção não será idealmente precisa quando o fizermos a partir das abstrações. A evolução para o pensamento abstrato é muito provável que levou a invenção das culturas humanas. Como eu já falei outras vezes, o instinto humano é atrasado. Ao invés de agirmos de imediato tal como pseudo-autômatos e portanto hiper-sensíveis ou "impulsivos', como as outras espécies, nós podemos pensar e re-pensar (quantas vezes 'quisermos') antes de agirmos, supostamente, ainda que tal vantagem não costume se manifestar de maneira universal, constante e ideal. O instinto se consiste justamente no pensar/agir ao mesmo tempo. Penso/ logo ajo. Para o ser humano existe a possibilidade que é bastante variável a níveis individual e grupal, de se pensar de modo mais prolongado, podendo assim repensar ou consertar antes que a ação aconteça ou seja efetuada. Não é que nenhum outro animal não seja capaz de pensar reflexivamente. Novamente, o ser humano sendo uma continuidade das outras espécies, é apenas muito mais inteligente neste aspecto do que as outras e portanto isto quer deixar a entender que elas também exibem esta capacidade mas em níveis muito mais simples. A cultura humana é uma invenção que veio a calhar quando nos livramos parcialmente de nossos instintos. A cultura humana é uma reorganização potencialmente lógica do mundo perdido do instinto humano. Podemos dizer que somos muito mais lentos que as outras espécies, neste aspecto do pensar-para-agir, de tal maneira, que podemos repensar/refletir várias vezes, e ao longo da vida, entre uma ideia/pensamento e uma ação, o mundo humano foi construído.

Quando olhamos para as coisas deduzimos por aproximação intuitiva os seus tamanhos. Podemos mensura-las e prover uma maior precisão de julgamento. Números e palavras organizam pensamentos e que por sua vez organizam ações. Escrever ideias é uma maneira muito inteligente para se prever/mensurar/entender uma ação, separando-a de si mesmo, e como consequência do seu pensamento em relação ao seu comportamento.

Fazemos o mesmo em relação a tudo aquilo que percebemos antes da reflexão, mesmo sem palavras (ou linguagem) ou números ou mesmo já com esses dois instrumentos que são essenciais para qualquer cultura humana. O primeiro pensamento humano (e animal) nunca é verbal mas sensorial ou não-verbal.

Desde novo que eu percebo diferenças no comportamento das pessoas e em relação aos grupos em que elas naturalmente se encaixam. Todos nós desenvolvemos de maneira mais ou menos significativa este tipo de impressão e antes de fixarmos as nossas impressões, mantemos tal percepção factual enquanto uma aproximação da possível realidade, que será revelada pela experiência, por um rompante de atividade ideacional pré conclusiva, quando transformamos essas impressões em conhecimento bruto, ou por fim, pela fixação via técnica primordial reflexiva humana, ou seja, os símbolos para quantidade e para categoria, respectivamente números e letras/palavras. A impressão é uma percepção factual bruta, ou preconceito cognitivo, que pode ou não estar certo, e o mais provável é que seja ''por aproximação'', revelando um largo espectro de acertos, mas que não é preciso. A percepção factual dilapidada, se fará, novamente através de ''nossas'' invenções, linguagem, vocabulário e sistema(s) numérico(s).

A precisão parece algo complexo mas muitas vezes não será. Por exemplo, a precisão quanto a factual existência de diferenças fisiológicas e comportamentais entre grupos geográficos humanos. Podemos percebe-las em vários senão em todos os seus  aspectos mais visíveis ou sensíveis, isto é, que são sensorialmente capturáveis a olho nu, porque as linguagens numérica e categórica/verbal desde quando são aprendidas, passam a funcionar como filtros. Portanto antes de verbalizarmos qualquer realidade perceptível, complexa/plural ou simples/singular, ela já terá sido capturada por nossos sentidos. A lógica, em especial a de natureza abstrata, parece localizar-se nesta transferência coesa de informações em que as impressões apreendidas serão verbalizadas, por meio de categorias qualitativas/descritivas e numéricas/quantitativas. 

Percebemos contrastes, semelhanças, enfim padrões e os verbalizamos. Sem a linguagem é provável que continuaríamos compreendendo o mundo no mesmo nível básico em que estamos, visto que a meu ver foi a necessidade humana pela linguagem que possibilitou a sua emergência ou invenção e não o oposto,  porque seria obviamente impossível que a abstração por ser sempre fruto ou expressão da concretude, pudesse, enquanto uma entidade mágica, aparecer antes do seu criador. 

Todos os seres vivos sentem a realidade por meio de seus respectivos sistemas sensoriais e que é interpretada por seus sistemas mentais. Todos os seres vivos não-humanos compreendem o mundo por aproximação e de maneiras profundamente "tendenciosas", em termos abstratos, por serem muito mais instintivos e portanto por herdarem comportamentos pré-programados (muitos que já nascem muito mais desenvolvidos que os seres humanos) e que por causa do maior impulso vital ou instinto são "forçados' a agirem e a reagirem quase sempre de modo mais imperativo e menos reflexivo. 

Em tese o ser humano seria muito mais reflexivo que as outras formas de vida mas esta vantagem não parece esplendorosamente notável a ponto de funcionar de modo perfeccionista para a própria humanidade porque tende a resultar na "complexidade" da subjetividade humana mas que também pode ser entendida parcialmente como uma confusão de se tentar adivinhar o mundo abstrato (ecos ou expressões que emanam da concretude) por aproximação. Justamente porque estamos no início da compreensão da verdade ''subjetiva' ou abstrata que regredimos ao estado da percepção [abstrata] por aproximação, em que tomamos a metade como se fosse toda a verdade, como se fosse o inteiro, por aproximação, onde que, ao invés de pensarmos naturalmente como fazemos sobre a concretude onde que 1=1(banana = banana) nós tenderemos a pensar a partir do mundo abstrato em que 1= 1,3-1,4-0,9-0,6.... As religiões oficiais funcionam desta maneira em que por aproximação cria-se um longo espectro de princípios e factoides [sempre] vagos, entre o fato e o errado, onde vivem os factoides, alimentando a ignorância sempre pulsante do ser humano com base em suas quase, meias-verdades e mentiras fantasiosas que apelam para a emoção.


Estes vácuos que a compreensão por aproximação provoca costumam ser férteis para a complexidade ou confusão humana e debilmente falando, para o uso indevido ou egoísta desta fraqueza por grupos imorais.

A maioria das culturas humanas principalmente em seus aspectos culturais mais puros são basicamente a tomada de um achismo por aproximação enquanto uma verdade exponencialmente perfeccionista. Aquilo que invariavelmente faz ou pode fazer sentido, mas que não é definitivamente factual.


A precisão simples é o reconhecimento bruto da realidade de acordo com cada alcance perceptivo basal ou simples de cada espécie. O alcance perceptivo basal ou simples do ser humano lhe propicia reconhecer a verdade objetiva, concreta, imediata ou reconhecimento bruto da realidade da maneira mais equilibrada, mais holística via percepção sensorial + interpretação cerebral. O ser humano pode mensurar com melhor aproximação ou probabilidades de acertos,  o peso, a coloração, a textura, enfim as características das coisas ou existências, não apenas por causa de seu cérebro mais avantajado mas pode ser também por ter uma estatura média bastante ponderada e muito adequada para este tipo de percepção. Se fosse tão grande quanto um dinossauro de porte tiranossáurico o ser humano talvez apresentasse uma percepção simples ou aquela captura da verdade objetiva se faria mais mais distorcida. Da mesma maneira que o oposto também é verdade, por exemplo no caso das formigas, em que a escala geo-biológica será muito menor.  Ser intermediário tem muitas vantagens porque muitas vezes se poderá compreender melhor de maneira holística e mais ponderada a realidade imediata em que se vive. Mas sem o seu cérebro prodigioso mesmo uma estatura ponderada é provável que não seria suficiente. Apesar disso continua fazendo toda a diferença não ter o tamanho de dinossauro gigantesco, muito menos de uma formiga. 

Portanto reconhecemos por exemplo uma pedra, sua textura, seu tamanho, sua coloração, sua dureza, e isto é uma nano-parte da verdade objetiva. Do mesmo modo podemos reconhecer os contrastes físicos entre as diferentes identidades biológicas do ser humano. 

Quando deixamos este mundo direto, constante, inescapável mesmo em nossos sonhos, e partimos em direção a um mundo além do imediatismo da concretude, da existência bruta, existência por si mesma, chegamos à uma realidade que se faz não-verbalmente por associação e por aproximação ou impressão. Já conseguimos fixar com grande precisão a realidade objetiva, mas ainda estamos engatinhando em relação à verdade/realidade subjetiva. Este é o principio do mundo abstrato e todas as formas de vida parecem capturar ao menos algum fiapo deste mundo por seus sistemas perceptivos/vitais. E é claro que o ser humano é o único com grande desenvolvimento desta percepção abstrata.

Além da pedra ou das populações humanas e que no segundo caso já apresentará um caráter acumulativo ou plural, e portanto menos imediatista e mais -especulativo a corretamente conclusivo-, nós podemos olhar para as mesmas de modo desapaixonado, isto é, sem intencionalidade instintiva.

O ser humano pode se interessar pela pedra sem ter qualquer utilidade prática. No entanto por causa do instinto predominantemente sempre aceso, a maioria das espécies não- humanas quase sempre se relacionarão com a realidade e as peças que a compõe com finalidades restritamente utilitárias ou ego-cêntricas.

O simples ato de conhecer muitas vezes começará pelo completo desinteresse utilitário. Isto é, conhece-se pelo prazer de se conhecer, pelo valor em si mesmo. O conhecimento verdadeiro é a finalidade do conhecimento. No reino não-humano o conhecimento muitas vezes antecederá  à utilidade vital ou de sobrevivência. Isto é, será especialmente um meio para uma finalidade. Os fins justificam os meios para a maior parte dos animais não-humanos... e humanos. 

Como eu já falei antes, pra muitos criativos especialmente os mais sábios o conhecimento tende a ser entendido como a sua finalidade por si mesma, isto é, aprende-se pelo simples gosto de se aprender.

Portanto os animais tendem a analisar o mundo de modo mais separado ou hiper-concentrado, direcionado por seu instinto, sem encontrar ou mesmo buscar por uma portentosa e crescente quantidade de causas e efeitos ou inter-relações dos mais variados temas, do ''chão ao firmamento''. Percebam que o ser humano comum também tende a perceber o mundo mais ou menos desta maneira e quando tenta abstratizar um pouco mais, a sua percepção muitas vezes terminará generalizando, isto é, ao tentar encontrar causas e efeitos, caíra na velha falácia "causalidade = correlação", uma extensão percepção para uma pluralidade de perspectivas/temas que a maioria das outras formas de vida não são capazes de fixar atenção de longo prazo.

A expansão da precisão simples de modo correto que tem natureza acumulativa se consiste na evolução da percepção geralmente dissociada ou separada da realidade, a vendo cada vez mais como ela é, apenas do jeito como ela é. As abstrações são os padrões ou expressões de funcionamento dos organismos, da realidade por si mesma. Por exemplo. Ao vermos um balão colorido no céu estamos capturando a sua existência concreta. A abstração começa pela curiosidade quase que irresistível ou ao menos pela capacidade de se entender que, para cada comportamento há um mecanismo subjacente e possivelmente escondido ou sistema de padrões invariavelmente repetitivos, bem como também as suas expressões [das formas] ou, os seus comportamentos. A abstração é um novo mundo abstrato onde que o tempo e sua implacabilidade podem ser vencidas mesmo que por período curto porque desta maneira podemos voltar ao passado, claro que em sentido figurado, imaginar o futuro, voltar um pouco no passado recente, analisar as coisas de modo separado e depois pluri-relacionado, isto é, reintegrando-os. Enfim podemos aumentar a quantidade dos nossos olhares em relação ao mundo que vivenciamos, além de nossas fronteiras egocêntricas ou utilitárias.


Pelo instinto sabe-se mais sobre si mesmo, ainda que a um nível primário (primitivo), e pouco sobre a realidade circundante e suas múltiplas perspectivas. Sabe-se mais sobre o efeito, ou o comportamento, do que a causa de si mesmo. Sabe-se o que ''tem'' que fazer, mas não o porquê.

Por meio de uma descentralização ou redução do instinto, do EU primário, começa-se gradualmente a ampliar os horizontes perceptivos enquanto que um extremo de docilidade ou domesticação cortará as vantagens instintivas que chegam ao seu ápice de funcionalidade, ao menos ou especialmente ao nível ideacional, a partir daquilo que denominei como ''zona habitável da sabedoria'', o meio caminho entre instinto e docilidade/domesticação.

Portanto como conclusão deste texto, sem números, palavras, mas especialmente sem linguagem, compreenderemos o mundo de modo não-verbal e por aproximação, enquanto que a junção do símbolo com o ''ser'', a existência ou coisa, a partir do seu ''aprendizado'', geralmente veloz, a partir da língua ''materna'', parece funcionar como uma maneira de evidenciar por nós mesmos via ''memória verbal/ambiental'' de modo mais saliente os contrastes e similaridades que perfazem a realidade. Os símbolos abstratos inventados pelo ser humano lhe dão, a priore, maior precisão, ainda que possamos compreender intuitivamente, ''sem saber'', em relação a uma série de realidades, sem a necessidade do método científico, de necessariamente ter que provar a existência de algo.

Sem a voz interna recobrando as palavras e números memorizados desde ou especialmente a partir da primeira infância, continuaríamos entendendo o mundo no mesmo nível perceptivo em que estamos, mas sem a simbiose simbólico-mental que se consistem as palavras ''e'' os números, que no final também são palavras, símbolos-de-símbolos, novamente o velho exemplo que sempre gosto de usar, reconheceríamos as características que definem uma vaca, apenas por olhar, sentir, cheirar e gravar na memória. Pode ser possível que sem a linguagem, ''poderíamos'' ter criado outros meios, não para memorizar a associação e como consequência reconhecer certa coisa ou particularidade, mas para fixa-la e reconhece-la de outro modo. Quem sabe* Também existem as diferenças individuais de autoconsciência* Sem a cultura humana do jeito que é, como que agiríamos ou perceberíamos o mundo* O gato ou o cachorro sabe que uma vaca é de fato uma vaca* ou que,  por aproximação, podem ''apenas'' reconhece-la de maneira aproximada** (e sem muito interesse, como quando alguém tenta nos ensinar algo e conseguimos entender um pouco, mas sem ter qualquer interesse que inflame este desejo pelo aprofundamento pra esta tentativa de aprendizado/internalização factual) 

Os primatas mais próximos do ser humano sabem que uma vaca é uma vaca do jeito que nós sabemos*

Eu não acredito totalmente que sem a linguagem ''não seríamos humanos'', pois humanos nós já somos, com ou sem cultura ou linguagem.

E sem contato social humano**

Os primeiros hominídeos é muito provável que se comportavam similarmente aos outros primatas, mais primários... 

domingo, 10 de julho de 2016

Palavras e pensamento reflexivo

Quando vemos uma "coisa" nós tomamos conhecimento sobre a existência desta coisa, especialmente se for parte da verdade objetiva/concreta. No entanto sem as palavras é provável que memorizaríamos 'apenas'' as impressões ou memórias não-verbais, porque primeiramente assim o fazemos, memorizamos, ou seria melhor, internalizamos impressões corretas e/ou vagas da realidade que nos rodeia sem símbolos associativos ou palavras. 

As palavras funcionam como identificações associativas (cavalo= aquele animal) primariamente reflexivas dessas impressões não-verbais. Isto é, identificam as "coisas" por associação e ainda refletem a impressão de onde se originaram (impressão: Reconhecimento de um certo animal. Palavra: Este animal=cavalo).

 Vemos que o cavalo é um cavalo, e a palavra [parece que] nos ajuda a fixar esta impressão aguda que o nosso sistema sensorial é capaz de construir, diga-se, de maneira bastante equilibrada, se formos comparados às outras formas de vida. Percebam que os outros animais também são capazes de reconhecer as características de um cavalo, incluindo o próprio cavalo, mas como são impressões (reconhecimento não refletido ou lógico-diretamente percebido) ou que não são importantes para as suas diretrizes evolutivas de espécie, então esta compreensão factual primária será superficial. No entanto os animais, dentre outras formas de vida, ainda são capazes de desenvolver um conhecimento mais amplo sobre os seus predadores, presas ou qualquer outro ser que esteja em constante contato, em especial se conseguirem desenvolver armas ou adaptações biológicas em relação às suas investidas instintivas predatórias, parasitárias, mutualistas ou cooperativas . 

No entanto tal reconhecimento não se aproxima daquele que o ser humano é capaz de produzir, mesmo o ser humano menos inteligente, mediante o seu grau extremamente elevado de sofisticação balanceadamente perceptiva [em relação à verdade objetiva ou concretude imediata], porque ao invés de ser compreendido por associação é provável que se dará de modo "complementaridade co-evolutiva" [ a ''metade'' da laranja, ;) ], isto é, de se consistir em uma sobreposição de características de duas ou mais espécies que evoluíram conjuntamente, resultando na cadeia alimentar, por exemplo de sinais sensoriais primários (evoluídos) direcionando-os para as suas presas ou fugindo do seu predador mais comum (a mesma relação de conexão que pode existir entre mães e filhos). 

Por causa de nossa "bússola" perceptiva mais equilibrada e especialmente em relação ao reconhecimento da verdade primária ou objetiva, podemos reconhecer e internalizar com maior requinte de detalhes as concretudes ou existências não-abstratas. 

Provavelmente os cérebros das outras espécies encontrar-se-ão significativamente atrelados às diretrizes evolutivas das mesmas cabendo pouco espaço para a internalização de 'superfluidades". 

Nós somos talvez os únicos que podemos internalizar superfluidades e mesmo ao ponto de as considerarmos mais relevantes que as prioridades fundamentais. A maioria das outras formas de vida é provável que nunca internalizarão qualquer superfluidade, porque seria perda de tempo e perigoso pra elas.

A evolução da inteligência humana é provável de ter tido como efeito colateral essa nossa capacidade de internalizar (e fixar via linguagem) impressões díspares em termos de utilidade evolutiva e este excesso pode ter contribuído tanto para a canalização potencialmente equivocada do pensamento abstrato como as já alardeadas superfluidades ( por exemplo frivolidades oriundas de ''religião'', ''cultura'' ou ''ideologia''), assim como também a ''querida'' criatividade.


O que veio primeiro a linguagem ou a aptidão para se adquiri-la??



Como eu penso, a linguagem é uma abstração, obviamente em uma não-coisa literal. Nós é que, como os seus "deuses", lhe demos vida por necessidade psico-cognitiva. Isto é, ''evoluímos''  sem a linguagem até certo ponto da pré história em que nossos cérebros adquiriram a avançada capacidade de reconhecer de maneira mais profunda e equilibrada a realidade ou parte fundamental da mesma.


 Portanto a linguagem foi um produto genial de todas as populações humanas em que houve a emergente necessidade de sofisticação dos grunhidos que nossos antepassados pré históricos usavam para se comunicar. Tal como a roda ou o domínio do fogo. Primeiro aconteceu o aumento cerebral significativo e complementar sofisticação neurológica. Depois surgiu a necessidade de organizar os pensamentos cada vez mais sofisticados e sinais corporais ou grunhidos já não davam conta do recado. Interessante notar que todas as populações humanas de todos os continentes parece que tenham evoluído de maneira independente, para mais ou para menos, em direção a esta capacidade ou aptidão, desenvolvendo estratégias para sanar esta crescente demanda pela sofisticação eficiente na comunicação social e no reconhecimento da realidade percebida e interagida. Tal como aquelas pessoas de hoje em dia que são mudas, se esforçando muitas vezes de maneira exagerada para se comunicarem, evoluímos de grunhidos e sinais corporais ou comunicação não-verbal para a linguagem verbal que com certeza tornou a comunicação muito mais eficiente. A necessidade é a alma da criatividade.

Seguimos o subconsciente porque ele predomina em nós. O consciente, provavelmente um produto das áreas mais recentes de nossos cérebros, ainda está dando os seus primeiros passos evolutivos, rastejando diante da eficiência brilhante de nosso subconsciente, que evoluiu juntamente com as neo-sofisticações "culturais" como a linguagem. De acordo com o espectro do inconsciente ao consciente, a maioria dos animais são predominantemente "inconscientes", isto é, a possibilidade de se reconhecerem de modo significativo, simulando-se de fora do seus corpos, de suas identidades existenciais, metaforicamente falando, como se pedissem uma segunda opinião sobre si mesmos, o princípio da consciência,  é muito pouco provável de acontecer. 


Eles sabem aguda e "cegamente' quem eles são. Mas não há auto- reflexão para pensar em melhorar a si mesmos. Eles reconhecem as suas características por meio da essencial "clausura natural" e partem para a vida. Estão jogados à própria sorte. Mas muitos seres humanos também estão se as sociedades que "construímos" nada mais são do que réplicas pedantemente sofisticadas e parcialmente apaziguadas do cenário de cadeia alimentar que predomina no meio natural. 


Quão dependente da palavra está o pensamento reflexivo?? Maior inteligência verbal maior autoconsciência??



Como falei acima as palavras fixam nossas impressões ou memórias não-verbais internalizadas transformando-as em "coisas" (palavras). Quando desejamos recobrar algo nós utilizamos as palavras intrincadas ou associadas às memórias não-verbais (memória por si mesma) que também podem ser recobradas via voz interior. Eu sou parcialmente desconfiado quanto ao grau de dependência do pensamento reflexivo humano em relação à linguagem. Se a necessidade veio primeiro, e parece óbvio que sim, então eu acredito que, mesmo sem a presença de uma linguagem o pensamento reflexivo continuaria existindo. É provável no entanto que se daria de modo mais desordenado se sem essas "coisas" ou associações simbólicas, internalizaríamos"impressões" ou memórias não-verbais e vendo como que o ser humano moderno encontra-se dependente e ou confiante nas palavras de fato haveria reflexão mesmo sem a linguagem ordenada, mas provavelmente seria menos eficiente ainda que mesmo com as mesmas, a maioria, senão a grande maioria de nós, permanece menos sábio no seu uso mais racional, por causa da pontual e muitas vezes decisiva influência de nosso subconsciente, produto que é paralelo à emergência da autoconsciência incompleta, predominante entre os humanos.


O pensar racional é o pensar eficiente, isto é, ser factualmente entendível, capturando logo de início o bojo correto da realidade que estiver sendo percebida, sem filtros culturais que quase sempre são problemáticos, mas também constante e muitas vezes, paradoxalmente falando, mais lento,  se a reflexão por si mesma já será um processo mais lento do que o pensar instintivo, isto é, pensamento/ação.