Boa tarde, pra ti
Tarde boa, pra mim
Se a tarde voa, se descasca a sua pele, se doura, no meio do dia, envolta, em sua letargia,
Se à tarde, o dia morre pela noite,
Se a noite, é o luto da tarde, no escuro, no leito doce,
Ou nas ruas, na confiança dos postes, no dedo podre,
No álcool das almas,
No canto dos grilos,
No grito das estrelas,
Na imensidão, em sua indiferença, em sua tristeza,
Se nas andanças,
Pelas pernas, que estão sempre andando,
Pelo corpo, que está sempre pedindo,
Pela vida, que está sempre empurrando,
Nas ruas, que estão sempre,
Até que o mundo mude e de repente,
Tarde boa, aqui
Boa tarde, aí
Tarde aqui,
No meu quintal,
No meu varal,
No meu corpo, meio suado,
Na minha roupa, meio surrada,
No meu ambiente, meio seu, meio assim,
Meio presente, meio ressente,
No meu meio, no meu centro,
No meu núcleo, e não apenas nos meus valores,
Que são meio densos, meio calores,
Meio instinto, meio emoção,
Meio túnel, meio intenção,
Meio frio, este meu coração,
Tarde boa, na minha essência,
Tardes ruins são raras pra mim,
Boa tarde pra ti,
Bom dia,
Que já não é de manhã,
Que já é meio de noite,
Que o sol, meio forte, parece nunca ter fim,
Que o sopro da vida, em seus cortes,
Raspam os jardins,
Que a tarde, passe sempre, em seu rito natural,
Que a alegria,
Que a alegria em seu alento,
Segure o tempo, que é sempre brutal
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