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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Sobre "os testes de QI avaliam a capacidade de responder a si mesmos"

 (Sempre bom voltar a esse assunto)


Esse é um argumento comumente usado por aqueles que consideram os testes de QI absolutamente inúteis para avaliar a inteligência humana. Pois apesar de estarem equivocados em relação a esse pensamento, não estão completamente errados ao afirmar que, testes de QI avaliam apenas a si mesmos. De fato e, primariamente, é isso que fazem. Também é verdade que as pontuações nos testes tendem a se correlacionar com realizações pessoais no mundo real, tal como de conseguir entrar na universidade (especialmente se for sem cotas) ou se tornar cientista. 

Se correlacionam. Não significa que o resultado abstrato de um teste seja um fator causal. Então, ainda que essas correlações tenham sido percebidas em vários estudos, não haverá sempre uma correspondência perfeita entre desempenho nos testes e na vida real, se parecem abundar "falsos positivos", de indivíduos que testaram baixo ou na média em QI e apresentam excelente uso de suas capacidades cognitivas, inclusive em um sentido mais puramente intelectual, e de indivíduos que testaram no nível que é tradicionalmente considerado de superdotação e não têm produzido grandes realizações em nenhuma área. Pois, de quatro razões muito prováveis para a existência (não-estatisticamente discreta) desses falsos positivos, uma é de que os testes não abrangem o máximo de facetas da inteligência humana, incluindo algumas das mais importantes, como a criatividade e a racionalidade. 

A segunda razão é que essas comparações entre QI e resultados no mundo real costumam ser baseadas em pontuações gerais, desprezando os resultados em subtestes, que podem fazer toda diferença ou pelo menos fazer mais sentido, se somos, em média,  cognitivamente diversos. 

A terceira razão é a lógica de que, o fato de ter errado uma questão no teste, não significa que não possa aprendê-la, que a opção escolhida está completamente errada (em especial, nos testes de inteligência verbal-linguística, onde o nível de ambiguidade das questões tende a ser maior) ou mesmo que isso significa algo muito profundo e decisivo sobre o intelecto da pessoa que não respondeu corretamente. E isso, obviamente, não vale para apenas uma questão. 

A quarta é o simples fato de serem testes e não avaliações individuais completas, estas sim que seriam comprovações mais conclusivas sobre potencial e realização. Também por isso que não dá para comparar QI com balança de peso, tratando como avaliações iguais, já que a balança não é um "teste de peso", mas um método literal de mensuração, enquanto QI é um método de comparação e estimativa do objeto ao qual está direcionado. Apenas quanto à unidimensionalidade de avaliação que ambos se assemelham mais: a balança de peso limitando-se à mensuração do peso total, em desprezo à sua distribuição pelo corpo, e os testes de QI se limitando às facetas (supostamente) "quantitativas" da inteligência humana, particularmente os componentes verbal e não-verbal, novamente, em desprezo às facetas "qualitativas', como criatividade (originalidade útil) e racionalidade (discernimento factual e moral). 

terça-feira, 27 de junho de 2023

Uma listinha de irritações controversas

 A religião é...


... não olhar para fora e interpretá-lo por dentro.

Sobre ''escolas filosóficas'', como o estoicismo, e filosofia

Qualquer "filosofia" que ensina um modo de vida específico, falha em ensinar a própria filosofia, o equilíbrio máximo, em que, hedonistas, estóicos ou qualquer outra ''escola'' se tornam um só..

A essência da mentalidade (neo)liberal ...

... é o individualismo e, portanto, o egoísmo. 

Não é o desejo por eficiência, liberdade ou progresso. 

Não é aquilo que neoliberais dizem acreditar, mas como se comportam ou o que fazem. 


A correlação entre transtorno mental e a diversidade sexual...

... é, a priori, apenas uma correlação. 

Mas a quantidade de lgbts mentalmente perturbados não é pequena, se inteligência emocional parece ser um recurso escasso entre os arco-íris e falo por experiência e percepção próprias. 

Uma correlação que parece muito comum é a de ser "LGBT" e ideologicamente fanático. 

Basicamente sobre esquerda e direita 

A direita produz uma visão de mundo simplória enquanto a esquerda produz uma visão de mundo pretensamente complexa ou sofisticada, em outras palavras, simplória. 

O poeta é um idiota irrecuperável (eu que o diga)

"Ele tomou aquela decisão de maneira INCONSCIENTE"

Impossível. Ou só se estava em estado de sonambulismo. 

É importante evitar a confusão entre subconsciente e inconsciente. 

"Maduros"

A maioria dos adultos humanos é tão influenciável quanto uma criança.

Falando francamente sobre sexualidade 

A maneira mais decisiva de saber qual é a orientação sexual de um indivíduo é se ele experimentar cada possibilidade, com base na mesma lógica sobre qualquer outra experiência, tal como em relação à comida, por exemplo.

Não adiantaria dizer que não gosta se não provar. 
Mesmo se, de longe, o cheiro não for apreciado ou se parecer repulsivo ao gosto pessoal.

Panelinhas versus grupos de estudo dentro das universidades 

É a diferença entre uma seita de pseudociência se passando como um grupo de cientistas ou acadêmicos legítimos, e um grupo de estudos que respeita os princípios básicos que norteiam a prática científica.

Sobre miscigenação e aquela falácia "anti racista"

Se quase tudo em excesso é ruim, então, por que com a miscigenação seria diferente?? 

Ainda sobre isso 

"Toda regra tem a sua exceção"

Se nem tudo em excesso é ruim, mas a miscigenação racial não é um desses casos raros de exceção, principalmente pela percepção de que não contribui para tornar uma população mais evoluída, pelo contrário, pois tende a retardar o seu próprio processo evolutivo ao "embaralhar" suas características físicas e mentais com outras populações. Além disso, é inevitável que, mesmo um processo de miscigenação, acabará produzindo uma nova população, fenotipicamente estável. Então, por que ou pra quê incentivar _apenas_ a mistura de raças, ainda mais se for pensando em "acabar com raças decantadas 'ou' racismo", se, no final das contas, resultará em novas raças ou variações fenotípicas?? 

A essência da inteligência emocional interpessoal é a reciprocidade.

O economismo ou, a pseudociência da economia, especialmente o neoliberalismo, tem como característica principal e típica de pseudociências uma elaboração exagerada ou desnecessária sobre as relações econômicas, sendo que deveria ser justamente o oposto, que, em relação a um dos setores mais importantes se apresentasse uma linguagem clara e que fosse baseado na busca pelo melhor modelo, tal como a ciência médica mais adequada busca pelo melhor tratamento. 

Sobre "teorias conspiratórias"

A doutrinação pelo uso generalizado desse termo serve para condenar qualquer pensamento de que classes políticas e econômicas conspiram para determinar o caminho que sociedades tomam, deixando a entender que as mudanças sociais, econômicas e culturais em curso* são totalmente espontâneas. 

* Mas não apenas as de agora...

A percepção humana sobre a finitude é um sinal de inteligência, pouco considerado como tal. Inteligência em sua essência, enquanto percepção factual.

O normal tem um nível baixo de autocontrole, mas também de autoconsciência

O "psicótico" tem um nível muito alto de autoconsciência e baixo de autocontrole 

O racional tem um nível alto de autoconsciência e de autocontrole 

Sobre o ranço irracional das esquerdas à palavra meritocracia

"Kakaka os direitistas não sabem que essa palavra é satírica!!"

A intenção do autor pode ter sido a sátira, mas é uma palavra genérica, além de ser muito interessante para a prática da justiça...

O vitimismo se difere da justiça social legítima de modo que o grupo ou o indivíduo em questão exagera sua própria condição histórica ou atual de oprimido, como se, por estar em situação de desvantagem, isso o faria automaticamente inocente e angelical. Aliás, esse exagero é claramente uma injustiça.

A religião é legitimamente conservadora e radical

 Mais uma demonstração de abordagem em múltiplas perspectivas com base em uma hipótese de minha autoria sobre a origem da crença religiosa.


Então, eu levantei a hipótese de que a religião consiste fundamentalmente em um autocentrismo, em uma perspectiva muito centrada em si mesma, também presente em todas as outras espécies, por ser um impulso extremamente básico, de vivenciar, sentir e perceber o mundo em que se encontra primeiramente pela própria perspectiva. As maiores diferenças são que a religião tem o suporte da linguagem e da imaginação humanas e que consiste numa readaptação deste autocentrismo que, antes da emergência da autoconsciência e da inteligência de nossa espécie, era vivenciado da mesma maneira que das outras espécies, completamente ignorante ao mesmo, para um contexto a partir e posterior a esse desenvolvimento de nossa complexidade mental, em que nossos ancestrais passaram a perceber e a se interessar ao que estava além de suas necessidades adaptativas imediatas, incluindo questões existencialmente profundas, sobre o que é a finitude ou morte, a vida, a realidade, suas origens, se existe um outro mundo... 
Pois ao invés de buscarem responder essas questões de maneira lógica, nossos ancestrais ou pelo menos uma provável maioria deles, em todo mundo ou convergentemente, se basearam naquilo que entendiam do mundo, por suas próprias perspectivas, isto é, de maneira autocêntrica, de antes da complexidade mental. 

Daí, surgiram as explicações antropocêntricas. 

Em outras palavras, uma visão de mundo anterior ao marco evolutivo da etapa final de aumento da inteligência de nossa espécie, na era pré histórica, pelo desenvolvimento da linguagem e da cultura, sobreviveu e se impôs na grande maioria das comunidades humanas em um cenário posterior à esse aumento. 

Radical e conservadora 

A religião é a conservação de uma maneira de compreender o mundo que é anterior à emergência da cultura e da linguagem, ou da inteligência complexa humana.

Mas, em termos lógico-racionais, a religião é uma maneira radical de pensamento, se é basicamente a imposição de afirmações extraordinárias sem evidências extraordinárias como verdades absolutas. Uma maneira bastante precipitada de pensar: analisar e julgar.

Portanto, em múltiplas perspectivas, a religião é, ao mesmo tempo, conservadora, evolutivamente, e radical, racionalmente.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

O problema da psicologia neoliberal

 É uma provável verdade que nossos genes ou nossas biologias têm um papel predominante nos nossos desenvolvimentos e comportamentos individuais. Mas também é verdade que o meio nos influencia, afinal, não existimos sem estarmos inseridos em um ambiente. Portanto, mesmo que os genes ou a biologia tenha a "resposta final" nessas interações, essa resposta também tende a depender do meio. E isso varia de acordo com o indivíduo e com a característica que estivermos falando. No caso dos traços de personalidade, sim, a lógica é a mesma, em que é preciso ter alguma predisposição para reagir desta ou daquela maneira. Mas o contexto também pode ter um papel de destaque. Por exemplo, para uma pessoa que já apresenta, desde a sua infância, uma maior ansiedade, as condições dos meios em que se encontra podem servir como gatilhos para exacerbar essa sua tendência negativa. E nada mais estressante que viver em uma sociedade marcada pelo individualismo e pela competição, isto é, uma sociedade marcadamente capitalista, como a brasileira ou a americana.  


Tudo o que foi comentado acima parece bem fácil de entender. No entanto, a minha impressão é a de que tem prevalecido nas teorizações e nas práticas da psicologia e da psiquiatria uma visão tacitamente neoliberal, em que ocorre uma ênfase excessiva no indivíduo ou paciente acometido por transtorno mental, especialmente se for um tipo mais contextual, como os distúrbios de humor, como se a causa para o mesmo fosse a sua própria predisposição, em outras palavras, como se o efeito fosse a própria causa. E mesmo em casos de transtornos psiquiátricos de natureza mais intrínseca, como a esquizofrenia e o autismo, viver em sociedades claramente problemáticas, como as da grande maioria dos países oficialmente reconhecidos pela ONU, apesar de não causá-los, contribui em vários, se não em muitos casos, para agravá-los. 

Pois não é justamente isso que as pessoas costumam encontrar quando se consultam com um psicólogo ou psiquiatra?? 

Além de uma prática comum de "intervenção medicamentosa" precoce, sem antes buscar por uma abordagem cognitiva e comportamental, aquele que procura tratamento desta natureza costuma ser implícita ou explicitamente culpabilizado por sua condição, como se o meio não estivesse tendo nenhum papel no agravamento do seu quadro, ainda mais se tratando de ambientes tão aquém do que seria o ideal, de sociedades minimamente justas. 

Então, o domínio ideológico, clínico e acadêmico da "psicologia neoliberal", ao promover interpretações de neutralização da influência do meio cultural e socioeconômico na estabilidade, melhoria ou piora de quadros individuais, evitando tecer críticas de natureza política, principalmente se forem marxistas, acaba apontando todas as causas para os pacientes-indivíduos, induzindo essa crença "bem neoliberal" de responsabilização individual dissociada do meio em que se vive. Assim, o problema estaria sempre neles e não também nas sociedades em que estão inseridos, resultando na prescrição de tratamentos que quase sempre visam ajudá-los a se adaptar às mesmas de acordo com as suas regras e não de se adaptarem de acordo com as suas próprias demandas, claro, desprezando os que apresentam transtorno de personalidade anti-social, já que a acomodação de suas demandas adaptativas tende a ser objetivamente imoral ou danosa aos outros. Portanto, a abordagem psiquiátrica mais adequada deve sempre levar em consideração o meio em que o indivíduo se encontra, até para saber o quão negativa e realmente influente está sobre o mesmo, visando soluções práticas, objetivas, eficientes e/ou precisas.  

Também é interessante notar o papel significativo, direto e indireto, justamente de indivíduos "anti-sociais" no aumento e na piora de quadros psiquiátricos, mesmo entre muitos daqueles que, apesar de também sentirem o peso das cobranças do meio social em que vivem, não buscam por ajuda especializada. Dois exemplos. Um direto: a ocorrência de práticas discriminatórias ou sádicas geralmente por esses sujeitos contra indivíduos com predisposição para transtornos psiquiátricos ou já diagnosticados . E um indireto: a presença muito desproporcional desses indivíduos em posições de grande influência social, como a política.

domingo, 25 de junho de 2023

Um paradoxo da genialidade...

 .. É  de que exige grande especialização, ao mesmo tempo que também exige um nível alto de multidisciplinaridade, pois contribui tanto para um maior aprofundamento quanto na geração de pensamentos e ideias originais. Pois uma grande especialização sem curiosidade por outras disciplinas ou áreas, ainda mais as que estão mais próximas no espectro de similaridades e, portanto, com maior potencial de diálogo e contribuição, "mata" a criatividade. Já o oposto, de uma grande multidisciplinaridade sem qualquer especialização, até pode preservar o potencial para a criatividade, mas logicamente "mata" a possibilidade de se aprofundar num campo do conhecimento.

Duas características que todo grande gênio apresenta

 Grande capacidade de percepção (uma característica cognitiva de natureza qualitativa) e grande paixão por suas áreas de interesse (inclinação psicológica) e que praticamente o encaminham para a sua realização.

sábado, 24 de junho de 2023

Um exemplo de "boa lacração" em The Last of Us

 O amor gay é lindu!!

(e tão raro...)

Com spoilers...

The Last of Us é o nome de um jogo de vídeo game que fez um baita sucesso na década de 2010. Sua sinopse se trata de um apocalipse causado pela pandemia de um fungo que teria evoluído para atacar o ser humano, transformando-o em um zumbi vivo e canibal, e dos desafios dos sobreviventes em um mundo pós-apocalíptico. Até aí tudo bem. Já sabemos que terá muito sangue, armas, monstros e testosterona. Mas o vídeo game também tem um casal gay, Frank e Bill, dois sobreviventes da pandemia. Triste é que, no vídeo game, eles não têm um final feliz, já que um deles é infectado pelo fungo, depois de terem vivido uma relação de conflitos e deixando o outro sozinho. Além deles, também tem um casal de lésbicas, que inclui uma das principais protagonistas, Ellie.

Então, no início desse ano de 2023, a HBO passou a primeira temporada da série baseada no vídeo game, com grande sucesso, similar ao do jogo. 

Tem o primeiro episódio, do antes, durante e depois do apocalipse. Tem atriz negra e nepo-baby (filha da Tandie Newton) interpretando a personagem originalmente branca... ok, até que curti a interpretação dela como filha do Joel... 

Tem o segundo episódio, mostrando onde teria começado a pandemia, na Indonésia e não em algum país da América do Sul...

Sim, tem alterações ou adaptações do vídeo game para a série, já que não é estritamente necessário que tenha que copiar tudo dele. Por fim, tem o terceiro episódio em que, paralelo à jornada de Joel e Ellie, passa a estória do casal gay que falei logo no início. Mas, bem diferente do jogo, além de ter sido estendida, a relação dos dois é recontada como um encontro daqueles que acontece uma vez na vida, marcado por muito amor e cumplicidade. Claramente ocorreu uma grande alteração para a série na TV e, sinceramente, foi excelente. Os personagens já existiam, mas, ao invés de um destino sombrio, foi contado uma estória linda, que inclusive poderia ter sido de um casal heterossexual.

Esse é um exemplo evidente de uma "lacração certa", isso se podemos chamar de lacração. De um caso de "representatividade" sem substituição de personagem "branco opressor" por um ator "negro oprimido", sem vitimismos ou narrativas ideológicas e doutrinantes... Um lacre muito do bem feito!! 

Só estou usando esse termo no sentido positivo por causa de sua opacidade conceitual especialmente se for com base em como que os conservadores o tem definido (praticamente como "qualquer coisa 'de esquerda'").