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quarta-feira, 1 de junho de 2022

O caso Genivaldo e por que a empatia não é universalmente "ensinável"?

 Genilvado de Jesus Santos foi parado por policiais porque estava andando de moto e sem capacete. Ele ficou nervoso e não obedeceu à ordem de colocar as mãos na cabeça. Seu sobrinho avisou aos policiais que ele tomava remédios controlados. Ele teve os pés amarrados, foi preso dentro do porta-malas do carro da polícia e asfixiado com spray de pimenta e gás lacrimogêneo. 


Eu sei que, cometer esse ato bárbaro, ainda mais se foi por motivação torpe, não pode ter sido cometido por pessoas com o básico do discernimento moral. Então, eu poderia concluir que esses policiais que o assassinaram devem ser, no mínimo, de sociopatas: de indivíduos sádicos, com uma capacidade limitada de ter empatia pelo outro.

Existem alguns estudos mostrando que, em várias profissões, há uma desproporção de psicopatas e sociopatas e que, uma delas é a de policial, também por causa do empoderamento intrínseco à função de "agente da segurança pública" que acaba atraindo esses tipos.

No entanto, nas ciências humanas parece quase consenso que o principal problema da violência policial é a institucionalização de práticas excessivamente violentas, especialmente contra indivíduos da classe trabalhadora. Pois se é lógico que o incentivo à truculência na polícia aumenta a sua frequência, também é lógico que indivíduos de má índole estarão mais propensos a praticá-la e com maior gravidade... 

Por isso, não adianta apenas "ensinar" policiais a serem menos brutos, se o mais importante seria, primeiro, punir com rigor, expulsar ou não selecionar sujeitos em que se perceba uma tendência ao comportamento desproporcionalmente violento para trabalhar ou que trabalham nessa área, claro, uma medida muito mais difícil de ser colocada em prática mediante o seu potencial de mudança estrutural, porém menos superficial do que limitar-se a culpar instituições e defender pelo investimento em "programas educativos". 

Só cortando o mal pela raiz para que casos inaceitáveis como o de Genivaldo nunca mais aconteçam. 

Esclarecendo que não estou afirmando que preparar policiais para lidar com situações como essa seja inútil, mas que será muito mais difícil educar aqueles que mostram-se cronicamente incapazes de aprender sobre empatia e compaixão. Por isso, não vale esse risco de deixar a população civil nas mãos de um número invulgarmente alto de sujeitos que, na verdade, deveriam estar presos ou isolados do convívio social. 

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