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quinta-feira, 30 de junho de 2022

O problema da reciclagem

 A acumulação e o descarte do lixo que produzimos tem contaminado solos e poluído o meio ambiente a níveis progressivamente alarmantes. Então, para combater esse grande problema, muitos têm apontado para a reciclagem como a melhor solução, porque assim, o lixo pode ser reaproveitado ao invés de ser jogado diretamente na natureza. No entanto, essa é uma medida muito paliativa, porque o problema principal ainda não é o descarte de lixo, mas a superprodução de mercadorias que resulta em sua acumulação e descarte, diga-se, cada vez maiores.  


Eu nem sou contra a reciclagem, mas focar apenas nela, sem buscar combater o problema desde a sua raiz, capitalista, é basicamente o mesmo que jogar baldes de água acreditando que irão apagar um incêndio. Pois para realmente começarmos a combatê-lo, nós precisamos, primeiro de tudo, apontar para os fatores que mais têm contribuído para o mesmo e são três: a ideologia do consumismo, como resultado de massiva propaganda ou, lavagem cerebral, que incentiva a aquisição compulsiva de bens materiais associando-a à felicidade pessoal; a obsolescência programada, o ato infame de produzir utensílios de curta durabilidade, apenas para que continuemos comprando incessantemente e a super diversificação e produção de mercadorias, especialmente as que não têm valor essencial, em boa parte causadas pelo segundo fator e que são o resultado da desregulação do mercado, tudo para favorecer o lucro individual sobre o bem estar coletivo e a preservação do meio ambiente. 

Não, não pense que você precisa dessa quantidade exagerada de produtos diferentes para viver ou ter qualidade de vida. E, sim, nossos padrões de consumo têm influência direta na poluição do meio ambiente. No entanto, são a obsolescência programada, a super produção e a diversificação de mercadorias que, mesmo sem lavagem cerebral, nos forçam a consumir além do que deveríamos, afinal, quando certo produto estraga precisamos substituí-lo por outro que cumpra com a sua função, isso se não for possível consertá-lo, que pode demorar ou sair até mais caro. E, por também ser difícil não cair na tentação de comprar bobeirinhas industrializadas sem nenhum valor nutricional ou com valor de utilidade discutível. Por isso que não adianta apenas reciclar ou incentivar ao consumo ecologicamente consciente quando se está preso dentro de uma armadilha viciante e maliciosa, se o ideal seria, primeiro, conseguir sair dela, que seria acabando com a obsolescência programada e com a super produção e diversificação de mercadorias, enfim, de chamar os bombeiros para apagar o incêndio.

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