A capacidade de estabelecer um objetivo e de ser bem sucedido em sua realização é um conceito primário para a inteligência ou comportamento inteligente, mas não é o mesmo que racionalidade, porque sua principal finalidade parte de uma motivação para buscar pela verdade [objetiva], capacidade para "encontrá-la" ou de maximizar o entendimento sobre algo, e de agir ou julgar a partir disso. Basicamente, o comportamento racional é direcionado pela percepção de fatos. Por isso, não é correto dizer que psicopatas são, em média, mais racionais, porque se são mais objetivos e costumam ser bem sucedidos em suas estratagemas, eles não se baseiam apenas no que é factual ou factível pois se o fizessem inevitavelmente repensariam suas ações destrutivas que, inclusive, podem ser prejudiciais a eles mesmos, a curto ou longo prazo. Afinal, seus comportamentos não são direcionados pela razão e sim por seus instintos; por seus cérebros cujas áreas relacionadas com expressão emotiva/empática não funcionam adequadamente. Deve ser por causa dessa incapacidade de sentir empatia e remorso que conseguem ser tão objetivos. Daí essa impressão vaga de serem mais racionais.
Indivíduos psicopatas são calculistas, frios e pragmáticos, que usam a sua inteligência para bolar planos, manipular e enganar os outros, isso quando não estão agindo de maneira abertamente cruel, sem pleno controle de si mesmos. Já os mais racionais são ou aprendem a ser muito reflexivos, sempre com o principal objetivo de esclarecer, aprender ou expandir sua compreensão até para tomar as decisões mais ponderadas/justas, com base no conhecimento (verdadeiro) que têm acumulado.
A ilusão do "líder forte" (psicopático)
Para ilustrar a diferença entre psicopatia e racionalidade, vejamos o exemplo de Vladimir Putin que, desgraçadamente, "governa" a Rússia de maneira autoritária (e incompetente) a mais de uma década. Pois se ele fosse mais racional e não um psicopata, teria buscado o apoio natural de boa parte da população russa, a partir do estabelecimento de diretrizes que visam realmente melhorar a sua qualidade de vida: distribuição justa de renda; respeito às minorias e às mulheres; proteção ao meio ambiente; incentivo à educação...
De fato, houve uma melhoria nos indicadores socioeconômicos, ainda mais se compararmos com o período de transição do falso comunismo para o capitalismo, nos anos 90, mas a distribuição de renda no país, atualmente, é uma das mais desiguais.Sem falar que parece que esses indicadores, como o índice de pobreza, parece que tem sido manipulados para passar a ideia de que há menos pessoas pobres agora do que a duas décadas atrás (12% de "considerados oficialmente como pobres" em 2018-19, mas o valor mais realista estaria em torno de 40%, "The OECD poverty rate: Lessons from the Russian case).