Os processos seletivos, especialmente para o acesso ao ensino superior e para cargos públicos, selecionam os concorrentes que tiram as pontuações mais altas nas provas. Implicitamente, eles estão avaliando, não apenas a dedicação e empenho para estudar, mas também o nível de suas capacidades cognitivas, que podem ser relativamente capturadas por testes de QI (o mesmo na maioria das escolas). Para muitos, estes são métodos meritocráticos porque buscam avaliar a todos, igualmente. No entanto, existem uma série de questões que tornam essa crença bem menos verdadeira do que aparenta. Primeiro, se a inteligência humana tem uma carga genética ou biológica predominante ao seu componente ambiental, então, aqueles com as maiores médias de QI também serão consideravelmente mais propensos a tirar as notas mais altas em vestibular ou concurso público. Pois, ao aceitarmos essa verdade, tais métodos se revelam como "faz-de-conta", em que a maioria acredita que basta apenas o empenho nos estudos para conseguir tirar boas pontuações, desprezando que também é importante ter a sorte de nascer com um maior potencial cognitivo, incluindo de memorização. Segundo, além da variação nos níveis quantitativos, também apresentamos variação de desempenho em nossos níveis qualitativos, nos "tipos" de inteligência, como a criatividade. Só que ambas não são consideradas nessas avaliações porque está enraizado a crença de que nos diferimos apenas na motivação para estudar e aprender. Terceiro, as provas aplicadas são sobre conhecimentos gerais. Porém, o ideal, no sentido de mais objetivo, seria que fossem enfatizados os conhecimentos específicos à área pretendida, se todas as profissões são especializações e, portanto, não é lógico usar provas generalistas. Quarto e, o mais importante, de não haver qualquer seleção por capacidade de discernimento moral, que reprovaria candidatos irresponsáveis, desonestos ou injustos, provavelmente porque também existe a crença de que somos todos iguais em nossas capacidades de livre arbítrio ou de racionalidade... Como resultado, parece que o setor público, incluindo as universidades federais, têm "produzido" uma grande leva de maus profissionais, incompetentes técnica e/ou moralmente, que não trabalham para cooperar com a sociedade em que vivem, mas visando principalmente por benefícios pessoais (vale ressaltar que o setor privado também parece sofrer do mesmo mal e por razões parecidas). Por isso, o mais certo seria: a aplicação de provas específicas para a disputa por vagas em especializações/profissões e uma análise profunda ou precisa das capacidades emocional e moral dos concorrentes. Só assim para começar a haver uma verdadeira seleção de qualidade de, pelo menos, uma maioria de "bons profissionais", que são tecnicamente competentes e dotados de caráter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário