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sábado, 19 de novembro de 2016

Uma vida deitada em meu colo

Sinto o seu calor
Sinto parte de si 
Acalentando o seu pequeno corpo 
Olhando as suas breves patinhas
E vendo que está partindo 
Se estamos sempre partindo 
Para outro lugar
Para lugar nenhum
A casca do ovo dourado
Sinto-a em mim 

brilhante a luz do universo
Deus mora em meu núcleo
Eu sou parte de si
E encontro o Deus de meus amores
em seus corações, pruridos e ardores
E isso é puro amor 

pura identificação

Queria tê-la comigo

 por todo o meu sempre
Até que o sempre Agora

 me deixasse E eu partisse
Nas pequenas coisas

onde vive a verdadeira vida
Sem toda tecnologia a nos engolir
Em nossa intimidade, pelos mais básicos sentidos
Sentimos a vida e o amor 
Sentimos a única religião 
Que não é crença mas a verdade do tato
Do encontro, do afago 
Da comunicação entre duas vidas
Entre dois frágeis e pequenos eu-versos
Quero partir com ela
Nunca perdê-la
Quem sabe em um sonho verdadeiro?
Quem sabe os sonhos não sejam a verdade 
Quem sabe nem tudo é físico e literal 
Quem sabe a vida, na abstrata liberdade
Na gravidade, entre a pressão do céu e da terra, 

nunca morra depois de nascer
Que o seu núcleo nunca morre
Que o corpo é o veículo da alma
Mas que a alma é um fenômeno em si mesma
Que essas alegrias vivas vivam pra sempre 
Não apenas no agora físico
Que a lembrança do seu calor e de sua ternura se tornem parte de meu núcleo infinito

pra sempre no meu sempre calor

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