Minhas mãos, que podem tocar nuvens de algodão,
Respiro fundo, e deixo a vida entrar,
Vejo coqueiros amigos, dançando com o vento,
Sinto mais uma tarde partindo,
O tempo em seu ato-consumo,
Sinto o véu da escuridão, novamente a nos inundar,
Abro os olhos e vejo estrelas,
E um céu escuro, misterioso,
Fecho-os quando acordo,
E sonho mais um dia de cores,
De vidas, de amores, de anseios,
De rubores,
Eu sou cúmplice e amante dessas cores,
Também são parte de mim,
São meus amigos, meus companheiros, amantes,
O mar acima, como se vivesse no fundo do céu,
Nesta depressão, de bênçãos e pavores,
Nessa espera, sempre nessa estação,
Sinto cada minuto como se já fosse o passado,
A ser lembrado, cheirado, desejado,
E lá, distante,
E o futuro é sempre um talvez,
Sinto minha amiga, a tudo reparar,
Sem perceber que um dia o deixará,
E me deixará aos prantos ou conformado,
Com formas, as vidas se expressam,
Como em mares e ondas,
Vibrando o mistério de não se saber,
E mesmo assim, viver,
Pelo respiro se atestam,
Como estrelas estranhas,
Com vontade própria,
Com sentimentos,
Se também são vibrações,
O ar mais pesado,
A seriedade, em seu olhar grave,
A sabedoria,
Rios novos, pujantes, sem tréguas,
Rios velhos, breves, entregues,
E ao núcleo volver,
Às últimas/primeiras faíscas,
Jovem e precoce,
Ou ancião, que aprendeu com a vida,
E recobrou depois, com a idade avançada, com sua própria Despedida,
Ou em tenra idade, simultâneo no aprender e viver pelo Aprendizado,
Como em um sonho,
Eu vivo sabendo que acabará,
Sabendo que não sei tudo,
Que existe um véu de mistério e verdade escondida,
Eu prefiro o canto dos pássaros,
A delicadeza das nuvens,
A vida, em seus poros mais doces e sinceros,
Como eu um sonho...
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