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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Se a "esquerda" é realmente a favor do "coletivo"...

 ... então, por que incentiva tanto o sectarismo identitário?? 

É comum esse pensamento, mesmo entre os que se antagonizam às crenças e políticas das "esquerdas", de que as mesmas são a favor do "coletivo", até mesmo para condená-las, no sentido de serem a favor que o indivíduo sempre se submeta à vontade de uma maioria*, um cenário distópico de democracia que eu tenho chamado de democracismo. Mas nem isso, já que, pelo menos em países outrora autodeclarados socialistas e os remanescentes, nem mesmo essa lógica simplória e problemática do democracismo tem sido instituída, se esses países têm funcionado politicamente como ditaduras de partido único, em que é o próprio partido do governo que determina os seus rumos, sem participação popular verdadeira. 

* Momento de amnésia seletiva da "direita", se é justamente isso que ela também tem feito em seu longo histórico de hegemonia cultural e política. 

Mas a pergunta do título desse texto coloca "em cheque" a validade desse pensamento ou afirmação, já que, se fossem realmente a favor do "coletivo", vulgo, povo, e suas múltiplas identidades interseccionais, não deveriam promover certos grupos em detrimento de outros, como têm feito, pois o "ser a favor do coletivo" condiciona que "todos" os grupos identitários sejam favorecidos, especialmente e, por lógica racional, aqueles que estão vagamente categorizados, sem implicações morais diretas, por exemplo: homens, brancos, altos, heterossexuais... 

Então, novamente, as "esquerdas" não podem ser consideradas como "a favor do coletivo" por promoverem um tratamento muito desigual entre grupos humanos, em que alguns grupos são tratados como inferiores (geralmente, determinados de maneira generalizada como opressores) aos que são tratados como superiores (oprimidos), ainda mais quando tomam o poder, nesse caso, especificamente a "esquerda" radical, e passam a ter total controle sobre uma sociedade. China, Coreia do Norte, Cuba e os ex países socialistas da cortina de ferro no Leste Europeu, são exemplos notórios e constantes de que a "esquerda", na prática, tem sido tão ou mais carrasca do povo que a "direita", mesmo se tem contribuído com melhorias sociais, se têm sido frequentemente acompanhadas por políticas tacitamente opressoras contra grupos que condenam como "inimigos dos interesses do estado", quer seja em um cenário de controle absoluto ou de controle relativo a predominante (tal como tem acontecido em países ocidentais atualmente, nessa década de 2020, em que a "esquerda" identitária se tornou dominante em vários setores-chave, como a cultura e a educação, mas também, não de maneira absoluta, no governo). 

Mas o "ser a favor do coletivo" também implica em ser a favor do indivíduo 

A ideia dicotômica de que, se colocar como favorável ao coletivo implica no sacrifício do indivíduo, me parece ser potencialmente problematizável, já que uma coletividade é sempre composta por indivíduos, sua matéria-prima, e portanto, sua expressão mais visceral. O "ser a favor do coletivo", então, também deveria significar em "ser a favor dos direitos individuais". O único ponto relevante de discordância seria justamente quando existe uma imposição de dicotomia, se do coletivo, usado contra o indivíduo, ou o oposto, quando é o indivíduo que, sob um efeito de manada, pode sacrificar o coletivo, como tem realmente acontecido nas sociedades "modernas". No mais, a conclusão final é que, ser a favor do coletivo não implica automaticamente em ser a favor do coletivismo, se também é possível pensar da maneira que eu propus nesse texto, em que, ser favorável ao bem-estar coletivo inevitavelmente implica no bem-estar dos indivíduos que compõe a coletividade, mas sem que um anule o outro, diga-se, o paradigma de se conseguir conciliar os seus interesses, estritamente no sentido de "harmonizar". 

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