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domingo, 6 de agosto de 2023

Um mito sobre o fenótipo ampliado do autismo. (Ainda sobre o problema dos transtornos contextuais)

 (Texto-base: "Sobre transtornos contextuais")


"Indivíduos com traços do 'espectro ampliado do autismo' apresentam sintomas dessa condição apenas em uma escala mais branda. Essas características geralmente não interferem muito na qualidade de vida de um indivíduo e não são suficientes para desencadear um diagnóstico de transtorno do espectro do autismo."


Pois, na realidade, é muito provável que existam casos de indivíduos com mais traços autistas do que a média, mas não o suficiente para preencherem todos os critérios para o diagnóstico de autismo, que apresentam muitas dificuldades de inserção social e profissional. Essa parece ser a minha situação, por perceber que apresento traços direta e indiretamente associados ao autismo e, em partes por causa deles, mas também pelo despreparo da sociedade brasileira em lidar com a neurodiversidade, me encontrar sem emprego formal, até à idade de 34 anos (2023) e, desde que me graduei na universidade. Por exemplo, minha dificuldade de interação social, também por não compartilhar os mesmos interesses com uma provável maioria dos meus pares etários ou círculos sociais disponíveis na minha região, por falta de identificação cultural, ainda que não signifique que esteja completamente desprovido de contatos. Outros fatores relacionados ao espectro do autismo e que dificultam meu ajuste social e profissional é o meu perfil cognitivo que parece ser muito assimétrico, típico em autistas e também em portadores de outras condições neuropsiquiátricas, que está mais forte nas capacidades de percepção e raciocínio do que de aprendizado (de acordo com o modelo de inteligência que propus) e, como resultado, faz com que dificulte passar em um concurso público, uma via popular e relativamente acessível de inserção profissional, se esse tipo de prova exige mais conhecimentos gerais e capacidade de memorização ou aprendizado do que de conhecimentos específicos e capacidades criativa e de raciocínio, em outras palavras, é um tipo de avaliação que praticamente exclui o meu perfil, por focar nas minhas fraquezas cognitivas. Então, junte a isso minha obsessão ou motivação intrínseca e constante aos meus interesses específicos que ocupam uma boa parte do meu tempo, diariamente, e temos uma confluência de fatores que me desfavorecem de maneira crônica. Por isso que, em casos como o meu, talvez seja preciso buscar por uma relação de causalidade entre os "traços autistas" que apresento com as minhas dificuldades crônicas de ajuste para julgar se há uma necessidade de diagnóstico, ao menos de síndrome de Asperger, ou não. 

Apenas uma demonstração dos meus traços direta e indiretamente associados ao autismo

Diretamente associados: obsessão por interesses específicos e dificuldade de socialização.

Indietamente associados: disfluência ou gagueira, perfil cognitivo assimétrico, ser canhoto, fobia social, pertencer a uma minoria sexual...

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