Minha lista de blogs

domingo, 31 de julho de 2022

Mais pensamentos sobre o problema da relativização de opinião

 De um debate no Quora sobre opinião a partir de uma pergunta que eu fiz: ''Por que é tão comum de se pensar que tolerar opiniões equivocadas é racional e civilizado?''


"Nenhum ser humano tem o direito de ser arrogante ou intolerante com pessoas que, de acordo com o julgamento dele, possuem opiniões menos embasadas... Ninguém tem o direito de ser intolerante, porque não existe opinião absolutamente certa" 


Na maioria das vezes é necessário ser ríspido se uma opinião nunca é apenas um pensamento, porque costuma se traduzir em comportamentos baseados em opiniões. Além do mais, isso é o mesmo que alimentar a imaturidade alheia e de si mesmo, porque a verdadeira humildade intelectual não é tolerar opiniões erradas, injustas ou perigosas, e arrogantes, mas de respeitar a verdade. Pode ser que não exista uma opinião "100% certa", mas existe opinião "100% errada" e sim, pessoas mais sensatas (específica ou geralmente) têm esse direito, ou melhor, esse dever e não é nenhum pouco sensato achar que se deva tolerá-las, porque é graças à essa tolerância que acontece tanta coisa errada…

"Porque não existe opinião absolutamente certa"

Ok, deixar uma criança muito doente, porque segundo a crença religiosa fundamentalista dos seus pais, ela pode ser curada pelo poder da oração, é uma opinião 100% errada e, pensar o contrário disso, de que essa criança tem que receber um tratamento adequado, é uma opinião 100% certa. Me baseei no caso de uma menina com diabetes tipo 1 que vivia na Flórida e faleceu de complicações dessa doença depois que seus pais, de fundamentalistas religiosos, não permitiram que ela fosse tratada pela medicina moderna, por causa de suas crenças. 

A polarização ideológica é basicamente uma disputa entre um grupo que sofre de "síndrome do impostor" e outro que sofre de "síndrome de Dunning-Krueger"

 Pessoas autodeclaradas de esquerda parece que, em sua maioria ou desproporcionalmente, sofrem da síndrome do impostor, porque sentem uma necessidade crônica de se apoiar em autoridades acadêmicas ou intelectuais, especialmente as de mesma filiação ideológica, por falta de confiança em suas próprias capacidades racionais. Daí a percepção (ou impressão) de que a maioria delas tendem a seguir, de maneira acrítica, ideias, pensamentos e/ou posicionamentos dos líderes ou autoridades de seus grupos de aderência. Porque elas exageram o raciocínio lógico-racional de que, se deve considerar com esmero a opinião de especialistas. Pois se não está errado considerar as opiniões de quem estudou mais e se especializou em determinado conhecimento, também há de se buscar "pensar por conta própria", de se ter um mínimo de independência de pensamento.  


Já no caso de pessoas que se declaram de direita, a maioria parece que sofre de uma síndrome de Dunning-Krueger, por serem excessivamente confiantes quanto às suas capacidades intelectuais, por apostarem mais em suas capacidades intuitivas, resultando numa tendência de desconfiança em relação à autoridades acadêmicas ou científicas e, então, na crença em teorias conspiratórias (algumas que, na verdade, não são bem "apenas teorias conspiratórias").

Portanto, pessoas de esquerda, em média, expressam uma aparência de (auto)confiança, mas, realmente, apresentariam uma falta disso, por serem cronicamente dependentes de suas autoridades ideológicas para formar e confirmar suas opiniões ou posicionamentos. Já, pessoas de direita, em média, expressam uma aparência de conformidade às suas autoridades ideológicas (tal como também faz a esquerda), mas, apresentariam uma grande autoconfiança, se traduzindo em uma maior tendência para se aventurarem em ideias e pensamentos especulativos que divergem de consensos acadêmicos ou científicos. De qualquer maneira, se por autoconfiança ou falta dela, as duas acabam agindo de maneira idêntica, por fundamentalismo ideológico radical. 

O que é e o que não é (mas dizem que é) racismo?

 I. O que é racismo:


É uma generalização absolutamente negativa ou positiva de um grupo racial, especialmente quando não corresponde com a realidade (sempre), e associando fenótipo físico com comportamento.

Exemplo de "racismo negativo" (inferiorização excessiva): "(todos) os negros são agressivos"

"O fenótipo da raça negra causa comportamentos violentos" 

Exemplo de "racismo positivo" (supremacia irrealista): "(todos) os negros são simpáticos" 

"A raça negra é perfeita" 

Racismo, essencialmente, é o mesmo que creditar "poderes especiais" a um fenótipo físico-racial, de destacá-lo ou enfatizá-lo excessivamente, daí o sufixo ismo (enquanto que palavras que terminam em -idade tendem a se referir à natureza do termo, por exemplo, comunidade ou o que isso é, e comunismo ou a ênfase no que é comum ou comunitário).

O racismo é uma mentira conveniente.

 II. O que não é racismo, mas que muitos consideram como racismo (por ser para eles uma verdade inconveniente):

Reconhecer/perceber diferenças intelectuais e de comportamento, de natureza intrínseca, entre os grupos raciais humanos, especialmente se for ressaltado que se trata de uma correlação entre raça e comportamento e não uma causalidade (racismo).

O estudo das raças humanas com intuito "meramente' científico pode ser chamado de racialismo, que não é o mesmo que racismo. 

Portanto, se uma pessoa diz que, em média, certo grupo racial ou étnico tende a se comportar deste ou daquele jeito, e se consistindo em uma verdade, ela não está fazendo uma afirmação racista. Até mesmo se afirmar que certo grupo é, em média, mais inteligente, com relação à certas facetas da inteligência, se isso for verdade e não generalizar. Agora, se essa pessoa generalizar e ainda estabelecer uma relação de causalidade entre fenótipo racial e comportamento, independente se o faz de maneira positiva ou negativa, isso pode ser considerado uma fala genuinamente racista.

Empatia patológica e empatia ideal ou racional

 Empatia patológica é quando o indivíduo é compulsoriamente simpático e/ou empático mesmo se não existe demonstração minimamente confiável de reciprocidade.


Já a empatia ideal ou racional é justamente quando o indivíduo passa a considerar a reciprocidade para ser simpático e/ou empático. 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Mais uma vez sobre um dos maiores problemas do ativismo LGBT:

 mais preocupado com a estigmatização do que com a resolução de problemas graves, específicos à "comunidade'.


Exemplo: varíola dos macacos 

Segundo os últimos dados sobre a propagação da varíola dos macacos fora das regiões africanas onde é endêmica, a esmagadora maioria dos contaminados é de homens gays ou bissexuais (98% dos pacientes, 75% de brancos e 41% de soropositivos, com idade média de 38 anos, e número médio de 5 parceiros sexuais nos três meses anteriores à infecção. Cerca de um terço tinha frequentado festas sexuais ou saunas no mês anterior à manifestação da doença. A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade Queen Mary, de Londres, que analisaram 528 infecções confirmadas, em 43 locais de 16 países, entre 27 de abril e 24 de junho de 2022... ).

Alguns cientistas e não-cientistas até começaram a especular se a doença teria evoluído para uma infecção venérea... Mas é pouco provável porque, o que parece ter e continuar acontecendo, é que essa varíola, muito mais branda que aquela varíola que foi erradicada de circulação no início dos anos 80 graças a uma campanha mundial de vacinação, "entrou" para dentro das redes de contatos dos homens gays e bissexuais mais promíscuos, particularmente em eventos no mediterrâneo europeu, resultando num alastramento da doença nessas "comunidades'. E, como a varíola dos macacos é muito contagiosa por contato direto com o contaminado... 

Com certeza que essa é uma notícia preocupante, tanto para o ativismo LGBT quanto para nós, homens gays e bissexuais, de maneira geral, já que existe o risco de que a varíola dos macacos se torne fixa nesse/no nosso grupo, se nada for feito para conter seu alastramento. O padrão está claro e o ativismo LGBT, se fosse realmente sério, já estaria pelo menos fazendo campanhas visando esse objetivo, de eliminar as redes internacionais de contágio, aconselhando homens gays e bissexuais que viajam para outros países para participar de orgias, a adiarem ou não irem a tais eventos, e já com a doença se alastrando dentro dos países, inclusive os que estão mais distantes do epicentro, focar nas redes locais e nos indivíduos mais promíscuos, que já são os maiores vetores de DSTs. Mas parece que, nada disso tem sido feito, porque a maioria dos ativistas estão mais preocupados com o estigma que essa associação pode e já está resultando, do que conter o avanço da varíola dos macacos, diga-se, para o nosso bem estar ou saúde. Claro que, há de se combater manipulações oportunistas e venenosas que tentam nos condenar por serem quem (também) somos. Mas também seria fundamental combater o problema em sua raiz. Porém, o ativismo LGBT parece se basear na ideia de liberdade, como sinônimo de irresponsabilidade, e também em uma "homofilia" excessiva, dificultando que se possa criticar abertamente indivíduos LGBTs, particularmente homens gays e bissexuais que apresentam uma constância de comportamentos sexuais irresponsáveis. 

Pois  se o ativismo não conseguiu e nem tentou eliminar a AIDS de circulação desde o seu surgimento, algo totalmente possível (sem falar das outras ISTs, como a Sífilis), eu temo que o mesmo aconteça com a varíola dos macacos...

O que realmente se consiste qualquer tipo de condicionamento social?

 Uma evidência de auto domesticação ou auto adestramento humano. 


Da crença religiosa às crenças em ideologias políticas ou econômicas. 

Pois para que qualquer tipo de condicionamento social seja bem sucedido, o indivíduo precisa apresentar vulnerabilidades ou suscetibilidades anteriores, específicas à certa doutrinação, que o tornem receptivo ou conformista à mesma. 

"Homens alfas são exemplos de masculinidade"

 Dizem os adoradores de homens alfas da extrema direita...


Pois se os homens "alfas" são considerados ou reconhecidos como mais dominantes, atraentes e confiantes, muitos, se não a maioria deles também são egoístas, agressivos e/ou cruéis...

Pois podem ser exemplos de masculinidade, mas não exatamente um bom exemplo, né?? 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Humildade intelectual não é o mesmo que ...

 .. tolerar opiniões equivocadas ou falaciosas dos outros, mas de melhorar as próprias opiniões ou pontos de vista quando percebe que estão equivocados, isto é, de ser humilde com a verdade (objetiva) e não com a ignorância alheia (uma forma de arrogância intelectual genuína).

Sobre a diferença entre virilidade autêntica e masculinidade performática

 Putin mandando milhares de homens russos matarem ucranianos e também se matando por uma guerra declarada por ele, enquanto encontra-se super protegido por um monte de seguranças-gorila, ao invés de, pelo menos, ir para a frente do front de batalha e pegar em armas, seria um exemplo de homem viril OU... corajoso??


Será que psicopatia e covardia são características intrinsecamente viris ou masculinas??

Altruísmo patológico versus altruísmo arriscado

 O altruísmo patológico mais autêntico ou verdadeiro, como eu falei em outro texto, é basicamente o mesmo que a síndrome de Estocolmo em que a vítima desenvolve um sentimento de admiração pelo seu malfeitor, tal como o "pobre de direita" que vota em "partido de rico".


Agora, práticas altruístas que podem colocar a vida do seu benfeitor em risco não são necessariamente patológicas, mas arriscadas. Tal como se arriscar para salvar uma vida em situação de perigo.

* Altruísmo também no sentido de compaixão ou simpatia.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Sobre condicionamento social e cultura

Nenhuma cultura conseguiria se perpetuar por mais de uma geração se não fosse por condicionamento social, porque sem uma imposição constante aos seus seguidores, eles acabariam se dispersando em uma pluralidade de crenças e práticas irrestritas ao seu perímetro ideológico. 


Pois o maior problema de uma cultura ainda não é sua imposição via condicionamento social, se precisa disso para sobreviver a longo prazo, mas que também busque inculcar crenças falaciosas ou mentirosas que inevitavelmente resultam na prática de injustiças. 

terça-feira, 19 de julho de 2022

O filósofo tem que ser mais um observador do que um pensador

 Não basta ser muito reflexivo, mas divagar excessivamente com os próprios pensamentos, pois aquele que pensa muito e sem controle ou direção, tende a ser absorvido pelo que pensa e perceber menos o que está fora de sua mente.

"Inteligência' segundo o capitalismo

 Era uma vez um apresentador muito rico, carismático e feliz, sempre com aquele sorriso franco e aberto de quem ganha um salário maior que o de 99% da população brasileira...


Ele e sua equipe decidem fazer um novo quadro em seu programa, uma competição de inteligência, chamando para o palco crianças e adolescentes prodígios.

Pois, como era de se esperar, desde os primeiros participantes, plateia e espectadores ficaram espantados com o que conseguem fazer: soletrar ao contrário, falar línguas estrangeiras, resolver cubos mágicos, fazer contas difíceis de cabeça, soltar fatos sobre um país distante... 

Então, num certo dia, depois de muitas rodadas de competição, foi chamado para o palco um adolescente de quatorze anos que parecia tão inofensivo e dócil quanto os outros que já participaram do quadro.

O programa estava ao vivo...

Só que, antes que começasse o desafio, esse adolescente resolveu afrontar o apresentador acusando-o, em voz alta, de ser um psicopata, um parasita da sociedade, deixando-o desconcertado com essa reação inesperada. A plateia, também surpresa, reagiu com vaias e xingamentos. Seguranças se prepararam para pegá-lo. Espectadores, no conforto de seus lares, ficaram revoltados com a atitude do rapaz. Chamaram-no de louco, descarado, mal educado, estúpido, arrogante. Porque não pensaram que ele poderia estar sendo inteligente, racional, honesto, corajoso... 

Por fim, o rapaz sumiu de vista e tudo voltou à normalidade. 

A única diferença, agora, é que as próximas levas de prodígios terão que fazer, antes de participar do programa, um teste especial para ver o quão alienados sobre o que é mais importante eles estão. Aí sim, eles poderão disputar para ver quem é o mais inteligente...

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Segundo um ponto de vista verdadeiramente filosófico, quem está mais certo sobre o aborto e/ou direitos reprodutivos da mulher, esquerda ou direita??

 A polarização ideológica não é apenas uma divisão da sociedade em grupos com posicionamentos políticos e/ou morais predominantemente opostos que disputam por sua hegemonia, mas também com um predomínio de posicionamentos ou opiniões simplistas e extremistas, independente do quão primariamente certas possam estar. Pois em muitos tópicos de discussão acalorada, é perceptível esse padrão de simplificação e de radicalização não-ponderada de posicionamentos por ambos os lados. Esse é o caso dos direitos reprodutivos da mulher, particularmente o aborto, se, de um lado, da direita conservadora, sua possibilidade é condenada, principalmente por razões reprodutivo-religiosas e, do outro lado, da esquerda progressista, sua possibilidade é totalmente defendida, por se acreditar que a mulher precisa ter poder de decisão sobre o seu próprio corpo.


Mas qual delas que está mais certa?? 

Vou analisar e julgar a partir de um ponto de vista verdadeiramente filosófico, que busca ser o mais ponderado, sensato e justo possível. 

A princípio, o aborto é uma prática radical que, idealmente, só deveria ser administrada nos casos mais graves: gravidez por estupro, que põe em risco a vida da mulher ou em situação de pobreza absoluta...

O aborto também é uma prática paliativa, de quando falham todas as tentativas ou possibilidades de se evitar uma gravidez indesejada. 

Além disso, sua legalização absoluta está associada a um elevado risco de banalização da prática, tal como acontece em alguns países em que existe uma maior liberdade para abortar. 

Pois um dos resultados mais lamentáveis de sua banalização tem sido o que resolvi chamar de "eugenia de mercado", em que casais optam pelo aborto do feto quando descobrem que ele apresenta anomalias detectáveis, particularmente a Síndrome de Down.

"Alguns pontos" a favor dos conservadores, porque, mesmo se, nas primeiras semanas, o feto ainda não pode ser considerado vida, na maior parte da gestação já se constitui como tal. 



Mas também é muito justo que a mulher tenha liberdade sobre o seu próprio corpo.

Portanto, por essa perspectiva de direitos individuais, aqueles que estão mais favoráveis ao aborto, quase sempre de progressistas, estão bem mais certos do que aqueles que defendem por sua limitação ou proibição. 

Como conclusão, mesmo que seja totalmente justo que a mulher tenha direito à autonomia sobre o seu corpo, ela precisa exercê-la com responsabilidade, porque, do contrário, isso deixa de ser liberdade. Ela precisa se conscientizar que, quando engravida e o feto já se constitui como vida senciente, ela também passa a ter responsabilidade por outro corpo, além do seu.

O aborto deve ser legalizado, mas não deve ser incentivado, por se consistir em uma medida paliativa e radical. Por isso que, em um cenário de liberalização, é racionalmente necessário investir no incentivo à medidas preventivas ou contraceptivas e na educação sexual. 

Essa pode não ser a resposta mais eficiente para prevenir, tanto o aborto quanto a gravidez indesejada, mas é a que consegue preservar os direitos reprodutivos da mulher e sem romantizar tal prática, enfatizando sua natureza extrema e evitável.

domingo, 10 de julho de 2022

Outro problema do ativismo LGBT: excepcionalização positiva

 Em um passado não muito distante, particularmente no mundo ocidental, já que em outras regiões isso continua a ser uma reação comum, ser LGBT era visto como uma tragédia, tanto para os próprios LGBTs quanto para a maioria das pessoas de seus ciclos sociais e até fora deles: familiares, amigos, conhecidos, sociedade... Isso acontecia principalmente por causa da ''religião'' que, mancomunada com outras "instituições tradicionais" dominantes,  pregavam por uma excepcionalização negativa da diversidade sexual. Então, a partir da luta pelos direitos dessa população, o principal objetivo passou a ser o de acabar com esse melodrama que se fazia em torno de ser LGBT, de ''normalizar'' ser sexualmente diferente. Normalizar no sentido de trivializar, de mostrar que não é nada de mais ou de menos. 


No entanto, nas últimas décadas, a busca por essa normalização foi sendo substituída por uma excepcionalização positiva da identidade LGBT, vide a comemoração anual do ''mês do orgulho'', com destaque para as "paradas". Pois o problema de excepcionalizar, mesmo se for num sentido positivo, é que recria todo um acontecimento em torno da diversidade, destacando-a de maneira excessiva, tornando-a, novamente, um alvo fácil para a hostilidade gratuita, além de também passar a impressão equivocada de que nós, LGBTs, somos uma classe privilegiada. Por isso, o ideal seria de retomar o que se propunha nas primeiras décadas de luta pelos direitos das minorias sexuais, de normalizar, mas sem exageros, sem ir de um extremo ao outro. E não estou problematizando a demanda por mais representatividade na mídia, mas essa narrativa excessivamente imaculada que tem sido construída e reforçada por muitos ativistas, começando com a ideia de que se deve ter "orgulho" de ser homo, bi ou transexual, se não é muito diferente de sentir orgulho de ser branco ou alto, por exemplo... e que não é equivalente a sentir-se bem ou confortável sendo a si mesmo. Enfim, de acabar com esse drama, evitando excessos de vitimismo, de tratar a diversidade como uma expressão natural e, portanto, trivial da natureza humana e não como uma atração circense. 

Sobre o problema do stalinismo/maoísmo ou "fascismo de esquerda"

Desde que a Rússia iniciou um conflito armado com a Ucrânia, no final de fevereiro deste ano, muitos dos que se declaram como marxistas ou de esquerda radical passaram a apoiar o país agressor, comprando narrativas enganosas que visam justificar essa agressão como inevitável ou mesmo necessária: como uma resposta adequada à provocações incitadas pelos EUA e seus aliados ou para "desnazificar" o país vizinho, como se a Rússia fosse um exemplo de combate ao "fascismo" (completamente o oposto)... Diga-se, uma incoerência significativa. Mas, infelizmente, esse não é apenas um equívoco isolado, porque eles também têm apoiado outros países e grupos claramente autoritários só porque se posicionam como antagonistas aos interesses estadunidenses ou se declaram como "socialistas". 

Tudo parece partir de uma questão bastante simplista em que, quem é a favor dos EUA ou não está diretamente alinhado com os países anti-EUA é suspeito a inimigo dos que, supostamente, sempre lutam contra as injustiças... 

Em relação aos países antagonistas dos estadunidenses, são fomentadas narrativas extremamente tendenciosas, sempre os pintando como injustiçados pelo ocidente, ou atribuindo seus problemas, claro, aos EUA e seus aliados. Vezes, essa manipulação começa pelas informações mais básicas do país, tal como fazem com a Coreia do Norte, chamada por muitos marxistas de "Coreia popular". Pois essas narrativas têm sido docilmente adotadas dentro de suas bolhas, como se fossem verdades absolutas, escondidas pela "grande mídia ocidental"... 

Qualquer semelhança com grupos de teoria de conspiração da extrema direita não é mera coincidência. 

Mas, não é que, tudo o que se comenta dentro dessas bolhas esteja factualmente equivocado. Na verdade, é bem mais complexo, se muito do que dizem não é apenas verdadeiro, mas necessário de ser ouvido e fixado na mente...

Sim, eles não estão errados ao acusarem veículos oficiais de comunicação, mais "mainstream", de manipularem informações. O problema é que se pensam como os únicos que não o fazem, como os únicos que estão integralmente do lado da verdade...  

Eu, pessoalmente, duvido que a maioria dos que apoiam países totalitários apenas por serem anti-EUA estão plenamente conscientes do quão contraditório, tolo e imoral é esse posicionamento. Eu duvido que estejam mentindo, quer dizer, que saibam realmente o que estão fazendo, porque eu acho que estão genuinamente doutrinados, tão convictos de suas crenças quanto um fundamentalista religioso. Mas eu também não duvido de que existam indivíduos muito mal intencionados entre eles, agindo como lobos em pele de cordeiro. Até pela lógica ingrata da hierarquia social humana, em que esses tipos têm sido muito bem sucedidos em seu domínio e corrupção, eu suspeito que exista uma desproporção deles, especialmente de psicopatas "não-violentos', entre ativistas, artistas e políticos de esquerda (tal como tem na direita, em que aposto que tem mais sociopatas). De qualquer maneira, se doutrinados bem intencionados ou espertos maliciosos, se igualam em seu completo desprezo pelos crimes que já foram e que continuam a ser cometidos "em nome" do socialismo//comunismo. Por isso, eu pensei em um nome especial para esse grupo: estalinistas ou maoístas, inspirado em dois dos maiores traidores das revoluções socialistas, Josef Stálin e Mao Tse Tung. Enfim, de chamá-los pelo que ou quem realmente estão defendendo e não apenas por termos excessivamente vagos, como marxista e esquerda radical, se é que se pode chamar "de esquerda" sociedades que expressam um fascismo característico: militarista, conservador, autoritário (falacioso e cruel), que só se difere de um fascismo tipicamente de direita porque se auto intitula como "democracia popular". 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Algumas verdades para os que acreditam em um mundo de perdedores e vencedores

 1. Em essência, somos todos iguais


Se vamos todos morrer um dia e é improvável que viveremos para sempre, então, qualquer vitória ou sucesso individual será inevitavelmente em vão. Por isso que ninguém é absolutamente superior ou inferior ao outro, porque independente se somos vencedores ou não, todos seremos "perdedores" na morte.

2. Se você é bem sucedido, não conseguiu sozinho

Contatos, privilégios e/ou a sorte de estar no lugar e no momento certos... são muitas as variáveis que influenciam nossas trajetórias de vida. Pois o indivíduo que se pensa como um vencedor tende a acreditar que o "mérito" foi todo dele, ao invés de aceitar que jamais teria conseguido alcançar seu "sucesso" sem a ajuda dos outros/das circunstâncias. 

3. Os que são considerados como perdedores, geralmente, são vítimas ou injustiçados 

Chamá-los deste jeito é ignorante, cruel e falacioso. Chamar uma pessoa em situação de pobreza ou que tem transtorno mental de perdedor é o mesmo que caçoar de alguém que está em uma situação de vitimização ou vulnerabilidade e que, em sã consciência, jamais gostaria de estar sofrendo com esses infortúnios em suas vidas.

4. Todo "vencedor" pode se tornar um "perdedor" e vice-versa 

O mundo dá voltas e você, que se considera um vencedor, pode acabar em uma situação oposta. Por isso que é recomendável evitar essa mentalidade, até para não cair em contradição ou hipocrisia acaso o jogo virar para o seu lado.

5. Se você pensa que é um vencedor, você pode ter baixa autoestima 

Porque o mais autoconfiante não precisa se comparar ao outro para se sentir melhor consigo mesmo.

6. Conceitos de sucesso e fracasso podem ser muito complexos quando analisados contextualmente

Eu já comentei sobre isso, usando o meu exemplo, já que, com base nos valores atualmente dominantes da ideologia/propaganda capitalista, eu seria um perdedor, por (ainda) não ter emprego e/ou ser financeiramente dependente dos meus pais. Mas se a analisarmos de maneira mais profunda e realista, concluiremos que eu também posso me considerar, por agora, como um vencedor, só que no sentido de sobrevivente, porque até hoje não sofri com a exploração econômica que acomete a maioria das pessoas via parasitismo estrutural capitalista. 

6.1 Também podem ser muito complexos, mesmo se analisados objetivamente 

Um exemplo clássico é do "artista" medíocre, de mercado, que conquistou fama e fortuna versus um artista de fato, talentoso e dedicado à sua arte, que é muito menos famoso que o primeiro. Um faz mais sucesso que o outro, mas está claro que não é por causa de seu talento/qualidade intrínseca ou merecidamente, mas por ser mais lucrativo para a indústria do entretenimento.