Em um passado não muito distante, particularmente no mundo ocidental, já que em outras regiões isso continua a ser uma reação comum, ser LGBT era visto como uma tragédia, tanto para os próprios LGBTs quanto para a maioria das pessoas de seus ciclos sociais e até fora deles: familiares, amigos, conhecidos, sociedade... Isso acontecia principalmente por causa da ''religião'' que, mancomunada com outras "instituições tradicionais" dominantes, pregavam por uma excepcionalização negativa da diversidade sexual. Então, a partir da luta pelos direitos dessa população, o principal objetivo passou a ser o de acabar com esse melodrama que se fazia em torno de ser LGBT, de ''normalizar'' ser sexualmente diferente. Normalizar no sentido de trivializar, de mostrar que não é nada de mais ou de menos.
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domingo, 10 de julho de 2022
Outro problema do ativismo LGBT: excepcionalização positiva
No entanto, nas últimas décadas, a busca por essa normalização foi sendo substituída por uma excepcionalização positiva da identidade LGBT, vide a comemoração anual do ''mês do orgulho'', com destaque para as "paradas". Pois o problema de excepcionalizar, mesmo se for num sentido positivo, é que recria todo um acontecimento em torno da diversidade, destacando-a de maneira excessiva, tornando-a, novamente, um alvo fácil para a hostilidade gratuita, além de também passar a impressão equivocada de que nós, LGBTs, somos uma classe privilegiada. Por isso, o ideal seria de retomar o que se propunha nas primeiras décadas de luta pelos direitos das minorias sexuais, de normalizar, mas sem exageros, sem ir de um extremo ao outro. E não estou problematizando a demanda por mais representatividade na mídia, mas essa narrativa excessivamente imaculada que tem sido construída e reforçada por muitos ativistas, começando com a ideia de que se deve ter "orgulho" de ser homo, bi ou transexual, se não é muito diferente de sentir orgulho de ser branco ou alto, por exemplo... e que não é equivalente a sentir-se bem ou confortável sendo a si mesmo. Enfim, de acabar com esse drama, evitando excessos de vitimismo, de tratar a diversidade como uma expressão natural e, portanto, trivial da natureza humana e não como uma atração circense.
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