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sexta-feira, 24 de julho de 2020

A vida e outras

A vida

Só é curta
Quando é vista à distância
De perto
Sempre intensa
Não existe o tempo
Separado da sensação
Só existe o sentimento
De esperança
Se o fim dura um mês
Ou uma vertigem longa
A vida foi imensa
A pressão que é existir por dentro
E sentir o mundo todo de fora

Quando o começo começou

O tempo explodiu em si mesmo
Se chamando espaço
O nada negou a si mesmo
E viu o que já não era
Um vazio perfeito
O começo começou
Quando não havia começo
A existência sempre tem um preço
Nasceu da morte que não morreu
Do nada
Algo não concordou
Em suas entranhas
O absoluto errou o caminho
De não ter caminho
E quando caminhou
Viu sozinho
Um horizonte na sombra
Saindo de si mesmo
Penetrante olhar da escuridão
Primária dimensão
As cores ainda no berço
O som aprendendo a andar

Todo poeta é um aborto

Nasceu morto
E esqueceu o que é o morrer
E se vive
À espreita da morte
E na luz da vida
Caminho das duas
Mas não quer ninguém
Queria a alma
Mas na alma ele é ninguém
Queria respirar em silêncio
Mas seu olhar é sempre um verso

Um olhar da totalidade

No ínfimo
N'alma
Naufragamos na própria intimidade
No vício
Do infinito coração
O nada, e ao redor tudo o que é nosso
Entre a invencível condição de não ser
Queimando um fogo celestial
E a inescapável doença que é o viver
Até o final


Me acho tanto

Que me perdi
Na minha imensidão
Lentidão
Mansidão
Grito no meio do meu nada
Em minha alma
Como uma rua deserta
O meu eco volta
Como resposta
Sem eu mesmo me perceber
Na demora do meu longo ego
A frequência esquece de contrair
E é apenas reta
E uma placa diz
Seguir.

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