Somos territoriais. Uns mais que outros. Pessoas com baixa autoestima tendem a ser menos que as de alto autoestima. Mulheres são menos que homens. Homossexuais são menos que heterossexuais. Altruístas são menos que egoístas. Tudo é uma questão de território do indivíduo, do seu alcance e consequências, dentro de sua dinâmica de interações sociais. Os indivíduos menos territoriais são, portanto, mais propensos a serem mais amigáveis, afetivamente empáticos, sensíveis..
Porém, também, ingênuos e impressionáveis. É mais comum de serem mulheres. Aspectos positivos da feminilidade normativa ou da heteronormatividade, de acordo com o dimorfismo (diferenciação biológica e cultural) sexual prevalente, são exacerbados, como o altruísmo e a empatia afetiva, que é a capacidade do indivíduo de sentir os sentimentos das outras pessoas e seres como se fossem os seus. Outra fraqueza da feminilidade tóxica é a frivolidade de prestar maior atenção ao jogo social do que às suas estruturas, isto é, mais de performa-lo do que de critica-lo, de buscar entendê-lo.
Do outro lado, temos a masculinidade tóxica, onde o oposto acontece. Também em contraste à feminilidade tóxica, as virtudes tipicamente masculinas não se manifestam com mais vigor ou excesso que as suas fraquezas. Covardia e insegurança abundam entre homens héteros que precisam se reafirmar como tal a todo momento. De maneira geral, este tipo se caracteriza pela expressão de autoconfiança e orgulho exagerados, associados à uma concepção pobre de masculinidade. Como resultado, eles se sentem melhores do que realmente são e usam sua prepotência de maneira predatória para com os outros tipos humanos (e não humanos) de seu convívio direto ou não, sendo que as mulheres são o alvo preferencial, pois as concebem como propriedades masculinas e não como seres humanos essencialmente iguais. No mais, a insegurança é sinal de defesa, de medo. Quem precisa ofender o outro e sem ter uma razão racional pra isso, como correção de comportamentos equivocados, o faz no sentido de autoprojeção, para se sentir bem ou superior enquanto que um indivíduo plenamente seguro de si não precisa projetar opiniões e sentimentos nos outros para se sentir melhor consigo mesmo.
A masculinidade tóxica não se limita às relações com mulheres pois também precisa vampirizar outros grupos e um dos alvos preferenciais são os homossexuais, e de maneira geral, qualquer grupo que possa ser usado para se apoiarem, para se sentirem superiores. É quase sempre assim, não é?? O garoto gay que não faz mal a ninguém (não são todos que são assim, claro, só um exemplo) e que passa a sofrer bullying pelos idiotinhas da escola. Freud explica... toda ofensa irracional é uma maneira do indivíduo de lutar contra as próprias inseguranças projetando sentimentos sádicos em outras pessoas, para reafirmar ''superioridades'' em cima delas, que é o mesmo que usá-las para se sentir melhor. Também é comum os mais inteligentes sofrerem preconceito na escola e na sociedade. Não são apenas traços polêmicos [ou polemizados] e vistos como indesejáveis que entram nessa berlinda de idiotas. Quer seja no sentido de inveja, de alguma questão pessoal mal resolvida ou pela vontade de reafirmação constante, casos psiquiátricos, tratados como "comportamento saudável" no sentido de "normal", passam longe de consultórios de psicólogos e psiquiatras e são abundantemente encontrados em lugares de poder. São as vítimas desses seres perturbados que geralmente procuram ajuda e no processo acabam sendo patologizadas, quase que culpabilizadas porque tem gente problemática que a sociedade hipócrita aceita e celebra, vide o aprendiz de ser humano que neste momento [2019 D.C] desgoverna a República das bananeiras e dos laranjais.
Portanto, a feminilidade tóxica é uma falta de territorialidade, e a masculinidade tóxica é um excesso, que transborda e afeta outros indivíduos e grupos. O ideal, claro, sempre está localizado no meio de extremos, de não ser nem muito desprotegido nem excessivamente beligerante. A natureza feminina, mais agregadora, de acordo com a conjuntura cultural e bio-seletiva humana, em excesso, resulta na baixa autoestima, na vontade excessiva de querer agradar, enquanto a natureza masculina, de proteção ou cuidado, em excesso, resulta no despotismo de pequenos ditadores que não conseguem respeitar territórios individuais alheios, tratando os mais próximos como satélites de vossas majestades, ou mesmo, em um sentido mais ecológico, como presas. É importante ter sua própria territorialidade, reconhecer-se indivíduo, vida, projetar-se assim aos outros, reconhecendo seus territórios e buscando pela diplomacia, pelo diálogo, pela demarcação de fronteiras, para que não abuse do outro nem que ele o faça contigo. Mas é difícil pensar este idealismo predominante em um mundo cheio de tipos tóxicos.
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