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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Fator etiológico para explicar a relação entre a criatividade e as desordens da mente

Voltando à minha tentativa de explicação do alcoolismo. Este, eu disse que, se consiste em uma assimetria entre a "vontade do cérebro" e a "capacidade do corpo de dar cobertura". Os alcóolatras desenvolvem grande desejo por bebidas alcoólicas mas os seus organismos não são plenamente capazes de suportar essas altas doses resultando na embriaguez e no vício. Esta realidade já não acontece com aqueles que tem grande gosto e ainda por cima um organismo capaz de dar cobertura à essas altas doses. 

A desordem mental tem como aspecto fundador justamente o desequilíbrio ou desordem, seja isso uma hiper ou uma hipo-atividade, uma falta ou um excesso de atenção, etc.... 

Pessoas que nascem ou que desenvolvem essas desordens passam a exibir uma assimetria em suas funções psico-cognitivas que podem ser essenciais como no caso da esquizofrenia ou que podem ser mais específicas como as dificuldades de aprendizagem normativa e (pretensamente) simétrica. 

Tal como acontece ou parece que acontece no alcoolismo, existe uma assimetria de intensidade e de qualidade na cobertura dessa intensidade, também no caso das desordens mentais, diga-se, explícitas ou "instáveis, porque todos nós temos desordens mentais implícitas ou estáveis. Quer muito, mas quando tem em mãos aquilo que desejou, esbanja excessivamente, e o corpo não é capaz de suprir ou filtrar. Vejamos o caso da tdah em que existe uma hiperatividade. A hiperatividade consiste no "querer" enquanto que o déficit de atenção consiste na incapacidade do cérebro//sistema nervoso e hormonal, de dar cobertura a esse excesso, ainda que eu tenha comentado que o déficit de atenção nesta desordem seria mais como o causador da hiperatividade. Ok, vamos então à esquizofrenia, em que eu disse que ocorreria o oposto, a hiperatividade da mente causando o déficit de atenção. Em ambos os casos existe uma assimetria entre uma certa função e a capacidade do organismo nomeadamente dos sistemas mais atrelados, de regula-la. Parece que é exatamente assim com toda ou qualquer função. Temos a sua execução e temos a cobertura ou regulação da mesma. Tal como no caso de uma/um ginasta que realiza um exercício mas comete um erro sofrendo dedução por isso. A execução do exercício é inevitável. A execução bem executada em muitos casos não estará previamente garantida. Na desordem mental existe portanto uma assimetria ou um hiato de sincronização entre a função e o suporte que faça com ela seja executada de maneira ideal. Temos a atenção que geralmente significa concentração e temos a incapacidade do cérebro e sistemas atrelados de darem suporte a essa função que resultaria em sua execução ideal. 

Maior ou mais intensa é a desordem, mais disfuncional serão as funções afetadas, e possivelmente menor será a possibilidade de execução perfeita. No entanto, quando ao invés de haver uma execução perfeita ou cronicamente imperfeita, nós temos uma assimetria bastante intermediária entre a ordem e a desordem, então esta condição, claro que, em combinação com outras variáveis,  talvez possa ter como potencial a originalidade intuitiva. Isso também explicaria o porquê de tantos gênios criativos de primeira grandeza terem se tornado ao longo de suas vidas progressivamente debilitados por suas condições, denotando que a criatividade parece mesmo localizar-se entre esses dois mundos, do adaptado e do cronicamente não-adaptado, claro que, especialmente em termos intelectuais e sócio-evolutivos. Já comentei até de duas maneiras, que o criativo sente a necessidade de adaptar-se a um mundo ou ao menos à uma de suas particularidades, porque ao contrário do mais adaptado, o criativo geralmente não terá tudo fácil na mão, começando por si mesmo, por causa de sua tendência de disfunção, e não incomumente já em claro estado crônico de desordem em tenra idade como aconteceu e acontece com muitos gênios  famosos. Também usei a metáfora do país excepcionalmente pacífico em que a falta de desafios o tornaria mais e mais apático e que o criativo e em especial os mais criativos inevitavelmente nasceriam com esses desafios internos, isto é, a sua condição limítrofe para a desordem mental e em muitos casos já afetados pela mesma. 

Alguns nascem adaptáveis e geralmente os mais adaptáveis são também excepcionalmente generalistas, isto é, adaptam-se em qualquer lugar. Tal como "horários" ao invés de "anti horários" adaptam-se facilmente não apenas porque o ambiente lhes foi fácil mesmo que muitas vezes isso não aconteça, afinal, o que o faz adaptável não é aquilo que é exterior a si, mas especialmente ou primordialmente aquilo que lhe é intrínseco, apenas expressando ou regurgitando em comportamentos a calmaria interior. A criatividade seria o quase oposto ou um contraste interior onde que a calmaria também teria espaço mas em combinação com a tempestade. Alguns nascem com o céu dentro de si, outros apenas com o inferno, outros fundamentalmente com o purgatório//medianidade, enquanto que o criativo teria uma combinação, metaforicamente falando, intensa dos três. 

Portanto em condições normais haverá uma sincronia entre a vontade ou função e o suporte ou cobertura dessa função tendo como resultado um comportamento estabilizado ou característico à proposta, no caso das reações mais agudas como o medo. A desordem da mente, em estado (todos nós podemos ter algum momento de desordem diga-se explícita)  ou condição (estado permanente), consistiria justamente na assimetria entre a função dada e a cobertura dessa função resultando em sua disfunção.


 Enquanto isso haveria um espectro entre a ordem e a desordem. Excepcionalmente funcionáveis seriam menos propensos à criatividade por causa do caráter estereotípico ou altamente preditivo de seus comportamentos cronicamente estáveis a ordenados de acordo com as suas respectivas naturezas. Isso talvez possa contribuir para explicar a relativamente fraca correlação entre maior inteligência cognitiva//e psico cognitiva (geral) e criatividade. Estados intermediários de funcionalidade de nossos comportamentos talvez seriam os mais propensos a resultar em rompantes criativos. Por exemplo a função "atividade ideacional". Em pessoas comuns a função pensamento seria corretamente executada pois haveria a atividade ideacional e a sua conclusão. Em pessoas com desordens mentais a função ''pensamento'' sofre os efeitos de uma assimetria na qualidade de sua cobertura resultando em um excesso do mesmo indo além daquilo que é considerado apropriado, tal como uma espécie de embriaguez intelectual e que é característico especificamente de algumas desordens como a esquizofrenia. 

Em pessoas altamente criativas tenderia a ocorrer uma reação intermediária entre o estado mais ordenado e o mais desordenado, denotando menor qualidade no controle do pensamento mas possivelmente o oposto em sua cobertura. Pensamos e o senso lógico dá sentido àquilo que pensamos tal como uma bússola. Na desordem o senso lógico e o filtro do pensamento estarão ambos debilitados ou insuficientes para que possam dar cobertura às suas respectivas funções, pensamento; interpretação e confirmação do mesmo em relação à realidade (geralmente "racionalizada"). Na criatividade pode ser que apenas ou especialmente o filtro esteja debilitado possibilitando ao acúmulo e lido com mais informações e com maior diversidade delas. Então o filtro lógico precisa confirmar o pensamento como "lógico" mesmo que não esteja. 

Criatividade, nova e conclusivamente, como uma assimetria de função e suporte qualitativo...

Portanto na criatividade, parece-me que, a função encontrar-se-á desregulada, nomeadamente o filtro de informações que os nossos cérebros e sistemas relatados capturam, enquanto que o suporte qualitativo, como contraste, será de fato de maior qualidade, resultando na interação explosivamente interessante de uma maior diversidade de informações mas com um extra-suporte lógico que consegue extrair desta confusão linearidades originais.

Ou, como sempre neste blog,
nana, nina, não...

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