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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Aquela lojinha de doces e balas

No comecinho da noite,
Comprávamos doces e balas,
No véu da infância,
Via o mundo pelo chão de pedras,
Via as mãos adultas,
Sujas de cédulas,

E o brilho de suas moedas,
Via o mundo como o João via o gigante,
Adormecido e grande, babando pela boca,
Monstruoso, em seu tamanho, 
E eu o escalava, me perguntando,


Quando é que eu vou ser um gigante??
Quando é que eu vou estar na mesma altura que o mundo??
Quando é que eu vou deixar a infância?
Quando é que eu vou ser um adulto?


Minha mãe, como a própria vida,

Segurava a minha mão com o seu calor,
Me levava pelas ruas, e eu já cansara, 
Fraqueza e rubor, era o que sentia,
Queria minha casa, o meu quarto, o meu teto, o meu espaço,
Eu via os olhos dos outros, e deles desconfiava,
Dos seus brilhos, dos seus sorrisos enrugados, 

Dos seus mistérios, dos pensamentos que entreolhavam, 
Do meu olhar, e o que eu passava,

Era como um ritual,
Naquela lojinha velha e escondida,
Naquela rua em que vivi parte,
Da minha infância agora perdida,
Comprava balinhas e doces,
De marcas pequenas,
Sabores, desenhos,
Tudo bem simples, 

A lojinha mudou,
Não mais vende doces,
As ruas, também mudam de humores,
O que nunca muda são as nossas lembranças,
Que ficam pra sempre, até nosso sempre deixar de ser, tocando os seus tambores, no mesmo ritmo, 
Em seus doces ardores, 
Arde mas pelica o coração,
Agride a alma, mas lhe tem segura, bem na palma da mão.

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