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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
A valsa da conformidade como metáfora para "adaptação subconsciente"
Num frenesi de pseudo naturalidade se conformar é entender e seguir o ritmo da dança, "inteligência'...
Ao salão de gala metafórico, uma legião de dançarinos ocasionais se jogam numa maré de passos marcados, num vaivém de ondas a quebrarem formações rochosas de um luar abençoando paixões estudantis dentre outras estripulias de jovens corações. Conformam-se apenas a repetirem o que os outros estão a prover com seus pés entrelaçados de par em par. Linda é sua estrutura coletiva e viva de sincronização e elegância. Desde o balé amador, que desaparecerá da memória tão cedo quanto o cessar da música de Viena, a monumentos de um espetáculo visual, também grandiosos em sua falta de sentido racional por suas existências e que resistem à força do tempo tal qual a montanha que resiste ao vento em seu implacável ataque. O ritmo da conformidade dita pirâmides e valsas. Como resultados materiais ou ritualísticos, provam que, pela beleza das aparências, mais vale a conformidade do que a expressão da essência. Selecionar e conformar mediante certo caminho, busca-se por alguma criatividade para depois prende-la no porão e jogar as chaves fora. Qual baile de valsa que seria bonito sem a conformidade dos passos? .. obedecendo a ritmos e convenções estéticas como ao ser que segue o seu instinto, sabendo que se consiste em sua fundamental projeção corporal ou de sua forma ...
Queremos o equilíbrio e muitas vezes a conformação será a melhor resposta. Se o caos manifesta-se pela constância da inconstância, ainda que também se limite a uma certa conformidade de não-padrões, o equilíbrio e não necessariamente a harmonia, necessitará de/ser uma construção, que reduza uma estrutura de subsistência, à servidão por uma hierarquia de sentido e de função, isto se toda existência expressar apenas aquilo que se conforma.
Neste mesmo baile, não serão todos os convidados que saberão conformar-se a beleza serena e viril dos padrões ali requisitados ou praticamente impostos. Tropeçarão nos próprios pés, olharão para a concentração dos que podem driblar uns aos outros e a si mesmos, enquanto olham pra si próprios e percebem-se distintos, ao menos dentro deste contexto. Notam-se enquanto indivíduos, mas nem todos que não podem seguir o ritmo atuarão nesta liberdade espontânea. Para alguns, esta realidade será dolorosa e ao invés de buscarem por porquês, primeira a mente, encontrarão soluções na melodia de um leve desespero por não serem como os outros e não como a si próprios. Talvez, estejam certos, se tudo faz sentido aos olhos, às formas e expressões particulares, mesmo ou especialmente a ignorância. Querem ser como os que podem seguir o ritmo porque em partes assim se identificam. Mas como defeitos desta conformidade, levam suas vidas numa transcendência em que seguir tais passos será melhor do que renega-los. Não podem mais do que isso e não podemos culpa-los em tudo.
Do defeito ao despertar, talvez defeito igual mas especial, por perguntar antes de qualquer agir, de buscar sentido como quem busca por verdades. O filósofo nato, não vê como natural e indispensável o ritmo da conformação, porque a verdade não se reduz aos nossos meios sociais e nem é inteiramente genuína onde o transe é regra e a razão é a exceção. Ignorantes, em suas muitas formas e expressões, verão a realidade e a qualificarão como verdade, de acordo com os seus próprios ritmos de dança e/ou dentro desta conformação coletiva.
Quem não segue o ritmo da multidão, torna-se-á um provável perdedor, desconjuntado, sem ritmo, sem tino evolutivo, para o negócio desta ainda-loucura de sociedades humanas. Serão como a peças "sem função", contemplando a máquina de hierarquia e vazio de sentido púrpuro ou verdadeiro por sua posição existencial, sem valor aos que o transfere para o vazio material, se não somos inanimados, não deveríamos dota-los como igual, muito menos superior. Dentro destas engenharias maravilhosas, que a efemeridade castiga, cédulas, representam valor, seres representam menos que elas, pois se tudo vai com o tempo, o material, como mera "composição', menos importância terá. A essência é sempre reconhecer o ser muito antes daquilo que produz. É a ênfase na vida.
O despertar é sempre pelo individuo, se tais idiossincráticos são poucos, se ao macro-nível busca-se implacavelmente pelo equilíbrio, pela lógica da sustentação e conformidade, e se apenas nós humanos que podemos sustentar a longo prazo a razão da harmonia, dotada de sentido funcional supra melhorado, intimista e preciso ao invés da vaga subsistência que a natureza nos impele enquanto peças de suas roldanas e não como figuras centrais, mas marginais a sua valsa de displicência.
Quem mais adaptado a estrutura está, mais "inteligente' será. Mas para ser sábio é preciso sempre se perguntar se tudo isso vale apena...
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